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Pobreza existe? um estudo sobre pobreza rural e desenvolvimento
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Pobreza existe? um estudo sobre pobreza rural e desenvolvimento
Ebook179 pages1 hour

Pobreza existe? um estudo sobre pobreza rural e desenvolvimento

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About this ebook

"Entender as concepções de pobreza que permeiam a mentalidade rural pode ser mais relevante que levantar as necessidades das pessoas, já que essas nunca serão satisfeitas em sua plenitude".

O leitor encontrará neste livro uma abordagem diferente sobre pobreza, investigada parte na cidade, parte no meio rural. Irá surpreender-se ao deparar-se com os conceitos de pobreza investigados em campo. O contraste marcante observado entre os entrevistados do meio urbano e, do outro lado, os camponeses pensam sobre a pobreza foi uma das causas que estimularam a autora a pesquisar mais intrinsecamente este tema. Concluiu sua jornada em campo após longos oito meses. Dentre várias comunidades rurais visitadas, uma, particularmente, chamava mais a atenção de todos quando se falava em "pobreza". E foi nessa comunidade, que fica no topo de uma montanha, onde fatos interessantes foram levantados.
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2016
ISBN9788547302085
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    Pobreza existe? um estudo sobre pobreza rural e desenvolvimento - Silvia Orsini de Assis Calil

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    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E TRANSDISCIPLINARIEDADE

    Dedico este livro àqueles que provavelmente nunca receberam uma dedicatória; dedico àqueles que parecem esquecidos por Deus, mas na verdade estão esquecidos pela sociedade; àqueles que trabalham muito e lhes faltam forças até mesmo para ler um livro; àqueles que não perderam a fé no futuro, apesar da sua situação de sofrimento; e também àqueles cujas vidas são tão simples que aos olhos de outrem parecem pobres.

    A pobreza feliz

    Quem se empobrece de ambições inferiores, adquire a luz que nasce da sede da perfeição espiritual.

    Quem se empobrece de orgulho, encontra a fonte oculta da humildade vitoriosa.

    Quem se empobrece de exigências da vida física, recebe os tesouros inapreciáveis da alma.

    Quem se empobrece de aflições inúteis, em torno das posses efêmeras da Terra, surpreende a riqueza da paz em si mesmo.

    Quem se empobrece da vaidade, amealha as bênçãos do serviço.

    Quem se empobrece de ignorância, ilumina-se com a chama da sabedoria.

    Não vale amontoar ilusões que nos enganam somente no transcurso de um dia.

    Não vale sermos ricos de mentira, no dia de hoje, para sermos indigentes da verdade, no dia de amanhã.

    Ser grande, à frente dos homens, é sempre fácil. A astúcia consegue semelhante fantasia sem qualquer obstáculo.

    Mas ser pequenino, diante das criaturas, para servirmos realmente aos interesses do Senhor, junto da Humanidade, é trabalho de raros.

    Bem aventurada será sempre a pobreza que sabe se enriquecer de luz para a imortalidade, porque o rico ocioso da Terra é o indigente da Vida Mais Alta e o pobre esclarecido do mundo é o espírito enobrecido das Esferas Superiores, que será aproveitado na extensão da Obra de Deus.

    (Dinheiro, de Francisco C. Xavier)

    Prefácio

    Silvia foi minha orientanda no período que estava cursando Mestrado em Extensão Rural na Universidade Federal de Santa Maria, entre os anos de 2009/2011. Dedicada e atenta aos problemas sociais, Silvia procurou conhecer e compreender os fenômenos sociais, principalmente os relacionados ao contexto rural, presentes na sua região de origem – município de Ouro Branco (MG). Conhecer e compreender os fenômenos sociais não só a partir de aspectos objetivos, mas dos elementos que muitas vezes não são objetos de estudo, pela dificuldade de percepção, por parte dos estudiosos, por serem de difícil mensuração. Elementos relacionados ao comportamento ou forma de perceber a realidade, expressos em um modo de vida típico de um determinado grupo social. O segmento da sociedade rural que Silvia estudou tem por características a marginalização, invisibilidade e a indiferença; quando compreendidos no âmbito da sociedade abrangente, são identificados genericamente como pobres. Nessa perspectiva crítica, o estudo realizado por Silvia busca valorizar as pessoas identificadas pelos de fora da comunidade (out) como pobres (in), objetivando conhecer a autocompreensão sobre pobreza desses últimos.

    Os organismos públicos que têm como grupos assistidos ou objetos de intervenção, por ações de políticas públicas, aqueles identificados como pobres, geralmente partem do pressuposto que já conhecem a problemática da pobreza e desdenham, muitas vezes, da autopercepção dessas pessoas (pobres). Comportamento carregado de elementos de distanciamento social e que, consequentemente, orienta ações de combate à pobreza de forma limitada. Limitações relacionadas com a nossa pretensão de pensar que conhecemos as aflições do outro e que, consequentemente, sabemos o que é melhor para amenizá-las ou solucioná-las. É, mais ou menos, o que expressam as palavras de Pierre Salama e Blandine Destremau, na obra O Tamanho da Pobreza:

    [...] finos conhecedores da pobreza no papel são incapazes de compreendê-la na vida cotidiana e, chamados à responsabilidade, seja nas organizações internacionais ou nos governos, preconizam políticas no mínimo inadequadas.

    As inadequações das políticas públicas refletem, relativamente, o despreparo dos formuladores e a imposição de interesses e visões de mundo. O despreparo dos formuladores está relacionado ao restrito conhecimento, desses, da realidade cotidiana das populações que são objetos das políticas públicas.

    A principal fonte de informação e inspiração para a elaboração de políticas públicas vem dos dados secundários fornecidos, em grande parte, por instituições públicas de pesquisa, informações genéricas e de caráter preponderantemente descritivo e pouco explicativo, incapazes de refletir sentimentos de angústia e ansiedade das populações. As políticas públicas retratam interesses e visões de mundo dos que estão no governo, são expressões de poder político e, consequentemente, de um estado democrático, aceito pela maioria da população.

    A discussão sobre desenvolvimento (rural) e políticas públicas está, relativamente, inserida na problemática sobre pobreza rural, desigualdade regional e sustentabilidade; ambicionando a compatibilidade dessas com o desenvolvimento econômico e social. A discussão sobre como solucionar tal equação permeia questões como participação, ação coletiva, articulação e compartilhamento de poder. A maior discussão e aprofundamento sobre essas questões constituirão a base para o desenvolvimento natural da sociedade, valorizando ambições da população, traduzindo anseios veementes de alcançar determinado objetivo e/ou obter sucesso nos aspectos afetivos e profissionais. A intervenção do poder público a partir de políticas públicas, concebidas sem a participação da sociedade civil, pressupõe profanar essas ambições da sociedade. Traduz anseios e ambições do poder público, introduzindo forçosamente visões de mundo, talvez repletas da mais pura magnanimidade, daqueles que não conhecem as agruras da vida cotidiana de determinadas populações em regiões de pobreza.

    Retratar ou caracterizar a pobreza a partir de elementos objetivos é nada mais que um exercício de simplificação de uma realidade e, consequentemente, uma imposição de visão de mundo que valoriza o material, o ter, e despreza o ser e o sentir. Identificar pobreza em um indivíduo, grupo ou nação, constitui a imputação de algo mais perverso e doloroso, atribuição de um estigma, povoando e castigando a mente do estigmatizado e condicionando-o a construir uma autoimagem de indivíduo incapaz e resignado. Para minimizar tal efeito, cabe a nós respeitar e valorizar percepções e concepções próprias daqueles em que estamos em relação, seja na pesquisa, na ação de política pública ou na simples dinâmica cotidiana. A pobreza refere-se, genericamente, a limitação, falta ou ausência de elementos objetivos ou subjetivos, pressupondo juízos de valor dos que têm para os que não têm.

    Marco Antônio Verardi Fialho

    Professor da UFSM

    Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997), Mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e Doutorado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2005)

    Apresentação

    Esta obra se inspira, em partes, no estudo Vozes dos pobres desenvolvido no Brasil, para compor um estudo mais amplo Consultas com os pobres do Banco Mundial. Ele foi realizado em nível estadual, anteriormente ao estudo do Banco Mundial alcançado em escala global. Por sua vez, este estudo limitou-se a um local, uma comunidade de um município mineiro.

    Pessoalmente, durante os últimos três anos de graduação, tive a oportunidade de colaborar em Projetos de Extensão com agricultores familiares que eram pobres. Bem,

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