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Sete universos nada paralelos: Contos de ficção científica
Sete universos nada paralelos: Contos de ficção científica
Sete universos nada paralelos: Contos de ficção científica
Ebook186 pages1 hour

Sete universos nada paralelos: Contos de ficção científica

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About this ebook

Você teria coragem de chegar bem perto de um buraco negro?
E o que aconteceria se alguém alterasse alguma lei física em laboratório?
E se alguém pudesse esticar o tempo?
Será que algum dia o teletransporte substituirá os meios de locomoção atuais?
Questões desse tipo nos incitam a construir hipóteses fantásticas, criar soluções tão extraordinárias quanto inatingíveis, uma vez que os conhecimentos científicos e tecnológicos de nossos dias ainda não nos permitem transformá-las em realidade. Assim, com criatividade, podemos imaginar cenários em que todos os elementos - a sociedade, a tecnologia e até as leis físicas - estariam numa combinação adequada para a exploração de tais questões.
É a isso que se propõe esse livro: explorar essas e outras questões ao longo de sete divertidos contos, cada um com seu contexto, em seu próprio universo. A tentativa de tornar as cenas cientificamente plausíveis confere maior realismo a essa exploração, entremeada por crítica, provocação e paisagens brasileiras, favorecendo nossa identificação com a Gabriela, o Laércio, o Evandro...
Enfim, com as histórias desse jovem autor e as ilustrações de Fabiana Fernandes, a diversão é garantida! - Papirus Editora
LanguagePortuguês
Release dateDec 21, 2016
ISBN9788544902264
Sete universos nada paralelos: Contos de ficção científica

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    Sete universos nada paralelos - Sony Fermino dos Santos

    Divirtam-se!

    MINUTOS A PREÇO DE

    Anos

    Desde criança, Gabriela pensava em ser veloz. Aos nove anos, ela queria ser a mais rápida da turma na escola. Fazia as lições de casa o mais depressa que podia, para que depois pudesse ter mais tempo livre para brincar. Na maioria das vezes, ela terminava as lições de casa ainda na escola.

    Gabriela costumava resolver suas provas em menos de dez minutos. No tempo restante ela se divertia escrevendo romances ou programas para computador.

    Certa vez, aos onze anos, tentando caçar em vão uma pulga, teve uma ideia. Se ela pudesse diminuir a velocidade do tempo, poderia ver a pulga pulando como em câmera lenta, e poderia caçá-la com facilidade. Mais que isso: poderia ser mais rápida na escola, vencer corridas de atletismo, vencer provas de Fórmula 1 (a pé) etc. Pensou até em parar o tempo e assim ler todos os livros da biblioteca sem que ninguém percebesse. Porém, Gabriela sabia que era teoricamente impossível diminuir o fluxo do tempo em todo o Universo, quanto mais pará-lo.

    Alguns dias depois, ao ler um livro chamado O XYZ da relatividade, a engenhosa menina percebeu que poderia ter a sensação de um Universo mais lento se aumentasse a velocidade de seu pensamento. E faria isso acelerando as reações químicas de seus neurônios, e também as do resto do corpo, para manter alguma harmonia entre as funções do organismo.

    Com 13 anos, terminou de ler alguns dos livros que são normalmente usados nos cursos superiores de neurologia e bioquímica. No laboratório de sua casa, preparou um composto orgânico que teria a função de um biocatalisador. Com isso, ela seria então a pessoa mais rápida de todas.

    Sabia que o efeito da substância começaria após sua ingestão e duraria duas horas (para um ser humano comum), quando então todo o seu conteúdo seria expelido pela excreção.

    Quando o relógio de parede marcou exatamente meio-dia, Gabriela ingeriu o biocatalisador. O sabor era horrível, mas ela não se importou porque estava muito distraída com livros de astronomia. Pouco depois, olhou para o relógio: 12:08.

    Um arrepio de ansiedade percorreu-lhe o corpo.

    Os sons ao redor começaram a ficar graves. Imediatamente, Gabriela se deu conta de que a droga estava iniciando seu efeito; então ela calçou luvas e foi ao encontro de seu hamster à procura de pulgas. Porém, enquanto caminhava, sentiu uma pequena dificuldade para se mover. O ar não parecia tão fluido.

    Todo o Universo parecia mais lento. Todas as frequências diminuíam. Os sons ficavam graves; as cores se alteravam. O ultravioleta ficou azul. O azul ficou amarelo, o amarelo ficou vermelho, e o que era vermelho escureceu. A própria luz parecia mais lenta.

    Os ruídos à sua volta modificaram-se completamente.

    O ar parecia líquido; a água parecia sólida. A menina começou a sentir falta de ar.

    Olhou para o relógio. Haviam-se passado dez minutos desde a ingestão do biocatalisador, embora ela tivesse a sensação de que 15 minutos tivessem decorrido. O relógio trabalhava muito lentamente.

    A energia de todo o Universo parecia cada vez menor. A temperatura havia caído muito, e ainda continuava a cair.

    As radiações, outrora de alta frequência, pareciam agora luzes normais. Os raios X tornaram-se visíveis, e a menina passou a enxergar através das paredes. Podia ver as sombras dos ossos de pessoas que moravam do outro lado da rua.

    A paisagem estava irreconhecível. As cores estavam completamente desfiguradas.

    Gabriela estava admirada diante de uma beleza jamais imaginada pelo ser humano. Ao mesmo tempo, sentia-se perdida num novo Universo.

    Mas a falta de ar estava sufocante. Ela sentiu tontura e caiu.

    Quando acordou, sentiu-se muito estranha. Tudo havia voltado ao normal. O relógio marcava 14:05. Era ainda o mesmo dia em que ingerira o seu composto. Ela estava caída no chão do laboratório, com dores nas juntas, como se elas estivessem enrijecidas por falta de uso. Com muita dificuldade, levantou-se e olhou ao redor.

    – OH, NÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!! – gritou, apavorada, ao encontrar o espelho do laboratório.

    O biocatalisador havia funcionado bem demais.

    As reações químicas foram muito rápidas.

    A pessoa no espelho aparentava 50 anos.

    VISÃO

    Gravitacional

    – Após muito tempo enviando sinais sem resposta, finalmente chegamos ao planeta desta estranha civilização – disse o comandante da nave ao supervisor técnico. – É estranho como eles ainda não desenvolveram tecnologia de telecomunicação. Mesmo aqui, voando na atmosfera do planeta, não conseguimos captar nenhuma mensagem que eles poderiam estar transmitindo entre si.

    – É realmente estranho. Todas as civilizações de que temos conhecimento desenvolveram seus sistemas de comunicação logo no princípio; é uma necessidade que surge naturalmente.

    – E, pelo que podemos notar aqui, eles estão numa fase bem desenvolvida. Isso é realmente paradoxal! De qualquer forma, não podemos deixar de enviar sinais.

    – Doutor, aconteceu alguma coisa.

    O doutor em física gravitacional virou-se para o aluno de mestrado, que prosseguiu:

    – Nosso sensor de gravidade está registrando um objeto de massa variável a 32,5 graus de latitude.

    – O quê?! – O doutor olhou espantado para o computador. – Isto é impossível! Não existem objetos de massa oscilante. O sensor deve estar errado. Ou ele ou o programa que você fez para interpretar os dados do sensor.

    Não é possível!, pensou o aluno. É grande parte de minha dissertação de mestrado; não pode haver erros.

    – Comandante, nosso detector de ondas eletromagnéticas está captando intensos sinais emanados de todo o planeta. Acho melhor não nos arriscarmos.

    – Isso é intrigante. Como os seres deste planeta conseguem sobreviver com tanta radiação eletromagnética?

    – Talvez eles sejam imunes...

    – Puxa! Que estranho!...

    Enquanto o aluno revisava seu programa de computador, seu professor investigava visualmente a estranha fonte de gravitação oscilante, no telescópio acoplado ao sensor.

    – Uma estrela muito grande, de pouco brilho, na constelação de Touro. Se fosse um pulsar talvez tivesse alguma influência sobre o sensor – raciocinava o doutor.

    O aluno se aproximou.

    – Refiz os testes simulados e tenho certeza de que o programa está correto. O sensor também está em bom estado, o que indica que o astro para o qual o sensor aponta tem mesmo essa intrigante propriedade. A massa desse objeto é variável. Creio que fizemos uma pequena descoberta, professor.

    De repente, o estranho astro moveu-se no céu a uma velocidade espantosa e saiu da mira do sensor. O aparelho parou de registrar suas ondas gravitacionais.

    – Encontramos uma antena parabólica! – disse o comandante, excitado. – Eles têm, com certeza, sistemas de telecomunicação. Provavelmente transmitem numa frequência que ainda não testamos. Tente todas as frequências, enquanto eu aponto a antena da nave para a antena que está na parte superior dessa pequena construção.

    O supervisor técnico tentou todas as faixas de frequência, variando-as continuamente. Não recebeu nenhum sinal.

    – Comandante, ou eles não transmitem nas faixas suportadas pelo nosso equipamento ou essa antena não está transmitindo neste momento.

    – Bolas, vamos ter que procurar outra antena parabólica.

    – Existem várias delas no alto daquela torre. Talvez algumas delas estejam transmitindo algo.

    – Vamos verificar.

    – O sistema rastreador achou o óvni perto da torre de transmissão de TV – disse o técnico do Sistema Nacional de Rastreamento Aeroespacial. – Talvez eles estejam querendo se comunicar conosco. Aponte a antena parabólica para lá e tente interceptar algum sinal.

    O técnico, o físico e o aluno estavam agora em um furgão, juntamente com vários equipamentos, à procura do óvni. O doutor preparava a antena enquanto o mestrando analisava os dados recebidos pelo sensor de ondas gravitacionais.

    – Aquela nave deve estar com algum problema muito sério. Sua gravidade oscila cerca de 22 mil vezes por segundo!

    O comandante observou:

    – O nível de radiação eletromagnética aumentou quando nos aproximamos desta torre. O metal com que ela é feita deve ser radioativo. Devemos nos afastar.

    – Bom, iremos encontrar outra antena por aí, comandante. Veja, há uma antena apontada para nós em um daqueles veículos massivos, lá embaixo! Vamos transmitir alguma coisa. Talvez eles estejam intimidados.

    – Lá vai nossa mensagem. Vamos transmitir com bastante potência para que possam recebê-la, caso seus equipamentos primitivos sejam pouco sensíveis.

    – Doutor, o problema daquela nave aumentou violentamente! Seus ocupantes não podem resistir a variações tão fortes de gravidade!

    – É incrível! – respondeu o professor. – Nossos aparelhos não detectam nenhuma variação na sua forma! Como isso pode ser?

    – Mas professor – veio o aluno –, não seria possível que sua massa variasse sem que sua forma variasse?

    – Não sei; parece improvável... – o professor pôs a mão no queixo e ficou pensando, olhando para o objeto.

    – Bom, acho que eles captaram – disse o comandante. – Vamos agora ficar na escuta; eles podem querer enviar alguma resposta.

    – Sugiro que antes enviemos sinais em outra frequência, comandante, talvez numa frequência mais baixa. Seus equipamentos podem não estar suficientemente desenvolvidos para captar a frequência que tentamos.

    – Vamos então reduzir a frequência à metade, e depois ficaremos na escuta.

    – Professor, o sensor passou a captar ondas gravitacionais de 11 KHz.

    O técnico, já cansado, desistiu:

    – Já procurei em todas as frequências. Eles não estão transmitindo nenhum sinal, nenhuma

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