Fundamentos em patologia geral
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Fundamentos em patologia geral - Renato Rossi Junior
Ciência.
Adaptação, Lesão e Morte Celular
Mecanismos de Adaptação, Lesão e Morte Celular
As células que compõe o organismo humano possuem metabolismos diversos o que lhes confere diferentes potenciais de adaptação as agressões. Desta forma as células nervosas resistem poucos minutos a privação de oxigênio enquanto os hepatócitos são capazes de resistir por vários meses.
Assim a homeostase é um estado dinâmico que pode fluir de maneiras variadas durante a vida.
De acordo com a capacidade individual as células podem sofrer uma sequência que passa pela adaptação, lesão reversível e finalmente conclui-se na morte celular.
Esta sequência pode não ocorrer se a agressão sofrida for muito intensa acarretando a morte imediata da célula.
A intensidade da agressão, no entanto não é responsável única por este mecanismo. O suprimento sanguíneo do órgão, a vulnerabilidade individual, a diferenciação e estado prévio da célula também o determinam.
Alterações do crescimento e da diferenciação celular
Agenesia:
É conceitualmente a ausência de iniciação do desenvolvimento de um órgão ou estrutura.
Aplasia:
É a ausência de crescimento do órgão em início de formação. Não aumenta o número de células do órgão por falta de estímulos de replicação devido a alterações em estruturais ou regulatórias de genes.
Hipoplasia:
Ocorre quando o órgão, em seu desenvolvimento não promove o crescimento celular adequado e torna-se menor e com função reduzida. (Iniciou-se o desenvolvimento, porém não foi completado). Diferente da hipotrofia que ocorre depois do órgão ter atingido desenvolvimento completo e iniciar regressão de tamanho. Fisiologicamente representa menor gravidade que a agenesia e aplasia. Exemplos: hipoplasia renal, testicular, ovariana.
Hipoplasia de esmalte
Atrofia ou Hipotrofia:
É a ausência, privação ou deficiência de nutrição, geralmente ocasiona apoptose e autofagia.
Ocorre diminuição das organelas na célula, além da redução do volume e função celular.
Etiologia da atrofia:
Atrofia fisiológica: involução de tecidos ou órgãos. Exemplos: Timo, veias e artérias umbilicais, útero após o parto, mamas após a lactação, mama e endométrio na menopausa, senilidade (cérebro e musculatura).
No caso da senilidade é acompanhada de acúmulo de um pigmento chamado lipofuscina - Atrofia parda
. A lipofuscina é um pigmento (visível em microscopia na cor alaranjada) proveniente da ação de radicais livres sobre as membranas (lipoperoxidação de lipídeos) a quantidade acumulada indica envelhecimento celular ou tecidual.
Atrofia Patológica
: É aquela causada por alterações provocadas por agressões a célula ou tecido.
Causas: Por desnutrição ou inanição. Observa-se diminuição da massa muscular.
Por denervação, atrofia neurogênica ou neuropática, clássica na poliomielite. Atrofia endócrina, exemplos, adrenais, tireoides e gônadas no hipopituitarismo; por compressão devido a distúrbios circulatórios causando atrofia isquêmica ou vascular.
Ocorre por inatividade ou desuso (Amiotrofia clássica da imobilização e engessamento); por substancias tóxicas que paralisam o ciclo celular ou por radiações ionizantes provocando anemia aplástica e trombocitopenia (exposição a radionuclídeos fontes diretas como Raios X ou perto de usinas nucleares com vazamentos.
Atrofia por desuso
Hipertrofia
Solicitação excessiva, ou melhor sinalização excessiva significando aumento da síntese dos constituintes celulares (Anabolismo>Catabolismo), em células que tem bloqueada sua capacidade para dividir-se (células pós mitóticas ou permanentes ou perenes) aumento expressivo do volume celular normal. Também ocorre em células com ciclo celular ativo.
-Macroscopicamente: Aumento de volume de um órgão por aumento da demanda funcional (adaptação) (musculação) ou por aumento dos estímulos tróficos (ex.: hormonais).
Microscopicamente: Aumento de volume das células que compõem o órgão, associado ao aumento do estroma, com aumento da síntese intracelular.
Alguns tipos de hipertrofia ocorrem frequentemente no organismo:
Hipertrofia compensatória: O órgão aumenta de volume e assume função do homólogo alterado ou ausente; no fígado após hepatectomia parcial.
Hipertrofia Subcelular Do Retículo Endoplasmático Liso: Aumento do R.E.L. após a administração de barbitúricos, esteroides, hidrocarbonetos (JONES & FAWCETT, 1966), explicando a tolerância progressiva a estas substancias (aumento da capacidade de detoxificação).
A hipertrofia e a hiperplasia podem ocorrer concomitantemente, como por exemplo, no útero durante a gravidez.
Hipertrofia cardíaca: Resposta adaptativa à sobrecarga hemodinâmica, que ocorre associada a hipertensão crônica, lesão do miocárdio, insuficiência valvular e outros estresses que aumentam a sobrecarga do coração.
Hiperplasia (esquemático) notar a diferença entre os lados
Hiperplasia
Aumento de volume e peso de um órgão por aumento da demanda funcional (adaptação) ou por aumento de estímulos tróficos (ex.: hormonais) devido ao aumento do número de células que o compõem. Hiperplasia do endométrio causa sangramentos menstruais anormais tendo como causa desequilíbrio entre a relação normal entre estrógeno e progesterona entre outros hormônios sexuais. Pode causar endometriose se não tratada. Endometriose é o crescimento do endométrio atingindo as cavidades adjacentes ao útero. A endometriose e a hiperplasia uterina podem causar esterilidade.
Metaplasia
É uma substituição adaptativa reversível que só ocorre em tecidos renováveis (epitélios e conjuntivos, nunca em músculo ou tecido nervoso.). E' um processo indireto, i.e., a camada de células indiferenciadas de reserva (células tronco) é que se diferenciam de modo alterado.
- Tipos:
∙ Metaplasia Escamosa, Epidermóide ou Córnea:
Transformação do epitélio simples pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes das vias aéreas (nos fumantes crônicos e nas broncopneumonias parasitárias). O epitélio colunar residente normal desse tecido é frágil diante da agressão mais comum, que é a fumaça do cigarro, e morre. Em substituição a esse epitélio ocorre nas células tronco o desligamento de genes específicos do epitélio colunar e o ligamento ou ativação da transcrição de genes específicos de epitélio escamoso (mais resistente a agressão química). Portanto ocorre a substituição de um epitélio normal por outro também normal. A célula tronco se diferencia em outro tipo celular como meio de proteção a uma agressão. O novo epitélio normalmente é mais resistente ao agente agressor. O que é anormal é o