Juventude e Fé

Juventude e fé

reginaldo carreira

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Dedicatória

Dedico estas reflexões, com carinho e saudade, a minha querida mãe, Dirce de Oliveira Carreira, que me ensinou, com a vida, o que é ter fé. Com ela entendi que vale a pena cumprir a vontade de Deus e confiar nele.

Minha fé não seria a mesma sem ela... Talvez minha fé nem fosse...

Seja feita a Vossa vontade! (Mt 6,10).

Gratidão

Quero agradecer a todos que, de alguma forma, mesmo sem saber, me ajudaram a escrever este livro:

– Minha mãe, Dirce de Oliveira Carreira (que agora me acompanha do céu!), meu pai Reinaldo da Silva Carreira e minha irmã Regiane Cristina Carreira de Oliveira, por serem meu porto seguro.

– Pe. Rodrigo Bernardes Simões, por sua presença fraterna e pelo apoio na missão de evangelização pelos meios de comunicação.

– Paróquia Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz das Palmeiras – SP, onde tenho aprendido a ser cristão e padre. Obrigado de coração a todos.

– Comunidade de Aliança Magnificat, por toda unidade e intercessão.

Um agradecimento especial aos jovens, de minha paróquia, de minha cidade, de toda a diocese de São João da Boa Vista e das cidades onde estive em Missão. Neste livro está a partilha de experiências que tivemos nestes anos todos.

Por fim, agradeço ao nosso Deus Trino, Senhor de todas as coisas, e a ele ofereço meu louvor por me permitir ser seu discípulo e missionário.

Prefácio

De Padre Zezinho, scj, para Padre Reginaldo.

Caro padre e irmão de paz inquieta. Leio seus artigos, li seu livro e dizer que gostei seria redundância.

Você sempre foi direto, de agradável leitura e, além de conciso, um escritor preciso. Nos seus textos a palavra ganha tons de concretude e de poesia. Você chega aos jovens.

Leciono comunicação há 35 anos e sei quando estou diante de um comunicador da fé. Fiquei feliz por saber que escreveria este livro, e mais feliz por ver que tomou tempo para deixar suas ideias da forma como as deixou. Não dá respostas prontas. Faz pensar!

Sua palavra é forte e serena. São milhares os que me encontram a dizer que determinado livro ou canção fez a diferença na sua vida.

Espero que você ouça palavras semelhantes. Nossos roteiros seguem pelo mesmo trilho e pelas mesmas trilhas.

Continuemos lutando para que, na nossa Igreja, os mensageiros sejam menores do que a mensagem. Que Jesus cresça e nós achemos nosso lugar. Você tem achado o seu!

Paz!

Pe. Zezinho, scj

Introdução

Há vários anos escrevo para a Revista Família Cristã artigos direcionados à juventude. São pequenas reflexões que traduzem a experiência adquirida no trabalho com os jovens em missões pelo país e em minha paróquia.

Parte deles está reunida neste livro, que tem a intenção de ser auxílio aos grupos de jovens, das diversas pastorais e movimentos, e aos jovens cristãos que querem refletir a fé para dar fundamento ao que se crê e anunciar a mensagem do Evangelho com convicção diante de uma sociedade questionadora e em constante mudança.

Embora dividido em sete partes com assuntos semelhantes, não há uma ordem sequencial. A intenção é que cada texto possa ser usado individualmente para reflexões, de forma a motivar um diálogo sobre os assuntos em pauta, que jamais poderiam ser esgotados em um único artigo. E, sabendo que uma reflexão cristã autêntica precisa de auxílio divino, no final de cada parte algumas perguntas procuram nortear a reflexão, que são concluídas por uma oração específica. Tais orações foram gravadas por mim e podem ser adquiridas no site: .

Para o momento de oração do final de cada parte, prepare um ambiente propício e procure uma postura e uma concentração que os ajudem a orar, para que não seja apenas uma leitura, mas realmente uma prece e uma experiência com o amor de Deus que nos ama e quer nos dar sua graça, sua força e sua paz!

Ao final, encontram-se três composições cifradas de minha autoria, gravadas pela Comep, que complementam os temas tratados neste livro, e podem ser adquiridas na Loja de Música, de Paulinas Comep, no site mencionado.

Desejo que estes textos possam acrescentar fundamentos e motivação aos líderes que se dispõem a evangelizar a juventude e aos jovens que querem aprofundar sua fé. E agradeço a você, por aceitar compartilhar parte desta missão comigo.

Que Jesus abençoe sua vida, fortaleça sua fé e cure seu coração com estas páginas.

Parte 1

Juventude e testemunho: fé e vida!

Saber calar e saber falar

Cala a boca!, falou a namorada, meio em tom de brincadeira, para o seu companheiro, numa conversa breve que tivemos há uns dias. Como somos amigos, não me surpreendi nem me escandalizei com a frase, mas após o sorriso amarelo do rapaz percebi que por trás da brincadeira havia uma situação mal resolvida.

Na maioria das vezes, quando ordenamos o silêncio ao outro, significa que perdemos toda a capacidade de dialogar e de fundamentar nossa posição contrária. Na verdade o silêncio é necessário e útil num relacionamento, quando tem o objetivo de ser pausa para um diálogo mais coerente, equilibrado e comprometido – e neste caso ele é uma solicitação, nunca uma ordem. E quando solicitamos o silêncio, ou ele nos é solicitado num relacionamento, é preciso ter firmeza e humildade suficientes para fazer ou atender este apelo. Não é fácil, mas é necessário saber calar.

É indispensável dizer, para olharmos por outro ângulo, que o silêncio sem perspectiva não acresce em nada a convivência; pelo contrário, gera raiva, mágoas, ilusões e omissões. Por isso, também é preciso saber falar. Assim como o calar, o falar traz consequências e comprometimento. E quando nossa liberdade para calar e falar não estiver limitada, temos ainda mais responsabilidade sobre o que calamos e o que falamos. A partir disso, podemos ter a tentação de nos omitir em situações de confronto, exatamente para não nos comprometermos.

Aqui cabe bem, no âmbito da espiritualidade, a figura de Pedro. Em diversas passagens bíblicas vemos Pedro tomando a frente dos apóstolos e falando em nome deles, e, em algumas vezes, sendo tão impulsivo que chega a ser repreendido por Jesus. Aparentemente, podemos julgar que Pedro errou mais, porque falou mais. Mas, se avaliarmos bem, veremos que algumas vezes ele disse o que os outros apóstolos poderiam estar pensando e não tiveram coragem de dizer... Pedro, então, fala em nome deles e, ao fazer isso, assume o risco de errar e se responsabilizar pelo que disse.

Jesus compreendeu tanto a ousadia e a coragem de Pedro que manteve nele sua confiança e o colocou como chefe da sua Igreja. Jesus precisava (e precisa) de homens e mulheres que falem a verdade e com verdade, e que falem o que é necessário. É claro que, com o tempo, Pedro aprendeu com Jesus que deveria falar com mais cuidado, submetendo seu impulso ao domínio e discernimento do Espírito Santo, mas também aprendeu que anunciar, denunciar, criticar com fundamento, fazer algo mais do que apenas falar ou reivindicar, assumir nossas posições diante dos assuntos e circunstâncias em que somos confrontados, era sua missão como cristão e fundamento da Igreja.

Nossa Igreja se fortalece, evangeliza e atua em nossa sociedade, porque tivemos e temos Pedros, Franciscos, Claras, Teresas, Joãos e Paulos que acreditaram, mesmo diante de tantos motivos e realidades contrárias, no aparentemente utópico ideal do Reino de Deus; e sabiam que para isso precisavam saber calar e ouvir o Mestre, mas também saber falar e se comprometer.

Faculdade e fé: combinam?

Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se esqueça!¹ Este refrão de uma música muito tocada nas rádios anos atrás é uma crítica a toda forma de massificação, revelando bem a mentalidade questionadora da juventude. E como escreveu Lya Luft, em um recente artigo: A salvação é transgredir ao menos pensando.²

A universidade é um ambiente extremamente propício para esse transgredir pensando. E nesse ir e vir de perguntas e respostas, a fé entra na dança. Falo aqui de fé como vivência de uma religião, particularmente o cristianismo. Embora não queira, é óbvio, limitar o pensar e questionar apenas aos universitários, passo a dirigir-me especificamente a eles.

O homem tem necessidade do sobrenatural, e por isso, em busca da verdade, se questiona. E questionar a fé é algo plenamente positivo. Afinal, se a