O Avô mais louco do mundo
By Roy Berocay, Cristina Antunes and Negreiros
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O Avô mais louco do mundo - Roy Berocay
. 1 .
e um velho louco
– Não é bem assim. Além disso, não há outro lugar para deixar Marcos durante tantos dias.
A discussão já durava um longo tempo. As palavras me pareciam flechas invisíveis lançadas pelo ar, flechas que chegavam até o outro quarto onde, como sempre, eu desenhava monstros.
Quando as palavras velho louco
atravessaram a porta, deixei o lápis de lado e esperei. Sabia que meus pais nunca concordavam quando falavam sobre vovô Felipe, mas agora o assunto era muito mais importante que de costume.
Havia alguns anos que não via meu avô, mas pensar nele me deu uma sensação morna na barriga e também um montão de dúvidas: mamãe sempre dizia que vovô era uma má influência para mim.
Lembrei–me de quando íamos pescar juntos e comecei a rir sozinho. Sim, vovô podia ser uma má influência. Ainda podia vê–lo lá na praia, falando baixinho, mostrando–me as garotas que passavam com roupas de banho quase invisíveis.
De qualquer maneira, agora a discussão era diferente: meus pais tinham de viajar, essa viagem sobre a qual falavam há muito tempo, e precisavam de um lugar seguro para deixar um menino exemplar e educado, ou seja, eu.
– Sempre foi muito bom com o Marcos! – dizia papai.
– Sim, mas é muito distraído e fuma demais, um dia vai tocar fogo na casa – insistia mamãe.
– Não seja exagerada! Além do mais, sua irmã não tem lugar em casa, então meu pai é a única solução.
A discussão continuava, mas eu já sabia que a qualquer momento chegariam a um acordo. Afinal de contas, seriam somente quinze dias, e se tratava daquela famosa viagem com que tanto tinham sonhado.
– Vovô Felipe! – disse, em voz alta, mesmo que ninguém pudesse me ouvir. Esse velho magro e sem dinheiro, de cara engraçada, que gostava de ler romances policiais e de ouvir música esquisita. Esse velho de mãos grandes e pernas finas, que sempre andava construindo uns aparelhos que não serviam pra nada.
– Está bem! – suspirou minha mãe, finalmente. – Mas você vai ter de falar com ele, explicar tudo... Que trate de ser responsável, mesmo que seja uma única vez na vida.
Meu pai respondeu algo, mas não pude ouvir com clareza.
Bem, tudo resolvido: eu ficaria quinze dias naquela velha casa perto da praia. Diziam que vovô a construíra com suas próprias mãos, que havia levantado as paredes de blocos e tábuas e que havia feito os pisos de madeira, unindo–os prego por prego, mas isso me parecia um exagero. Quem poderia ter tanta paciência? Eram milhões de pregos!
Senti formigas no estômago e, como gostava muito de pensar em todas as coisas, quis saber por quê. Estava nervoso por ter de ficar com alguém a quem minha mãe considerava um mau exemplo? Ou era porque nunca tinha ficado tanto tempo longe de casa?
Percebi que aquela sensação era causada pelas duas razões ao mesmo tempo e também por outras. Algo, uma espécie de alegria nervosa, fazia com que meu coração batesse com mais força.
A casa velha, o avô que fumava muitíssimo, os aparelhos, a música, a praia próxima... Eram muitas coisas juntas que passavam pela minha cabeça como num filme.
Pensei que a coisa podia ser divertida, uma espécie de aventura, e quase desejei que o esperado dia da viagem já tivesse chegado.
Sorri. Acabava de lembrar que na casa havia um quarto maravilhoso, que era como uma pequena torre, onde podia brincar de viajantes do espaço ou me sentar pra desenhar na frente das janelas de madeira que davam para a praia.
Nessa noite, durante o jantar, enquanto meus pais falavam muito contentes sobre os lugares que visitariam na viagem, continuei pensando nas coisas que precisava levar pra casa do vovô: os lápis de desenho, a bola de futebol...
Mas nunca imaginei que, na verdade, estava perto de começar uma aventura incrível.
. 2 .
O carro vermelho de papai brecou e derrapou sobre a areia que o vento acumulava na rua.
Olhei pela janela. Ali estava a casa, e era quase exatamente como me lembrava: branca e pequena, com teto baixo e a torre anã com janelas que pareciam olhos quadrados. Mais adiante, a poucos metros, algumas ondas batiam com força contra a praia.
– Bem – disse meu pai abrindo a porta do carro. – Aqui estamos.
Olhei pra ele e vi que em seu rosto havia uma expressão nova, infantil, como se estivesse revivendo outros tempos, épocas que pareciam muito distantes.
– Papai.
– Hummmm?
– Vocês moravam aqui antes?
Sorriu.
– Não, morávamos na cidade, mas vínhamos pra cá todos os fins de semana e nas férias – sorriu de novo. – Esperávamos que chegasse a noite de sexta–feira e quando papai