Desafios Intersetoriais
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Desafios Intersetoriais - Marcus Macedo
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Como fruto deste trabalho, dedico primeiramente a meus familiares e amigos, que estiveram ao meu lado
durante todo este percurso.
Dedico também a todos os usuários, familiares e trabalhadores do campo da saúde mental, que, pela luta diária, pela inclusão das pessoas em sofrimento psíquico, possam encontrar neste trabalho uma pequena contribuição e o combustível para continuar nesta caminhada diária.
Dedico ainda a todos os profissionais do campo da educação.
APRESENTAÇÃO
Sem recordar exatamente do autor, me lembro de ouvir numa palestra a fala de que, na saúde mental, não precisamos fazer muitas coisas, apenas acompanhar o louco
na construção de suas possibilidades de existir. Tal fala não somente faz sentido para minha prática junto ao campo da saúde mental, mas acima de tudo retrata o meu encontro com o campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e, por consequência, o movimento investigativo que levou à produção deste livro.
E foi assim, nestes encontros do acaso, que me deparei com o relato de um usuário da saúde mental e seus familiares, do movimento que ele havia feito de se inserir numa experiência de Educação de Jovens e Adultos. Naquele momento, passei a ouvir exatamente o que tanto almejamos no campo da saúde mental, a saber: o resgate da cidadania e a inserção desses sujeitos nos espaços de sociabilidade. Pude assim identificar que os ganhos obtidos com tal experiência extrapolavam a dimensão escolar em termos de aprendizagem de conteúdos.
Exemplo disso é a satisfação de o retorno à escolarização ter sido acompanhado por outros movimentos de sociabilidade, tais como: ampliação do espectro de amizade, anteriormente restrito ao contexto familiar; estabelecimento de novo relacionamento afetivo, interrompido há anos; e retorno à prática esportiva, ao passar a frequentar o futebol nas dependências da escola aos finais de semana. Percebia que todo esse processo se fazia acompanhar pela satisfação do retorno à escolarização, que guardava marcas de uma trajetória de exclusão escolar no passado.
A partir de então, iniciou-se meu interesse pelo campo da EJA, passando, consequentemente, a vislumbrar nessa experiência educativa possibilidades de diálogo com o campo da saúde mental. Tal expectativa foi se concretizando à medida que percebia que os processos educativos desenvolvidos pela EJA traziam como marca identificatória a consideração pela realidade dos educandos e a perspectiva da inclusão social pela educação. O encontro inevitável com Paulo Freire me levou a uma concepção de educação até então desconhecida, e mais ainda poder perceber a afinidade dessa perspectiva emancipadora com os propósitos da saúde mental.
A essa expectativa seguiu-se também a estranheza de não encontrar produções científicas e experiências práticas que sinalizassem a aproximação entre esses dois campos. Apresentava-se para mim um ouro até então pouco explorado, e que me fez explorar como pesquisador. E foi assim que a partir das leituras teóricas foi me despertando o desejo de pesquisar as possíveis contribuições que a EJA poderia proporcionar ao campo da saúde mental. Pude identificar na inclusão social o ponto de ligação que possibilitaria o casamento entre duas políticas públicas. Porém, um obstáculo se interpôs inicialmente ao meu intento investigativo. Uma pesquisa se faz com sujeito; nesse sentido, onde encontrar os sujeitos da saúde mental nas turmas de EJA? Para além daquela experiência singular que se apresentou a mim, era quase que inexistente a presença desse público junto às turmas de EJA.
A saída para esse impasse se deu a partir de um novo encontro, e nesse caso não com um sujeito, mas sim com uma experiência inovadora de Educação de Jovens e Adultos emergida no município de Belo Horizonte. Uma experiência provocada pela carência inclusiva das turmas de EJA presentes nas escolas ditas regulares, haja vista a ausências de coletivos marcados por processos de exclusão social. No intuito de reparar essa carência, surge, então, o Programa EJA/BH, que espalhou pelos territórios de Belo Horizonte turmas de Educação de Jovens e Adultos não escolares. E nesses encontros territoriais os espaços acolhedores da saúde mental compareceram também como abrigo para a formação das turmas de EJA.
Desses encontros evidenciou-se que o casamento entre a saúde mental e a EJA não era apenas uma possibilidade, mas uma realidade. No entanto, a referência ao casamento implica ressaltar que, como todo matrimônio, a experiência aqui relatada traz tanto momentos de consistente comunhão como também outros tantos de divergências e desencontros, além das possibilidades de divórcio. Como poderão perceber, a experiência que trago neste livro apontou desafios estruturais na consolidação de uma prática intersetorial ou, dito de outra forma, colocou em questão os limites de duas políticas inclusivas quando se põem a dialogar.
Sendo assim, feitas essas considerações iniciais, trago na sequência a estruturação do livro, que está dividido em duas partes, compostas por 11 capítulos no total, seguido das considerações finais.
Partindo do entendimento de que este livro tem como público-alvo tanto profissionais da educação como da saúde mental, e considerando também que nem sempre esses profissionais têm conhecimento das especificidades das políticas públicas alheias a seu campo de atuação, procurei nos cinco capítulos que compõem a primeira parte do livro apresentar as diretrizes que norteiam tanto o campo da saúde mental quanto da Educação de Jovens e Adultos. Assim, o leitor familiarizar-se-á com ambos os campos, o que, acredito, contribuirá para uma melhor compreensão da experiência relatada na sequência.
Sendo assim, faço uma contextualização histórica da condição excludente vivenciada pelas pessoas em sofrimento psíquico, bem como a configuração da Rede de Atenção Psicossocial, com seus dispositivos assistenciais territoriais, com destaque para os Centro de Convivência e Cultura. Tal contextualização se fez necessária por entender que as dificuldades em proporcionar a inclusão desses sujeitos na contemporaneidade estão muitas vezes ligadas aos estigmas e aos preconceitos historicamente construídos em nossa sociedade.
Na mesma direção, trago para o público da saúde mental um pequeno resgate histórico das políticas educacionais voltadas para as pessoas jovens e adultas no País. Aponto, além da marginalidade ocupada pelas políticas de educação de adultos, a inconstância que as caracterizara desde a década de 1940, quando surgiram as primeiras políticas oficiais voltadas a esse público. Em meio a essa trajetória das políticas educacionais, em especial em Belo Horizonte, apresento o Programa EJA-BH que, como já citado anteriormente, representa a experiência relatada no presente livro. Destaco nessa parte a perspectiva inovadora desse programa, não somente pelas práticas educativas desenvolvidas, mas acima de tudo por se constituir em experiências de EJA em espaços não escolares.
Na sequência, apresento ao leitor alguns conceitos operacionais que possibilitaram a análise dialogante entre os campos da saúde mental e da Educação de Jovens e Adultos. Como ponto de ligação entre os dois campos, apresento o conceito de intersetorialidade, localizando sua presença tanto nas políticas públicas de saúde mental quanto nas de Educação de Jovens e Adultos. Também contribuindo para uma análise dialogante, lanço mão dos conceitos de território e inclusão social. Para a análise da experiência de EJA, junto à saúde mental, apresento os conceitos de Perspectiva Escolarizante e Perspectiva Emancipadora, ambos construídos a partir das contribuições teóricas de Freire (1992; 2005; 2007), Arroyo (2005; 2007) e Brandão (2009).
Feita essa configuração dos campos da saúde mental e da EJA, retrato nos seis capítulos que compõem a segunda parte do livro a experiência das turmas de EJA presentes no campo da saúde mental, mais especificamente do Centro de Convivência e Cultura. Dessa forma, procuro apresentar a especificidade desse dispositivo assistencial, bem como o encontro com o Programa EJA-BH e os movimentos que levaram à formação de turmas de EJA nesse espaço. Feita essa apresentação em apenas um dos capítulos, trago nos demais a relação dos educandos com a experiência educativa; as práticas educativas construídas a partir da realidade da instituição e a visão das professoras sobre a experiência
O leitor perceberá que em todas essas dimensões comparece sempre a referência a dois momentos temporais distintos, pois os relatos obtidos no ano de 2011 identificaram que a experiência da EJA nesse Centro de Convivência e Cultura configurou-se, até o ano de 2010, afinada à perspectiva emancipatória, e a partir