Kalahari: Uma aventura no deserto africano
By Rogério Andrade Barbosa and Lais Dias
4/5
()
About this ebook
Nesse cenário, é abordado o fim do apartheid na África do Sul, presta-se tributo a Nelson Mandela e são apresentadas muitas informações sobre os povos nativos e contra a exploração irracional dos recursos naturais. Sobrepaira a tudo o despertar do interesse do garoto Eduardo pelas meninas.
Tudo isso num quadro de ação quase cinematográfico.
Read more from Rogério Andrade Barbosa
Dima, o passarinho que criou o mundo: Mitos, contos e lendas dos países de língua portuguesa Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsKakopi, Kakopi: Brincando e jogando com as crianças de vinte países africanos Rating: 5 out of 5 stars5/5O amigo de Darwin: Um jovem desenhista em Galápagos Rating: 4 out of 5 stars4/5O mensageiro alado Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDanite e o leão: Um conto das montanhas da Etiópia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsInternautas: Os chips reinventando o nosso dia a dia Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related to Kalahari
Related ebooks
CONTOS DE MÃE ÁFRICA Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO sinal do pajé Rating: 5 out of 5 stars5/5Macumba Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNo domínio de Suã Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm quilombo no leblon Rating: 1 out of 5 stars1/5No coração da Amazônia Rating: 5 out of 5 stars5/5O Saci Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO preto que falava iídiche Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAgora serve o coração Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO pescador de histórias Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPavilhão 9 Paixão e morte no Carandiru Rating: 5 out of 5 stars5/5Os Meninos Maluquinhos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO espírito zombeteiro Rating: 5 out of 5 stars5/5Anne Frank no esconderijo - Quem era Quem? Rating: 2 out of 5 stars2/5Lampião na trilha do cangaço Rating: 5 out of 5 stars5/52018 – Crônicas de um ano atípico Rating: 5 out of 5 stars5/5O livreiro do alemão Rating: 5 out of 5 stars5/5Elvis Sold Out Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO mundo no black power de Tayó Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHistórias assustadoras para contar no escuro Rating: 2 out of 5 stars2/5Troca de mensagens entre Sherlock e Watson: E outras conversas dos nossos personagens favoritos da literatura Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsBruxa: Um feriado assombroso na floresta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHá prendisajens com o xão: O segredo húmido da lesma & outras descoisas Rating: 5 out of 5 stars5/5Eu, travesti: Memórias de Luísa Marilac Rating: 5 out of 5 stars5/5Coisas nossas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLendas e causos da Amazônia Rating: 5 out of 5 stars5/5O aniversário do João Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Sopro da Brenha Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHistórias de Tia Nastácia Rating: 5 out of 5 stars5/5Clara dos Anjos Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Children's Social Themes For You
Uma menina chamada Julieta Rating: 5 out of 5 stars5/5O meu pé de laranja lima Rating: 5 out of 5 stars5/5Uma Grande Amizade Rating: 5 out of 5 stars5/5Ensine a criança a pensar: e pratique ações positivas com ela! Rating: 5 out of 5 stars5/5Não me toca, seu boboca! Rating: 5 out of 5 stars5/5Você é especial! Rating: 5 out of 5 stars5/5A Pequena Lagarta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO menino marrom Rating: 5 out of 5 stars5/5A cor do amor Rating: 5 out of 5 stars5/5A menina que não escutava: E outras histórias Rating: 1 out of 5 stars1/5Crianças e Lagartixas Rating: 5 out of 5 stars5/5Projeto de vida: Uma visão ampliada Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMeu Furacão É Você Rating: 5 out of 5 stars5/5Construindo uma vida: Virtudes para crianças Rating: 5 out of 5 stars5/5O livro da gentileza Rating: 5 out of 5 stars5/5O Menino da Lua Rating: 3 out of 5 stars3/5As Valentinas Rating: 4 out of 5 stars4/5Menina Nina: Duas razões para não chorar - Edição de aniversário de 20 anos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsE se eu sentir... ansiedade Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm garoto chamado Rorbeto Rating: 5 out of 5 stars5/5E se eu sentir... saudade Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsConfissões de uma garota desastrada Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO menino transparente Rating: 5 out of 5 stars5/5Crônicas de Avonlea Rating: 5 out of 5 stars5/5O pequeno canário Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA caixinha mágica Rating: 5 out of 5 stars5/5Depressão: Quando A Tristeza Se Torna Patológica Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNinguém é igual a ninguém Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAs dezvantagens de morrer depois de você Rating: 4 out of 5 stars4/5A ovelha rosa da dona Rosa Rating: 5 out of 5 stars5/5
Reviews for Kalahari
1 rating0 reviews
Book preview
Kalahari - Rogério Andrade Barbosa
ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA
KALAHARI
uma aventura no deserto africano
Ilustrações
Lais Dias
Não existe coisa mais bonita no mundo do que um amigo chamando por outro
(provérbio do povo bosquímano)
A Nelson Mandela
NOTA DO AUTOR
Ao retornar do Congresso International Board on Books for Young People (IBBY), na Cidade do Cabo, África do Sul, em 2005, resolvi reescrever um texto publicado pela primeira vez em 1992, sob o título A morte ronda o Kalahari.
Durante a viagem pude observar aspectos da complexa sociedade sul-africana e as transformações políticas e sociais ocorridas no país desde a abolição das leis do apartheid.
Na atual versão, revista e ampliada, outros personagens se integram à trama, possibilitando desdobramentos da história em novos capítulos.
Em Kalahari – uma aventura no deserto africano, além de apresentar aos jovens leitores aspectos da cultura dos bosquímanos, que vagueiam há incontáveis anos pela vastidão do Kalahari, presto uma homenagem a Nelson Mandela, símbolo maior da luta pelos direitos civis e pelo fim do regime de segregação racial na África do Sul.
SUMÁRIO
Primeira parte
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
Segunda parte
XXVII
XXVIII
XXIX
XXX
XXXI
XXXII
XXXIII
XXXIV
XXXV
XXXVI
XXXVII
XXXVIII
XXXIX
XL
XLI
XLII
XLIII
XLIV
Biografia do autor
Créditos
PRIMEIRA PARTE
I
Desliguei o computador ao perceber, como havia previsto, que os ânimos estavam exaltados por causa da primeira viagem que eu faria ao exterior.
Do meu quarto dava para escutar a discussão acalorada na sala de nosso apartamento, localizado numa das esquinas mais barulhentas de Copacabana. Pela porta entreaberta acompanhava o desenrolar da conversa, torcendo para que tudo terminasse bem.
– O quê, Eduardo? Vocês vão para a África do Sul? – esbravejou tia Olga, irmã mais velha de minha mãe, que morava conosco desde a separação de meus pais. Uma mulher politizada e militante feminista das mais ferrenhas.
– Vamos – respondeu papai calmamente. – Mas só de passagem.
– Por que levar meu sobrinho para um país com um passado tão racista? – bradou a tia. – Se esqueceram de que somos descendentes de negros? – questionou, apontando para o retrato da minha avó materna. – Na África do Sul eles ainda não resolveram todas as questões raciais. E determinados lugares têm uma infinidade de problemas...
– Apoiada! – disse minha mãe, entrando na conversa. – Já basta o perigo que você passou no Iraque. Quase nos mata do coração com aquela história de cobrir os tumultos provocados por causa das caricaturas de Maomé – finalizou em tom dramático, levando a mão ao peito, como as atrizes de novela.
Mamãe respirou fundo e disparou:
– Esses árabes não sabem o que é liberdade de imprensa!
– Discordo – disse titia. – Ninguém tem o direito de desrespeitar os costumes e a religião dos outros.
– Ah, é? Então vai morar lá. Logo vão lhe colocar uma burka e você vai ver o mundo atrás de uma tela quadriculada – rebateu mamãe, deixando a sala para fazer café.
– Nem todos os países islâmicos adotam véus – argumentou papai, tentando aliviar o clima.
Ele vai suar um bocado para que eu possa acompanhá-lo
, pensei. Minha mãe e minha tia me criavam desde pequeno e, já viu, se achavam donas de meu destino. Por isso, embora gostasse muito delas, não via a hora de conseguir um emprego e morar sozinho. Mas, como tenho quinze anos, ainda falta um bom tempo para dar meu grito de independência.
– Parece que vocês duas que pararam no tempo – retrucou papai, retomando o assunto da África do Sul. – As leis de discriminação racial foram oficialmente anuladas há vários anos. Lembram como vibrei com a libertação de Nelson Mandela, após o grande líder passar vinte e sete anos na prisão? E da cobertura que eu fiz durante a visita dele ao Brasil em 1991? – foi enumerando papai. – E mais ainda, em 1993, quando o fotografei recebendo o Prêmio Nobel da Paz? A festa que presenciei em 1994 no dia em que Mandela foi eleito presidente da República, na primeira eleição multirracial realizada no país?
– Sem falar que o país será a sede da Copa do Mundo de Futebol de 2010 – lembrei.
– Não é o bastante – implicou titia. – Não me conformo que, na África do Sul, os negros, os verdadeiros donos da terra, não tivessem liberdade, não pudessem votar, não entrassem em lugares frequentados por brancos... As leis do apartheid eram uma afronta ao ser humano! Um horror! – criticou. – E tem outra coisa: aqui no Brasil, vocês, que são mestiços como eu, são considerados, hipocritamente, brancos. Lá serão tratados como negros.
Mamãe, que detestava bate-boca, parecia um tanto perdida no meio do tiroteio verbal.
– Como é mesmo que funcionava o apartheid ? – perguntou, dando uma de desentendida.
– Era o que as autoridades sul-africanas chamavam de desenvolvimento separado
– ensinou o meu pai, num tom bem calmo. – Quer dizer, brancos de um lado, negros do outro, mas envolvia muitas outras questões...
O debate parecia não ter fim. Minha tia, quando cismava com algum assunto, era dura de roer. Mamãe, nem tanto, mas fingia dar força para que eu não fosse com meu pai. No fundo, era tudo pura encenação. Conheço bem minha mãe. Como ela estava de namorado novo, seria mais fácil aceitar a minha ausência durante algumas semanas. Só que ela não gostava de dar o braço a torcer.
No entanto, papai não era de desistir facilmente. Foi então que deu a cartada definitiva:
– Na verdade, não vamos para a África do Sul, e sim para Botsuana, país vizinho do território sul-africano.
– É a mesma coisa! – replicou mamãe, que já havia retornado da cozinha trazendo uma bandeja com xícaras de café.
– Não é – rebateu papai. – E, além do mais, vai ser uma viagem sem risco nenhum. Fui contratado por uma televisão europeia para fazer um documentário sobre pinturas rupestres na região do Deserto do Kalahari.
– Pinturas? – perguntou mamãe, abrandando a voz.
– Sim. São fantásticas. Vou precisar da ajuda do Duda. Prometi ensinar-lhe os segredos da minha profissão. O nosso filho terminou o ensino fundamental com boas notas e esta é uma ótima oportunidade de ele praticar o inglês ao meu lado.
– Quem manda você levar essa vida de cigano, viajando mundo afora, para lugares que ninguém nunca ouviu falar? – reclamou mamãe. – E agora quer carregar o Duda para Bot...
– Botsuana – completou titia, abrindo uma enciclopédia. – Vão ver de perto as famosas e misteriosas pinturas gravadas nas rochas há milhares de anos...
Pronto, quando a tia Olga começava a