Sócrates & a Educação
De Walter Kohan
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Sócrates & a Educação - Walter Kohan
Sócrates".
Primeira parte
É necessário defender Sócrates? Ou Sócrates, entre a ironia e o cuidado
O Sócrates irônico de Kierkegaard
Desde os primeiros socráticos até o século XIX
Sócrates não é indiferente a quem transita pela filosofia, muito menos àqueles que estiveram próximos da sua vida e da sua morte. Sabemos que Platão e Antístenes escreveram cerca de uma centena de diálogos; nos Memorabilia, de Xenofonte, há fragmentos de umas sessenta conversas; de outros, como Aristipo, Críton, Símias, Glauco e Simon conservamos textos semelhantes contendo entre uma e duas dezenas dessas conversas (Rossetti, 2007, p. 17). Sabemos que, na primeira metade do século IV a.C., floresce o gênero dos diálogos socráticos, e que não é possível então fazer filosofia sem ser afetado de alguma forma pelo socratismo. Há também alguns escritos críticos, como a Vida de Sócrates, de Aristóxeno, ou do polêmico Heródico em Em torno aos socráticos. Progressivamente, os diálogos recebem corpos doutrinais até dar lugar aos tratados. Aos neoplatônicos, interessa particularmente o daímon de Sócrates, que dá, por exemplo, título a um texto de Plutarco (O daímon de Sócrates). Os estoicos veem em Sócrates o pai da filosofia, o que desceu dos céus para a vida de suas pessoas (Cícero, Tusculanas V, 4, 10). Esse interesse pela dimensão ética do pensamento e a vida de Sócrates continua nos primeiros séculos da era cristã, por exemplo, em Orígenes, que o considera o paradigma da melhor vida
(Contra Celso III, 66). Santo Agostinho afirma que Sócrates queria libertar o espírito de suas paixões, reconhece a multiplicidade de discípulos e se mostra surpreso com a extrema diversidade com que os seguidores de Sócrates interpretam o soberano Bem (A Cidade de Deus VIII, 2-4). No decorrer da Idade Média cristã, a figura de Sócrates é retomada, de maneira direta ou indireta, sempre de modo afirmativo, tanto que se fala de um socratismo cristão, bastante estendido na época,[1] nas artes, na literatura e na arquitetura. O mesmo pode ser dito do platonismo renascentista.[2] A imagem de Sócrates como um Sileno que Alcibíades oferece no Banquete de Platão é bastante recorrente nesse período, bem como as comparações entre Sócrates e Cristo ou São Paulo (Erasmus, Sileni Alcibiadis). Contudo, é só no final do século XVI, nos Essais de Michel de Montaigne, que Sócrates ganha o papel principal e se torna uma referência constante.[3] Sócrates é, para Montaigne, um modelo de aproximação da natureza através da razão, de autoconhecimento e autodomínio; em última instância, um espelho para o modelo da