Histórias da química
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Histórias da química - José Euzebio Simões Neto
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO ENSINO DE CIÊNCIAS
Aos amigos e colegas que acreditaram
no projeto ao longo do tempo de maturação desta obra.
PREFÁCIO
Peço licença para me dirigir a um grupo específico de leitores em que me incluo e com que me identifico: os professores de Química. Se você parou para ler este livro, seja por indicação ou por curiosidade quanto ao conteúdo, vai encontrar, no conjunto de seus capítulos, não só uma obra sobre a história da Química, mas uma obra que irá fazê-lo repensar sua concepção sobre essa Ciência e sobre aquilo que envolve o seu processo de ensino e aprendizagem. O que encontramos aqui nos leva, a partir do olhar crítico dos autores, a refletir sobre aspectos históricos e epistemológicos que envolvem a Química enquanto Ciência, e até mesmo antes de se estruturar como Ciência.
Este livro está divido em dez capítulos, e sobre o conteúdo buscarei fazer considerações e/ou um breve resumo nas próximas linhas. Contudo é possível que o leitor tenha uma interpretação diferente da minha, o que naturalmente pode acontecer, visto que certamente temos (in)experiências e (pré)conceitos diferentes sobre o que cada um se propõe a explorar.
No primeiro capítulo os autores apresentam uma análise da emergência da Alquimia na cultura moderna, incluindo obras da literatura, cinema, televisão e fotografia, que podem levar a concepções alternativas conflitantes com os fatos históricos. A análise possibilita ao leitor uma reflexão sobre a forma como a Ciência é apresentada em espaços/materiais não didáticos
ou não científicos
, o que pode, por sua vez, ser um aliado no processo de alfabetização científica. Temos, então, um texto que se coloca como um instrumento de debate, de interpretação e apropriação sobre a Alquimia e sua presença na cultura moderna. Uma boa forma de iniciar um livro. Uma pergunta: Alquimia é a precursora da Química? Espero que a leitura possa fazer com que você, leitor, tire suas próprias conclusões.
Em seguida, o capítulo dois propõe problematizar a Natureza da Ciência e seu progresso a partir de alguns questionamentos, apresentando contribuições que a perspectiva histórico-social da Ciência traz à reflexão acerca do progresso da Ciência. Contextualiza essa reflexão a partir do processo de separação entre a Ciência e a Metafísica que permitiu o surgimento de novas perspectivas na Filosofia da Ciência. O texto nos leva a pensar sobre a evolução científica, e, conforme defende o autor, é necessária uma reflexão constante acerca da organização da Ciência e sobre seu papel na sociedade.
Um convite à busca pela substância
é feito no capítulo três. O autor objetiva levar o leitor a refletir sobre o caráter inacabado dos conceitos científicos e apresenta um breve percurso histórico do desenvolvimento do conceito de substância. Apesar de não se deter a questões educacionais, o autor convida o leitor a refletir sobre a forma como esse conceito é apresentado, por exemplo, nos livros didáticos. Segundo ele, a falta de reflexão profunda sobre o conceito de substância, e outros conceitos científicos, pode ocasionar o reforço de concepções alternativas, podendo até incorrer em erros conceituais.
Mostrar uma Ciência humana, por meio da história do desenvolvimento atômico, é o que objetiva o capítulo quatro da presente obra. De modo mais específico, o capítulo tem como meta contar a história dos modelos atômicos seguindo dois parâmetros, a saber: o histórico e o epistemológico. Apoiado no aspecto histórico, o autor faz um recorte teórico para expor a história, iniciando em Dalton e terminando em Niels Bohr, que, para ele, é o responsável por grandes mudanças na teoria atômica. O viés epistemológico fica por conta das ideias de Ludwik Fleck, por meio dos Estilos de pensamento
. O que temos nesse texto é uma história, a partir do que coloca o autor, contada de forma diferente daquela presente nos livros didáticos, trazendo uma nova dimensão aos pesquisadores responsáveis pela proposição das diferentes teorias atômicas.
No capítulo cinco o leitor é introduzido ao universo de Linus Pauling, cientista visionário, responsável por mudar nossa forma de ver como átomos e moléculas interagem. O texto, com características biográficas, inclui fotos do cientista em momentos com família e amigos, nos envolvendo em uma história de vida longa e com multiplicidade da obra de Pauling, que tinha interesse em áreas científicas como Química, Física e Biologia. O autor afirma que sua obra vasta continua influenciando a Ciência nos dias atuais, destacando-se seu interesse pela vitamina C, que passou a ingerir diariamente, e o envolvimento na II Guerra Mundial. É, sem dúvida, um dos mais notáveis cientistas que o século XX conheceu.
No sexto capítulo temos a apresentação de três recortes da vida de Marie Curie. Apesar de falar sobre a vida de Marie Curie, o texto, segundo o autor, não possui pretensão de ser uma biografia, mas se baseia em uma das três biografias existentes sobre a cientista, o livro Marie Curie, uma vida da autora Susan Quinn. Não encontramos apenas relatos de fatos que aconteceram; ao contrário, é possível por meio da história contada conhecer o contexto cientifico, social e cultural da época em que Marie Curie viveu. Uma mulher à frente do seu tempo, que enfrentou preconceitos, rejeição, numa época em que a Ciência era (ainda é) privilégio dos homens.
A ideia de espontaneidade e de transformação química é abordada no capítulo sete. A autora apresenta um percurso histórico desde os gregos até os dias atuais, investigando e discutindo a transformação da matéria em vários períodos da história da Ciência, apontando diferentes visões e concepções associados a esses períodos. Essas visões e concepções são articuladas, numa aproximação entre dois campos, a Termodinâmica e a Química. Além de abordar o desenvolvimento histórico baseado nessa articulação, o texto também reflete sobre implicações educacionais a respeito dessa aproximação.
Tradicionalmente o ensino de Química Orgânica, baseando-se na forma como é apresentado nos livros didáticos, seja no Ensino Médio ou Superior, resume-se a funções orgânicas, seja no que tange a nomenclatura, estrutura e propriedade, ou nos diversos mecanismos de reação a elas associadas. O capítulo oito pode ajudar a ampliar essa abordagem, pois nos dá possibilidades de compreender os questionamentos, problemáticas, contribuições e cientistas envolvidos, por meio da construção histórica que os autores chamam de inícios da Química Orgânica
, que corresponde ao período de Lavoisier até a proposição da teoria estrutural de Kekulé.
Ainda no cenário da Química Orgânica, o capítulo nove apresenta um texto que fala das contribuições de um dos químicos mais influentes, o russo Butlerov. É assim que o autor chama o cientista, que é praticamente desconhecido no Ocidente. Após ler esse capítulo certamente o leitor irá preencher a lacuna existente sobre a obra do cientista, e isso não é apenas uma promessa feita pelo autor para que o leitor se interesse pelo texto. Além das contribuições para a Ciência, é possível também se aproximar mais do cientista humano
, já que dedicam um espaço para falar sobre a vida pessoal e acadêmica de Butlerov.
O livro finda com um capítulo que fala sobre a História do Ensino Superior de Química no Brasil. A Química enquanto disciplina chega ao Brasil no início do século XX, quase três séculos depois que, segundo os autores, se estruturou enquanto Ciência, a partir das contribuições de Boyle, particularmente com a sua obra O Químico Cético. Ainda, é possível compreender como atualmente os cursos de Licenciatura em Química são estruturados e sua distinção com o bacharelado. Um resgate histórico que se coloca como leitura obrigatória para todos aqueles que se interessam pela Química e, principalmente, pelo Ensino de Química.
Este livro nos proporciona uma leitura intrigante, questionadora, reflexiva – algumas vezes parece que estamos pisando em terras desconhecidas –, e, ao mesmo tempo, familiar e envolvente. Escrita por professores e pesquisadores que se interessam pela história da Química, por questões que envolve o seu processo de construção, mas, sobretudo, que trazem mais uma contribuição para a área ao nos apresentar essa produção sem precedentes. Boa leitura!
Professora Flávia Cristiane Vieira da Silva
Unidade Acadêmica de Serra Talhada – Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UAST/UFRPE)
Sumário
1 EMERGÊNCIAS DA ALQUIMIA NA CULTURA MODERNA: MARGINALIZAÇÃO EM HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO MARCA DE CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS EM MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
Hemerson Henrique Ferreira do Nascimento
José Euzebio Simões Neto
2 Contribuições da perspectiva epistemológica histórico-social para a questão do progresso da Ciência
Caio César Bispo Teodoro
3 EM BUSCA DA SUBSTÂNCIA: uma história para o desenvolvimento do conceito de Substância Química
João Roberto Ratis Tenório da Silva
4 O MODELO ATÔMICO – UMA HISTÓRIA DA MUDANÇA DE ESTILOS DE PENSAMENTOS
Ehrick Eduardo Martins Melzer
5 Um cientista de olhos azuis brilhantes: Linus Pauling
Paulo Marcelo Pontes
6 Marie Curie: três dolorosas estações de um calvário glorioso
Attico Chassot
7 VISÕES E CONCEPÇÕES SOBRE A TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA: UMA TRAJETÓRIA HISTÓRICA PARA A PROPOSIÇÃO DOS CONCEITOS DE ENTROPIA E ESPONTANEIDADE DE PROCESSOS
Edenia Maria Ribeiro do Amaral
8 Teoria dos Radicais, Teoria da Substituição, Teoria dos Tipos: um caminho tortuoso na evolução da Química Orgânica
Ricardo de Carvalho Ferreira
Maria Angela Vasconcelos de Almeida
Marcelo Brito Carneiro Leão
Francislê Neri de Souza
9 A IMPORTÂNCIA DE ALEKSANDR BUTLEROV PARA A HISTÓRIA DA QUÍMICA E AS CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A TEORIA ESTRUTURAL
Cristiano de Almeida Cardoso Marcelino Jr.
Isauro Beltrán Núñez
10 BREVE HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO ENSINO SUPERIOR DE QUÍMICA
José Euzebio Simões Neto
Angela Fernandes Campos
SOBRE OS AUTORES
1
EMERGÊNCIAS DA ALQUIMIA NA CULTURA MODERNA: MARGINALIZAÇÃO EM HISTÓRIA DA CIÊNCIA COMO MARCA DE CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS EM MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
Hemerson Henrique Ferreira do Nascimento
José Euzebio Simões Neto
Estudos especializados, muitos em língua inglesa e, não raramente, em língua portuguesa, apontam para a necessidade de incorporação da História da Ciência (HC) no ensino há pelo menos cinquenta anos (JENKINS, 1990, apud BIZZO, 1992). Ao longo da última década o interesse pela HC tem crescido substancialmente, não somente em função da sua contribuição enquanto campo de pesquisa, fornecendo suporte para as mais variadas áreas de conhecimento, mas também como ferramenta metodológica no Ensino das Ciências – em que emerge como proeminente aliada do professor –, como destacam Meglioratti, Bortolozzi e Caldeira (2005) e Martins (2005). De fato, essa maior representatividade da HC no Ensino das Ciências se evidencia no avultante número de publicações especializadas: Enseñanza de las Ciencias, Science & Education, Ciência & Educação, entre outras.
De fato, a HC permite uma aprendizagem mais significativa, num sentido abertamente ausubeliano, posto que atua como elemento facilitador, contextualizador e humanizador das Ciências, diminuindo, dessa forma, seu caráter prescritivo e formal e fazendo o ensino tanto mais construtivista. Conforme Mathews (1994) – fundador da Science & Education – há boas razões para adotar a HC como ferramenta didática:
A História promove melhor compreensão dos conceitos e métodos científicos; Abordagens históricas conectam o desenvolvimento do pensamento individual com o desenvolvimento das ideias científicas; A História da Ciência é intrinsecamente valiosa. Episódios importantes da História da Ciência e da cultura – a Revolução Científica, o Darwinismo, a descoberta da penicilina, etc. – deveriam ser familiares a todo estudante; A História é necessária para entender a natureza da ciência; A História neutraliza o cientificismo e o dogmatismo que frequentemente são encontrados nos livros de ciências e nas aulas; A História, por meio do estudo da vida e da época dos cientistas, humaniza o objeto da ciência, tornando-a menos abstrata e mais interessante para os estudantes; A História permite fazer conexões com assuntos e disciplinas científicos, assim como com outras disciplinas acadêmicas; a história expõe a natureza integrativa e interdependente das aquisições humanas (MATTHEWS, 1994, p. 50, tradução nossa).
Dentre os aspectos citados, destaquemos a compreensão do fazer científico. A aproximação com a HC permite melhor compreender como se desenvolve a Ciência, deixando claro que esta é um construto humano e não linear, o que invariavelmente remonta à proposta de Thomas Kuhn (2007). É preciso entender o passado para compreender, não o presente, mas o progresso científico, suas revoluções, dadas as modificações sócio-histórico-culturais.
A percepção do alcance da história da Ciência como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem levou o Brasil a oficializar a necessidade de contextualização histórico-social. Dessa forma, constam atualmente nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 1999), nas Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) (BRASIL, 2002) e nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCN) (BRASIL, 2006) instruções para que o currículo se organize em torno de eixos orientadores para a seleção de conteúdos significativos, dentre os quais um eixo histórico-soci