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Teses e dissertações na academia: a busca da essência
Teses e dissertações na academia: a busca da essência
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Ebook264 pages3 hours

Teses e dissertações na academia: a busca da essência

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Teses e Dissertações na Academia: a busca da essência procura fazer uma leitura diferenciada de dissertações de mestrado e teses de doutorado apresentadas na Academia, visando à essência dos trabalhos, a fim de que eles ultrapassem o mero academicismo. O objetivo é desvelar as razões profundas que acabaram por dar origem aos trabalhos acadêmicos apresentados. Tais leituras foram, na verdade, objeto real de apresentação, por ocasião das defesas levadas a termo nas bancas de exame dos trabalhos. As reflexões presentes nesta obra provocaram muitas vezes uma revisão do texto original, ampliando o simples texto da pesquisa para a raiz daquilo que gerou o trabalho do mestrando ou doutorando.
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2017
ISBN9788547303860
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    Teses e dissertações na academia - RUY CEZAR DO ESPÍRITO SANTO

    2016.

    INTRODUÇÃO

    A presente obra, como diz seu título, Teses e Dissertações na Academia: a busca da essência, visa encontrar o sentido profundo da busca dos autores em seus trabalhos. Além de mestrados e doutorados há também textos ligados a trabalhos de final de Cursos de Graduação. Os textos aqui presentes foram lidos nos dias das apresentações dos trabalhos, com cópias entregues a todos os participantes da Banca e mesmo ao aluno autor do trabalho. O objetivo deste livro é convidar àqueles que se dedicam a apresentar trabalhos na direção dos textos aqui presentes, irem fundo na busca do sentido de suas reflexões. Algumas questões que aprofundo em meus textos, são repetidas em vários momentos, como, por exemplo, aquilo que envolve o autoconhecimento, dada a natureza do sentido que busquei em minhas manifestações.

    Dissertação de Mestrado de Adalzira Regina de Andrade e Silva – PUCSP

    Adalzira, sua busca de negociação interdisciplinar não só é única como altamente provocativa. As negociações, de um modo geral, permanecem a um nível puramente técnico e administrativo, sendo, quando muito, marcadas pela competitividade. Quem vai ganhar nessa negociação? Indo ao encontro de sua provocação, diria que o ponto de partida para tanto é a busca nas negociações de algo, lamentavelmente, tantas vezes ausente das salas de aula: o autoconhecimento... O nascer da consciência a que você se refere, trazendo um texto poético, é, na verdade, o ponto de partida do conhecimento de si mesmo. Como tenho insistido em minhas manifestações, o autoconhecimento é, como dizia Sócrates, o princípio de toda a sabedoria e você quer trazer para a negociação a sabedoria. Percebe a dimensão do desafio? Você vai reconhecer tal questão quando afirma que Para se chegar à coerência é preciso se conhecer..., citando Fazenda. Ora, o conhecimento de si mesmo é, de fato, um dos pontos de partida da interdisciplinaridade, que vai depender sempre da postura do educador, que será, sem dúvida, fruto do referido conhecimento de si mesmo... Por quê? Porque um dos primeiros sinais da visão de si mesmo é a percepção da unidade da Vida. Está tudo interligado, e isso vai mexer profundamente na questão curricular, tratada mais adiante. Aliás, nessa parte, recomendo especialmente que você busque a obra O Ativista Quântico, de Amit Goswami, seja o vídeo com sua entrevista ou o livro, pois este trará especial conteúdo para essa sua reflexão. Goswami, ao acentuar a ligação do Ser e Fazer, não só vai abrir as portas para uma ampla consciência do universo do fazer em que restamos inseridos, como também vai desvelar a importância, no caso do Ser Humano, da criatividade. Quando os currículos ficam num fazer repetitivo, os professores não veem a hora de se aposentar e os alunos de cair fora da escola. Numa negociação, a ausência da criatividade somente poderá ensejar o levar vantagem sobre o Outro e nunca uma verdadeira oportunidade de encontro, que no fundo é o que você busca em sua provocação. Quando a negociação dirige-se à organização e à preparação de Cursos do Senac, no caso, como você relata, a negociação vai ganhar outra dimensão, dentre outras, como referido, a curricular.

    De qualquer forma, a consciência do Ser atuando no Fazer é ponto crucial a ser trazido para alimentar sua dissertação. Aliás, você aborda tal questão quando se refere ao desapego de um fazer tradicional. Recentemente, na própria PUC, ministrando um curso de currículo para alunas de Pedagogia, fiz um questionamento a respeito da importância dos currículos que elas vivenciaram nos cursos frequentados anteriormente ao da universidade. A maioria, quase absoluta, deixa patente como foi inútil o currículo percorrido. Quase nada ficou da maioria das disciplinas, salvo aquela em que o professor se ligou com a classe. Ou seja, o ponto de partida não foi o conteúdo curricular, mas a presença de alguém que as despertou para o conhecimento. Assim, sinto que seu trabalho poderá e deverá, sim, caminhar para tal percepção e comunicação, qual seja a relevância do verdadeiro acolhimento do Outro, aquilo que você denomina de competência intuitiva. A intuição é o contato profundo com aquilo que Goswami denomina de consciência cósmica presente em cada ser humano, porém ignorada por aqueles que, no falar de Jung, não integraram o ego com o self. A intuição será o caminhar no processo de individuação, referido também por Jung. Veja que a interdisciplinaridade, que você busca como ponto de apoio às negociações, precisa voltar-se ao indispensável ponto de partida, que é o desenvolvimento pleno de cada participante do processo. Você irá seguramente ter presente em suas negociações muitos ignorantes de si mesmos, como já mencionei, porém, sua postura acolhedora e intuitiva poderá, sim, convidar os parceiros da negociação a acordarem, como constante da poesia que você transcreveu, como dizia Jesus temos olhos e não vemos e ouvidos e não ouvimos. Nunca Ele disse tem boca, mas não fala, falar, falamos até demais. Uma verdadeira negociação interdisciplinar precisa de parceiros que ouçam e enxerguem; não tenho dúvida que você trará com esta dissertação imensa contribuição para uma fundamental abertura nos atos diversos denominados negociações. Será um ponto de partida para verdadeiros encontros dos participantes, com a abertura para as distintas questões presentes numa visão interdisciplinar. Cumprimentos a sua orientadora e a Adalzira, que desperta para um novo caminho!

    Parabéns, a ambas.

    Trabalho Final de Graduação de Ana Carolina de Oliveira – FAAP

    Ana Carolina, com seu trabalho, você resgatou uma expressão bíblica bem conhecida que nos diz: tem olhos e não vê, ouvidos e não ouve. Por quê? Sim, o que você chama de construção do olhar significa um começar a ver, descobrir que há alguém que pode olhar pelos seus olhos. Lembro-me sempre da surdez de Beethoven, que mesmo assim compunha incríveis sinfonias. Há um artista interior que a Carol, com sua bicicleta, resolveu despertar nas pessoas. Creio que você mesma acordou para um caminho original. Sinto que você tem um espaço ainda não percorrido nas Artes a ser cumprido, qual seja, o lançar as redes numa comunidade, convidando-os a ver. Na sequência, vai buscar as raízes interiores de sua proposta. Citando Peixoto, você situa o olhar as coisas como se fosse pela primeira vez. É exatamente o descobrir sua própria capacidade de olhar verdadeiramente. Acredito mesmo que você acordou para uma nova realidade, como está consignado na mesma página 9. Antes desse acordar, na página 13, você se refere ao seu antigo olhar, que observa uma imagem que insistia em parecer triste. Veja que a mudança que vai ocorrer não é na paisagem, mas em seus novos olhos que começarão a enxergar. E quem vive tal realidade quer também que os Outros comecem a enxergar.

    Ainda na página 13, de forma poética, você agradece aos seus olhos por acompanharem as transformações que você viveu. Aliás, todo seu trabalho tem esse tom poético.

    Na página 14, você anota de forma filosófico-poética que começou a estar nos lugares, e não mais passar por eles. Realmente, sem esse estar é impossível enxergar verdadeiramente. Gostaria que você esclarecesse melhor a referência feita a Duarte Júnior, pois a meu ver entra em choque com o conteúdo básico de seu trabalho. É verdade que o autor referido fala de uma articulação do desenvolvimento do saber sensível com a educação do intelecto. Mas o que significa isso para você? Educar significa tirar de dentro e não trazer de fora. Gostaria de ouvi-la sobre esse ponto, pois não consigo fragmentar o processo educativo, salvo se for para massificar, naquilo que Freire chamava de educação bancária. Ainda na mesma página, você fez afirmações enfatizando a singularidade e a percepção única de cada ser humano, o que conduzem a uma visão oposta a de Duarte Junior. Ora, quando há uma educação do intelecto corre-se o risco de formar nazistas ou fascistas, e não ensejar a liberdade da formação única de cada ser humano. Gostaria de conhecer seu pensamento diante dessa aparente contradição. Gostei muito quando, na página 20, você situa a Ana Carolina completa, vivendo sua percepção e sua verdade. Tal percepção de uma liberdade interior é fundamental no processo de autoconhecimento do ser humano. Sua reflexão vai completar-se na página 23, quando você situa a arte como ponto de partida para um caminhar na direção da integração do ser humano consigo mesmo e com o universo. É a arte que vai permitir uma primeira forma de sair da decoreba a que você também se refere. Aí reside a contradição com a educação do intelecto como atividade fragmentada. Logo em seguida, vem outra questão polêmica provocada pelo mesmo Duarte Junior (Veja, nem conheço tal autor, portanto, não há qualquer preconceito, mas sim dúvidas...), quando se referindo a Eric Hobsbawn, ele diz Vivemos num país conquistado, desenraizado e transformado. Independentemente de tais afirmações (das quais discordo), a busca do quem sou eu? ultrapassa os limites histórico-culturais. Quem primeiro se referiu ao autoconhecimento foi Sócrates, e sua colocação transcende questões históricas. Claro que todos têm o direito de conhecer a história de seu país, porém, o conhece-te a ti mesmo ultrapassa os limites históricos. Em todo caso, gostaria também de ouvi-la a respeito dessa questão, embora eu já a considere como respondida na página seguinte, quando você cita Paulo Freire, pois ele, referindo-se a uma educação crítica, finda afirmando que a assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. Veja, a questão que coloco é que a radicalidade do meu eu – como termina afirmando Freire – independerá sempre de razões socioculturais que, embora devam ser conhecidas, em nada poderão impedir o caminho do autoconhecimento. Voltando à primeira questão que coloquei, somente uma educação do intelecto é que poderia bloquear o desenvolvimento da pergunta quem sou eu?. Gostaria que você entendesse essas minhas questões como uma provocação que em nada diminui a beleza de sua pesquisa e de seu trabalho. É que sinto esse momento da apresentação de um trabalho de conclusão de curso como um aprofundamento de undécima hora na sua formação.

    Sua intervenção foi brilhante! Creio que o ponto culminante foi registrado na página 37, quando você anotou: O que senti foi uma espécie de agradecimento por parte das pessoas, como se naquele momento elas tivessem sua existência humana reconhecida, e não somente por outro alguém, mas também por elas mesmas. Esse é o reconhecimento maior da beleza e profundidade de seu trabalho. Cumprimento sua orientadora, e especialmente a Carol, que levou a termo trabalho inusitado e promissor para seu futuro como educadora. Parabéns!

    Tese de Doutorado de Ana Lucia Gomes da Silva – PUCSP

    Ana Lucia, você buscou profundamente o encontro da arte com a interdisciplinaridade no contexto ainda pouco explorado da cultura indígena, trazendo de forma especial seus abraços pantaneiros. Sinto que sua tese merece ser publicada, porém sugiro que você inclua, talvez como introdução, a obra O Ativista Quântico, de Goswami, que traz a questão da unidade do saber, hoje abordada pela própria ciência. Por que trago tal sugestão? Porque na raiz da unidade do saber é que vai nascer a interdisciplinaridade, revelando o obstáculo oferecido ao conhecimento com a fragmentação disciplinar do saber. Na verdade, é com o conhece-te a ti mesmo de Sócrates que temos o nascer da visão unitária do saber, quando o filósofo grego afirma que é o principio de toda a sabedoria o conhecimento de si mesmo. Assim, o drama da ignorância de tantas culturas é a falta de autoconhecimento. A arte e a interdisciplinaridade serão, como você assume em sua pesquisa, as chaves de um verdadeiro caminhar da Educação. A interdisciplinaridade como fruto da unidade do saber, como referido, e a arte como ponto de partida da percepção de si mesmo e do verdadeiro conhecimento. Por quê? Porque a arte, diferentemente de outras disciplinas, provoca a criatividade, que é fruto sempre do conhecimento de si mesmo. As diferentes culturas, no caso a indígena que você pesquisou, precisam desenvolver a criatividade para manifestar perante a sociedade sua verdadeira identidade. Na página 24, você caminha na direção do despontar de uma educação nesta direção quando afirma que a educação é o único caminho, sendo a Arte parte essencial do processo. Observe que de todos os seres vivos conhecidos, o único que não nasce pronto é o Ser Humano. Nenhum animal frequenta uma escola ou precisa ser educado, no máximo são amestrados.

    Portanto, a educação, que na sua raiz significa tirar de dentro, volta-se verdadeiramente para a criatividade e, portanto, para a Arte. O objetivo final do seu trabalho é de grande relevância, pois você vai chegar à demonstração da importância de uma educação para a cultura indígena, que seja interdisciplinar e traga a Arte como parte essencial. Acredito que Paulo Freire gostaria muito de ler seu trabalho, porque você expõe aquilo que ele chamava de educação bancária, que é exatamente o conteudismo disciplinar sem maior sentido criativo. Aliás, na página 62, você deixa clara sua intenção quando se refere ao conhecimento da Arte como geradora do belo. Sim, beleza, alegria e amor são as três realidades resultantes de uma verdadeira Educação, que conduza ao conhecimento de si mesmo e de seus educandos. Em vários momentos de sua tese você deixa presente seu caminhar na direção do que estou situando. Meu objetivo é apenas acentuar a importância de um ligeiro aprofundamento introdutório dos pontos que acima assinalei. Parabenizo a beleza de seu trabalho, cumprimentando também sua orientadora, que está sempre provocando seus alunos na direção da fundamental interdisciplinaridade presente na Educação.

    Tese de Doutorado de Ana Maria Ruiz Tomazoni – PUCSP

    Ana Maria, seu trabalho merece ser publicado, pois traz de forma singular o vínculo real e profundo entre alimentação e educação. Não só desvela na prática a importância da interdisciplinaridade no processo educativo, como também aponta para a relevância daquilo que Freire chamava de conscientizar antes de alfabetizar. A maioria dos educadores está de pleno acordo com tal afirmativa, mas poucos trazem para a prática uma ação conscientizadora. Suas observações a respeito do filme Muito Além do Peso são altamente significativas para se perceber as patologias geradas hoje por uma alimentação distante de um nível de consciência a respeito da questão. Não só estamos diante de um quadro de crescente obesidade nos jovens adolescentes como também de inúmeras patologias decorrentes dos excessos de gordura, açúcar e frituras. Eu concordo plenamente com sua visão da trágica combinação entre o ato de alimentar-se e a prisão aos celulares exatamente no momento da refeição. Como tenho insistido em meus trabalhos, há necessidade de vivermos a Eternidade do Agora. Se temos o momento da alimentação, é necessário uma atenção plena à vivência deste instante. Temos que conscientemente saber o que estamos ingerindo e ainda sabermos conviver com aqueles que nos acompanham neste momento. Enfim, como você enfatiza em sua tese, há necessidade de percebermos a relevância do ato de nos alimentarmos. Na página 21, você enumera as patologias hoje trazidas pela medicina como decorrentes da má alimentação; na página 22, você vai trazer à reflexão a importância da convivência de uma família e como o momento de uma refeição seria o instante exato de um verdadeiro encontro de todos os familiares. A televisão e os celulares acabam afastando um verdadeiro encontro.

    Como apontado por você, na página 154, fazendo referência a Platão, as pessoas tornam-se prisioneiras das imagens no fundo da caverna e perdem a vivência com aqueles a sua volta. Você comenta também, na página 23, a questão da falta de tempo para uma verdadeira refeição em conjunto, daí os fast foods. Nessa parte, sinto que o problema reside na ausência do autoconhecimento, que irá implicar não em uma crença, mas em um saber de nossa realidade espiritual. Quando isso ocorre passamos a viver o Presente, pois nossa vida integral não tem passado e futuro como relevâncias, mas, sim, a Eternidade do Agora a que já me referi. Nosso ego torna-se mesmo prisioneiro do tempo, porém somos uma realidade que transcende o ego. É preciso, como afirmava Jung, integrarmos o ego com o self e, seguramente, nossa visão e vivência do tempo será alterada.

    Você coloca que muitas vezes os pais não estão presentes no momento de alimentação dos filhos por falta de tempo, e acabam deixando esse trabalho por conta das creches ou das babás. Se isso for mesmo inevitável, é preciso que as creches e as babás sejam observadas e instruídas a fornecer a alimentação correta. Realmente, como uma creche ou escola poderia ignorar questão tão relevante como a alimentação de seus alunos? Quanto à babá, sua instrução a respeito do problema vai depender dos pais.

    Na página 29, você se refere ao carinho do ato de cozinhar. Sem dúvida, o Amor, como tenho insistido, é a melhor metáfora para responder à fundamental pergunta quem sou eu?. Quando o ser humano desperta para a sua realidade amorosa, ela se faz presente, inclusive, no ato de cozinhar, como trazido na página 153 do seu trabalho. Assim também surgem as ONGs com seus trabalhos voluntários. Importante assinalar que tal percepção somente começa a se desenvolver a partir do momento em que um Teilhard de Chardin, e depois Paulo Freire, trazem a visão da conscientização, na qual está inserida o conhecimento de si mesmo. Alimentar-se conscientemente é fruto de uma ação nascida no século XX – quando a humanidade, com o fim da segunda grande guerra e a queda dos grandes ditadores, da início a uma maturidade que vai ocorrer com o surgimento da referida conscientização. Daí a relevância dessa tese (que traz diversas ações na direção da conscientização, inclusive da doutoranda) e a necessidade de sua publicação.

    É importante assinalar que toda criatividade trazida como fundamental no ato de cozinhar será exatamente fruto desta transformação vivida pela humanidade. Sim, a criatividade é sempre algo singular, pois uma música e um desenho resultam da singularidade percebida e vivida por cada Ser Humano. Tal percepção é a fonte de toda a criatividade. Surgirão, então, as novas receitas, como referido na página 33. Seria longo demais comentar todo seu trabalho em detalhes... Insisto na importância de sua publicação, o que será um acordar dos educadores para levarem para as salas de aula temas essenciais para a Educação e que permanecem excluídos dos currículos pela prisão ainda vigente em muitas escolas, naquilo que Freire chamava de escola bancária. Provas e notas... Sinto que seu trabalho é uma profunda resposta à prática de um conscientizar dos alunos, saindo da pura teoria a respeito da questão.

    Parabéns a você e a sua orientadora, pela beleza e singularidade do trabalho!

    Tese de Doutorado de Ana Maria dos Reis Taino - PUCSP

    Ana Maria, seu trabalho deveria ser intitulado Memorial do Gepi. Você debruçou-se sobre o histórico de vida desse grupo gerador dos estudos interdisciplinares entre nós, e conseguiu, com muita garra, chegar à tese que hoje está sendo apreciada. Claro que por trás dessa pesquisa realizada estava sempre a questão fundamental da formação do educador, na linha que você denominou de reconhecimento de si. Não tenho dúvida da importância de sua obra no trabalho de formação didático-pedagógica de futuros educadores.

    Como uma provocação, como costumo fazer nessas ocasiões, levantarei algumas questões sobre as quais gostaria de lhe ouvir. A primeira delas diz respeito ao seu entendimento da expressão totalidade educacional combinada com o reconhecimento de si. Na página 19, citando Ricoeur, você aponta o caráter temporal da experiência humana, e adiante, ao falar da objetividade e da subjetividade, você situa o tempo da alma e o tempo do movimento. Vejo a questão do reconhecimento de si como vinculada ao processo de autoconhecimento, que implicará seguramente numa visão de totalidade, não só da educação. Não era por outra razão que Sócrates apontava o conhece-te a ti mesmo como o princípio de toda a sabedoria.

    Ocorre que o desenvolvimento do autoconhecimento implicará, seguramente, na percepção do que você chamou de tempo da alma, que transcenderá o caráter temporal da experiência humana apontado por Ricoeur. Os gregos já nos traziam uma visão de um chronos temporal, e ao mesmo tempo um kairós, que é o tempo interior ou tempo da alma, como você denominou. Assim, uma visão de totalidade implicará sempre na consciência do tempo interior, sob pena de permanecermos numa visão fragmentada da realidade que seria fruto do chronos isolado,

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