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A Mercantilização das Relações Sociais: Modo de Produção Capitalista e Formas Sociais Burguesas
A Mercantilização das Relações Sociais: Modo de Produção Capitalista e Formas Sociais Burguesas
A Mercantilização das Relações Sociais: Modo de Produção Capitalista e Formas Sociais Burguesas
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A Mercantilização das Relações Sociais: Modo de Produção Capitalista e Formas Sociais Burguesas

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About this ebook

A mercantilização das relações sociais é um fenômeno real e concreto que atinge a todos os indivíduos na sociedade moderna. Apesar de ser "invisível" para algumas pessoas, ela é uma imposição social aos indivíduos. Estes, querendo ou não, precisam adquirir mercadorias e consumar mercancias para sobreviver na atual sociedade, bem como utilizar o cálculo mercantil e o dinheiro. Nesse sentido, a sobrevivência humana deixou de ser apenas um processo de relação com a natureza para extrair os bens materiais necessários para tal e passou a ser um processo mediado por uma criação humana que é a mercantilização das relações sociais. O alimento, a habitação, os móveis e as roupas são mercadorias, e por isso trazem a necessidade do dinheiro. E cada vez mais, a cultura, a tecnologia e até mesmo os seres humanos (tráfico de órgãos e pessoas, venda de órgãos, a prostituição etc.) são mercantilizados, o que tem impacto sobre a produção cultural, as ideologias etc. O presente livro traz uma abordagem do processo de mercantilização mostrando suas fontes, características, seus efeitos, entre outros aspectos. Indo além da aparência do fenômeno, tal como se observa nas concepções fetichistas do mercado, coloca suas raízes sociais e históricas e mostra os seus elementos fundamentais e como isso atinge a cultura na sociedade capitalista. A obra assume importância essencial, pois a compreensão aprofundada da sociedade capitalista, indo além das aparências, requer a compreensão do processo de mercantilização das relações sociais. O presente livro realiza esse processo analítico e assim contribui para o avanço da compreensão da sociedade moderna.
LanguagePortuguês
Release dateDec 20, 2018
ISBN9788547318246
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    A Mercantilização das Relações Sociais - Nildo Viana

    1988.

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO

    A MERCANTILIZAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS

    A Produção Capitalista de Mercadorias 

    Mais-Valor, Valor Equivalente e Valor Inequivalente 

    A Mercantilização das Relações Sociais 

    Ondas de Mercantilização 

    A Reprodução Ampliada do Mercado Consumidor 

    A MERCANCIA

    Da Produção de Mercadorias à Consumação de Mercancias 

    O Valor da Mercancia 

    As Mercancias Materiais 

    O CÁLCULO MERCANTIL

    Cálculo Mercantil e Ideologia 

    Mercantilização e Cálculo Mercantil 

    Cálculo Mercantil e Valor da Força de Trabalho Improdutiva 

    A Generalização do Cálculo Mercantil 

    Cálculo Mercantil e Mentalidade Burguesa 

    ESTADO CAPITALISTA E CÁLCULO MERCANTIL

    Cálculo Mercantil e Orçamento Estatal 

    Aparato Educacional e Cálculo Mercantil 

    MERCANTILIZAÇÃO E REPARTIÇÃO DO MAIS-VALOR

    A Repartição do Mais-Valor Global 

    Valor Estacionário e Apropriação de Mais-Dinheiro 

    Mercantilização e Formas Sociais 

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    INTRODUÇÃO

    O presente livro nasceu da preocupação com a questão da compreensão das formas sociais capitalistas, especialmente as esferas sociais¹. A análise das formas sociais burguesas sempre foi feita por vários autores, com perspectivas diferentes. No âmbito do marxismo, que é o nosso, Marx fez diversas referências, mas não produziu uma teoria das formas sociais, gerando apenas um esboço. A sua teoria do modo de produção capitalista desembocaria, inevitavelmente, numa teoria das formas sociais burguesas. Contudo, a primeira ficou incompleta e a segunda apenas se manifestou em algumas obras mais voltadas para acontecimentos históricos específicos, referências esparsas, e alguns esboços teóricos sobre algumas das formas sociais, como, por exemplo, o Estado. Faltou, no entanto, uma teoria com a complexidade e caráter totalizante tal como ele fez a respeito do modo de produção capitalista.

    No âmbito mais abstrato, Marx analisou a relação entre modo de produção e formas sociais, no famoso Prefácio que escreveu à sua obra Contribuição à Crítica da Economia Política. Aí temos uma contribuição fundamental, pois estabelece, de forma mais abstrata e no interior de uma teoria da história que já vinha desenvolvendo antes, a relação entre modo de produção e formas sociais em todas as sociedades. É um texto basilar do materialismo histórico e que fornece elementos para uma interpretação do desenvolvimento histórico da humanidade, mas demasiadamente sintético e abstrato. Claro que diversos outros elementos estavam relativamente mais desenvolvidos em outras obras, mas o elemento que ficou retido (e popularizado por meio da metáfora do edifício, que se tornou extremamente popular em certos setores da sociedade) é a afirmação da determinação da base sobre a superestrutura, algo que, para os simplificadores e preguiçosos mentais, é suficiente para explicar a história da humanidade e as sociedades particulares.

    A explicação da superestrutura seria fornecida a partir de tal afirmação. Essa é uma compreensão totalmente equivocada, pois a afirmação de Marx é apenas sobre a relação geral entre modo de produção (que os simplificadores reduziram à economia, no sentido burguês do termo) e superestrutura (que os simplificadores transformaram em mero epifenômeno), que precisa ser compreendida em sua manifestação concreta em cada sociedade particular. Além disso, a determinação da base sobre a superestrutura revela uma relação e o caráter de determinação fundamental do modo de produção sobre as formas sociais, mas não se limita a isso, pois no mesmo texto temos outras expressões que mostram outros aspectos dessa relação: correspondência, contradição etc. Assim, os simplificadores (e deformadores) simplesmente partiam da metáfora (esquecendo-se do seu caráter metafórico e não é difícil ver alguns trocarem o conceito de modo de produção pela expressão metafórica base e formas jurídicas, políticas, ideológicas pela outra expressão metafórica superestrutura) e da relação principal (determinação que alguns, querendo sair de um suposto determinismo, ingenuamente trocavam por condicionamento, como se os conceitos e sua riqueza própria pudessem ser meramente substituídos, e os problemas – interpretativos – com a importação de outra palavra fora do universo conceitual, inclusive com sua origem hegeliana, seriam resolvidos) e se limitavam a repeti-la, como se isso encerrasse o assunto.

    Assim, Marx, esse desconhecido, para retomar afirmação de Nicolaus (1969), que também o desconhecia², ainda é relativamente pouco conhecido, num nível de maior profundidade. O pensamento de Marx em sua complexidade não foi compreendido pelo pseudomarxismo, um amplo conjunto de supostos marxistas que poderiam ser divididos em diversas manifestações, desde os meros vulgarizadores e deformadores mais simplistas, passando por aqueles que estão no mesmo nível, mas foram endeusados e acrescentaram ideias incoerentes com a teoria de Marx, realizando não só uma interpretação deformante, como também acréscimos incoerentes a partir disso, sendo que os mais rebuscados tentam ecleticamente acrescentar elementos de ideologias burguesas ao pensamento incompleto desse autor. Isso expressa três formas de deformação do pensamento de Marx: a forma simplificadora, a forma pseudomarxista e a forma academicista. No primeiro caso, temos os supostos críticos, os autores de manuais, entre outros. No segundo caso, temos Kautsky, Lênin, Stálin, Trotsky, Gramsci e um conjunto de outros deformadores do pensamento de Marx, alguns tão simplistas, como Mao Tse-Tung, que dificilmente poderiam ser chamados de ideólogos, pois seriam mais doutrinários, devido à simplicidade do seu pensamento. No terceiro caso, temos geralmente o pseudomarxismo acadêmico, muitas vezes apenas uma adaptação do caso anterior ao mundo da classe intelectual e das esferas sociais burguesas.

    Desse modo, o pensamento de Marx e sua complexidade é um obstáculo, principalmente para uma sociedade que, contraditoriamente, cada vez mais desenvolve tecnologia, técnicas e ciência, e cada vez menos o acesso à verdade e a uma formação cultural mais rica. A sociedade capitalista fica cada vez mais rica, material e tecnologicamente, e cada vez mais pobre cultural e psiquicamente. O capital comunicacional e as instituições burguesas são as principais responsáveis pela miséria cultural reinante e pelo mundo de possibilidades de riqueza intelectual convivendo com o mundo da realidade da miséria mental. Isso, no entanto, tem uma determinação fundamental mais profunda, o modo de produção capitalista, bem como os interesses da classe capitalista derivadas de suas necessidades de exploração e dominação do proletariado. Esse reforço do obstáculo pelas condições de produção e reprodução cultural na sociedade burguesa era de se esperar. O que não se esperava era que os supostos marxistas acabariam reproduzindo e ampliando esse obstáculo, sob as formas da vulgarização, simplificação, deformação do pensamento de Marx. O trabalho que era para ser realizado seria uma tradução mais simples do seu pensamento para o conjunto da população, principalmente tendo em vista esse ambiente de miséria cultural, mas sendo fiel a ele (e crítico, quando necessário). No entanto, ao invés de uma simplificação significativa, que mantém o conteúdo e simplifica a forma, o que ocorreu foi uma simplificação deformante e não deixa de ser curioso e revelador como pseudomarxistas e críticos (burgueses, anarquistas etc.) coincidem em certas interpretações falsificadoras e superficiais.

    Nesse sentido, a análise que Marx realizou da relação entre modo de produção e formas sociais foi simplificada, deformada, retirada de seu caráter abstrato, no caso do Prefácio, e tido como afirmação válida e suficiente para todo o processo analítico de relações sociais extremamente complexas. A simplificação chega a ser tão grosseira que muitos supostos marxistas se limitam a reproduzir a afirmação no grau máximo de generalidade (a base determina a superestrutura) como se tivessem realizando alguma afirmação profunda sobre o caso concreto e específico do capitalismo. Esse foi, portanto, mais um obstáculo para o desenvolvimento da teoria da história contida na obra de Marx. Juntando isso e a miséria intelectual do capitalismo, temos um recuo do pensamento revolucionário, que, ao invés de ir além do predecessor, acaba ficando aquém dele.

    Assim, a análise de Marx sobre a relação entre modo de produção e formas sociais regrediu ou ficou estagnada, graças aos pseudomarxistas e pseudocríticos desse pensador. No entanto, quando a luta proletária avança, também o pensamento revolucionário avança. No bojo das tentativas de revolução proletária no final da década de 1910, especialmente as Revoluções Russa (1917) e Alemã (1918-1921), entre outros processos históricos no mesmo período, alguns marxistas avançaram, não só questionando as simplificações e deformações, como apresentando alguns elementos que fazia avançar a concepção marxista, como as obras de Korsch (1977) e Lukács (1989), no plano metodológico e da teoria da história (enquanto outros avançaram no plano político, como Pannekoek, Rühle, Gorter etc.), bem como elementos para a compreensão da sociedade capitalista.

    Contudo, no calor da luta, os ensaios de Korsch e Lukács não foram suficientes para uma sólida recuperação do pensamento marxista, especialmente devido à derrota das revoluções proletárias e consequente recuo do movimento operário, bem como toda máquina burguesa de criação ideológica, reforçada nesse momento pelo pseudomarxismo do capitalismo estatal russo, outra máquina poderosa de criação e divulgação de ideologias, supostamente marxistas. Outras contribuições apareceram e destacaram um ou outro aspecto da realidade social em que a questão da relação entre modo de produção e formas sociais aparece, seja em casos históricos de sociedades pré-capitalistas, seja no caso concreto e atual do capitalismo. No plano teórico mais amplo, entretanto, pouco nesse sentido foi além do que já colocado por Marx e alguns poucos marxistas do início do século XX.

    A grande questão, que subjaz na presente obra, é como, efetivamente, o modo de produção capitalista determina as formas sociais burguesas. Claro que aqui não se trata de nenhum determinismo grosseiro, pois recuperamos de Marx o método dialético, segundo o qual o real, ou o concreto, é resultado de suas múltiplas determinações (MARX, 1983a). Igualmente, as formas sociais não são meros epifenômenos, elas são parte da realidade e exercem efeitos, algumas vezes determinantes, sobre o modo de produção. No entanto, a questão surgiu não da preocupação teórica com tal relação e sim da análise da mercantilização das relações sociais e sua manifestação no caso das esferas sociais.

    A questão da mercantilização começou a ser discutida em um artigo publicado na Revista Ruptura, em 1992, sobre o universo psíquico e reprodução do capital, no qual o elemento motivador e grande questão era compreender a reprodução do capitalismo. Esse artigo posteriormente foi republicado como capítulo de livro (VIANA, 2008a). A mercantilização, a burocratização e a competição formavam os pilares da sociabilidade capitalista e esta, por sua vez, da mentalidade burguesa, o que explica dois elementos poderosos de reprodução capitalista. Esse era o elemento fundamental do artigo e que tinha também outros aspectos complementares, tal como a questão do inconsciente coletivo. A mercantilização das relações sociais acaba se generalizando e atingindo o conjunto das formas sociais e a análise das esferas sociais que passamos a empreender teria que, inevitavelmente, discutir isso e, ao iniciar esse processo, ficou claro que a análise anterior sobre mercantilização precisaria ser desenvolvida e aprofundada.

    Isso não deixa de ser ilustrativo de como ocorre o desenvolvimento da consciência individual e também da teoria. Tanto num caso como noutro, as novas experiências, leituras, reflexões, e o embate com novos processos sociais ainda não analisados profundamente geram a necessidade de aprofundamento e desenvolvimento, o que se faz a partir do que já existia e havia sido acumulado, num processo que pode ser infinito, pois quanto mais elementos da realidade são englobados na análise, mais questões vão aparecendo. Do mesmo modo, a teoria se produz dessa forma.

    Isso ajuda a compreender o pensamento de Marx, que ficou incompleto até mesmo nos aspectos em que mais aprofundou (teoria do modo de produção capitalista, por exemplo). Ao mesmo tempo, também auxilia o entendimento de que a teoria é, devido ao seu caráter complexo, desenvolvida pela consciência individual, mas que, ao ser publicada, ganha dimensões sociais (sendo deformada ou desenvolvida), tal como no caso de Marx. Contudo, até mesmo pessoas próximas ou leitores dedicados de um determinado teórico (no verdadeiro sentido da palavra) possuem dificuldade de entender sua teoria globalmente, precondição para desenvolvê-la.

    Isso explica o caso de Marx e daqueles que supostamente contribuiriam com o desenvolvimento do que ficou conhecido como marxismo (um nome que, sem dúvida, rende homenagem ao criador da teoria, mas que revela sua origem individual, numa sociedade individualista e marcada por divisão social do trabalho e desigualdades, na qual nem todos podem ser teóricos e muito menos produtores de teorias amplas e totalizantes). Engels é a referência clássica, pois era amigo pessoal, colaborador intelectual, leitor assíduo (e provavelmente de quase tudo que Marx escreveu), e, ainda assim, não conseguiu desenvolver a teoria inaugurada por ele. Isso é explicado pelo materialismo histórico: indivíduos diferentes, com personalidades (singularidades psíquicas) diferentes, com processos históricos de vida diferenciados, acesso a informações e inspirações distintas etc., podem provocar não somente desdobramentos diferentes, como incompreensão. As diferenças entre ambos podem ser vistas inclusive nas correspondências e debates sobre determinados temas com as posições diferenciadas. Infelizmente, a sociedade capitalista não permite que todos sejam teóricos e somente sua superação poderia permitir isso. Da mesma forma, é a superação do capitalismo que deixará a produção e/ou desenvolvimento da teoria ser um caso individual para se tornar coletivo, o que significa sua amplificação e enriquecimento por meio de bilhões de pessoas ao invés de um ou outro.

    Outra consequência disso é a necessidade de formação e desenvolvimento de um número cada vez maior de pessoas com condições (sociais) de produção e desenvolvimento de teorias e, ainda, na sua simplificação significativa para aqueles que, devido à divisão de classes, possuem acesso mais limitado ao saber complexo. Isso, por conseguinte, faz parte da luta de classes e tem importância fundamental para a constituição de uma nova sociedade. Inclusive, numa sociedade autogerida, o saber deixa de ser imposição ou sacrifício, para ser satisfação/realização da necessidade/potencialidade de desenvolvimento das energias mentais dos indivíduos, um produto social e para o benefício social, ao invés de produto individual para benefício meramente individual.

    Essa digressão não deve nos afastar do nosso tema principal, que é a questão da mercantilização e da relação entre modo de produção capitalista e formas sociais burguesas. Uma das questões fundamentais é compreender como, concretamente, o modo de produção capitalista determina as formas sociais burguesas. As respostas para isso, tanto no âmbito do pseudomarxismo quanto naqueles que deram continuidade relativa ao pensamento de Marx, são insatisfatórias. Além de alguns elementos em Korsch e Lukács e mais alguns autores, pouco se acrescentou a esse processo. No interior do pseudomarxismo, Pachukanis (1988) apontou para algo, mas não ultrapassou o âmbito das abstrações e acabou gerando uma ideologia do tipo estruturas homólogas, próximo ao que Lucien Goldmann (1976) posteriormente produziu. Pachukanis, em sua análise no âmbito do direito, parte da forma valor para constituir sua reflexão, mas apenas toma algo do modo de produção capitalista e vê algo correspondente nas formas sociais burguesas. Não explica como se passa de um para outro, além de diversos outros equívocos e não colocar a questão essencial, pois fica num mundo abstrato-metafísico.

    Além disso, se poderia citar a escola derivacionista (MATHIAS; SALAMA, 1983), que busca explicar o Estado, a partir de sua derivação do modo de produção capitalista. A análise é interessante e expressa alguns aspectos do processo, tal como a função do Estado em garantir a reprodução do capitalismo, o que significa garantir a reprodução ampliada, ou seja, a acumulação, e evitar a tendência declinante da taxa de lucro. No entanto, essa contribuição se revela limitada ao não perceber um elemento fundamental nesse processo, além das condições de reprodução do capitalismo, que é a mercantilização.

    O que pretendemos aqui é analisar o processo de mercantilização das relações sociais. Num primeiro momento, esse processo significa que há uma expansão da produção capitalista de mercadorias, subordinando e marginalizando os modos de produção não capitalistas. Isso significa, também, a transformação de tudo em mercadoria³. No entanto essa compreensão é, ainda, incompleta. Falta compreender esse processo no caso concreto e específico das formas sociais. O caráter incompleto remete à necessidade de compreender o processo de mercantilização das relações sociais, o que é relativamente fácil de entender no âmbito da produção material (modo de produção capitalista e modos de produção subordinados), mas não no caso das formas sociais. Por isso, para se tornar um saber mais completo, seria necessário entender como isso ocorre, efetivamente, no caso específico das formas sociais, ou seja, fora da instância da produção material. Inclusive pelo fato de que a repartição do mais-valor extraído no modo de produção capitalista tem nas formas sociais

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