TEMPO-MEMÓRIA: EDUCAÇÃO, LITERATURA E LINGUAGENS
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Esta coletânea é a prova de confiança de que um educador, quando, realmente, está comprometido com aquilo que faz e, sobretudo, acredita que suas expectativas (no sentido de elevação) em relação aos seus alunos, pode se tornar concreta. Em outras palavras: foi proposto aos alunos, integrantes deste livro, (orientandos) de Iniciação Científica, mestrado e doutorado que escrevessem parte de suas pesquisas. A proposta inicial foi de que se colocassem de forma reflexiva, justamente, para tentar buscar uma posição crítica para aquilo ao qual se propunham em seus trajetos de pesquisadores. Deixassem que seus pensamentos se movimentassem, minimamente, apesar das fontes de consulta e do rigor acadêmico. E a proposta está aqui materializada.
Cada texto contido neste livro teve uma orientação muito leve da organizadora. Por mais que os autores buscassem nossas intervenções e trilhas...isso não aconteceu. Cada um teve que exercitar suas respectivas capacidades de pesquisa, criatividade e intuição (no sentido rigoroso do conceito). Acreditamos que não existe outra forma de crescimento, em especial, no que tange à pesquisa. Eternamente um ato de coragem, desafio, extremamente solitário e faz com que cada autor se depare com suas insuficiências, eis um processo necessário. Emancipatório.
Fala-se muito em autonomia intelectual. Muito. Mas quando posta em prática ela quase desaparece. A eterna dependência, geralmente, fala mais alto. Eis um caminho fácil e indigno. Criar dependências intelectuais. Sinônimo de subserviência e escravidão.
Deixemos nossos alunos e orientandos em busca de seus sonhos e ideais de pesquisa. Deixemos nossos alunos criarem e inventarem atalhos que possam, de fato, nos levar à pluralidade e diversidade. Deixemos nossos alunos lutarem, solitários, com suas próprias dificuldades. Eles sempre podem mais do que possamos imaginar. Sempre puderam. Por um outro lado, somente podem caminhar com luz própria quando existe um pacto de confiança e compromisso. Sem um pacto nada é possível. E o pacto é costumeiramente doloroso. Em vários graus. Exige o famoso exercício do pensamento que, uma vez, profundamente, convocado...não encontra mais saídas ou atalhos de retorno. O verdadeiro exercício de pensamento capta, sequestra, (de maneira derradeira e irreversível), nossa frágil intimidade. Interioridade. Subjetividade. Não há mais como olhar para trás. Uma vez captados, condenados ao compromisso sério e cheio de sonhos de tornar este mundo contaminado de paixões alegres (como diria Spinoza). Aquelas paixões que estimulam, nós, seres humanos, a olhares mais compassivos diante das misérias as quais todos nós estamos condenados (por lembrar de Victor Hugo). Olhares mais profundos diante da solidão que, habitualmente, nos atravessa (por lembrar de Marco Lucchesi).
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TEMPO-MEMÓRIA - Ana Maria Haddad Baptista
Sumário
Capa
Prefácio: Pesquisa e Autonomia
EDUCAÇÃO-TEMPO & MEMÓRIA: ESTÉTICA DO LABIRINTO E INTERDISCIPLINARIDADE EM LUCCHESI E FREIRE
Silvana Monteiro Gondim
Introdução
O tempo e a memória
Interdisciplinaridade
Reflexões, considerações
Referências
EDUCAÇÃO E CONSERVADORISMO: REFLEXÕES A PARTIR DOS ESTUDOS DE MEMÓRIA
Karla Roberta Brandão de Oliveira
O tempo
A memória
Como construímos a memória
Lembranças, esquecimentos e silêncios
Memória é poder
Sem saída
Análises e sonhos
Referências
ENSINO DE LITERATURA NA ESCOLA: (IM)POSSIBILIDADES
Shirlei Aparecida Alves Tarzia
Introdução
Literatura: uma breve explanação
Literatura: a arte da palavra
A morte da literatura
Humanização: possibilidades da literatura
Algumas considerações
Referências
SUPER-HOMEM DE FREIRE E A ANÁLISE FÍLMICA PARA PRÁXIS DA LIBERDADE
Aguinaldo Pettinati
Conclusão
Referências
LITERATURA E POÉTICA NA EDUCAÇÃO
Nelci Marques Batista
Referências
ORALIDADE, MEMÓRIA E O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS NO PROCESSO EDUCACIONAL
Beatris de Moura Rocha Sugai
Referências
CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO: MEMÓRIA PEDAGÓGICA E PISTAS PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
Elizângela Gomes Nascimento
1 História e memória do espaço escolar
2 Arquitetura escolar e espaço urbano
3 O espaço escolar, o currículo e a aula
Considerações finais
Referências
LINGUAGEM IMAGÉTICA TRIDIMENSIONAL: CONSTRUÇÃO DE MODELOS REPRESENTACIONAIS PELOS ALUNOS, COMO INSTRUMENTO DO ENSINO EM BIOLOGIA
Janaina Campos Peres Venditti
Introdução
Modelos e Modelização
Construindo...
Modelo da membrana plasmática
Modelo de célula animal
Modelo de célula vegetal
Modelo de célula bacteriana
Modelo de células de defesa – leucócitos
Modelo de hemácia
Modelo de células gaméticas
Modelo de vírus
Considerações finais
Referências
DA TRADUÇÃO: MARCO LUCCHESI E HAROLDO DE CAMPOS
José Roberto Garcia
Introdução
Transmutação e alquimia no processo de tradução do poeta Marco Lucchesi
Transcriação verbivocovisual
nas traduções do poeta Haroldo de Campos
Elementos de estudo crítico para uma teoria da tradução literária
Considerações finais
Referências
LITERATURA E MATEMÁTICA: UMA LEITURA MINUCIOSA
Nayara Oliveira Viana
1 Introdução
2 Literatura e matemática
3 Marco Lucchesi
4 Análise: hinos matemáticos
4.1 Solilóquio fractal
4.2 Espiral
4.3 Eros
4.4 Lendo Hadamard
4.5 Ilha de Mandelbrot
4.6 Transfinito
4.7 Minotauro
4.8 √2
4.9 a + ib
4.10 Indeciso
5 Considerações finais
Referências
Organizadora:
Ana Maria Haddad Baptista
TEMPO-MEMÓRIA: EDUCAÇÃO, LITERATURA E LINGUAGENS
São Paulo | Brasil | Março 2019 – Ebook
1ª Edição
ESSA PUBLICAÇÃO TEVE O APOIO DE:
Big Time Editora Ltda.
Rua Planta da Sorte, 68 – Itaquera
São Paulo – SP – CEP 08235-010
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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos do Código Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).
Conselho Editorial:
Ana Maria Haddad Baptista
(Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)
Catarina Justus Fischer
(Doutora em História da Ciência/PUC-SP)
Lucia Santaella
(Doutora em Teoria Literária/PUC-SP)
Marcela Millana
(Doutora em Educação/Universidade de Roma III/Itália)
Márcia Fusaro
(Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)
Vanessa Beatriz Bortulucce
(Doutora em História Social/UNICAMP)
Ubiratan D’Ambrosio
(Doutor em Matemática/USP)
Ficha Catalográfica
BAPTISTA, Ana Maria Haddad (Org.). Tempo-Memória: Educação, Literatura e Linguagens. 152 pp. – São Paulo: BT Acadêmica, 2019.
ISBN 978-85-9485-080-5 | 1. Educação. 2. Cultura. 3. Estudos Literários. 4 Linguagens. I. Título
Produção Editorial
Capa: Big Time Editora
Diagramação: Pedro Monte Cavalheiro
Revisão: Autores
Prefácio: Pesquisa e Autonomia
A Educação, institucional ou não, nas mais diferentes épocas buscou, mesmo que subjacentemente, uma forma de existência mais humana. Respirável. Menos tediosa. Mais comprometida com os verdadeiros valores que nos conduzem durante a vida. A Educação, mesmo que acusada, pela maioria dos meios de comunicação e outros, de que jamais consegue cumprir seus ideais, justamente, é o movimento inefável e quase imperceptível de buscar um aprimoramento do homem. Este ser solitário que busca, incansavelmente, por mais que disfarce, motivos para viver uma humanidade mais plena e solidária. Ou uma solidão mais atenuada?
Esta coletânea é a prova de confiança de que um educador, quando, realmente, está comprometido com aquilo que faz e, sobretudo, acredita que suas expectativas (no sentido de elevação) em relação aos seus alunos, pode se tornar concreta. Em outras palavras: foi proposto aos alunos, integrantes deste livro, (orientandos) de Iniciação Científica, mestrado e doutorado que escrevessem parte de suas pesquisas. A proposta inicial foi de que se colocassem de forma reflexiva, justamente, para tentar buscar uma posição crítica para aquilo ao qual se propunham em seus trajetos de pesquisadores. Deixassem que seus pensamentos se movimentassem, minimamente, apesar das fontes de consulta e do rigor acadêmico. E a proposta está aqui materializada.
Cada texto contido neste livro teve uma orientação muito leve da organizadora. Por mais que os autores buscassem nossas intervenções e trilhas...isso não aconteceu. Cada um teve que exercitar suas respectivas capacidades de pesquisa, criatividade e intuição (no sentido rigoroso do conceito). Acreditamos que não existe outra forma de crescimento, em especial, no que tange à pesquisa. Eternamente um ato de coragem, desafio, extremamente solitário e faz com que cada autor se depare com suas insuficiências, eis um processo necessário. Emancipatório.
Fala-se muito em autonomia intelectual. Muito. Mas quando posta em prática ela quase desaparece. A eterna dependência, geralmente, fala mais alto. Eis um caminho fácil e indigno. Criar dependências intelectuais. Sinônimo de subserviência e escravidão.
Deixemos nossos alunos e orientandos em busca de seus sonhos e ideais de pesquisa. Deixemos nossos alunos criarem e inventarem atalhos que possam, de fato, nos levar à pluralidade e diversidade. Deixemos nossos alunos lutarem, solitários, com suas próprias dificuldades. Eles sempre podem mais do que possamos imaginar. Sempre puderam. Por um outro lado, somente podem caminhar com luz própria quando existe um pacto de confiança e compromisso. Sem um pacto nada é possível. E o pacto é costumeiramente doloroso. Em vários graus. Exige o famoso exercício do pensamento que, uma vez, profundamente, convocado...não encontra mais saídas ou atalhos de retorno. O verdadeiro exercício de pensamento capta, sequestra, (de maneira derradeira e irreversível), nossa frágil intimidade. Interioridade. Subjetividade. Não há mais como olhar para trás. Uma vez captados, condenados ao compromisso sério e cheio de sonhos de tornar este mundo contaminado de paixões alegres (como diria Spinoza). Aquelas paixões que estimulam, nós, seres humanos, a olhares mais compassivos diante das misérias as quais todos nós estamos condenados (por lembrar de Victor Hugo). Olhares mais profundos diante da solidão que, habitualmente, nos atravessa (por lembrar de Marco Lucchesi).
Ana Maria Haddad Baptista (organizadora)
EDUCAÇÃO-TEMPO & MEMÓRIA: ESTÉTICA DO LABIRINTO E INTERDISCIPLINARIDADE EM LUCCHESI E FREIRE
Silvana Monteiro Gondim
[1]
Assim como tivemos filosofias do passado e do futuro, da eternidade e do nada, amanhã teremos uma filosofia do presente. A experiência poética pode ser uma de suas bases. Que sabemos do presente? Nada ou quase nada. Mas os poetas sabem algo: o presente é o manancial das presenças. Presente intacto e recém-desenterrado, que sacode o pó dos séculos, sorri e, de repente, põe-se a voar e desaparece pela janela. Simultaneidade de tempos e de presenças: a modernidade rompe com o passado imediato para logo resgatar o passado milenar [...]. Perseguimos a modernidade em suas incessantes metamorfoses e nunca conseguimos pegá-la. Escapa sempre: cada encontro é uma fuga. (PAZ, 2017, p. 91).
Introdução
Quais saberes devem ser oferecidos nas escolas? O que deveria ser aplicado fazendo vistas aos conteúdos curriculares que são desenvolvidos para este objetivo? Pensar a sociedade e seu movimento no mundo, as mudanças, inclusão, gêneros, guerras e desejos de paz, tecnologias, desigualdades sociais, leitura de mundo novo
. A internet como uma salvação
de aproximações e conhecimento, ou distanciamentos de afetividades e relações com o outro.
Sem respostas definidas ou direções definitivas, arriscamo-nos em trazer um recorte do projeto de pesquisa de doutorado (em curso) sobre o tema interdisciplinaridade na educação. Se compreendemos que o contexto interdisciplinar se apresenta como uma possibilidade curricular nos projetos desenvolvidos em escolas e estão apontados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e outros documentos oficiais, podemos investigar o que tem sido discutido.
Muito se fala sobre formação integral do professor e do aluno, porém se faz urgente identificar como são oferecidos temas extracurriculares com diferentes gêneros textuais. Estes podem ser contos, artigos, poemas e poesias para desenvolvimento de diálogos interdisciplinares. Nesta direção, buscaremos entender a sua aplicabilidade e os métodos de ação e atitudes pedagógicas que vêm sendo desenvolvidos entre as áreas do conhecimento e no desenvolvimento das competências transversais, da multidisciplinaridade e da formação do sujeito como cidadão e ser social.
Nesta perspectiva, ampliaremos os diálogos no sentido de compreender o que tem sido feito neste sentido, quais contribuições e desenvolvimentos se alcança a partir de práticas interdisciplinares, poéticas e humanizadoras.
O tempo e a memória
Este cenário de inúmeras direções propõe uma rigorosidade em estudos sobre o contexto interdisciplinar. Se aliados à compreensão de tempo, memória e linguagens, o desafio se torna ainda maior.
De modo geral, os currículos são preparados para um atendimento global e coletivo nas escolas públicas e particulares, haja vista que são documentos oficiais e determinantes. São conteúdos sobre temas do que deve ser estudado e trabalhado pelos alunos e professores nas escolas. Também pode ser apontado como um planejamento político-pedagógico, uma vez que envolve as disciplinas e conhecimentos do que deve ser compreendido pela sociedade. Porém, ao analisarmos as questões dos contextos históricos, deparamo-nos, diversas vezes, com fragmentos da história ocultada e/ou meias verdades.
Seria o caso de aprofundar a questão no contexto interdisciplinar e verificar que direções estão sendo discutidas e por quais motivos. Um grande poeta, escritor e tradutor, Marco Lucchesi, entre outros estudos, escreve buscando elementos para falar de paz, da humanização e diálogos em defesa do planeta e do futuro. Aponta, em algumas de suas obras (mais de uma), essa posição investigativa, incansável, ética. Posiciona-se relacionando os fatos verdadeiros, acontecimentos históricos que foram fragmentados ao longo dos tempos, anunciando-nos os desvios dos relatos e sua real elucidação. Nesta direção, Lucchesi (2016b, p. 160, grifo nosso) esclarece:
A sociedade brasileira está madura para repelir tutelas e salvaguardas que limitem o tesouro da memória republicana. Uma vez que sancionada e homologada a lei, os desafios devem migrar de outras páginas do livro que mal começamos a escrever sobre os direitos humanos. [...]. A expressão de um tempo aparentemente antagônico reitera um fio compreensivo que aponta para uma delicada passagem entre tempos. Uma forma de diálogo ou de transmissão entre camadas de presente transmissão entre passado e futuro. Não é possível enterrar o passado como quem se livra de um fardo, de uma fonte de miragens e dissabores para abraçar uma espécie de futuro desfibrado e sem músculo.
Para este autor, não se pode desviar dos sentimentos que envolvem a sociedade de forma esperançosa sobre as memórias no legado histórico de um povo. São as diferenças entre o que se lê nos registros dos historicistas e os fatos como se deram. São as memórias que constroem os valores morais e verbais na sociedade. Considerando o exposto, ter conhecimento real da história na visão política e formadora na escola pode produzir transformações nos sujeitos. Pessoas esclarecidas saem do papel de oprimidas, ingênuas, para a tomada de consciência crítica do cidadão. Passam a pertencer. Parafraseando Lucchesi, Não queremos um devir neutro e sem raízes. Trabalhamos pelo futuro do passado
.
Lucchesi (2016b) aborda, em inúmeros escritos, sua indignação com as diferenças e desigualdades sociais presentes na humanidade de modo geral. Um dos pontos de destaque aponta para o que se expõe nos escritos históricos distorcidos, quando se aprende na desmemória
a ser pouco questionador, a decorar as datas e fatos não compreendidos. Ingenuamente, com o tempo, aceita-se o inaceitável. Uma das reflexões onde podemos enxergar tais posições esclarece:
Se o regime de ventos ainda move grandes moinhos da história, se a fome de justiça e beleza não amainou sob o império ciclones do novo século, é forçoso reconhecer, contudo, uma ponta de febre, uma baixa imunidade na geografia. Esgotada, em muitos sentidos, presa da fome excessiva de um Argos, dotado de milhões de olhos – blogs, drones, webcams –, não resta à geografia senão despedir-se do tempo. [...]. Como explicar uma história mefistotélica, que tudo nega, sempre, e de mãos dadas com uma geografia em estado terminal, neste ínfimo planeta [...]. Não existe espaço desprovido de memória e linguagem, não existe território neutro. (LUCCHESI, 2016a, p. 19).
Nesta direção, e ainda na abordagem do tempo-memória, grandes pesquisadores do tema divergem e convergem entre si. De modo geral, apontam para a subjetividade e relatividade dos temas disciplinares e de conhecimento geral. De acordo com Baptista (2016b, p. 88) Existem mecanismos da natureza humana e de outras naturezas com poder de reinvenção e criatividade. O que a vida produz de essencial é seu poder de criar direções imprevisíveis onde mora a novidade
.
Estudos e pesquisas demonstram a necessidade de conhecer e entender sobre a vida, a natureza o tempo e o espaço, uma vez que inúmeros mistérios ainda estão sendo analisados e pesquisados. Algumas pesquisas mudaram o curso da história, como a teoria da relatividade, que é um conhecimento baseado na interpretação da física.
Parafraseando Baptista (2016b, p. 60), na obra Tempo-Memória & Desmemórias, a teoria da relatividade se baseia em três conceitos fundamentais [movimento, espaço e tempo]. Está ligada ao fato de que o movimento, do ponto de vista da experiência possível, aparece sempre como movimento relativo de um objeto a outro. Também ocorre como movimento em relação ao espaço
, embora não possa ser observável, foi possível comprovar a existência. Embora muitos físicos já tivessem conhecimento sobre a velocidade relativa de um objeto a outro e que as variáveis se referiam à rapidez empregada no percurso dos objetos, é possível compreender que estas afirmações se modificam, não são absolutas. Não estão prontas e fechadas. A cada perspectiva de seu observador e dos objetos observados, os resultados podem se alterar.
De acordo com a autora, o conceito que se tinha até meados do século XX foi alterado, porém não deve ser pensado de forma fragmentada e leviana. Ao contrário, tais concepções nos obrigam a reflexões constantes e rigorosos diálogos sobre o tema. Não podemos pensar em verdades absolutas e finalizações incontestáveis.
Segundo esclarece Baptista (2016b), a partir da afirmação que a velocidade da luz é constante, ou seja, invariável, conclui-se que espaço e tempo dependem do observador
, o que nos leva a sentir o tempo como se cada um de nós possuíssemos um relógio próprio. Assim o tempo passa diferente para cada um de nós, pois nossos movimentos não são iguais. Todos os relógios têm a mesma precisão, mas não concordam entre si quando destacamos o movimento individual de cada um. Nem tudo ficou relativo como se quer crer, na verdade o que é relativo é a nossa percepção sobre as coisas
(BAPTISTA, 2016b, p. 61).
Ao destacarmos o tempo-memória na perspectiva do conhecimento, aprendizagem e