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Perigosa amizade
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Perigosa amizade

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About this ebook

Roberta é uma adolescente intensa. Ela é decidida, prática e sabe o que quer. Pelo menos enquanto o coração não resolve
entrar na jogada e embaralhar seus sentimentos. Melissa é uma figura. Loira, com os cabelos cacheados, é aquele tipo de menina que já chega logo dizendo: "Ei, você quer ser minha amiga?". Quando as duas ainda eram crianças, Roberta respondeu que sim. Denis, atacante do time de futebol, é cativante e extrovertido. Ainda é meio moleque, mas começou a chamar a atenção das meninas nos últimos anos. Com tantas mudanças, tem achado cada vez mais difícil sustentar a amizade que construiu na infância com Roberta e Melissa.
Matheus tem dezoito anos. Assediado pelas meninas, já acabou o ensino médio e ainda não sabe o que quer fazer da vida. Vive no litoral com o pai que todo garoto desejaria ter: descolado, presente, fazendo todas as vontades do filho...
Mas Matheus não é "todo garoto".
Seu melhor amigo, Gabriel, é um cara legal. Sensível, curte tocar bateria. Seu sonho é tocar numa banda de verdade, em
shows ao redor do mundo. Para o pai dele, no entanto, isso seria um pesadelo.
Como – e quando – seus caminhos irão se cruzar?
Em Perigosa amizade: o começo, a escritora e modelo Gisela Bacelar costura o destino desses garotos e garotas,
formando uma rede de encontros e desencontros e trazendo à tona assuntos presentes na vida de qualquer adolescente,
como o sexo e a perda da virgindade, a aceitação entre amigos e colegas, drogas e álcool e a difícil relação com os pais.
LanguagePortuguês
PublisherOutro Planeta
Release dateJul 26, 2017
ISBN9788542211115
Perigosa amizade

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    Perigosa amizade - Gisela Bacelar

    isso.

    1

    Melissa e Roberta

    — Amiga, tem certeza de que não quer fazer nada? — insistiu Melissa, sentada de pés juntos no sofá, com o celular quase enfiado na orelha.

    Cinco anos tinham se passado desde aquele primeiro dia de aula. Aos catorze anos, com pouco mais de um metro e meio de altura, Melissa continuava com jeitinho de menina frágil e tagarela. Embora seu cabelo tivesse escurecido uns dois tons e seus cachos louros não fossem mais tão perfeitos, ela ainda mantinha aquele ar angelical, acompanhado de um olhar ingênuo e um sorriso divertido. As pessoas normalmente gostavam dela assim que a conheciam. Quando ela sorria, conquistava quem estivesse perto.

    — Eu tô de boa, Mel. Sem festa pra mim — disse Roberta, do outro lado da linha.

    Com seus recém-completados quinze anos, Roberta era bem mais alta, dona de poucas curvas em um corpo esguio. Seus cabelos ainda eram castanhos e compridos, com pontas quebradiças que batiam no meio das costas. Seus olhos, um pouco mais claros que os cabelos, destacavam-se em seu rosto redondo. As sobrancelhas grossas deixavam seu olhar ainda mais expressivo. Quem a conhecia costumava achar uma pena que a falta de vaidade, as roupas largas e os tênis surrados encobrissem a sua beleza. Roberta não se importava. Gostava de chamar atenção por suas atitudes, não pela aparência. Estava acostumada a ser a rebelde do seu grupo de amigos.

    Mais velhas, já iniciando o primeiro ano do ensino médio, as duas eram diferentes uma da outra em estilo, gosto e aparência. Mas isso não importava: Melissa e Roberta só precisavam estar juntas para que o diferente nelas se tornasse igual.

    — Nem um bolinho? Hum... Aquele bolo gelado de brigadeiro que você ama, o que acha? — Melissa tentava desesperadamente convencer a amiga a comemorar seu aniversário de quinze anos.

    Era uma data especial, ela dizia, ainda mais na vida de uma garota. Completar quinze anos era tão significativo quanto comprar o primeiro sutiã. Melissa sabia bem disso. Seu primeiro sutiã havia sido comprado quando ela tinha doze anos, época em que começara a sofrer assédio na escola por causa do desenvolvimento precoce de seus seios, que eram grandes e volumosos.

    — Diga a ela que eu mesma farei o bolo com todo o prazer! — berrou a mãe de Melissa, Elaine, ao passar pela sala e pescar parte da conversa. Era uma mulher de uns quarenta anos, levemente acima do peso, com cabelos louros como os da filha.

    A festa de debutante de Melissa só aconteceria dali a alguns meses, mas já estava toda programada. Para ela, a parte boa de ter uma mãe doceira, além do livre acesso a doces e guloseimas suculentas, era que festas e confraternizações faziam parte de sua vida desde que nascera. Nenhuma data comemorativa passava despercebida, nem mesmo um simples feriado no meio do ano.

    — E mande meus parabéns a ela! Adoro essa menina! — acrescentou Elaine.

    — Escutou, né, amiga? Até minha mãe quer que você comemore! Vamos, ânimo! Não é todo mundo que faz aniversário em pleno fim de semana! Podemos comer bolo e varar a noite vendo filmes!

    Que divertido, pensou Roberta. Elas faziam esse tipo de programa todos os fins de semana, então não seria nada de mais. E ainda haveria a chatice de cantarem parabéns e tentarem convencê-la de que fazer aniversário era uma benção.

    — Agradeça à sua mãe, mas vou deixar para outro dia.

    — Ai, como você é difícil, amiga! — bufou Melissa. — Não vai fazer nada, mesmo?

    — Talvez tenha um almoço aqui... — mentiu Roberta.

    O dia havia começado com o pé esquerdo em sua casa. Roberta tinha discutido com a mãe quando rejeitou a ideia de comprarem um bolinho para cantar parabéns em família. Na cabeça da garota, se não podia ter uma festa de debutante igual à de Melissa, era melhor não ter nenhuma. Ela compreendia que sua família não ligava para essas datas e tampouco era de fazer festas. Na maioria das vezes, ela não se importava, mas seus quinze anos, uma data especial, confundiram seus sentimentos, e uma revolta a invadiu. Não era justo todas as meninas terem vestidos esvoaçantes e valsas e convites personalizados para suas festas de debutante enquanto ela só teria um bolo de padaria, dois minutos de cantoria ao redor da mesa e uma velinha para apagar.

    Não era essa a lembrança que queria guardar de seus quinze anos.

    — Mel, preciso desligar. Minha irmã quer usar o telefone.

    — Você precisa de um celular, amiga! Urgente!

    — Meu pai disse que vai me dar um essa semana, por causa do meu aniversá...

    — Viu? — Melissa a interrompeu com sua tagarelice. — Eles te amam, amiga!

    — Ah, sim, eu também amo eles. Vou desligar, depois a gente se fala. Bei...

    — Espera! — gritou Melissa, quase deixando Roberta surda. — O Denis ligou para te dar os parabéns?

    — Não.

    — Ai, amiga! Não ligue pra isso! Ele tá cada dia mais estranho! Nem confirmou presença na minha festa! E olha que pedi pra ele dançar a valsa comigo caso as coisas desandem com o No! Sabe como é... O No está magoado comigo desde que recusei você sabe o quê.

    — Você devia se afastar desse garoto. Ele não te faz bem, Mel.

    Elas falavam de Noah, um garoto mais velho, de dezesseis anos, que frequentava um colégio público próximo ao delas. Embora fosse magricelo e parecesse estar sempre dormindo em pé, ele tinha um bom papo quando decidia abrir a boca, e era agradável estar perto dele. O problema era que Noah não costumava manter contato. Não como Melissa desejava. Ele sumia por dias e reaparecia inesperadamente na porta do colégio delas, com seu olhar entediado e seu sorriso ostensivo, sussurrando palavras de afeto no ouvido de Melissa.

    — Eu sei, eu sei... Mas, amiga, ele é tão perfeito quando estamos juntos.

    — Tá, Mel. Se você diz... — Roberta revirou os olhos.

    Todos os meninos eram perfeitos, na visão da amiga. E todos a faziam derramar uma cachoeira de lágrimas quando ela descobria que essa suposta perfeição não existia. Isso vinha acontecendo desde o ensino fundamental, época em que Melissa se disse apaixonada por um coleguinha da aula de teatro, repetindo o quanto ele era fofo e perfeito até o dia em que o garoto zombou dela durante o ensaio de uma canção, alegando que era desafinada para fazer par com ele no musical da escola. Melissa chorou por dias depois disso. Ficou mais triste por ele ter comentado que ela não sabia cantar do que por ter sido substituída por outra no papel de Cinderela, tendo que se contentar em interpretar umas das irmãs malvadas. Essa foi uma das desilusões, e logo após vieram outras. Mas nenhum garoto tinha sido como Noah, que conquistava cada vez mais o coração de Melissa.

    — Preciso desligar, beijo! — Roberta enfiou o telefone no gancho e foi para o quarto.

    Ainda era de manhã. Melissa havia sido a primeira pessoa a telefonar desejando-lhe os parabéns. Alguns anos antes, Denis teria sido essa pessoa. Eles eram amigos desde a infância, desde muito antes de Roberta conhecer Melissa, e o garoto sempre fizera questão de ser o primeiro a parabenizá-la.

    Aparentemente, não era mais assim.

    Matheus

    — Filho... — Uma voz distante o chamava.

    Matheus apertou os olhos, atordoado. Sua cabeça afundou no travesseiro, enquanto ele tentava fugir do pesadelo.

    Praticamente todas as noites o rapaz delirava com a presença de sua mãe, que o abandonara ainda criança.

    Matheus não recordava a fisionomia dela, e todas as fotos de família haviam sido guardadas a sete chaves pelo pai, mas criava na mente uma mãe ideal: uma mulher de cabelos volumosos, sorriso acolhedor e rosto expressivo, impossível de esquecer.

    Era uma pena que, no final de seus sonhos, essa mulher sempre se mostrasse enlouquecida e desesperada, transformando tudo em pesadelos sombrios.

    Talvez fosse apenas uma peça pregada por seu inconsciente. Matheus tinha apenas quatro anos quando vira a mãe pela última vez, gritando pelos cômodos do casarão onde moravam na época, antes de bater a porta de entrada da casa e sumir para sempre.

    Quando ela foi embora, os cômodos silenciaram.

    — Papai?

    Desde pequeno, Matheus entendia o que era uma briga, e já sabia até pronunciar alguns palavrões. Não tinham sido poucas as vezes que presenciara discussões entre os pais.

    Encostado nas grades da ampla escada da casa, o menino não precisou pronunciar mais nada para compreender que o choro de seu pai, sentado na ponta do sofá de couro branco da sala de estar, era porque ele sabia que a mãe de seu filho não iria voltar.

    E não voltou.

    Passaram-se os dias. Passaram-se os meses. Passaram-se os anos.

    Matheus parou de falar depois daquele dia. Por um longo tempo.

    O rapaz cresceu com a ausência de uma figura materna e uma ideia vaga do que uma mãe poderia ser. Desde então eram somente ele e o pai. O motivo do abandono da mãe nunca foi falado entre eles.

    Matheus despertou suado e agarrado aos lençóis. Levantou e seguiu para o banheiro do quarto. Os quatro dormitórios do apartamento em que vivia com o pai no litoral paulista eram suítes, e a sua era uma das maiores.

    Dinheiro não era um problema. Embora não esbanjasse, não lhe faltava. Seu pai aumentava o limite de seu cartão de crédito toda vez que aparecia com uma mulher nova. E eram muitas mulheres.

    Matheus acendeu a luz do banheiro e deixou a porta aberta, permitindo que a luz invadisse o quarto escuro e iluminasse a cama bagunçada.

    Jogou água no rosto e fechou a torneira, encarando seu reflexo no espelho. Era uma maldição ter esses pesadelos envolvendo sua mãe. Tinham se passado tantos anos... Por que não a esquecia?

    Aos dezoito anos, Matheus era visto como um jovem problemático e sem futuro. Mas ele não se apegava a tais rótulos, que para ele eram apenas uma babaquice imposta pela sociedade. Só diziam isso por ele não ter entrado para uma faculdade ao terminar o ensino médio. Fora massacrante o suficiente aguentar anos e anos o colégio cheio de doutrinas e mentores hipócritas. Na sua concepção, ele merecia um tempo de férias.

    Retornou para a cama terminando de enxugar o rosto com uma toalha úmida que tinha encontrado jogada na pia.

    Matheus tinha cabelos castanhos, pele razoavelmente queimada pelo sol ardente do litoral e uma tatuagem feita recentemente, e inacabada, no braço direito. Seu jeito despretensioso de levar a vida e seu olhar caído, que sugeria viver entediado com tudo à sua volta, agradavam a noventa por cento das garotas que o conheciam. Ninguém entendia por que elas se interessavam tanto por ele. Matheus falava pouco – na maioria das vezes, era antipático – e raramente tomava a iniciativa durante um flerte. O que as atraía era uma incógnita inclusive para ele.

    Mas pouco importava: era bom ter uma lista infinita de garotas para as quais ligar caso alguma festa desse errado ou caso ele não tivesse o que fazer num fim de semana.

    Ele sentou numa ponta do colchão e apanhou o celular, que estava em cima da mesa do computador. Havia várias mensagens de garotas e uma ligação perdida de seu melhor amigo, Gabriel.

    Travou a tela do celular e o guardou. Depois retornaria a chamada. Era cedo demais para alguém encher o saco ao telefone.

    — De pé antes das três da tarde? — perguntou Xavier assim que viu o filho atravessar a sala. Ele ocupava um lugar à mesa e tomava uma xícara de café enquanto lia as notícias no tablet.

    O pai de Matheus era um homem robusto, um empresário à frente de seu tempo, como diziam as reportagens que saíam sobre ele nos jornais. Nada convencional. Tinha sempre piadas para contar e um jeito debochado de enfrentar os problemas. Era querido e admirado pelos que o conheciam, exceto pelo próprio filho, que desaprovava a maneira como o pai levava a vida.

    Para Matheus, o pai se comportava como um adolescente descobrindo o mundo, com uma mulher diferente a cada mês e fumando maconha como se isso fosse tão comum quanto pedir um café em uma padaria.

    — Noite ruim. — Matheus passou os olhos pela mesa, procurando algo para comer.

    — Você chegou bêbado ontem, e de carro. Sua habilitação nem chegou e já estamos desse jeito?

    — Como sabe? Você nem tava aqui ontem.

    — Tive que tirar o seu carro da vaga do vizinho. E, pelo modo como estava estacionado, ou você é um péssimo motorista ou estava completamente bêbado. Resolvi ficar com a segunda opção, porque seria doloroso pensar que o meu único filho não puxou a minha habilidade ao volante. — Xavier arrastava o dedo indicador pela tela do tablet, sem tirar os olhos do aparelho. — E você está com a aparência péssima de quem tem uma ressaca para curar.

    Matheus pegou uma torrada no pacote em cima da mesa e a enfiou inteira na boca, evitando dar continuidade ao diálogo. Já voltava para o quarto quando o pai o chamou.

    — Sente-se. Preciso falar com você. — Xavier enfim largou o tablet e olhou para o filho. — Ouvi boatos a respeito de um desentendimento seu com um dos filhos dos Dassiê. Quer me contar sua versão?

    Matheus deu de ombros, continuando a mastigar a torrada.

    — Vou pedir que um dos seguranças da empresa acompanhe você essa semana. Estou preocupado.

    — Não precisa — respondeu Matheus. — Não houve nada, foi uma besteira.

    — Os filhos deles são problemáticos. Não estou a fim de receber uma notícia ruim a seu respeito.

    — E não vai receber — garantiu Matheus, pegando outra torrada e fugindo para o quarto, a fim de escapar daquela conversa deprimente.

    Com o celular em mãos, Matheus procurou o contato de Gabriel enquanto abria a janela. Depois, apoiado na cabeceira da cama, acendeu um cigarro.

    — E aí, meu, como você tá? Verdade que fez uma tattoo? — perguntou Gabriel ao telefone.

    Matheus deu uma tragada no cigarro, espiando a tatuagem mal-acabada em seu braço direito. Tinha até se esquecido dela, feita no dia em que completara dezoito anos. Tinha provado um alucinógeno de curtição com os amigos e acabara amanhecendo em um estúdio de tatuagem.

    — Foi freehand. Cheguei lá e dei meu braço pro cara rabiscar. Curti o desenho, e aí desenrolou — contou Matheus.

    — Que doido! Doeu?

    — Que pergunta, Gee!

    — É de praxe perguntar se doeu. — Gabriel riu. — E aí, doeu?

    — Doeu pra porra!

    Os dois riram ao telefone.

    — Cheguei de viagem ontem. Foi uma merda, depois te conto. Meu pai tá cada dia pior — Gabriel emendava uma frase na outra, louco para desabafar sobre o transtorno que era sua relação com seu pai ditador. — Fiquei sem internet, sem telefone, sem vida social. Meu pai não quis pagar a taxa de wi-fi do hotel. Disse que era pra passarmos as férias em família, mas ele não saía do notebook... Vai se ferrar! Foi péssimo! Queria ter estado aí no seu aniversário. Deve ter sido louco!

    — Um pouco... — Matheus coçou a nuca. De repente, percebeu que não recordava muita coisa de seu aniversário. Gabriel tinha razão: tinha sido louco. Todos estavam loucos.

    — Ah, cara, você vem pra cá esse fim de semana? Tá de carro agora!

    Gabriel morava na capital e sentia falta do amigo desde que recebera a notícia de que Matheus se mudaria para a praia. As cidades ficavam a apenas uma hora de distância, mas foi o suficiente para que eles perdessem muito do contato que tinham.

    — Não sei. Aconteceram umas coisas...

    — Me contaram... Você dormiu com a namorada do Dante?

    — Não, porra!

    — Pô, Matt, pode me falar a real.

    — Vai se ferrar, Gee — Matheus não tinha paciência para aquele assunto.

    Dante era o mais novo dos quatro filhos da família Dassiê. E era amigo também de Gabriel. Nada de especial, apenas conhecidos de festas e passeios na praia. Aspirante a surfista, tinha dado umas aulas para Matheus e Gabriel. Numa maldita noite, Matheus aceitou um convite para ir a uma das festas dos amigos dos irmãos mais velhos de Dante. Ele não sabia que as

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