História da Bíblia no Brasil
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E, durante o século XX, graças à liberdade religiosa, à fundação da Sociedade Bíblica do Brasil em 1948 e ao crescimento da população evangélica, foram distribuídos no Brasil mais de 60 milhões de Bíblias e Testamentos, tornando o país um dos líderes mundiais na distribuição das Escrituras Sagradas. Este livro conta em detalhes como isso aconteceu.
Extras
>> Cronologia da Bíblia no Brasil
>> Cronologia das traduções da Bíblia em português
>> Diretorias da SBB 1948-2006
>> Mensagens dos oradores na cerimônia de fundação da SBB
>> Galeria de fotos
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Reviews for História da Bíblia no Brasil
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- Rating: 5 out of 5 stars5/5Eu amo a bíblia e isso me ajuda a intender o que Deus tem feito por mim conhecer a história como chegou no Brasil e muito bom graças a Deus
Book preview
História da Bíblia no Brasil - Luiz Antonio Giraldi
Luiz Antonio Giraldi
História da
Bíblia
no BRASIL
Imagem de uma caravela2ª edição
Sociedade Bíblica do Brasil
Missão da Sociedade Bíblica do Brasil:
Promover a difusão da Bíblia e sua mensagem como instrumento de transformação espiritual, de fortalecimento dos valores éticos e morais e de incentivo ao desenvolvimento humano, nos aspectos espiritual, educacional, cultural e social, em âmbito nacional.
G433h
Giraldi, Luiz Antonio
História da Bíblia no Brasil / Luiz Antonio Giraldi. Barueri, SP : Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
ISBN:
978-85-311-1341-3 (formato ePub)
978-85-311-1473-1 (formato Mobi)
Contém índices, cronologias, bibliografia e galeria de fotos.
1. Bíblia Sagrada 2. História da Bíblia 3. A Bíblia no Brasil
I. Título
220.81
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do seu autor e não reflete, necessariamente, a posição da Sociedade Bíblica do Brasil, que publica a presente edição no intuito de servir o Senhor Jesus Cristo e ajudar o leitor a conhecer a história do Livro Sagrado no Brasil.
História da Bíblia no Brasil
© 2008 Sociedade Bíblica do Brasil
Av. Ceci, 706 – Tamboré
Barueri, SP – CEP 06460-120
Cx. Postal 330 – CEP 06453-970
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Todos os direitos reservados
Projeto gráfico, revisão e edição:
Sociedade Bíblica do Brasil
Sumário
Imagem de uma caravelaInício
Folha de rosto
Colofão
Prefácio
Introdução
I. Como a Bíblia chegou ao Brasil 54-1808
1. O livro dos milagres
2. A Bíblia no início da era cristã
3. A Bíblia antes da Reforma
4. O martírio de um tradutor da Bíblia
5. A Bíblia depois da Reforma
6. As primeiras Bíblias no Brasil
7. A tradução protestante de Almeida
8. A tradução católica de Figueiredo
9. Só aceito se for uma Bíblia católica
10. A fundação da primeira Sociedade Bíblica
11. O escravo que se tornou Bispo
II. A Bíblia no Brasil Império 1808-1889
1. A Igreja e o Estado no Brasil Império
2. D. João VI abre os portos do Brasil
3. As Sociedades Bíblicas enviam as primeiras Bíblias
4. Os protestantes chegam ao Brasil
5. O primeiro representante da SBA no Brasil
6. Os primeiros agentes da SBA no Brasil
7. A primeira Igreja Evangélica no Brasil
8. A SBA consolida seu trabalho no Brasil
9. Os agentes da SBBE
10. Como a Bíblia chegou a Guarapuava
III. D. Pedro II e a Bíblia 1840-1889
1. O grande monarca brasileiro
2. Seu amor pelo Brasil e pela Bíblia
3. Sua amizade com o agente da Sociedade Bíblica Americana
4. Seus conflitos com a Igreja
5. A libertação do colportor
6. Sua visita aos Estados Unidos
7. Seu apoio aos evangélicos e às Sociedades Bíblicas
IV. A Bíblia no Brasil República 1889-1948
1. O Brasil República
2. A Encíclica do Papa Leão XIII
3. A Versão Revista e Corrigida de Almeida
4. A Tradução Brasileira da Bíblia
5. A primeira Bíblia do Presidente
6. O Movimento Pentecostal
7. Telford, o grande Agente da SBBE
8. A tradução católica de Matos Soares
9. Os Novos Testamentos enviados pelo Correio
V. Tucker, meio século no Brasil 1886-1934
1. Tucker, no início do Brasil República
2. O livro do escravo
3. Os imigrantes italianos recebem a Bíblia
4. A SBA e SBBE definem suas áreas de trabalho
5. As dificuldades durante a 1ª Guerra Mundial
6. O Rev. Tucker recebe a Ordem do Cruzeiro do Sul
7. A SBA constrói o primeiro Edifício da Bíblia
8. Ministério longo e abençoado
9. O Evangelho enlameado
VI. As Sociedades Bíblicas se unificam no Brasil 1934-1948
1. O Rev. Turner enfrenta tempos difíceis
2. As Sociedades Bíblicas e a 2ª Guerra Mundial
3. Os batistas publicam a Bíblia
4. A unificação das Sociedades Bíblicas no Brasil
5. A Encíclica do Papa Pio XII sobre a Bíblia
6. A SBA constrói o segundo Edifício da Bíblia
7. Um punhal por uma Bíblia
VII. A fundação da Sociedade Bíblica do Brasil 1948
1. Circunstâncias favoráveis
2. A eleição da Diretoria
3. A eleição do primeiro Presidente
4. A cerimônia de fundação
5. A palavra do Secretário Executivo da SBA
6. A palavra do Secretário Executivo das SBUs
7. A palavra do Secretário Executivo da SBBE
8. A palavra do Secretário Executivo da SBB
9. A palavra dos representantes das Igrejas
10. A palavra do Presidente da SBB
11. O termo de inauguração
12. O Evangelho varrido
VIII. O renascimento da colportagem 1948 e 1960
1. O Brasil nos anos 50
2. O selo comemorativo do Dia da Bíblia
3. Liberada a importação de Bíblias
4. As primeiras Bíblias impressas pela SBB no Brasil
5. A contribuição do Rev. Lewis M. Bratcher Jr.
6. O Concílio Mundial das SBUs no Brasil
7. O Rev. Benjamim Moraes é eleito Presidente
8. Os colportores profissionais
9. Tudo começou com a visita do colportor
10. Os colportores das Igrejas
11. O Instituto Francisco Penzotti
12. As campanhas de colportagem
13. As novas Secretarias Regionais
14. O salto na distribuição de Bíblias
15. José Araújo, o colportor cego
IX. A versão Revista e Atualizada da tradução de Almeida 1943-1959
1. Como a revisão começou
2. A organização da Comissão
3. Os redatores da Comissão
4. A Bíblia do Rev. Gonçalves
5. Os membros da Comissão de Tradução
6. O final da revisão
7. O lançamento da nova Versão
8. Analfabeta, porém leitora da Bíblia
X. Nasce o projeto Luz na Amazônia 1961-1970
1. Período de grandes mudanças
2. Brasileira vence o Concurso Bíblico Internacional
3. Sociedades Bíblicas Unidas retiram seus Secretários
4. A chuva de Evangelhos
5. A necessidade de um barco da Bíblia
6. A doação da Sociedade Bíblica da Escócia
7. A inauguração do Barco Luz na Amazônia
8. As primeiras viagens do Barco Luz na Amazônia
9. Surge o projeto social
10. Os títulos recebidos pela SBB
11. O 1º Concurso Bíblico Nacional
12. Cresce a distribuição de Porções Bíblicas
13. A Bíblia achada no baú
XI. Crise e superação 1971-1980
1. Nasce o Movimento Neopentecostal
2. O segundo Concurso Bíblico Nacional
3. O Edifício da Bíblia em Brasília
4. O Pr. David Gomes é eleito Presidente
5. A SBB perde seu líder no Amazonas
6. Crise e superação
7. Os monumentos e praças da Bíblia
8. Os Sócios Intercessores
9. As igrejas adotam as Seleções Bíblicas
10. A Seleção Bíblica lida na prisão
XII. O Novo Testamento na Linguagem de Hoje 1966-1973
1. O Seminário de Tradução no Rio de Janeiro
2. Os princípios de tradução do TLH
3. A escolha do tradutor
4. O trabalho da Comissão de Tradução
5. Um chamado de Deus
6. O lançamento do TLH
7. O Novo Testamento na Linguagem de Hoje é sucesso de vendas
8. A reação à nova tradução
XIII. Liderança na distribuição de escrituras 1980-1989
1. O retorno da democracia
2. A Bíblia de Jerusalém
3. Aposenta-se o Rev. Quintanilha
4. As exposições da Bíblia
5. O Dr. Clayton Rossi é eleito Presidente
6. A Bíblia Personalizada
7. Aposenta-se Leonor Raeder
8. O Homem da Bíblia
9. O Sócio Evangelizador
10. A SBB tem novo Secretário-Geral
11. O Rev. Rodolfo Garcia Nogueira é eleito Presidente
12. Primeiro lugar em distribuição de Escrituras
13. Aposenta-se o Rev. Ewaldo Alves
14. O Projeto 2000
15. A Sede da SBB é transferida para Barueri
16. O Novo Testamento Português-Japonês
17. Cooperação com outros países
18. A Encadernadora própria
19. O Edifício da Bíblia em Alphaville
20. O Barco Luz na Amazônia II
21. Dobra o número de Bíblias distribuídas
22. A Bíblia desaparecida
XIV. A Bíblia na Linguagem de Hoje 1966-1988
1. As principais traduções da Bíblia em português
2. A Comissão de Tradução da BLH
3. Os saudosos colaboradores da BLH
4. As fases da tradução
5. O final da tradução
6. A palavra dos tradutores
7. O lançamento da Bíblia na Linguagem de Hoje
8. A tradução é bem recebida
XV. A gráfica da Bíblia 1995
1. A necessidade de uma Gráfica própria
2. O projeto inicial
3. Um projeto de Deus
4. O dia decisivo
5. O levantamento dos recursos
6. O lançamento da pedra fundamental
7. A construção
8. A administração
9. A inauguração
10. A Encadernadora se transforma em Gráfica
11. O presente certo na hora certa
XVI. A conquista do autossustento 1991-2000
1. Dobra o número de evangélicos no Brasil
2. O Dr. Aldo Fagundes é eleito Presidente
3. Daisy Liepin Calmon
4. O painel ecológico do Edifício da Bíblia
5. Ivan Ávila, o admirável semeador
6. A conquista do autossustento
7. A Bíblia da Polícia Militar
8. O Barco Luz na Amazônia III
9. O Rev. Guilhermino Cunha é eleito Presidente
10. A primeira Bíblia eletrônica em português
11. A integração das Sociedades Bíblicas Lusófonas
12. A celebração do Jubileu de Ouro
13. A Revista A Bíblia no Brasil completa 50 anos
14. O primeiro NT em áudio, dramatizado
15. A aposentadoria do funcionário mais antigo
16. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje
17. Liderança mundial na distribuição de Bíblias
18. O fiel semeador
XVII. A produção para outros países 2006
1. As primeiras exportações
2. A Gráfica da Bíblia produz Bíblias em espanhol
3. A produção para a Nigéria
4. A produção em árabe para o Egito
5. A produção para outros países
6. Cumprindo sua missão
XVIII. Os projetos sociais da SBB 2006
1. Missão e natureza da SBB
2. Ação social nas escolas
3. A Bíblia nos hospitais
4. Ação social pela paz
5. Ação social em situações de emergência
6. Incentivo à cultura
7. Inclusão do deficiente visual
8. Luz na Amazônia
9. Títulos recebidos pela SBB
10. Uma bela lição de vida
XIX. A Bíblia no século XXI 2001-2006
1. O Brasil no século XXI
2. O 1º Seminário de Ciências Bíblicas
3. Décadas a serviço da Causa Bíblica
4. A primeira Bíblia em braile-português
5. Surgem novas Editoras de Bíblias no Brasil
6. A oficialização do Dia da Bíblia
7. A SBB recebe a Ordem do Mérito Cultural
8. O Pr. Enéas Tognini é eleito Presidente
9. Novos Testamentos para as Forças Armadas
10. O Centro Cultural da Bíblia
11. A NTLHD recebe o imprimatur
12. A SBB tem novo Diretor Executivo
13. O sucesso das Bíblias de afinidade
14. Os Gideões Internacionais
15. As Bíblias de Estudo
16. Uma vida dedicada à tradução da Bíblia
17. O novo portal da SBB
18. O organograma da SBB
19. A distribuição no início do século XXI
20. Distribuição de Bíblias e população evangélica
21. De detento a sócio-evangelizador
XX. O museu da Bíblia 2001-2007
1. A história do Museu
2. A parceria com o Município
3. A construção e a organização
4. A inauguração do Museu da Bíblia
5. As exposições permanentes
6. As exposições rotativas
7. A Biblioteca da Bíblia
Apêndice
1. Índice de abreviaturas
2. Cronologia da história da Bíblia no Brasil
3. Cronologia das traduções da Bíblia em português
4. Bibliografia
5. Bibliotecas
6. Índice de fotos ilustrativas
7. Diretorias da SBB 1948-2006
8. Mensagens dos Oradores na Cerimônia de Fundação da SBB
Rev. Rúbens Lopes
Presidente da Convenção Batista Brasileira
Rev. Elias Escobar Gavião
Representante da Igreja Metodista do Brasil
Rev. Salustiano Pereira César
Representante da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil
Rev. Antônio Corrêa Rangel de Alvarenga
Presidente do Sínodo da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
Brigadeiro Ricardo Christensen
Secretário-Geral do Exército de Salvação no Brasil
Sr. R. A. Butler
Representante da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Rev. D. Hermann Dohms
Presidente do Sínodo Riograndense da Igreja Evangélica
Revmo. Bispo William M. M. Thomas
da Igreja Episcopal Brasileira
Prefácio
Imagem de uma caravelaO livro que temos em mãos, História da Bíblia no Brasil
, da pena autorizada do Rev. Luiz Antonio Giraldi, prefaciá-lo, além de bênção, é uma honra para mim. Em nossas estantes, havia um lugar vazio, aguardando o momento oportuno para ser preenchido. Tal lugar estava reservado para a História da Bíblia no Brasil
. E veio a tempo para alegria nossa, de nós que amamos de todo o coração a Palavra de Deus e nos deleitamos nela, como faz o rei Davi no Salmo 119:
"Quanto amo, Senhor, a tua lei;
É a minha meditação, todo o dia!
Guardo no coração as tuas palavras,
para não pecar contra ti." (Sl 119.97,11)
Há dois séculos, no País de Gales, surgiu a primeira Sociedade Bíblica e, hoje, o número passa de 140. A nossa Sociedade Bíblica, a do Brasil, em 2008, comemora seus 60 anos. Temos abundância de materiais alusivos ao Livro Santo. Mas ainda faltava alguém que fosse capaz de escolher, de reordenar esse acervo considerável e o colocasse na forma de livro, relatando o jornadear da Palavra de Deus nas cidades, nas vilas, nas aldeias, chegando até às populações mais pobres, os nossos ribeirinhos. E quem estaria à altura de tão grande empreendimento? E como a Estrela d’Alva brilha no horizonte, anunciando um dia de sol, de vida e de esperança, esse homem é o Rev. Luiz Antonio Giraldi.
O Rev. Giraldi militou na Sociedade Bíblica do Brasil nada menos do que 48 anos. Começou como um simples colportor, com treinamento no México. Cresceu, cresceu, passou por diversos setores da Sociedade Bíblica, inclusive, como se chamava na época, Supervisor de Finanças, e chegou ao posto mais alto, o de Secretário-Geral, posto hoje denominado Diretor Executivo.
Em Hebreus 11.27, no memorável capítulo dos heróis da fé, a Palavra afirma que Moisés, pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível
. O Rev. Giraldi viu o invisível muitas vezes nos seus sonhos.
Como Executivo, o Rev. Giraldi percorreu as Sociedades Bíblicas do mundo, entrando em contato com as suas mais renomadas autoridades. Era portador de cursos especializados de administração e chegou aos pontos mais elevados nesse âmbito. Além da teoria, era um homem prático e sonhava com uma organização bíblica que pudesse não somente colimar o lema Dando a Bíblia à Pátria
, mas que também fosse além, muito além e alcançasse um alvo bem mais abrangente: o mundo todo.
No segundo quartel do século XX, a nossa Sociedade Bíblica limitava-se, num primeiro momento, a receber Bíblias do Exterior e, depois, a imprimir o Livro Sagrado nas gráficas existentes no País. A distribuição anual era de menos de um milhão. E isso é pouco para o apetite do leão.
O Rev. Giraldi sonhou com uma gráfica, o que importaria em milhões de dólares. Não tínhamos um tostão sequer. Mas o Rev. Giraldi lutou, não deixando que o sonho se apagasse. Bateu em muitas portas, todas fechadas. Convenceu, por fim, as Sociedades Bíblicas Unidas a favorecer-nos com um vultoso empréstimo. Não era tudo. Faltava um terreno, que conseguiu num lugar nobre, no Centro Empresarial do Tamboré, no Município de Barueri. E ainda não era o suficiente. O empreendimento carecia de técnicos especializados. Conseguimos. E, finalmente, veio a gigantesca e moderníssima encadernadora, seguida da primeira impressora rotativa e da primeira máquina de dourar. Em tudo contou com a bênção de Deus e a colaboração de uma eficiente e dedicada equipe.
E o sonho transformou-se em realidade. Hoje, a Gráfica da Bíblia imprime milhões de exemplares das Escrituras Sagradas para o Brasil e para mais de 90 países e territórios. Aos 12 anos de existência, a Gráfica da Bíblia alcançou a marca de 60 milhões de Bíblias e Testamentos impressos. É um recorde mundial de produção, ajudando a Sociedade Bíblica do Brasil, já há alguns anos a, figurar em primeiro lugar em distribuição de Bíblias entre todas as 141 Sociedades Bíblicas.
Além da Gráfica da Bíblia, em parceria com a Prefeitura de Barueri, o Rev. Giraldi organizou o Museu da Bíblia, parte do complexo conhecido como Centro Cultural do Município de Barueri, em edifício construído pela Prefeitura de Barueri. No mesmo complexo, também em parceria com a prefeitura, o Rev. Giraldi instalou a Biblioteca da Bíblia, com um acervo de mais de quinze mil Bíblias e Testamentos, em mais de duas mil línguas, acervo esse gentilmente cedido pela Sociedade Bíblica Americana.
O Rev. Giraldi é o homem que construiu esse arsenal que honra a Causa de Cristo no mundo. É o homem que Deus escolheu para escrever a presente obra, História da Bíblia no Brasil
, em que o autor dispõe copioso material sobre a Bíblia, conhecimento acumulado durante os 48 anos em que militou na Sociedade Bíblica do Brasil.
O autor escreve num estilo simples, claro, atraente, persuasivo. Assentou-se em meio a um dilúvio de recursos e redigiu a presente obra. Seu trabalho, como verá o leitor, é abrangente. Quase nenhum detalhe escapou. É obra de um perito, escrita com autoridade e profunda fidelidade.
Os testemunhos que aparecem em muitos capítulos levam-nos às lágrimas. Quando li os originais, muitas vezes chorei; outras vezes, agradeci a Deus a bênção desse livro. Fui grandemente abençoado com a leitura. Estou certo de que a contribuição do Rev. Giraldi enriqueceu nossas bibliotecas e enalteceu a Causa da Bíblia no Brasil e no mundo.
Parabéns, Rev. Giraldi, por tão nobre contribuição! Parabéns, povo brasileiro, por tão grande presente! Eu o abraço, Rev. Giraldi, e o saúdo pelo inestimável trabalho, História da Bíblia no Brasil
.
Enéas Tognini
São Paulo, outubro de 2007
Introdução
Imagem de uma caravelaAté o final do século XVIII, a Bíblia era um livro praticamente desconhecido no Brasil. O fechamento dos portos brasileiros aos navios estrangeiros e o controle rígido que as autoridades religiosas exerciam sobre a entrada de todo o tipo de livro mantiveram essa situação inalterada até o final do século XVIII. Alguns poucos exemplares da Bíblia em francês e holandês chegaram ao País durante os séculos XVI e XVII, nas caravelas dos calvinistas franceses e holandeses, integrantes das expedições invasoras que desembarcaram nos Estados do Rio de Janeiro e Pernambuco.
A situação somente começou a mudar no início do século XIX, quando foi liberada a importação de livros, e as primeiras Sociedades Bíblicas começaram a enviar Bíblias na língua portuguesa para o Brasil. Mas a distribuição regular das Escrituras só começou mesmo a partir da segunda metade do século XIX, quando as Sociedades Bíblicas enviaram seus representantes e instalaram suas Agências bíblicas no País. E elas permaneceram no Brasil até meados do século XX, quando foi fundada a Sociedade Bíblica do Brasil. Durante os 140 anos em que estiveram no País, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira e a Sociedade Bíblica Americana realizaram uma obra notável, imprimindo e distribuindo a Bíblia na língua portuguesa a preços acessíveis à população brasileira, incentivando as Igrejas evangélicas a distribuírem as Escrituras e inspirando a Igreja Católica a fazer o mesmo.
No dia 12 de junho de 1948, reuniu-se no templo da 1ª Igreja Batista do Rio de Janeiro um grupo de destacados líderes evangélicos para participar da cerimônia de fundação da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). Durante a cerimônia, foi estabelecido como objetivo da nova organização "tornar a Bíblia o Livro do Brasil".
Aqueles líderes cristãos alimentavam grandes esperanças no desenvolvimento da Obra Bíblica no Brasil. O Rev. Antônio Augusto Varizo Jr. era um deles. Hoje, ele é o único sobrevivente daquele grupo de fundadores. Além de membro da primeira Diretoria da SBB, ele foi, mais tarde, Secretário Regional em Brasília e Redator da Revista A Bíblia no Brasil, publicação institucional da SBB. Em 2007, com 93 anos de idade, ele está agradecido a Deus pelo que aconteceu com a Sociedade Bíblica do Brasil.
Ao longo desses 60 anos, a SBB distribuiu no Brasil mais de 65 milhões de Bíblias e 4 bilhões de Escrituras (Bíblias e partes da Bíblia). Em 1949, seu primeiro ano completo de atividade, a SBB distribuiu 105 mil Bíblias. E, no ano de 2006, chegou a 5 milhões e 500 mil, ou seja, 52 vezes mais do que no ano de sua fundação. Em 2006, a SBB foi líder, entre as 141 Sociedades Bíblicas nacionais em atividade ao redor do planeta, tanto em distribuição de Bíblias completas como de Escrituras.
Além dessa distribuição no Brasil, a Gráfica da Bíblia, braço industrial da SBB, produziu e exportou, durante o ano de 2006, 2 milhões e 700 mil de Bíblias, em 17 idiomas, para 93 países. E, naquele ano, a SBB foi a maior produtora de Bíblias das Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
Esses números revestem-se de maior significado espiritual quando nos lembramos de que grande parte dessas publicações bíblicas foi lida por pessoas que não conheciam o evangelho. Elas leram a Palavra de Deus pela primeira vez e conheceram Jesus e sua mensagem salvadora. Milhões de leitores foram impactados pelo poder do evangelho e tiveram sua vida transformada pela ação regeneradora do Espírito Santo. Por isso, passaram a ser pessoas mais bondosas, mais honestas, mais pacíficas e mais educadas. E, no convívio familiar, esses novos leitores da Bíblia que foram alcançados pela graça salvadora de Cristo se tornaram melhores pais, melhores mães e melhores filhos. Tornaram-se melhores profissionais e melhores cidadãos e passaram a dar uma contribuição maior para o futuro do Brasil.
Os 200 anos de atuação das Sociedades Bíblicas em nosso país e os 60 de existência da Sociedade Bíblica do Brasil escrevem uma história que revela o amor dos brasileiros pela Bíblia e o esforço incansável de milhares de pessoas para tornarem realidade o sonho dos seus fundadores de tornar a Bíblia o Livro do Brasil
. Essa é a história do maior movimento surgido no Brasil para introduzir a Bíblia nos lares brasileiros.
Grande parte dessa história inspiradora que comemoramos em 2008 foi escrita por semeadores voluntários. Milhares deles dedicaram anonimamente seus dons e seu tempo para tornarem a Palavra de Deus conhecida do povo brasileiro. Muitos outros semeadores, profissionais ou voluntários, se tornaram conhecidos pela sua grande contribuição à Causa Bíblica neste país. Durante os 48 anos em que servi a Sociedade Bíblica do Brasil, tive o privilégio de conviver com muitos deles. Agradeço a Deus a vida deles e o que fizeram em favor da divulgação da Bíblia em nosso país. Infelizmente, por falta de espaço, só me foi possível mencionar neste livro os nomes dos presidentes da Sociedade Bíblica do Brasil e dos executivos que ocuparam cargos em sua Sede Nacional. Pretendo, em outro livro, homenagear outros pioneiros da Obra Bíblica no Brasil.
Agradeço às pessoas que me ajudaram na pesquisa histórica e na revisão deste livro: ao Dr. Carlos Wesley e ao Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira, Diretores da SBB, que colaboraram na pesquisa sobre a história da Bíblia no Brasil; ao Dr. Robert G. Bratcher e ao Dr. Werner Kaschel, membros da Comissão de Tradução da SBB, que me auxiliaram na revisão dos capítulos sobre tradução da Bíblia; à minha esposa Selma Junia Vassão Giraldi e à minha filha Alice Helena Vassão Giraldi, que me ajudaram na revisão final desta obra; e ao Pr. Enéas Tognini, Presidente da SBB e escritor consagrado, que me honrou com seu belo e generoso prefácio.
Espero que este livro seja uma fonte de informação e de inspiração para os estudiosos da Bíblia no Brasil e que ele seja usado por Deus como um instrumento de divulgação de sua Palavra em nossa Pátria.
E agora, que a glória seja dada a Deus, o qual, por meio de seu poder que age em nós, pode fazer muito mais do que pedimos ou até pensamos!
(Ef 3.20)
Luiz Antonio Giraldi
Barueri, novembro de 2007
CAPÍTULO I
Imagem de uma caravelaComo a Bíblia chegou ao Brasil
54-1808
1. O livro dos milagres
100-1800
Sua unidade — Os primeiros livros do Antigo Testamento foram escritos no final do século XIII a.C., e os últimos livros do Novo Testamento, no final do século I d.C. Apesar de terem sido escritos em um período tão longo, de cerca de 1400 anos, por autores que viveram em épocas diferentes, existe uma coerência impressionante na mensagem desses livros. Embora o Antigo Testamento tenha sido escrito por judeus, e o Novo Testamento, por cristãos, portanto, por autores de diferentes correntes teológicas, os livros da Bíblia concordam perfeitamente entre si no que se refere a Deus e à sua ação em favor da humanidade. Essa unidade é considerada um verdadeiro milagre e só pode ser explicada pelo fato de os escritores dos livros sagrados terem sido inspirados por Deus, o verdadeiro Autor da Bíblia.
Sua transmissão — Para chegar ao Brasil, a Bíblia percorreu um caminho longo e sinuoso, que começou no século II d.C. e terminou no início do século XIX d.C. Nos primeiros anos da era cristã e na Idade Média, ela foi copiada à mão em rolos de papiro e de pergaminho e escondida em cavernas para não ser queimada. A história da transmissão da Bíblia até o século XIX revela a experiência de mártires que foram perseguidos, lançados na prisão e sacrificados em praça pública por traduzirem e divulgarem o Livro Sagrado. A Bíblia foi o livro mais perseguido e mais destruído no decorrer dos séculos. Porém superou todos os obstáculos, foi o primeiro livro impresso por Gutenberg, em 1456, foi traduzida em mais de 2400 idiomas e é o livro mais distribuído e mais lido no mundo. Sua caminhada através dos tempos, desde os primeiros séculos da era cristã, até chegar ao Brasil no tempo do Império, é também um verdadeiro milagre que atesta sua inspiração divina.
2. A Bíblia no início da era cristã
54-405
O papiro — Os materiais usados para escrever ou copiar os livros bíblicos foram o papiro e o pergaminho. O papiro (cyperus papyrus), nome originário de uma planta cultivada às margens do rio Nilo, no Egito, foi o primeiro material usado pelos escritores bíblicos. O material era preparado da casca dessa planta. A casca era cortada em tiras, e essas tiras eram embebidas em óleo, coladas uma às outras e expostas ao sol para secarem. Nos tempos bíblicos, a indústria do papiro desenvolveu-se, e sua técnica foi aperfeiçoada. Havia vários tipos de papiro: o hierático ou sagrado, usado nos documentos religiosos; o emporético ou comum, usado no comércio; e o liviano, de qualidade superior, assim chamado em homenagem à esposa do Imperador Augusto, chamada Lívia.
O pergaminho — O pergaminho foi criado no século II a.C., na cidade de Pérgamo, na Ásia Menor. O historiador Plínio, o Moço (61-114 d.C.), conta que o rei Eumenes II (197-159 a.C.), de Pérgamo, resolveu criar em sua cidade uma biblioteca tão grande como a de Alexandria, no Egito. Porém o rei Ptolomeu Epifâneo, do Egito, reagiu a essa ameaça de concorrência proibindo a exportação de papiro. Isso obrigou o rei Eumenes II a desenvolver a indústria do pergaminho, material feito de pele de animais. O pergaminho era feito de preferência de couro de carneiro, de cabra ou de boi. As peles eram lavadas em água com cal, selecionadas e raspadas com pedra-pomes, até ficarem lisas o suficiente para receberem a escrita. Embora o pergaminho fosse mais caro do que o papiro, ele era um material mais resistente e de melhor qualidade. Por isso, tornou-se o material preferido para o registro dos decretos reais e papais.
O códice — No mundo greco-romano, o livro era escrito em forma de rolo, e seu manuseio era difícil. Somente no final do século I, o seu manuseio foi facilitado com o aparecimento do códice, nome usado na época para designar o livro na sua forma atual.
Os originais da Bíblia — Não existe mais nenhum livro da Bíblia escrito originalmente pelo próprio autor. Quando os originais escritos à mão ficavam velhos, eram copiados e substituídos por cópias mais novas. Os exemplares originais dos livros da Bíblia, chamados de manuscritos originais, tanto do Antigo como do Novo Testamento, foram queimados pelos inimigos da Palavra de Deus ou destruídos pelo manuseio ou pelo tempo. Mas existem ainda milhares de cópias antigas, feitas à mão, de todos os livros da Bíblia. Quando as primeiras Bíblias foram impressas, em 1456, havia mais de 2.000 desses manuscritos na forma de rolo ou códice. Hoje, com as descobertas arqueológicas mais recentes, esse número aumentou muito e é mais do que suficiente para garantir cientificamente a autenticidade da Bíblia.
Os principais manuscritos — As cópias da Bíblia mais antigas que existem hoje foram escritas a partir da primeira metade do século II. Os quatro manuscritos mais importantes pela sua antiguidade e integridade são o Sinaítico, o Alexandrino, o Vaticano e o códice de Efraim. O manuscrito Sinaítico, conhecido como códice Alpha, foi escrito no século IV e encontra-se hoje na Biblioteca de Leningrado, na Rússia. O Alexandrino, conhecido como códice A, foi escrito em grego no século IV, fez parte da antiga biblioteca de Alexandria e está hoje no Museu Britânico, em Londres, na Inglaterra. O manuscrito Vaticano, conhecido como códice B, foi escrito no século IV, contém todos os livros da Bíblia e faz parte da Biblioteca do Vaticano, em Roma, na Itália. E o Códice de Efraim, escrito no século V, contém o Antigo Testamento e parte do Novo Testamento e está hoje no Museu do Louvre, em Paris, na França. [1]
A Bíblia é queimada — Durante quase 300 anos, desde o tempo do Imperador Nero (54-68) até a época do Imperador Diocleciano (284-305), os cristãos foram impiedosamente perseguidos pelo Império Romano. Nesse período, foram construídas as Catacumbas de Roma, vastas galerias subterrâneas, de 2,60 m a 3,30 m de largura, por 1,30 m a 2,00 m de altura, que se estendem por milhares de quilômetros no subsolo da cidade, onde os cristãos se refugiavam, realizavam suas reuniões, sepultavam seus mortos e escondiam seus exemplares das Escrituras Sagradas. A última grande perseguição aos primeiros cristãos se deu no Império de Diocleciano (284-316), quando eles foram caçados pelas cavernas e florestas, queimados e lançados às feras. Com o objetivo de destruir a Bíblia, que Diocleciano considerava ser uma das razões da sobrevivência do Cristianismo, ele ordenou que fossem queimados publicamente todos os exemplares encontrados.
A Bíblia é restaurada — Depois de Diocleciano, surgiu o Imperador Constantino I (272-337). Diz a tradição que, no decorrer de suas guerras para firmar-se no poder, na véspera da batalha de Ponte Mílvia, em 27 de outubro de 312, ele viu no céu, acima do sol poente, a figura de uma cruz e sobre ela as seguintes palavras: Por este sinal vencerás.
Constantino I resolveu então lutar sob a bandeira de Cristo e venceu a batalha. Após essa experiência, ele se converteu ao Cristianismo e mandou publicar o Édito de Tolerância, no ano 313, concedendo aos cristãos e a todos os cidadãos liberdade de seguirem a religião que lhes aprouvesse
. Deu também apoio integral aos cristãos, isentou a Igreja do pagamento de impostos, dispensou os sacerdotes do serviço militar, auxiliou as igrejas na construção de novos templos e ajudou de muitas maneiras a propagação do Cristianismo e a divulgação das Escrituras Sagradas.
A maior edição manuscrita — Um dos atos principais de Constantino I foi mandar preparar, sob a direção de Eusébio, Bispo de Cesárea (264-340), 50 exemplares da Bíblia para uso das igrejas de Constantinopla, hoje Istambul. Eusébio narra esse fato em seu livro Vida de Constantino. Ele era historiador da Igreja, havia sido preso durante a perseguição de Diocleciano e depois se tornou o principal conselheiro religioso de Constantino I. Sob sua competente direção, hábeis copistas prepararam os 50 exemplares da Bíblia. Eles foram copiados em pergaminho fino e durável e em forma de livro e não de rolo. Terminado o trabalho, foram transportadas em carruagens reais, da cidade de Cesareia para Constantinopla, então capital do Império. Foi o seguinte o pedido histórico de Constantino a Eusébio, encomendando a maior edição de Bíblias completas de que se tem notícia antes da descoberta da imprensa:
Tenho pensado na conveniência de instruir vossa prudência no sentido de serem encomendadas 50 cópias das Sagradas Escrituras, que são muitíssimo necessárias para a instrução da Igreja. Elas devem ser feitas em pergaminho especial, escritas de modo legível por copistas bem práticos em sua arte e dispostas de forma cômoda e portátil. Dou-lhe também