Moda, uma metáfora
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Moda, uma metáfora - Adriana Job Ferreira Conte
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CAPÍTULO 1
UM PRIMEIRO OLHAR SOBRE MODA E CORPO
Considerando MODA e CORPO enquanto importantes e fundamentais componentes de uma cultura, analiso, na perspectiva da Linguística Cognitiva, o modelo de estruturação desses dois conceitos. O primeiro tema que será abordado, cultura e processos identitários, é o ponto de partida para a análise das relações existentes entre MODA e CORPO, e de outras tantas possíveis relações a serem estabelecidas.
1.1 Processos Culturais e Processos Identitários
Para falarmos de cultura e de processos identitários, é necessário, primeiramente, nos situarmos em termos de contextualização histórica. Nesse caso, é importante mencionarmos que, durante o século XX, organiza-se com mais ênfase a reflexão sobre a relação do CORPO com a MODA, especialmente nos sentidos psicológico e cultural. Atualmente, são muitos os estudos que levam em consideração a relação direta entre o CORPO humano e a MODA, em muitos casos referindo-se basicamente à MODA como vestuário, roupa ou vestimenta. Sabemos que a MODA sempre foi muito mais do que apenas uma forma de cobrir o CORPO. Entendo que o CORPO transforma-se em algo diferente quando está vestido e é dessa forma, vestidos ou adornados como tal, que nos apresentamos socialmente, ou seja, nos apresentamos ao mundo ao nosso redor. É nesse sentido que a cultura corporal é fundamental para este estudo e é, então, analisada conforme o que encontramos em Avelar (2009, p. 132): falar de moda como vestimenta é fundamentalmente falar do corpo como suporte criativo. Seja seguindo suas formas, seja construindo novos volumes, a roupa necessariamente se apresenta agregada à nossa cultura corporal
.
Muito tem sido discutido sobre a cultura em geral, nos mais variados sentidos, tanto que o termo cultura
popularizou-se a ponto de parecer, por vezes, vazio de significado. Ouvimos falar de cultura da terra, cultura microbiana ou física, tanto quanto de cultura no sentido de formação e educação do espírito humano. Podemos entender cultura como um caráter distintivo da espécie humana, como a soma dos saberes acumulados historicamente e transmitidos pela humanidade de geração em geração e, ainda, em muitos casos, como sendo simplesmente um substituto ou sinônimo da palavra civilização. Para outros, no entanto, a diferença entre esses dois termos – ‘cultura’ e ‘civilização’ – é mais clara e específica, como um dos exemplos levantado por Dennis Cuche (2002, p. 25): [...] tudo que é autêntico e que contribui para o enriquecimento intelectual e espiritual será considerado vindo da cultura; o que é somente aparência brilhante, leviandade, refinamento superficial, pertence à civilização
.
Essa dicotomia, por assim dizer, entre cultura e civilização, profundidade e leviandade e, por que não dizer, entre essência e aparência, é um campo vasto e rico para investigações, principalmente quando associada à MODA. Devido ao seu apelo, primeiramente estético e visual, a MODA é entendida como superficial – uma vez que está, de modo geral, na superfície desse CORPO – e, dessa forma, sem profundidade, ou seja, algo de caráter fútil e leviano.
A partir desses pressupostos, trato prioritariamente da cultura a partir da visão de Cuche (2002), ou seja, a partir de sua associação ao conceito de identidade, que não pode ser vista independentemente de seu contexto relacional e situacional. É preciso levar sempre em consideração que as pessoas pensam, falam e agem a partir de determinadas situações sociais. Apresento, aqui, também, o ponto de vista de outros autores que discutem as noções de cultura e de identidade do indivíduo enquanto ser social, sem dar ênfase para questões de natureza psicológica ou emocional, mas, sim, às maneiras de pensar, agir e sentir, de caráter intersubjetivo, e, portanto, social.
Interessante a visão de que os indivíduos entram constantemente em um conjunto de interdependências e de que nada é puramente natural, nem genuíno, no homem. Há, no desenvolvimento da espécie humana, uma espécie de regressão dos instintos ditos naturais, uma vez que esses instintos vão sendo progressivamente substituídos pela cultura, ou, melhor dizendo, pelo modelo de cultura que lhes é constantemente transmitido.
Para Bourdieu (2008), também é claro o sentido de que o mundo social é social
e não é, por conseguinte, natural, ou, em outras palavras, não é assim por natureza. Ao contrário, é arbitrário, repleto de disputas simbólicas. Entendemos que as relações sociais não são obrigatoriamente harmoniosas e orquestradas; são, na realidade, relações que vão sendo estabelecidas comumente de forma bastante conflituosa e contraditória. Isso porque essas relações ocorrem em determinado tempo e espaço, e um mesmo espaço ou lugar pode compartilhar diferentes identidades. O que podemos observar é que, na maioria dos casos, essas identidades nem sempre se cruzarão de forma hegemônica, nem pacífica.
A respeito dessa arte de viver em sociedade e também do papel e do lugar atribuído aos indivíduos, Michel de Certeau (2008) analisa como as pessoas organizam os lugares, dando-lhes vida, transformando-os em espaços, e insuflando-lhes sentidos por meio das práticas. O pensador francês em questão diz que as pessoas transpõem limites, subvertem as ordens, atuam no sentido de delinquência e de transgressão, relatando e modificando o cotidiano. Essa primeira explanação amplia a visão de sociedade, não tratando somente de um espaço físico, geograficamente restrito e pré-determinado, mas compreendendo o espaço social como uma rede de relações. Assim, o conceito de cultura abrange esse espaço social que também é um espaço de luta e de conflito de classes, no âmbito de uma sociedade global. Essas diferenciações implicam, simultaneamente, uma constante necessidade de identificar-se com alguns dos outros, os considerados iguais, e, por consequência, diferenciar-se de tantos outros, os considerados diferentes. Esse é um tema recorrente no campo do vestuário, mais propriamente dito, o campo da MODA enquanto sistema, como será apresentado mais