Projetos Eletrônicos Para o Ensino de Física e Ciências
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Projetos Eletrônicos Para o Ensino de Física e Ciências - Newton C. Braga
PNP
APRESENTAÇÃO
Hoje é uma necessidade incluir tecnologia no ensino de física e outras ciências como a química, a biologia e mesmo algumas ciências humanas. Os novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apóiam esta ideia indicando sua utilização como ferramenta de auxílio no ensino tanto do nível médio como do fundamental. Muitas escolas, após as recomendações terem sido divulgados, imediatamente associaram tecnologia ao computador e rapidamente colocaram estas máquinas em suas salas de aula, ou montaram CPDs, dedicando algumas horas de atividades com seus alunos. No entanto, em nossa opinião, ensinar tecnologia ou usá-la na escola, não é ensinar informática ou mexer no computador
e acessar a internet
. A tecnologia de nossos dias vai muito além do computador e mexer com tecnologia significa muito mais do que ter acesso à internet. As escolas já estão começando a perceber que ensinar tecnologia é trabalhar com eletrônica, mecânica e a moderna ciência derivada das duas, a mecatrônica.
Assim, já começamos a ver em muitas escolas a difusão do ensino de robótica. Mas, numa escala mais ampla, podemos dizer que a eletrônica e a eletricidade aplicada a projetos simples e experimentos, oferece uma gama enorme de possibilidades aos professores do ensino fundamental e médio que desejam trabalhar com feiras de ciências, aulas mais atraentes e tecnologia. Mais do que isso, existem muitos projetos eletrônicos simples que podem ser usados para ensinar física e outras ciências como a química e mesmo a biologia. Muitos projetos e experimentos são acessíveis, pois utilizam componentes de sucata, podendo ser realizados por professores e alunos que tenham um preparo mínimo. Este livro é justamente dirigido a este público. Selecionamos 52 projetos e experimentos simples, ideais para se ensinar física e tecnologia ou aplicá-la ao ensino de ciências, acessíveis a professores e alunos tanto do ensino fundamental como do médio. Neles, além do detalhamento de todo o processo de construção, obtenção do material, também damos sugestões sobre o modo como eles podem ser utilizados como temas transversais para as matérias das séries correspondentes. Nossa experiência como educador, tendo implantado e servido de consultor em diversas escolas nos permite dizer que os projetos são bastante eficientes e interessantes.
Newton C. Braga
Quem pode montar
Não é preciso ser técnico ou engenheiro para se realizar montagens eletrônicas simples. Assim, professores que se disponham a aprender o fundamental e passar isso aos seus alunos podem fazer montagens muito interessantes, como as que descrevemos neste livro. Basta saber soldar e isso pode-se aprender com facilidade. Para os que desejam saber mais recomendamos o livro Curso Básico de Eletrônica de nossa autoria. Nele, ensinamos as principais funções de componentes e circuitos básicos numa linguagem bastante acessível. Também sugerimos acompanhar os projetos disponíveis no site do autor além de cursos e apostilas em WWW.newtoncbraga.com.br.
1. PROJETOS E EXPERIMENTOS COM FIOS ESMALTADOS
Os fios de cobre esmaltados encontrados em motores, transformadores e muitos outros dispositivos elétricos e eletrônicos podem ser usados numa boa quantidade de experimentos didáticos, trabalhos escolares e no ensino de tecnologia tanto nas escolas de nível fundamental como médio. Em especial as escolas que já possuam educação tecnológica, podem utilizar as sugestões de experimentos que damos a seguir, para complementar seus cursos ou para a realização de trabalhos para feiras de ciências.
Muitos dispositivos eletrônicos e elétricos tais como transformadores, bobinas, campainhas, motores, solenóides e relés utilizam um tipo de fio de cobre que é recoberto de uma fina capa de esmalte que serve de isolante. Com estes fios são enroladas bobinas que, ao serem percorridas por uma corrente elétrica, criam um campo magnético. Este campo magnético é o responsável pelos efeitos que fazem o dispositivo funcionar.
Os fios esmaltados encontrados nestes dispositivos podem ter espessuras que variam desde os mais finos que um fio de cabelo até os mais grossos, que podem ter alguns milímetros de diâmetro.Tecnicamente pode-se indicar o fio por sua espessura em milímetros ou ainda através de um número AWG
e este número será tanto mais alto quanto mais fino for o fio.
Nas experiências que descrevemos e na maioria dos dispositivos que encontramos em eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos os fios têm números tipicamente entre 18 e 34. Para saber qual é o número do fio usamos uma tabela que dá o diâmetro correspondente. No entanto no caso dos mais finos, fica muito difícil medir este diâmetro diretamente. Assim, o que se faz é enrolar 10 ou 20 voltas num lápis, conforme mostra a figura 1 e depois dividir o valor medidor por este número de voltas.
Figura 1:Medindo a espessura de um fio esmaltado.
Por exemplo, se enrolarmos 20 voltas de fio e medirmos 3 mm saberemos que cada volta corresponde a aproximadamente 0,15 mm e que portanto esta é a espessura do fio. Basta então consultar o valor mais próximo da tabela para o correspondente AWG.
Apesar de não parecer, os fios esmaltados são isolados, isto é, recobertos por uma fina camada de esmalte que serve de isolante.
Isto significa que se quisermos soldar ou ligar um desses fios a qualquer outro componente ou a uma placa de circuito impresso ou ponte precisamos remover a camada de esmalte isolante. Isto pode ser feito raspando-se com uma lâmina para o caso dos mais grossos e mesmo mais finos (com muito cuidado) ou ainda com uma lixa, conforme mostra a figura 2.
Figura 2: Tirando o esmalte para poder soldar ou ligar um fio esmaltado.
Se tentarmos soldar um fio esmaltado ou ligá-lo a uma pilha, por exemplo, sem raspar o local de contacto removendo o esmalte a corrente elétrica não pode passar. Quando aproveitamos os fios esmaltados de algum aparelho ou dispositivo fora de uso precisamos ter cuidado em verificar se ele ainda está bom. O que ocorre ‚ que muitas vezes o dispositivo é abandonado porque queima, ou seja, sua temperatura eleva-se muito antes dele sofrer um dano que o impede de continuar funcionando. Quando isso ocorre, o fio tem sua capa de esmalte enegrecida e danificada passando a descascar
em diversos pontos. Este fio não serve para mais as nossas experiências ou montagens pois não mais tem isolamento.
O fio bom, conforme mostra a figura 3, deve ser marrom claro e não apresentar sinais de queima. O aparelho de onde ele foi retirado não deve estar cheirando queimado
o que indica que esta foi a causa de sua queima.
Figura 3: Identificando um fio esmaltado bom.
Diversos são os dispositivos de onde o leitor pode retirar fios esmaltados. Na figura 4 mostramos alguns deles.
Figura 4: Dispositivos de onde podem ser retirados fios esmaltados.
Os transformadores, por exemplo, podem ter dois enrolamentos com fios de espessuras diferentes. Desmontando com cuidado suas lâminas acessamos o carretel de onde podemos tirar muito fio esmaltado para nossas experiências e montagens. Campainhas de casa, relés e mesmo motores de eletrodomésticos (que não tenham queimado, mas sim abandonados por outra causa - emperramento ou quebra de partes, por exemplo) fornecem fios esmaltados para as experiências e montagens.
Projeto 1 - Eletroímã
Nível: Experimento ou montagem simples para o ensino fundamental – a partir de quarta série.
Um simples eletroímã pode ser construído com um pedaço de fio esmaltado e um preguinho.
Material:
2 metros de fio esmaltado entre 28 e 32
1 prego pequeno (2 a 3 cm)
1 pilha média ou grande
Enrole de 50 a 200 voltas de fio esmaltado no prego, conforme mostra a figura 5 e raspe as pontas dos fios no local que deve fazer contacto com a pilha.
Figura 5: Um eletroímã construído com um prego e fio esmaltado.
Segurando os fios em contacto com a pilha a corrente que circula pela bobina de fio esmaltado cria um forte campo magnético que se concentra no prego. O prego passa então a atrair pequenos objetos de metal como alfinetes, clipes, preguinhos, lâminas de barbear, etc.
O que explicar:
Explique como uma corrente elétrica cria campos magnéticos e eles podem ser concentrados por materiais ferrosos. Mostre na experiência que tipos de materiais podem ser atraídos. Use diferentes materiais como: clipes, preguinhos, objetos de plástico, madeira e papel, alumínio, etc., separando os que podem e não podem ser atraídos pelo eletroímã. Peça aos alunos que expliquem a causa.
Não mantenha o eletroímã por muito tempo ligado, mas apenas alguns segundos (até 10) de cada vez. A corrente intensa tende a esgotar a pilha rapidamente e a aquecer a bobina de fio esmaltado.
Questionário:
- O que é o efeito magnético da corrente elétrica?
- Explique como funciona o eletroímã.
- Cite aplicações práticas para os eletroímãs.
Experimentos adicionais:
Monte um pequeno guindaste controlado por um interruptor para atrair pequenos pedaços de metal, conforme mostra a figura 6.
Figura 6: Guindaste com eletroímã capaz de levantar pequenos objetos de metal.
Experimente aproximar o eletroímã de pequenos imãs permanentes verificando em que caso obtém-se atração e repulsão. Explique o que ocorre com base no sentido de circulação da corrente pela bobina do eletroímã.
Competição:
Uma das maneiras de se tornar atraente um projeto é propor algum tipo de desafio ou competição para os alunos. Neste caso, podemos:
Monte uma varinha de pescar com o eletro-imã e proponha uma competição em que quem ganha é o que consegue pescar
mais peixinhos