Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

Educação, Cultura, Natureza e Memória: Escritos Científicos do Extremo Sul do Piauí
Educação, Cultura, Natureza e Memória: Escritos Científicos do Extremo Sul do Piauí
Educação, Cultura, Natureza e Memória: Escritos Científicos do Extremo Sul do Piauí
Ebook201 pages2 hours

Educação, Cultura, Natureza e Memória: Escritos Científicos do Extremo Sul do Piauí

Rating: 0 out of 5 stars

()

Read preview

About this ebook

Sociologia, Filosofia, Letras, Espanhol, Arte, Tecnologia da Informação, Educação Física e Agronomia são áreas que se encontram contempladas neste livro. Percebemos, portanto, que não se trata de assuntos que orbitam um único eixo. Pelo contrário, o que o professor Teodório conseguiu reunir aqui foi uma grande e variada produção de áreas que, num primeiro e raso olhar, parecem desconexas, embora a intenção não tenha sido uma conexão entre elas. Reside aí a grandeza da obra, a diversidade. Por essa particularidade, já merece o nosso apreço e, mais ainda, pela ousadia de organizar um livro que, longe de ser só uma coletânea de artigos, é a expressão máxima daquilo que é característica dos institutos federais, a produção e difusão da ciência e da tecnologia. Ainda mais num campus longe dos centros urbanos. Foi com tal visão que o professor Teodório reuniu essa grande e valiosa contribuição para o desenvolvimento da pesquisa no extremo sul do Piauí. Assim, fica aqui a nossa admiração por esse profissional que engrandece o campus Corrente, o Instituto Federal e o estado do Piauí.
LanguagePortuguês
Release dateAug 16, 2018
ISBN9788546206698
Educação, Cultura, Natureza e Memória: Escritos Científicos do Extremo Sul do Piauí

Read more from Teodório Rogério Júnior

Related to Educação, Cultura, Natureza e Memória

Related ebooks

Social Science For You

View More

Related articles

Reviews for Educação, Cultura, Natureza e Memória

Rating: 0 out of 5 stars
0 ratings

0 ratings0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    Educação, Cultura, Natureza e Memória - Teodório Rogério Júnior

    Corrente

    Prefácio

    O Brasil ficou mais integrado com a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Por que essa afirmação? É sabido que, até pouco tempo (começo dos anos de 2000), a educação, ciência e tecnologia, no formato de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), se concentrava nos grandes centros urbanos do país.

    No caso específico do Piauí, isso fica evidente com a Escola Técnica Federal do Piauí. Até 1994, só havia a unidade de Teresina. Depois desse ano, foi construída a Unidade Descentralizada de Floriano Uned. Era o começo da interiorização da EPT. A partir do ano de 2007, acontece no Brasil e no Piauí, a expansão da EPT com a construção de vários campi. Bem, o que isso tem a ver com o presente livro? A resposta é: tudo.

    A expansão da EPT, no Piauí, possibilitou chegarem a vários municípios profissionais qualificados: graduados, especialistas, mestres, doutores. Uma riqueza intelectual capaz de proporcionar a difusão e a geração do conhecimento, possibilitando o surgimento de novos campos de investigação. Nesse particular, quero destacar o trabalho científico realizado no campus Corrente, do Instituto Federal do Piauí.

    Acredito que a grande maioria dos leitores deste livro não conhece a cidade de Corrente. Localizada no extremo sul do Piauí, distante aproximadamente 900 quilômetros de Teresina, a cidade conta com uma população estimada (2016) de 26.149 habitantes, de acordo com o IBGE. Essa cidade torna-se ponto de referência deste livro, pois ele é resultado do trabalho realizado no campus Corrente do Instituto Federal do Piauí, significando a produção científica de qualidade em pequenos municípios, que passaram a contar com profissionais qualificados, capazes de ajudar na transformação local, através do IFPI.

    Nesse campus, trabalha o professor Teodório Rogério Júnior que, além de excelente professor de Sociologia, exerce o cargo de coordenador de Pesquisa e Inovação do campus. Nessa função, cabe-lhe a incumbência de incentivar a realização e divulgação da pesquisa científica e tecnológica. E foi no exercício da função que o professor Teodório fez surgir o Projeto Corrente, com a finalidade de reunir uma série de pesquisas realizadas por pesquisadores do campus Corrente e de outras instituições. Dessa forma, nasceu o livro Educação, cultura, natureza e memória: escritos científicos do extremo Sul do Piauí.

    Pode-se perceber, pelo título do livro, que o professor Teodório expressa seu orgulho pela região. Extremo Sul do Piauí parece-me mais uma forma orgulhosa de dizer: nós também fazemos ciência, apesar de distantes dos grandes centros urbanos. Com isso, chamo a atenção para o início desse texto, quando falei da integração que a Rede Federal proporciona. Mesmo com um misto de orgulho e fascínio pela região do extremo sul do Piauí, o livro não é de caráter regionalista.

    Como organizador do livro, o professor Teodório teve o cuidado de convidar pesquisadores de várias áreas do conhecimento e não só do campus Corrente, mas de outras instituições também, o que confere importância científica ao livro, pois diversifica os assuntos e possibilita o conhecimento de diferentes opiniões. Essa é, sem dúvida, a principal característica da obra.

    Sociologia, Filosofia, Letras Espanhol, Arte, Tecnologia da Informação, Educação Física e Agronomia são áreas que se encontram contempladas neste livro. Percebemos, portanto, que não se trata de assuntos que orbitam um único eixo. Pelo contrário, o que o professor Teodório conseguiu reunir aqui foi uma grande e variada produção de áreas que, num primeiro e raso olhar, parecem desconexas, embora a intenção não tenha sido uma conexão entre elas. Reside aí, a grandeza da obra, a diversidade.

    Reúne trabalhos como os de Josemi Medeiros da Cunha, denominado de "A Sociologia no ensino médio: identificando desafios e construindo propostas de ensino"; Cícero Rodrigues dos Santos – Reflexões sobre alguns fundamentos filosóficos da educação: do conceito às tendências pedagógicas; Cátia Maria de Araújo Oliveira – "La ficcionalización memorialística de la dictadura chilena en Nocturno de Chile, de Roberto Bolaño; João Helder Alves e Silva – Angelo Agostini: em busca de uma identidade quixotesca na gênese da República brasileira; Rafael Morais da Cunha – A influência do fator cultural na implantação da gestão de projetos em ambientes corporativos; e Leonardo Coelho de Deus Lima – Sente-se. Não, obrigado!". Isso só para exemplificar alguns dos trabalhos que compõem o livro, servindo também para reafirmar aquilo que falamos acima, a diversidade e a riqueza de áreas.

    Por essa particularidade, já merece o nosso apreço e, mais ainda, pela ousadia de organizar um livro que, longe de ser só uma coletânea de artigos, é a expressão máxima daquilo que é característica dos institutos federais, a produção e difusão da ciência e da tecnologia. Ainda mais num campus longe dos centros urbanos. Foi com tal visão que o professor Teodório reuniu essa grande e valiosa contribuição para o desenvolvimento da pesquisa no extremo sul do Piauí. Assim, fica aqui a nossa admiração por esse profissional que engrandece o campus Corrente, o Instituto Federal e o estado do Piauí.

    Paulo Henrique Gomes de Lima

    Doutor em Geografia pela Unesp Rio Claro-SP

    Reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Piauí

    Capítulo 1

    A sociologia no ensino médio: identificando desafios e construindo propostas de ensino

    Josemi Medeiros da Cunha¹

    Introdução

    Este capítulo visa analisar as experiências de ensino da disciplina de Sociologia na educação básica a partir do retorno de sua obrigatoriedade em 2006. Acreditamos que, por meio deste estudo, faremos algumas reflexões sobre como tem se dado o processo de ensino dessa disciplina nos diferentes contextos das escolas públicas e particulares, identificando e discutindo algumas possíveis motivações das suas ações e suas consequências no campo escolar.

    O estudo se insere em um contexto em que o debate sobre o ensino da Sociologia na educação básica parece acompanhar, mesmo que parcialmente, os desafios que os professores dessa disciplina vêm enfrentando na mediação dos conhecimentos sociológicos no cotidiano da sociedade.

    A ideia é identificar quais caminhos essa disciplina tem percorrido na educação básica e como seus representantes/docentes têm mediado os seus saberes para diferentes agentes nos campos educacionais. Para isso, partiremos da análise dos modelos de ensino observados no cotidiano escolar, tentando identificar suas principais motivações. O capítulo foi construído com base nos dados obtidos em pesquisa de doutoramento, cujo início data de janeiro de 2014, na rede estadual e privada de ensino no Nordeste brasileiro.

    Os desafios da Sociologia na escola

    Reconhecendo que a dinâmica que em muito caracteriza o Brasil atual em um cenário de constantes reconfigurações no mundo do trabalho, conflitos políticos e ideológicos, demandam das escolas um papel formativo que contribua diretamente na atuação dos indivíduos na sociedade de maneira crítica e participativa, nos interessa compreender os desafios vivenciados pelos docentes mediadores dos saberes sociológicos na educação básica, visto que estes podem contribuir na formação científica e política dos estudantes.

    Nesse caminho direcionamos nosso olhar e estudos para compreender quais seriam os limites e as possibilidades dessa disciplina enquanto mediadora de um repensar políticamente a sociedade, que pudesse contribuir na vida dos alunos em seu processo de reflexão-ação? Da mesma maneira, quais seriam os limites e as possibilidades da sua dimensão científica, na efetivação do seu papel no âmbito da educação básica, e na formação de uma prática educativa auto reflexiva por parte dos docentes?

    Refletir sobre esses questionamentos, em um contexto em que a Sociologia nas escolas tem construído seus caminhos e suas identidades, pode contribuir com o processo de ensino e de aprendizagem, por meio de um olhar crítico e reflexivo sobre os campos sociais (Bourdieu, 2009), que dialogam com a escola, os planejamentos, as estratégias, atividades e dinâmicas que acontecem no cotidiano na sala de aula.

    O campo acadêmico e o político como espaços de construção de uma sociologia escolar

    Nos últimos cinco anos os cursos de Ciências Sociais no Brasil têm passado por significativas mudanças, principalmente em suas licenciaturas em consequência do retorno da disciplina de Sociologia e Filosofia no ensino médio. Nesse cenário, os cursos que até então formavam profissionais na área da educação sem necessariamente terem espaços para atuação no campo de trabalho, passaram a se defrontar com alguns desafios, expressos tanto no campo do conhecimento teórico (definidos em suas propostas curriculares), quanto em relação aos seus posicionamentos políticos frente às demandas estabelecidas por algumas escolas da educação básica (públicas e particulares) que não necessariamente correspondiam ou dialogavam com as do campo acadêmico onde tem se dado o processo de formação docente.

    Nesse contexto, o diálogo teórico e político sobre a disciplina de Sociologia é ampliado nas universidades², tendo como um dos principais expoentes de discussão o Encontro Nacional sobre o ensino de Sociologia na educação básica (Eneseb)³ criado pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) com o objetivo de promover reflexões teóricas e práticas sobre essa temática. Esse coletivo, apesar de discutir questões políticas inerentes às demandas da implementação da Sociologia, parece dar ênfase aos estudos que vêm sendo constituídos no âmbito das universidades através de experiências como a do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid.

    Outra organização que surge na tentativa de atender às novas demandas do processo de implementação é a Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (Abecs). Em 2012 o coletivo foi construído por professores de diferentes esferas do ensino que passaram a debater tanto a dimensão científica quanto a política da disciplina e de ambas as formas suas implicações no cotidiano escolar. Essa organização, apesar de manter uma dimensão científica, através de produções sobre a temática, tem dado ênfase à questões relativas à consolidação da disciplina e a luta pela ampliação dos espaços de trabalho e de articulação política dos licenciados em Ciências Sociais.

    Uma das questões discutidas nesses dois espaços foi a necessidade de debater ou orientar a proposta curricular da disciplina no ensino médio e da mesma forma no processo de formação docente. Isso porque percebeu-se a partir dos relatos de experiências de professores e de professoras recém-graduados, distâncias significativas entre o que os alunos aprendem nos cursos de licenciatura e o que eles precisam mediar no ensino médio quando passam a atuar nas escolas. Distâncias estas reveladas tanto através da maneira como alguns professores abordam os saberes sociológicos, muitas vezes se limitando a reproduzir os debates teóricos vivenciados em seus processos formativos, quanto ao não atendimento às demandas da disciplina na educação básica, propostas pelas escolas que não procuram apenas ações de formação científica, mas profissional e política-cidadã.

    Observando esses debates e reconhecendo o papel que as Orientações Curriculares Nacionais (OCNs) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEMs), exercem na orientação das práticas pedagógicas, e ainda que os Referenciais curriculares nacionais dos cursos de bacharelado e licenciatura norteiam as linhas de formação docente,⁴ entendemos que os desafios identificados nas pesquisas sobre o trabalho docente no que se refere às fragilidades dos saberes na área da educação, e a maneira como ensino é materializado, revelam não somente distâncias significativas entre o que os documentos propõem e o que acontece nas escolas e na formação de professores nos cursos de licenciatura, mas a necessidade urgente de construir conexões ou diálogos entre a formação docente e suas práticas no cotidiano, que orientem a maneira como os professores mediam seus saberes, defina ou esclareça aos sujeitos que formam a escola o papel da Sociologia, tanto sob o ponto de vista do conhecimento quanto em relação à sua dimensão política.

    Construir ou mudar uma proposta de ensino?

    Nesses cenários, alguns sujeitos defendem uma mudança curricular comprometida com as demandas do mundo do trabalho, outros, um currículo orientado principalmente para a formação política. A verdade, é que parece difícil discutir mudanças em meio de um processo em construção ou de identificação de um caminho a ser seguido. Acreditamos que para mudar, é necessário primeiro construir o que vai ser mudado, por isso, em um contexto em que as orientações oficiais não conseguem ser materializadas no processo de ensino e de aprendizagem, e que ainda estamos vivenciando propostas de ensino por meio de algumas iniciativas ou experiências metodológicas, nos alinhamos aos que têm se preocupado com a consolidação do espaço desta disciplina, estudando as dinâmicas que acontecem no cotidiano das escolas e que dialogam ou interferem no processo de ensino e de aprendizagem. Em nosso entendimento, e necessário consolidar a disciplina na educação básica, fazendo com que esta dialogue com o que tem sido proposto, crie sua identidade, estabeleça

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1