A produção do jornalismo esportivo na internet
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Book preview
A produção do jornalismo esportivo na internet - Bruno Blois Nunes
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2015 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Aos meus pais, Marcos e Cila, pelo amor, confiança e apoio incondicional ao longo desses 26 anos de minha vida. Sem vocês, jamais teria conseguido concluir esta etapa tão desafiadora.
Ao meu irmão, Kiko, meu melhor amigo, parceiro e conselheiro. Deus não poderia ter me concedido um irmão melhor.
À minha prima, Anna Isabel, uma das pessoas mais incríveis que conheci na minha vida. Anna, você sabe o porque este livro é dedicado a você. Obrigado.
Por fim, dedico aos meus avôs. Vô Dito, Vô Jorge, Vó Tarcília e a inesquecível Vó Isabel, que ainda cuida dos seus filhos, netos e bisnetos lá do céu.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor Dimas A. Künsch, meu orientador, pela sua paciência, compreensão, dedicação e conselhos. E, claro, por sempre ter aguentado minhas crises de ansiedade com alegria e bom humor. Muito obrigado, professor.
Ao professor Cláudio Novaes Pinto Coelho, fã de Dream Theater e TransAtlantic, pelas aulas inspiradoras e contribuições valiosas para esta pesquisa. Suas ideias foram essenciais para que eu atingisse o objetivo desejado.
À professora Patrícia Rangel, por ter colaborado com críticas e apontamentos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho. Sou extremamente grato pela valiosa ajuda. Obrigado.
Ao professor Celso Unzelte, colega de mestrado, por ter aceitado o convite de escrever o prefácio deste livro e também contribuído para o desenvolvimento da pesquisa. É a realização de um sonho a publicação do livro com o prefácio feito por um dos maiores jornalistas esportivos do Brasil.
Meu muito obrigado a todos vocês.
Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio.
(Armando Nogueira)
APRESENTAÇÃO
A primeira lembrança de minha vida é relacionada ao esporte. Em 1994, quando tinha apenas 4 anos, lembro-me de um primo falando sobre o pênalti perdido por Palhinha, na época jogador do São Paulo Futebol Clube, na final da Copa Libertadores da América. Quatro anos depois, em 1998, comemorei, de fato, meu primeiro título com a volta de Raí para o Tricolor paulista. Ainda nesse ano, comecei a acompanhar mais de perto um atleta alto e magrelo, com uma camiseta amarela, cabelo encaracolado e que empunhava uma raquete. Atendia pelo nome de Gustavo Kuerten. Guga ajudou a despertar o que seria uma das minhas maiores paixões nesta vida, e influenciou, indiretamente, no meu ingresso profissional ao mundo esportivo.
Criei um blog sobre tênis e uma conta no Twitter. Assistia a inúmeras partidas e fazia comentários pontuais na rede social digital. Ali também colocava resultados de jogos e notícias sobre outras modalidades. Pouco tempo depois, graças a uma combinação de fatores, ingressei de vez no mercado esportivo, como estagiário na Confederação Brasileira de Tênis. Claro que, com outras funções e uma responsabilidade inegavelmente maior, aliei a minha paixão com o trabalho. Assistir tênis era trabalho, assim como escrever e divulgar resultados. Com o passar dos anos, fui tendo outras experiências, trabalhei em torneios profissionais de tênis, na Copa do Mundo pela Adidas e também realizei o sonho de trabalhar na ESPN.
Apesar ainda da pouca idade, as experiências profissionais juntamente com os estudos realizados me credenciaram para uma pesquisa completa e preocupada com o presente e futuro do jornalismo esportivo, em especial do praticado na internet. Ao longo dos anos, tem sido recorrente ouvir sobre a crise financeira e a má qualidade da produção jornalística, e meu objetivo principal com este livro sempre foi apontar o que está sendo produzido e gerar um debate sobre os caminhos que a profissão está tomando. Não falo sobre modos de escrita, falo sobre os padrões que estão sendo executados, as prioridades – como a agilidade para redigir ao invés de checar os fatos –, a importância dos vídeos e as diversas maneiras que os jornalistas utilizam para alavancar a audiência. Tudo isso influencia no resultado final e, consequentemente, no trabalho do profissional de comunicação. Aliás, é ou não é preocupante o fato de uma agência americana estar criando robôs para redigir notas curtas e enviar para seus clientes?
No mercado, muitos reclamavam dos salários baixos, das constantes demissões, da desvalorização do profissional como um todo. Ao ingressar, o jornalista entra em uma espécie de linha de produção e é rapidamente adaptado ao sistema, de certo modo, engessado – e aqui me incluo também. Poucos, porém, procuravam fazer uma autorreflexão do que está sendo produzido, e foi nesse momento que passei a questionar inclusive o meu próprio trabalho.
A ideia de pesquisar surgiu em meio a esses pensamentos. Com a ajuda das aulas ministradas durante o mestrado, a leitura de autores clássicos, como Adorno e Horkheimer, Guy Debord, Walter Benjamin, entre outros, contribuiu imensamente para o resultado final, que é a publicação deste livro. Algumas adaptações foram feitas para facilitar a compreensão dos leitores. A intenção com esta obra é gerar uma leitura agradável para todos aqueles que se interessam pelo jornalismo esportivo, seja um profissional da área ou não. Espero que gostem!
O autor
PREFÁCIO
Mais, até, do que outros assuntos, o esporte — no Brasil, em especial o futebol — é capaz de render notícias todo dia, toda hora, todo minuto. Quando não tem competição tem algum atleta contundindo-se, despedindo-se dos campos ou quadras, envolvendo-se em casos de doping ou em transações milionárias, além de qualquer outro personagem (incluindo aí técnicos, dirigentes, até torcedores) ligado aos mais variados tipos de escândalo. Nesse sentido, a tradicionalmente chamada editoria de esportes
tem dialogado cada vez mais com as de política, economia, polícia, além de artes e espetáculos, uma das molas-mestras do presente trabalho, ao relacionar a cobertura esportiva com o entretenimento.
Veículos impressos, porém, como os jornais (diários) e as revistas (semanais ou mensais), e mesmo as mídias eletrônicas mais tradicionais, como o rádio e a televisão, apesar de sua maior agilidade, já não dão conta dessa empreitada. Em plena Era do Acesso (na definição de Jeremy Rifkin, um dos autores aqui analisados), as pessoas, com seus aparelhos móveis, estão de certa forma em todos os lugares. Além de falar de tudo e de todos, os tablets e celulares fornecem informação onde e quando seus proprietários quiserem. Uma era, enfim, de onipresença, de ubiquidade, termo que tomo emprestado de outra autora, Lucia Santaella.
Nesse novo mundo em termos de comunicação, como é feita a produção do tipo de jornalismo dito esportivo no ambiente aqui chamado de internet? Que recursos os jornalistas utilizam em suas reportagens? Como o processo de mercantilização da notícia e a espetacularização do esporte acabam influenciando essa maneira de fazer jornalismo, cujo desafio de despertar a atenção do leitor cresce na mesma proporção de sua demanda – a cada dia, a cada hora, a cada minuto? São essas as perguntas que Marcelo Bechara se propõe a responder. E o faz muito bem.
Mais que isso: a partir do estudo de caso da cobertura de três jogos do Brasil na Copa do Mundo que o País sediou em 2014, feita por três sites diferentes, e com a ajuda dos conceitos de sociedade do espetáculo, de Guy Debord, e indústria cultural, de Adorno e Horkheimer, ele observa as técnicas utilizadas pelos jornalistas para representar o evento esporte como um espetáculo. Entrevista, ainda, três profissionais da área (entre os quais tive a honra de ser incluído), oferecendo um panorama das dificuldades, tanto ideológicas quanto práticas (nesse caso, especificamente financeiras), de se fazer um jornalismo melhor. Aquele jornalismo, enfim, que sonhamos um dia fazer, na internet ou fora dela, no esporte ou em qualquer outra editoria.
Celso Unzelte
Sumário
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO1
O ESPETÁCULO DO FUTEBOL NO JORNALISMO ESPORTIVO NA INTERNET
1.1. A Produção do Jornalismo Esportivo On-line
1.2. Jornalismo na Sociedade do Espetáculo
1.3. O Espetáculo Futebol
1.4. A Reprodução do Espetáculo no Jornalismo Esportivo na Internet
1.4.1. Estreia na competição: Brasil 3x1 Croácia
1.4.2. Oitavas de final: nos pênaltis, Brasil vence Chile
1.4.3. Semifinal: Brasil é humilhado pela Alemanha
1.5. Da Cultura da Imagem para a Cultura do Visual
1.6. Texto ou vídeo? Quem complementa quem?
CAPÍTULO 2
AS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO E O ESPETÁCULO NO JORNALISMO ESPORTIVO NA INTERNET
2.1. O Calendário Esportivo e as Pautas no Jornalismo
2.2. Reprodução de Notícias
2.2.1. Agências de Notícias
2.2.2. Assessorias de Imprensa
2.3. Indústria Cultural
2.4. O Espetáculo, a Indústria e a Reprodução
CAPÍTULO 3
A PRODUÇÃO DO JORNALISMO ESPORTIVO DIGITAL NA ATUALIDADE
3.1. O Jornalismo Esportivo On-line na Atualidade
3.1.1. Ritmo Acelerado nas Redações
3.1.2. A Construção do Relato da Partida de Futebol
3.1.3. Caça-Cliques
3.1.4. A Vida Privada dos Atletas Celebridades
3.2. Liquidez das Notícias
3.3. A Pressão Econômica na Produção do Jornalismo Esportivo
3.3.1. Publicidade: Única Fonte de Renda do