Reflorestamento ciliar em diferentes modelos de plantio
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Reflorestamento ciliar em diferentes modelos de plantio - ALEXANDRE MARQUES DA SILVA
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SUSTENTABILIADE, IMPACTO, DIREITO, GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Aos meus pais, José Marques da Silva (in memoriam) e Maria Helena Miranda da Silva, por sempre estarem do meu lado em todos os momentos na caminhada da vida. A minha esposa, Daniela Sílvia de Oliveira Canuto, uma grande mulher, uma esposa maravilhosa, uma amiga carinhosa e uma supermãe. E as minhas filhas, Carla Canuto Marques e Alice Canuto Marques, pelo prazer de ser amado como pai, viver em nuvens de felicidade. A minha irmã Alexandra Marques da Silva Pinto e família, pelo carinho.
Dedico as minhas amadas filhas Carla Canuto Marques e Alice Canuto Marques que são a alegria do meu coração e ao admirável Alexandre Marques da Silva, por ser a luz e a força em nosso lar.
Aos meus pais, Manoel Cambuim e Carolina da Cruz Prates (in memoriam), pelo ensinamento na minha caminhada. E a minha família, Antônia Gomes Cambuim (esposa), Kelly Cristina Gomes Cambuim e Aldo Renan Gomes Cambuim (filhos). Aos amigos que me consideram muito, aos que me criticam em tudo, e aos que passam o dia comigo, mas não me aturam, afinal de contas são muitos anos de convívio.
Aos meus pais: Mario Teixeira de Moraes e Lourdes Maria Torrezan Moraes, que pela graça de DEUS, concederam-me a vida. A minha esposa Selma Maria Bozzite Moraes, esteio de minha família e quem fortalece o meu espírito. As minhas filhas: Marcela Aparecida de Moraes, Mayara Aparecida de Moraes e Mariana Aparecida de Moraes, que são a razão de minha vida. A minha irmã, Maria de Lourdes Teixeira de Moraes Polizeli, pelo incentivo na área acadêmica.
Há quem passe pelo bosque e só,
veja lenha para a fogueira
(Leon Tolstoi)
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi executado mediante a contribuição crucial da Companhia Energética do Estado de São Paulo (CESP), que cedeu as mudas para a instalação do reflorestamento ciliar em 1986, e da Fundação para o Desenvolvimento da UNESP (Fundunesp).
Nossos especiais agradecimentos a todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente da produção desta obra: Selma Maria Bozzite Moraes, Alonso Ângelo da Silva, e aos professores Paulo Yoshio Kageyama, Ananda Virginia de Aguiar, Paulo Ernani Ramalho Carvalho, Flávio Gandara, Salatier Buzetti, Marlene Cristina Alves e Enes Furlani Júnior, pelas contribuições ao trabalho, enriquecendo o desenvolvimento do conteúdo deste livro.
Agradecemos a todos os profissionais do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Socioeconomia (DFTASE), da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE), do curso de Pós-Graduação em Agronomia, aos funcionários da Biblioteca Central da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, UNESP, em especial ao João José Barbosa.
PREFÁCIO
O maior patrimônio da humanidade é o seu solo. Vive-se sem carros, sem telefonia, sem televisão e outros inventos advindos da tecnologia galopante alcançada pelo homem, vive-se até sem médicos, mas não se vive sem alimentos. A despeito da criatividade humana, perscrutando o universo, enviando sondas a Marte, e dos avanços da física quântica, somos, ainda, reféns do aumento de produtividade das culturas, fundamental para alimentar mais de 7 bilhões de pessoas ao redor do mundo, haja vista a dificuldade de expansão da área cultivada. Discutem-se novas tecnologias para aumentar a eficiência de máquinas, o melhoramento genético das plantas e animais, o manejo do solo, mas ainda há dificuldades em minimizar a contento as perdas de solo que a natureza demorou milhões de anos para formar. O reflorestamento ciliar faz parte das leis governamentais, no sentido de preservar os mananciais dando, assim, mais vida ao ecossistema. Os autores foram além, tratando do reflorestamento ciliar em dois modelos de plantio, estudando um caso particular: a margem do reservatório da hidrelétrica de Ilha Solteira. Não que seja pertinente extrapolar para outras situações, mas possibilita algumas inferências a casos que de alguma forma demonstram impactos que envolvem situações similares, principalmente no que se refere ao comportamento das espécies arbóreas estabelecidas nessas áreas ciliares, assim como na avaliação das propriedades físicas e químicas do solo, ao longo do tempo, nesse novo ecossistema. Os autores fazem comentários acerca de matas ciliares, propriedades físicas e químicas do solo sob mata ciliar, espécies utilizadas em reflorestamento, regeneração natural e o reflorestamento ciliar da hidrelétrica de Ilha Solteira. Descrevem as espécies e mostram a sua participação dentro do contexto local. Terminam o estudo concluindo que as propriedades físicas e químicas do solo sob o reflorestamento ciliar são semelhantes às propriedades do solo sem perturbação antrópica dessa região, e as espécies plantadas, nos modelos de plantio do reflorestamento ciliar, estão mantendo as propriedades físicas e químicas desse solo em boas condições, para que ocorra o estabelecimento da mata ciliar. É uma obra a que todos os profissionais da área devem ter acesso e indica que a natureza é pródiga no sentido de se restabelecer, desde que o ser humano dê as condições mínimas para a sua restauração.
Um pouco a respeito dos autores:
Alexandre Marques da Silva desenvolveu o trabalho Recuperação de uma área degradada com a utilização de diferentes espécies e variedades de pinus em Selvíria-MS
, além do trabalho em pauta: Reflorestamento ciliar à margem do reservatório da hidrelétrica de Ilha Solteira em diferentes modelos de plantio
. Academicamente tem desenvolvido pesquisas na área de conservação e recuperação ambiental.
Daniela Silvia de Oliveira Canuto estuda conservação genética ex situ e melhoramento genético de espécies nativas do Cerrado: Dipteryx alata (baru), Caryocar brasiliense (pequi), Cordia trichotoma (louro-pardo), Myracroduon urundeuva (aroeira). Participa de projetos de restauração e recuperação ambiental.
Jose Cambuim executou o projeto: "Sistema silvipastoril com Myracrodruon urundeuva fr. all como alternativa de sustentabilidade". Vem desenvolvendo trabalhos na área de pesquisa e implantação de sistemas agrosilvipastoris.
Mario Luiz Teixeira de Moraes é pesquisador da área de reflorestamento com ênfase nos projetos de restauração vegetal e ambiental. Coordena projetos de sustentabilidade com enfoque no reflorestamento, há mais de 30 anos.
Isso dá a esta publicação a devida importância que o tema suscita – como tema atual, necessário e relevante, além de ter sido conduzida por autores altamente gabaritados.
Prof. Dr. Salatier Buzetti
Professor Titular
UNESP - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira
Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos
APRESENTAÇÃO
A Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE), da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP), localiza-se à margem direita do Rio Paraná, no município de Selvíria-MS. A sua vegetação original era do tipo Cerradão
. Porém, com o desmatamento da FEPE para a introdução da agricultura, foi preservada apenas a área de Reserva Legal. Desse modo, surgiu a necessidade de implantar uma Área de Preservação Permanente (APP) à margem do lago da Hidrelétrica de Ilha Solteira. Para se atingir tal finalidade, várias tentativas foram feitas, mas só em 1986 é que o plantio dessa área logrou êxito. Esse plantio só foi possível por três motivos: i) Apoio do então Diretor da FEIS, Prof. Dr. Fernando Mesquita Lara e do Chefe de Departamento, Prof. Dr. Marco Eustáquio de Sá; ii) Apoio da Companhia Energética de São Paulo – CESP –, que forneceu as mudas, e; iii) Apoio dos funcionários da FEPE, que se dedicaram à implantação e condução dessa APP. A partir dessa instalação, essa mata ciliar recebeu várias visitas técnicas e inúmeros trabalhos científicos foram feitos, com destaque para os arranjos espaciais utilizados para a distribuição das espécies; os atributos físicos e químicos do solo; a produção de sementes; a regeneração natural das espécies arbóreas que foram implantadas e das que vieram depois, cujas sementes foram trazidas por aves e mamíferos, que passaram a ocupar a área, como um corredor ecológico, mas também por toda sorte de dispersores de sementes. Dessa forma, a publicação dessa obra, no ano em que essa mata ciliar completa 30 anos, passa a ter um valor imensurável para que as futuras gerações possam compreender, a partir de dados reais, e não fictícios, a importância que tem a preservação da biodiversidade ao longo dos cursos d’água na vida de todos nós. Torna-se, portanto, uma leitura obrigatória àqueles que amam a natureza, mas sentem a necessidade de compreendê-la melhor, por meio de uma descrição confiável e reproduzível.
Os Autores
Sumário
1 INTRODUÇÃO
2 MATAS CILIARES
3 PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO SOB MATA CILIAR
4 ESPÉCIES UTILIZADAS EM REFLORESTAMENTO
5 REGENERAÇÃO NATURAL
6 O REFLORESTAMENTO CILIAR DA UNESP DE ILHA SOLTEIRA
6.1 Caracteres silviculturais
6.1.1 Modelo I
6.1.2 Modelo II
6.2 O solo sob o reflorestamento ciliar
6.2.1 Propriedades físicas do solo
6.2.1.1 Modelo I
6.2.1.2 Modelo II
6.2.2 Propriedades químicas do solo
6.2.2.1 Modelo I
6.2.2.2 Modelo II
6.3 Regeneração natural
6.3.1 Modelo I
6.3.2 Modelo II
7 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
1
INTRODUÇÃO
Na história da humanidade, a exploração excessiva dos recursos naturais, com a substituição gradativa da vegetação original por áreas de cultivos ou pastagens, acabou por criar enormes desertos, tornando o solo mais pobre e incapaz de suprir as necessidades de seus habitantes. O problema agrava-se em muitas regiões onde ocorrem instabilidade climática – principalmente secas prolongadas – e crescimento acelerado da população.
Entre as principais consequências do desmatamento, podem-se citar: o esgotamento dos estoques de madeiras, a destruição acelerada do solo, a desertificação gradativa, com consequente diminuição da produtividade, ocorrência de inundações e aumento do efeito estufa. Sabe-se que a floresta é uma associação de organismos que vivem em equilíbrio, altamente vulnerável às ameaças internas e externas. Qualquer dano pode quebrar a integridade desse ciclo harmônico e provocar uma destruição em cadeia.
Atividades como a exploração madeireira, a agropecuária, a expansão urbana, as queimadas e o manejo inadequado do solo, mineração e até o turismo e lazer, sem critérios apropriados, podem prejudicar a floresta. Com a construção de usinas hidrelétricas há o represamento das águas e o avanço destas sobre o ambiente ripário que contribui para a perda da floresta ali existente.
O Cerrado stricto sensu é o bioma que vêm sofrendo as maiores taxas de desmatamento devido ao rápido processo de expansão de fronteiras agrícolas do país, atraindo grande parte da agroindústria nacional para essas áreas. Entre as formações vegetais do cerrado, o ambiente fluvial ou ripário, caracteriza-se por associar-se aos cursos d’água com elevada riqueza, diversidade genética e pelo seu papel na proteção dos recursos hídricos, edáficos, fauna silvestre e aquática.
Nesse contexto torna-se necessário desenvolver modelos alternativos de manejo, que venham a contribuir para diminuir o processo de degradação das matas ciliares, como recompor a vegetação natural e preservar a biodiversidade, fornecendo alimento e abrigo à fauna local, restabelecer a proteção do curso d’água e evitar a erosão.
No fim da década de 80 a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) em convênio com a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
/ Universidade de São Paulo) através do IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais) desenvolveram pesquisas em modelos de restauração, a serem aplicados no entorno dos reservatórios hidrelétricos da CESP, o que permitiu o avanço dos modelos de plantios de espécies nativas, usando-se a sucessão secundária como fundamento básico, e consequentemente as espécies pioneiras como intrínsecas aos modelos.
Não há resultados de pesquisa de longo prazo sobre plantio de restauração no Brasil, mas tais estudos permitem avaliar se, após vários anos, os processos naturais de regeneração da floresta conduziram a algo muito próximo da vegetação original.
Diante desta situação o presente trabalho teve como objetivos principais: a) estudar o comportamento silvicultural de várias espécies arbóreas estabelecidas em áreas ciliares à margem do reservatório da Hidrelétrica de Ilha Solteira; b) avaliar as propriedades físicas e químicas do solo deste reflorestamento ciliar.
2
MATAS CILIARES
A expressão florestas ciliares envolve todos os tipos de vegetação arbórea vinculada a margens de rios.