Punição e liberdade no Brasil
De Paula Bajer
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Sobre este e-book
Esta reedição atualizada e revista traz análises de casos recentes no Brasil: Mensalão e Lava Jato. Discute também a influência da mídia e da tecnologia na esfera jurídica.
Um livro escrito por especialista na área, mas pensando em fornecer as ferramentas básicas para que o cidadão comum consiga entender o que está em jogo nos grandes e também nos pequenos processos penais com as quais pode se defrontar no dia a dia.
Nunca a Justiça esteve tão presente no cotidiano dos brasileiros. É hora de tomar nas próprias mãos o entendimento desse emaranhado de narrativas que muitas vezes desconcerta a todos, mas pode ser mais simples do que parece.
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Punição e liberdade no Brasil - Paula Bajer
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O que é processo penal
A história do processo criminal é a história do poder. Embora entrelaçada com a história do governo, trata o processo de poder mais primitivo: o de punir. Não existe poder mais incisivo que o de tirar a liberdade de uma pessoa — ou a vida, em algumas culturas e países.
O direito processual penal é diferente do direito penal. O último preocupa-se em definir e explicar os atos proibidos (crimes) aos quais a lei atribui pena criminal. Já o direito processual penal regulamenta o modo como é investigado o crime, como é demonstrada a verdade sobre o fato e a responsabilidade criminal, e ainda de que forma a decisão judicial deve resolver conflitos entre o interesse de punir e o interesse de liberdade que nasce com o crime. E importante: a prisão de qualquer pessoa encontra suas regras e seus fundamentos no direito processual penal. É esse ramo do direito que diz quando, por que e de que forma uma pessoa pode ser presa.
Quando se fala em processo penal, ou processo criminal, pode-se com isso designar duas coisas. Uma delas é a já explicada: processo penal é o ramo do direito que estuda as regras para que a decisão que define conflito de interesses penal possa ser emitida de forma válida. Outro significado jurídico para a palavra processo é concreto: processo é o conjunto dos atos praticados em direção à decisão. Processo é ir para diante, seguir. É o conjunto de atos escritos, ou gravados e filmados, formado com os documentos produzidos durante a pesquisa da verdade.
Anteriormente, o processo era escrito em papel, primeiro à mão, depois datilografado, e, por último, impresso. Hoje, existe no Brasil, o processo eletrônico. A lei que regulamenta o processo eletrônico é a Lei nº 11.419/06.
Tem havido esforço do Conselho Nacional de Justiça, instituição de controle externo do Poder Judiciário criada em 2004, para que todos os processos, em futuro próximo, tramitem em ambiente virtual, eletronicamente.
O caderno, ou o arquivo em ambiente virtual oficial, formado com os documentos produzidos durante a pesquisa da verdade criminal, chama-se processo. A mera brochura, o mero juntar de folhas, a pasta, o dossiê, não constituem um processo. Só é processo o conjunto de atos praticados para que o juiz possa emitir a decisão, segundo ordem certa e determinada pela lei.
Há quem chame o caderno, ou a brochura, ou os diversos volumes, conforme o caso, de autos. Mas a palavra processo é mais adequada, pois apreende a técnica para designar, também, o instrumento por meio do qual o juiz vai conhecer a verdade e decidir se alguém é culpado ou inocente.
Persecução penal é o nome técnico da investigação do crime e do processo iniciado com a acusação e concluído com a sentença da qual não se pode mais recorrer. A persecução penal compreende todos os atos praticados entre a notícia do crime e a sentença da qual não cabe recurso. Investigação é o conjunto de atos para a descoberta da verdade sobre o crime e a autoria. A investigação pode acontecer no inquérito policial ou em instrumento do Ministério Público. Processo é o caminho entre a acusação e a sentença, onde também se procura a verdade, mas com participação da pessoa acusada, em contraditório. A persecução penal pode acontecer em papel ou em meio eletrônico, e pode ser chamada, também, de causa.
O processamento eletrônico das causas jurídicas economiza tempo, espaço e, principalmente, impede a devastação do meio ambiente. As partes têm possibilidade imediata de examinar o processo, consultando-o online. Essa rapidez no registro e publicação dos atos modifica completamente o convencimento e a narrativa. O desafio é alcançar a verdade a partir do exame de todas informações e não só daquelas que, virtualmente, chamem mais a atenção. Com a internet e o desenvolvimento tecnológico, passamos a ler, pensar e agir de maneira mais fragmentada. O novo modo de raciocinar pode interferir no exame das provas e alegações.
Há um modo linear de argumentar que acabará se transformando no ambiente virtual e todo cuidado para evitar a desumanização do processo é pouco. Muitas vezes as audiências são gravadas. Muitos atos processuais são realizados por meio de videoconferências em que o juiz está longe do acusado e de seu