Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

Aprendizados da Luta: Mulheres Camponesas do Brasil e Indígenas do México
Aprendizados da Luta: Mulheres Camponesas do Brasil e Indígenas do México
Aprendizados da Luta: Mulheres Camponesas do Brasil e Indígenas do México
Ebook353 pages7 hours

Aprendizados da Luta: Mulheres Camponesas do Brasil e Indígenas do México

Rating: 0 out of 5 stars

()

Read preview

About this ebook

O livro que aqui se apresenta trata do processo educativo que se dá no universo de lutas e de trabalho de mulheres camponesas do Brasil e indígenas do México. No caso brasileiro, as organizações, as quais deram base à escrita, pertencem à Via Campesina, sendo mulheres do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas) e MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), implicadas diretamente na produção de alimentos saudáveis e em contraposição ao agronegócio. As organizações mexicanas são a União Nacional de Mulheres Indígenas e Camponesas (Unmic), ligada à União Nacional de Organizações Camponesas Autônomas (Unorca), movimento nacional vinculado à Via Campesina, e uma organização nacional de mulheres indígenas que aglutina as mais diversas etnias do País, o Conami (Conselho Nacional de Mulheres Indígenas).

O tema da dimensão educativa da luta, inclusive das mulheres, em específico, não tem sido objeto de estudo até pelo fato de parecer estranho ao campo acadêmico, além disso, nas organizações populares, os diversos fazeres de cada momento proporcionam poucas reflexões do campo educacional. Assim, o Brasil grandioso e/ou imaginário bem como o México profundo serão problematizados.

Feminismo e campesinato encontram-se em certa medida, e o feminismo camponês é descrito embrionariamente. Sobre os aprendizados na e da luta... a metáfora do Rio vai conduzi-los até eles. O livro mostra a dureza da luta e também da produção de alimentos diversificados no contexto atual, mas apresenta a beleza desses processos, dos quais muito se aprende.

Por que estudar as mulheres? Para as desocultar um pouco mais e assim, talvez, um dia, poderem fazer parte não mais da pequena história, mas da História.

A educação do campo é que lança luz, teoricamente, sobre o que aqui apresento, pois sob essa modalidade de educação é possível e necessário tratar de contextos extraescolares da luta, da cultura e, por assim dizer, da vida rural e de seus embates.

Mulheres inteligentes e autônomas representam um grande perigo e, elas sabem disso!
LanguagePortuguês
Release dateNov 29, 2018
ISBN9788547306885
Aprendizados da Luta: Mulheres Camponesas do Brasil e Indígenas do México

Related to Aprendizados da Luta

Related ebooks

Social Science For You

View More

Related articles

Reviews for Aprendizados da Luta

Rating: 0 out of 5 stars
0 ratings

0 ratings0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    Aprendizados da Luta - Isaura Isabel Conte

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    Aos que não se cansam de lutar, apesar dos dias duros e sombrios do capital e do patriarcado. Às mulheres, que na luta ousam desafiar os limites que lhe são impostos e constroem para si e para tantas outras possibilidades de dias melhores. A todas aquelas que ousaram abrir caminhos, sobre as quais me apoio em seus ombros.

    Esta obra é um agradecimento a todas as mulheres fortes que me deram e dão força para prosseguir na luta, no trabalho e na vida.

    Difícil é ser mulher que se coloca, que pensa, que estrategia em vista de dias melhores em que nós mulheres não estejamos mais à sombra de ninguém, porque temos direito a autonomia, à felicidade.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço à professora doutora Marlene Ribeiro e ao professor doutor Jorge da Rosa Alberto Ribeiro do Programa de Pós-Graduação (PPGEdu) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bem como à professora doutora Natividad Gutiérrez Chong, orientadora do doutorado sanduíche na Universidad Nacional Autónoma de México (Unam). Também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsas do doutorado e do estágio sanduíche.

    À minha família toda: à minha mãe Dominga Iracema e ao meu pai Hildo (in memoriam); aos irmãos Claudiomiro e Claudir e irmãs Elisabete e Franciéli; aos sobrinhos Angélica, Gabriel, o pequeno Artur e à minha cunhada Janete. A tantos professores e professoras que contribuíram em minha formação, aos colegas pela partilha, pela convivência, pelas reflexões, dentre eles destaco: Catiane Cinelli, Patrícia Bierhals, Maria Ivonete, Fernanda Paulo, Rafael, Paulo Sérgio, Juliana, Katiane Machado, Rita de Cássia, Vanderleia, Marisa e Elis. Da mesma forma, às amigas/companheiras brasileiras que estiveram ao meu lado no México: Cheron Moretti e Lia Barbosa.

    De maneira especialíssima, meu profundo agradecimento aos movimentos MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) e MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) do estado do Rio Grande do Sul, que abriram gentilmente e com toda a confiança as portas para que fosse possível realizar a pesquisa para a tese, que agora vira livro. Do mesmo modo agradeço a acolhida na casa dos sujeitos da pesquisa no Brasil, os alimentos saudáveis e as prosas. No México, com o mesmo respeito e consideração, agradeço à Unión Nacional de Organizaciones Regionales Campesinas Autónomas (Unorca), à União Nacional de Mulheres Indígenas e Camponesas (Unmic) e ao Conselho Nacional de Mulheres Indígenas (Conami), assim como também as militantes que foram sujeitos da pesquisa, pela acolhida de uma estrangeira sem ressalvas.

    À Unemat que me acolheu como professora nos campi de Cáceres e de Juara. À UNIR, que me abre as portas para a docência na luta

    A todos(as) estes(as) que nomeei, o meu sincero Muito Obrigada!

    PREFÁCIO

    MULHERES – DOCENTES E PESQUISADORAS EM APOIO À LUTA DAS MULHERES CAMPONESAS

    A escrita das primeiras palavras para o livro da Isaura é, ao mesmo tempo, um desafio, um compromisso e uma alegria. Um desafio, pois sempre a vimos na vida acadêmica como um exemplo, como alguém que tinha muito a contribuir e a apontar caminhos para a escrita e os estudos como formas de luta. Mas também é um compromisso, ao tratar-se de uma obra que se soma àqueles, mas principalmente àquelas que lutam pela visibilidade dos trabalhos, em especial, dos aprendizados de mulheres camponesas, no Brasil, e indígenas, no México, historicamente mantidos à sombra do que, hegemonicamente, se entende por aprendizagens e desenvolvimento. Assim, o livro nos compromete com essa luta pela vida, mais propriamente, pela humanização, conscientes, ao mesmo tempo, do seu inacabamento, segundo conceitos de Paulo Freire.¹ Significa, também, uma alegria e um pouco de saudade, por nos trazer lembranças de todos os momentos nos quais compartilhamos desse caminho árduo que é a vida acadêmica, para muitas de nós que vivenciamos a dupla secundarização, como mulheres e camponesas.

    Discorrer sobre Aprendizados da luta: mulheres camponesas do Brasil e indígenas do México é falar da autora, uma trabalhadora militante ou uma intelectual militante, ou ainda, uma militante pesquisadora, com muita responsabilidade, compromisso e firmeza em seu fazer e, ao mesmo tempo, uma poeta, que alivia a dureza da vida escrevendo/construindo poesias. Esta obra é um todo, no qual se articula o aprofundamento teórico com uma necessária análise das investigações de campo, de quem mergulhou, de fato, na vida e na luta das Marias e das Guadalupes, com a ética que a pesquisa acadêmica exige.

    Mas Isaura não se esqueceu de onde veio e sabe para onde caminha desde a beira do rio Uruguai, o que pode ser identificado com muitos detalhes no anexo, mas que atravessa todo o texto, partindo da metáfora escolhida pela autora, que é o rio, pelo significado que assume, para as camponesas no Brasil e no México, os movimentos de suas águas nas práticas agrícolas e culturais.

    Este livro revela, ainda, a vida das Marias e das Guadalupes, que aprendem e ensinam nas mobilizações, nos cursos, nos encontros, nas organizações de base, nas articulações, nas ações com os companheiros, nos espaços mistos ou na própria família – mas sempre em luta! Mostra que essa luta se faz com muita dureza, muitos enfrentamentos, buscando a superação da injustiça e da desigualdade de gênero, em dias sombrios numa sociedade capitalista e patriarcal. Também revela que na luta se é feliz, se aprende a ser gente, se busca ser mais; há festa, dança, conquistas e comemorações.

    Em meio aos percursos do rio, por vezes transbordando, por vezes dando espaço para as plantações, Isaura nos faz ver as Marias e as Guadalupes como mulheres mais do que pecadoras ou santas, porém humanas, traçando seus caminhos por vias nem sempre conhecidas e tendo a convicção de que é preciso caminhar e sair da sombra de alguém, seja dos seus companheiros, seja daqueles ou daquelas que exercem as funções de mando.

    Portanto, esta pesquisa que emergiu na diversidade de organizações e movimentos camponeses, mistos e autônomos, no México e no Brasil, resultou numa tese de doutorado, agora livro, alicerçada em autores diversos que tanto a qualificam quanto lhe conferem autenticidade. Além disso, mostra que existem outros saberes relevantes, que não somente os científicos-acadêmicos, o que podemos apreciar pela leitura desta obra.

    A divisão do livro em três capítulos nos permite ver uma tessitura do que essas mulheres organizadas na Via Campesina conseguem nos ensinar. O primeiro registra o que mobiliza as mulheres, recusando-se estas a explicar as razões pelas quais lutam. Em suas manifestações, essas mulheres trazem as realidades brasileira e mexicana, mostrando o lugar em que pisam, bem como tratando das organizações autônomas, mistas e dos coletivos de mulheres e, ainda, como estes se juntam de maneira distinta, apesar de suas semelhanças naquele país e no nosso.

    Como essas mulheres, que nem sempre se assumem como feministas, estão vivenciando e construindo um feminismo popular, camponês e indígena? Como elas nos mostram que esse feminismo não é para discutir ou diminuir uma companheira, dizendo qual sabe mais ou menos a teoria feminista? Esse é um feminismo que nega o patriarcado, que respeita a diversidade de saberes entre as companheiras, mesmo aquela que não consegue falar sobre a violência ou a que tem medo de falar entre os companheiros numa reunião ou, ainda, aquela que já superou esses desafios e hoje tem a coragem de falar, de enfrentar, de comandar. Essas são questões abordadas no primeiro capítulo.

    No capítulo dois, podemos ver com uma riqueza de referências e vivências, na experiência da autora como militante pesquisadora, o trabalho das mulheres, o questionamento e o debate sobre o significado de desenvolvimento, uma abstração cuja aparência oculta a essência dos sujeitos a que se destina tal desenvolvimento, que não contempla, antes submete as(os) trabalhadoras(es) do campo, neste caso, as mulheres camponesas. Em meio aos antagonismos entre campesinato e agronegócio, Isaura traz a produção de alimentos como um campo das mulheres, permeado por enfrentamentos, resistências e busca pelo reconhecimento desse trabalho que dá visibilidade às camponesas, considerando sua produção orgânica de alimentos.

    Ao finalizar a escrita deste livro, no terceiro capítulo, Isaura nos presenteia com a evidência da dimensão educativa peculiar à luta das mulheres, na sua tríplice composição: econômica, política e histórica. Ao enfrentar as imposições do agronegócio para a agricultura, as mulheres se educam, aprendem, mas elas também ensinam no movimento – seja no MMC seja na Conami – ao qual escolheram para dedicar a sua vida e a sua militância e, com isso, esse movimento se torna um sujeito educador. Elas assumem suas identidades indígenas e/ou camponesas, por vezes feministas, nesse processo de organização, não só com lutas, sacrifícios, perdas, mas também com conquistas, com alegrias e com amor pela sua vida, das companheiras e dos companheiros com quem trabalham, convivem e militam.

    O livro de Isaura Isabel Conte oportuniza uma leitura maravilhosa e indicada a quem estuda educação, trabalho e luta de mulheres camponesas e indígenas, dando destaque e novos significados a uma forma de trabalho – a agricultura – relacionada historicamente a pessoas ignorantes, e que assume a importância devida à produção de alimentos, bem como às mulheres que, de submissas, passam a ser consideradas como as sujeitas da história pelas mudanças que promovem nessa modalidade de produção. É um livro que nos traz uma pessoa originalmente militante de movimentos sociais populares de jovens e de agricultores(as) familiares, que se torna uma intelectual, uma pesquisadora passando a realizar seu trabalho numa universidade sem, com isso, perder suas raízes e compromissos com as mulheres camponesas integrantes desses movimentos que lutam por justiça, igualdade de direitos e democracia. Por isso, Isaura está no meio do povo, no meio das mulheres, experienciando e se construindo como todas nós, humanas(os), que somos. Portanto, é uma obra que também se pode afirmar de LUTA! Por isso, nós constituímos aqui, com a Isaura, um coletivo de mulheres pesquisadoras a contribuir nessa LUTA!

    Catiane Cinelli

    Doutora em Educação, docente do curso de Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal de Rondônia. Militante do Movimento de Mulheres Camponesas.

    Marlene Ribeiro

    Doutora em educação, docente (aposentada) do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEdu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Maria Ivonete de Souza

    Doutora em Educação e professora (aposentada) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

    APRESENTAÇÃO

    À MARIAS E GUADALUPES

    Quem cuida o mato como cuida o passarinho,

    Quem cuida o rio sem pretensão de pescar mais

    Tem a certeza que o sol nasce mais bonito,

    Brotam mais flores ao redor dos mananciais...

    (Amigos do Rio Uruguai, João Chagas Leite)

    Caros leitores e leitoras. Eu não poderia deixar de nomear as mulheres e de trazê-las presentes desde o princípio, por isso estão aí, Marias e Guadalupes. Da mesma forma, está o Rio como metáfora que vai acompanhá-los(as) durante todo o livro, talvez deixando a leitura um pouco mais leve.

    É com uma enorme alegria e, ao mesmo tempo, responsabilidade que disponibilizo este livro, fruto de um esforço grandioso de pesquisa² e inserção militante em movimentos populares. A estes, tenho dedicado boa parte de minha vida, desde a Pastoral da Juventude, o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul, que foi aglutinado ao Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil, até o coletivo de Mulheres da Via Campesina do Rio Grande do Sul e a Via em si. É por isso que não posso deixar de lembrar as Marias e Guadalupes.

    Marias e Guadalupes me acompanham neste trabalho devido à significação que possuem no Brasil as Marias e, no México, as Guadalupes. São, acima de tudo, nomes muito usuais, independentemente de classe social a que pertencem, embora, ao que me parece, acabam tendo um acento maior, nas classes populares. Ambos os nomes lembram santas, cultuadas nos dois países. La Virgen de Guadalupe é um mito no México, e, assim, as Lupitas se multiplicam como súplica, agradecimento ou devoção, sendo que o mesmo acontece com as Marias no Brasil, de sul a norte do país. Contudo, as mulheres das quais falo nesta obra são trabalhadoras, lutadoras ousadas e destemidas em muitos sentidos, logo: elas subvertem, contestam e propõem algo diferente do que está estabelecido. Marcela Lagarde³ diria que são as madresposas, mas que carregam dentro de si a monja, a puta, a presa e a louca, das quais todas as mulheres têm uma porção, uma mistura em sua constituição.

    A intenção desta obra é oferecer reflexões e proporcionar alguns elementos para que se pense na educação como processo educativo de todos os lugares na sociedade, sendo que aqui apresento contextos como a luta e o trabalho da especificidade das mulheres, sem deveras, ser pretensiosa, mas reconhecendo os limites. E por que falo em mulheres? Seria negar a outra metade da humanidade? Não, ao contrário: a resposta é aquilo que aprendi ao estar na luta específica com tantas companheiras, sem a negação de nos somarmos, como mulheres, na lutas gerais, no caso, lutas camponesas ou com os empobrecidos das cidades. É necessário a luta específica das mulheres em sua diversidade para termos coragem diante da sociedade que nos coloca como seres inferiores. É preciso aprender que podemos apreender a nossa força, as estratégias necessárias, para nos colocar na igualdade que não existe, e não mais permitir cotidianamente o ser menos que nos é imposto.

    Este livro trata de forma contundente, sem rodeios, sobre desenvolvimentos no campo, evidenciando políticas ou a falta delas para o setor do campesinato e, por outro lado, as benesses concedidas ao agronegócio. Descreve, quase exaustivamente, os camponeses, e no interior desta discussão são trazidas as mulheres e seus dilemas diante do trabalho de mulher e a busca por reconhecimento. Assim, são apresentadas organizações, de onde são construídos e percebidos os aprendizados. Desde já pontuo que opto por aprendizado em vez de aprendizagem, por remeter ao campo popular, obviamente, sem diminuição no uso do termo. Ele parece combinar mais com os fios, ou melhor, com os cipós que entrelaçam e se entrelaçam neste trabalho.

    Apresento aqui um universo complexo que envolve a trama das mulheres em luta: elas são protagonistas, são sujeitos que vão escrevendo uma outra história, ou reescrevendo uma história das mulheres camponesas e indígenas do agora. Em alguns aspectos rompem com o passado e, em outros, mantêm laços profundos com ele; rebuscam dele forças e estratégias para andarem de cabeça erguida. A luta é árdua? É, mas sabem que já não viveriam sem ela e não aceitam retroceder naquilo que conquistaram, seja conquista social de direitos, seja empoderamento, no campo simbólico.

    Paciência com as notas de rodapé, mas se preferir não leia. Sei que são muitas, mas as considero importantes pelo fato de situarem teorias e autores, além, de alguns comentários.

    LISTA DE SIGLAS

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    1

    POR QUE LUTAM AS MULHERES CAMPONESAS E INDÍGENAS?

    1.1 O MÉXICO PROFUNDO E O BRASIL GIGANTESCO: IMAGINÁRIOS

    1.1.1 Organizações Populares com Coletivos de Mulheres no Brasil e no México

    1.1.2 Feminismo Camponês e Feminismo Indígena 

    2

    TRABALHO DAS MULHERES E DESENVOLVIMENTO

    2.1 ANTAGONISMO ENTRE CAMPESINATO E AGRONEGÓCIO 

    2.1.1 O Campesinato 

    2.1.1.1 Quem são mesmo os camponeses? 

    2.1.2 O Agronegócio

    2.2 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS: TRABALHO OU COISA DE MULHER? 

    2.2.1 Alimentos, Produtos ou Mercadorias? 

    2.2.1.1 A produção de alimentos 

    2.2.1.2 Os alimentos 

    3

    A DIMENSÃO EDUCATIVA DA LUTA DAS CAMPONESAS E INDÍGENAS

    3.1 EDUCAÇÃO E LUTAS DAS CAMPONESAS DO BRASIL E INDÍGENAS DO MÉXICO 

    3.1.1 O Movimento Educador: Aprendizados da/na Luta 

    CONCLUSÕES: SOBRE OS PÂNTANOS, OS CAPINS E AS FLORES...

    REFERÊNCIAS

    APÊNDICE

    UMAS PROSAS SOBRE O RIO

    INTRODUÇÃO

    Nos últimos anos, no Brasil, as mulheres camponesas têm desencadeado e sustentado processos combativos de luta, fortalecidas pela aliança entre os movimentos em torno do trabalho e dos direitos decorrentes dele, com ênfase à produção de alimentos e contra a violência. Elas explicitam que suas lutas têm sido contra o capital e o patriarcado, sendo que a ação feita em março de 2006, contra a então empresa Aracruz Celulose e Papel, pode ser considerada um marco histórico de protagonismo feminino, inteligência e organização coletiva.

    No México, as mulheres indígenas têm colocado suas pautas à força, especialmente, desde a década de 1990 e, para além de aparecerem no cenário internacional com o Levante Zapatista de 1994, elas criaram um coletivo de mulheres indígenas, como movimento específico, chamado Conami. Afinal, aqui e acolá, ou em qualquer lugar do mundo, elas percebem a necessidade de se articularem e de se fortalecerem em torno de pautas comuns a fim se superar opressão, exploração e afirmar suas identidades étnicas e/ou de luta ou ainda de categoria laboral.

    A constituição e a manutenção de movimentos específicos de mulheres, que não são efêmeros, não é fácil, pois os questionamentos são muitos e os trataremos ao longo desta obra. De outra maneira, os aprendizados são inúmeros, e só consegue captá-los quem os vive ou está intimamente ligado(a) a esses processos, pois eles provêm de todos os lugares da luta, das articulações, dos enfrentamentos e dos desafios. Em uma análise do processo histórico

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1