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Mulheres garis
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Mulheres garis

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Mulheres Garis: relatos de invisibilidade pública e violência simbólica narra a experiência de uma professora no interior de Minas Gerais que trabalhou vestida de gari em sua cidade natal para desenvolver uma pesquisa. Muito mais do que constatações sobre o tratamento que é devido a essas profissionais por parte da sociedade, aquela vivência acabaria por transformar para sempre sua forma de ver o mundo e de se relacionar com seus semelhantes.

Prefácio de Fernando Braga da Costa
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2017
ISBN9788547304270
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    Mulheres garis - Camila de Almeida Miranda.

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    AGRADECIMENTOS

    Como tem valor o sentimento de gratidão em nossas vidas! Quanto mais me sinto grata a Deus, mais coisas boas acontecem...

    Além da incontestável ajuda divina, este livro não teria saído do plano das ideias se não fosse a ajuda de grandes seres humanos, alguns companheiros de jornada há mais tempo e outros que foram sendo incorporados em minha vida aos pouquinhos, conforme eu fui crescendo enquanto mulher, professora e cidadã.

    Destaco aqui minha eterna gratidão:

    À minha mãe, Kátia, por ser ela a principal incentivadora de minhas conquistas e por acreditar em mim. Por me achar, desde sempre, muito mais inteligente e capaz do que realmente sou.

    Ao meu pai, Luiz Carlos, de quem herdei a disposição para o trabalho incansável. Por me ensinar desde cedo o valor de se conquistar as coisas, com esforço, dedicação e iniciativa.

    À minha irmã, Lara, pelo pontapé que deu junto comigo logo no início da realização do meu mestrado. Por vir de longe e ficar vários dias em Governador Valadares para me apoiar sempre que é necessário.

    Ao meu marido, Wolfgang, por todo amor, apoio, por dividir os seus dias comigo e por tornar minha vida mais leve e mais feliz. Pelo lar que estamos construindo juntos.

    À minha avó Solange, por representar verdadeira inspiração em minha prática docente. O contato com suas aulas, com seus alunos, com a Constituição Federal, com as doutrinas clássicas... lembra-me uma parte importante de minha infância e adolescência e que me daria, há muitos anos atrás, uma prévia do que seria minha vida hoje.

    Ao Fernando Braga da Costa, que, muito mais do que autor de referência, acabou por tornar-se pessoa de referência. Por ser esse ser humano fantástico, inteligente, mas, principalmente, pela enorme lição de humildade. Nunca me esquecerei.

    À professora Mírian Célia, que primeiro me introduziu na pesquisa científica, quando eu ainda era aluna da graduação. Por todo o aprendizado que trabalhar junto com ela no Núcleo de Capacitação Científica da Fadivale me proporcionou.

    Ao meu amigo Franco Dani, pela ajuda e paciência durante o tempo em que cursamos juntos o mestrado. Amizade que foi além da sala de aula e que conservarei para sempre.

    À Eliana Marcolino, por ter caminhado comigo e, principalmente, acreditado em minha pesquisa, mesmo com alguns obstáculos que enfrentei no início.

    Aos professores do GIT: Mauro Santos, pela ajuda a mim dedicada na elaboração dos aspectos metodológicos, e Haruf Spíndola, pela ajuda em minha pesquisa de campo.

    À professora Rita Santos, por todos os ensinamentos compartilhados. Agradeço também pela amizade, pelos bons conselhos, pela discussão de práticas sobre a docência.

    Aos amigos Fernando Pascoal, Márdio Costa e Anderson Gonçalves, por estarem presentes em um dos momentos mais importantes de minha vida. Tenho sido abençoada em vários aspectos, mas principalmente por ter conquistado amigos maravilhosos como vocês.

    Aos meus alunos de Governador Valadares, Belo Horizonte e aos demais que me assistem online, pela chance de fazer o que mais gosto na vida: estar à frente de uma sala de aula, ensinando e, principalmente, aprendendo. Salas de aula estão virando estúdios de gravação; muitas vezes você me vê apenas pela tela do computador, mas, mesmo com todos os avanços tecnológicos, o gratificante sentimento de ser professora e transmitir conhecimento permanece inalterável com o passar dos anos.

    E, por fim, registro um agradecimento especial para todas as mulheres garis de Governador Valadares. Nunca me esquecerei da acolhida carinhosa, da paciência com que me ensinavam o serviço, dos diálogos alegres, das experiências compartilhadas e do café que dividiram comigo nos meses em que estive envolvida com a pesquisa de campo. Ter a oportunidade de trabalhar com vocês me ajudou a compreender melhor o ser humano e as lições obtidas serão guardadas por toda a minha vida.

    Mulher

    Dizem que a mulher é o sexo frágil

    Mas que mentira absurda

    Eu que faço parte da rotina de uma delas

    Sei que a força está com elas

    Vejam como é forte a que eu conheço

    Sua sapiência não tem preço

    Satisfaz meu ego se fingindo submissa

    Mas no fundo me enfeitiça

    Quando eu chego em casa à noitinha

    Quero uma mulher só minha

    Mas pra quem deu luz não tem mais jeito

    Porque um filho quer seu peito

    O outro já reclama a sua mão

    E o outro quer o amor que ela tiver

    Quatro homens dependentes e carentes

    Da força da mulher

    Mulher, mulher

    Do barro de que você foi gerada

    Me veio inspiração

    Pra decantar você nessa canção

    Mulher, mulher

    Na escola em que você foi ensinada

    Jamais tirei um dez

    Sou forte mas não chego aos seus pés

    (Erasmo Carlos)

    PREFÁCIO

    Prezada leitora. Prezado leitor.

    O que você tem agora em mãos pode ser chamado livro. Trabalho impresso, talvez. Brochura encadernada. Exemplar. Volume. Registro.

    Estive pessoalmente com a Camila por, no máximo, uma hora. Não me recordo se comemos. Sei que bebemos, talvez café ou cappuccino. O tempo foi curto. Se tivéssemos nos encontrado em uma praça ou parque, uma tarde inteira ainda seria curta.

    Camila é densa. E tensa. Capta o mundo ao seu redor com sensibilidade bem feminina. E reage de maneira viril às injustiças incompreensíveis. A despeito disso, seu sorriso parece inevitável. É uma grande otimista. Ingênua, como quase todos nós verdadeiramente à esquerda.

    Camila e eu não concordamos em tudo. Ainda bem. Somos originalmente de cidades diferentes, de estados da federação distintos. Também não somos da mesma geração. Nossa origem socioeconômica representa bem nossas visões um pouco divergentes.

    Fato é que Camila inspirou-se em uma experiência minha, trabalho acadêmico que se iniciou na graduação e perdurou até o fim de meu doutoramento. Trabalhei como gari durante dez anos, junto aos varredores da USP, na cidade universitária na capital paulista. Fiquei entre aqueles homens, envolvido em suas tarefas, com a frequência de duas vezes toda semana.

    Uma década é muito tempo, bem mais que o necessário para uma experiência etnográfica representativa. Mas não foi a coisa científica que me manteve entre os trabalhadores. Foi algo aquém e além dali. Algo que ainda hoje falho em identificar com justeza e precisão.

    Camila me auxiliou nesta tarefa de compreender as complexidades dos trajetos humanos. Graduou-se em Direito, leciona para muitos estudantes, e poderia dedicar-se às empreitadas livrescas comuns, estudos fundamentais, mas um tanto confortáveis. Enxerguei nela um pouco de mim mesmo.

    Camila foi fotografada varrendo ruas, uniformizada. Ora sozinha, ora ao lado de suas colegas temporárias. Quando pela primeira vez vi as fotos dela com as mulheres trabalhadoras lembrei-me de 22 anos atrás. Fui devolvido a memórias visuais, auditivas e até olfativas. De olhos fechados, ouvi a voz de Moisés e Nilce, as queixas do Tião e do Ciço, enxerguei o Bambu e o Chico Zóinho

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