O tempo exacto: antologia pessoal
Descrição
'O tempo exacto' é uma obra diacrônica que revela o amadurecimento do autor e que conduz o leitor para uma busca individual pelo sentido maior das palavras. A poesia é pele, o corpo do poema é também o poeta, seu corpo, sua carne. A poesia nasce em seu tempo exato, a página não espera, a chegada do sentido, e assim ela nasce, acontece, confunde e revela."
Sobre o autor
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Amostra do livro
O tempo exacto - António Carlos Cortez
Créditos
© Jaguatirica, 2015
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prévia e por escrito da editora e do autor.
editora Paula Cajaty
revisão Anna Beatriz Mattos
diagramação e capa M. F. Machado Lopes
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, rj
C858t
Cortez, António Carlos, 1976-
O tempo exacto: antologia pessoal / António Carlos
Cortez - 1. ed. - Rio de Janeiro : Jaguatirica, 2015.
168 p. ; 21 cm.
isbn 978-85-66605-68-6
1. Poesia Portuguesa. I. Título.
15-21373 cdd: 869.1
cdu: 821.134.3-1
27/03/2015 31/03/2015
Jaguatirica
rua da Quitanda, 86, 2º andar, Centro
20091-902 Rio de Janeiro rj
tel. [21] 4141-5145, [21] 3747-1887
jaguatiricadigital@gmail.com
editorajaguatirica.com.br
Dedicatória
A meus irmãos: Ana Paula, Manuela e Francisco.
Aos meus amigos, sempre.
Índice
Créditos
Dedicatória
Índice
Este vício de voltar aqui
Poesia Epiderme Tempo
O texto
os dias infinitos
ritmo
iniciação
corpo a corpo
uma teoria poética
poesia
quadro
skin deep
porque existe este ritmo de luzes
os dias esgotados nos olhares dos peixes cegos
e era no mar alto que deixavas as mãos
não tão grandes como o silêncio estas grades
lembras-te das férias na foz do arelho? O batimento cardíaco
descíamos a rua com as luzes nos olhos.
nas teias e nos telhados da cidade os dedos
waiting for the miracle to come
a tarde derrama-se agora.
qualquer coisa entre Novembro e o sangue
miradouro de santa luzia. era o tempo das perfeitas semelhanças.
depois da paixão vieram as vozes
este é o canto mais perfeito da noite.
não falo do tempo percorrido
aves passam no passar dos barcos
chegados a marrakesh procurámos um hotel
é o Tejo escorrendo nas sombrias casas de vermelho.
o leitor pousa a tortura a um canto da página
neste céu de azul e cinza pressentes a loucura
aqui não há sinal de paraíso. perdemos a noite
foi em porto Brandão que viste o horizonte
primeira teoria do poema
foi pelo inverno
a imensa claridade será
o limite da sombra é a interrogação
espaço íntimo de ínfimo a poesia
o incêndio invade o coração
colocar a palavra certa na imagem
a boca descoberta a boca aberta ao som
a pedra eu acredito nela na sua rugosa superfície
do fogo a escuridão a primeira palavra
a sombra a criança a lira breve
percorro o silêncio o ouro alquímico
interrogo o animal
sublinho a tua pele como num mapa
em tua língua a água presa
é a lei de uma palavra perseguida
tu educas a crina sumptuosa do cavalo
vim da cidade do silêncio e regressei
o corpo arde na sua jovem pureza
falta-me o tempo para celebrar os teus cabelos
às palavras deitar-lhes um pouco mais de fogo
estou deitado na folha que me espera
depois da carne
close reading
verão
a volúpia
poética
silêncio
nas areias
pedras
poesia
bairro alto
rua do Teixeira
ecos
fábulas
a mão ao escrever este papel
pintura
santorini
mar do baleal
palavras para quê?
termo
huis clos
repercussão
lente
poesia
fragmento
regresso a casa
de profundis
maré vazia
apontamentos
poesia realista
um barco no rio (2002)
insónia
soneto e não
diálogo
depois de dezembro
os trabalhos e os dias
resposta a Drummond
fantasma
acrilic on canvas
tempo febril
o nome negro
de modo que
laços fortes
‘Onde os cavalos do sono
a paixão
nós, os laços
na madrugada
escrever
escrever II
linguagem 1
live aid, 1985
Luís Miguel Nava
correntes
dilemas
Lisboa-Rio/Rio-Lisboa
erros
a poesia
no texto
engendramento
vento no litoral
poéticas
metalinguagem
a única verdade
cenas vivas
cenas 2
os desencontros
Niterói
Cohiba, Bairro Alto, 2012
Lisboa hoje
2013
o nome negro
Nota ao leitor
Fortuna crítica
Este vício de voltar aqui
Poesia Epiderme Tempo
Envolvidos na roupa de palavras
Já não é a pele que nos envolve
Este é um tempo raso e duro
e é cinza a pele que nos consome
(Cortez, O nome Negro, Relógio d’Água, 2013)
Por mais que se duvide do lugar da literatura na vida cotidiana, ela persiste por entre frestas, nos intervalos, nas margens da vida real que transborda. Também a poesia continua a se fazer e até parece que, com mais meios de comunicação para divulgar ideias, emoções e experiências, ela hoje está mais afoita em levantar sua cabeça para dizer que está entre nós, apesar de tudo. Claro que há muitas formas de fazer literatura; há muitas formas de fazer poesia. Não importa o mérito do exercício feito, mas a vontade de fazer, a necessidade de rolar a palavra como um seixo que se atira na água, criando círculos numa superfície cuja contraface é funda e sem limites.
Este