O loiro no cinema: um estudo analítico
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Este livro alinhava todas essas perguntas à luz de um único questionamento: qual o significado do loiro na construção das personagens no cinema? O autor faz um levantamento teórico do assunto e, com base em sua vasta experiência profissional como maquiador e professor universitário, fornece aos maquiadores, visagistas, estudantes de comunicação, atores e leitores em geral um instrumento para a execução do trabalho de maquiagem e uma maneira de olhar a tipificação do loiro como signo visual, ou seja, como função estética, semiótica e psicológica de transferência de personalidade e capaz de compor outra vida nas telas.
Armando Filho apresenta, aqui, seu olhar sobre a utilização da coloração loira na construção imagética de personagens ficcionais no cinema. Para isso, discorre e traça um panorama sobre o "loirismo" em diversas produções cinematográficas nacionais e internacionais, com principal foco em cinco filmes da pós-retomada. Trata-se de uma obra concisa e inédita no assunto, de especial interesse a profissionais da área de comunicação, visagismo, maquiagem e cinema.
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Book preview
O loiro no cinema - Armando Filho
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Ao meu pai,
pelos caminhos apontados, meu amor e minha saudade.
Agradecimentos
Aos meus pais, Armando e Clizeida, por me possibilitarem e incentivarem a viver da Arte.
Às minhas irmãs, pelo amor e amizade sinceros.
A Gelson Santana, cuja dedicada orientação engrandeceu esta obra.
A João Batista de Andrade, que tão gentilmente me enviou sua obra Rua Seis, s/n para análise.
A Cida Ferreira, pela entrevista concedida, e Janaina Freire, pela recepção afetuosa, ambas do Studio Glosss São Paulo.
A Sérgio Duarte Julião da Silva, por aceitar ler minha obra de antemão e prefaciá-la.
Aos diretores, atores e atrizes, roteiristas, produtores, maquiadores maravilhosos que fizeram e fazem a história do cinema.
Ao Teatro, que me acolheu desde cedo com possibilidades criativas, antes inimagináveis, e que agora me leva a outros espaços da representação.
A Deus, pela vida.
cabelo vem lá de dentro
cabelo é como pensamento
(Arnaldo Antunes, Cabelo
)
APRESENTAÇÃO
Este livro é um estudo do chamado loirismo
, isto é, do loiro como elemento de caracterização e referência à figuração do personagem representado como imagem construída. Considero o loiro¹ uma entidade pertencente única e exclusivamente à imagem, sendo, nesse sentido, pensado como elemento resultante da maquiagem e, portanto, um dos elementos compositores da imagem (ou seja, funciona como uma engrenagem para a tipificação no cinema). A coloração dos cabelos como opção estética de composição dos personagens aparece nos filmes selecionados nesta obra como uma possibilidade de travestimento
do ator em outra persona, o que resulta para o espectador em um mascaramento das características pessoais do ator para o melhor estabelecimento do jogo entre o público e o filme.
Dessa maneira, defini a tipificação como o trabalho de construção do personagem e que, a partir da utilização de elementos externos tais como o uso da máscara para o ator no teatro, resulta ativamente numa performance do ator.
E por que esse tema? A resposta está no fato de que, à luz de minha experiência no mercado profissional de maquiagem, verifiquei que pouco se encontra a respeito da maquiagem na composição estética do personagem. Tendo executado diversos trabalhos de caracterização em espetáculos teatrais, óperas e televisão e, ainda, como vencedor do Prêmio Avon Color de Maquiagem em 1999, constatei a falta de material especificamente voltado a essa área: na maioria das vezes, profissionais se debruçam no estudo e aplicação de tal artifício com maior ênfase no aspecto aparente de tal composição, deixando aí uma grande e incômoda lacuna para os profissionais do visagismo². A escassez de uma bibliografia específica também me serviu de estímulo à elaboração deste livro e foi determinante na minha escolha.
O ponto de vista adotado foi o de uma reflexão sobre as estratégias construídas de tal uso para fazer emergir personagens, tornando-os imagem na produção fílmica recente do cinema brasileiro no período ao qual me refiro como pós-retomada.
Nagib (2002, p. 13) localiza o período conhecido como a retomada do cinema brasileiro entre os anos 1994 e 1998: embora breve, esse período é historicamente significativo na produção nacional, saltando de zero no início da década, para quase vinte na segunda metade dos anos 1990
. Estabelecida a volta das plateias às salas de exibição e resgatada a credibilidade na produção do cinema nacional, novos nomes surgem no cenário cinematográfico e vários outros se firmam na área gozando de reconhecimento internacional para seus filmes. É de um período mais atual da produção nacional, mais especificamente os anos posteriores a 1998 (daí a escolha do termo pós-retomada
), que este trabalho retira seus objetos de