Meditando a palavra 2: Quaresma
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Book preview
Meditando a palavra 2 - Padre Augusto César Pereira
Índice
Capa
Rosto
Agradecimentos
Abreviaturas
Introdução
DOMINGOS DA QUARESMA
Ano A
1º Domingo - Um debate interessante: a tentação de Jesus
2º Domingo - O caminho do fracasso à vitória
3º Domingo - A estrutura do preconceito
4º Domingo - O cego sou eu
5º Domingo - A vida é questão de abundância
Domingo de Ramos - A passeata de Jesus e a de Pilatos
Ano B
1º Domingo - O ser humano nos irmana
2º Domingo - Um projeto vitorioso
3º Domingo - O novo Templo
4º Domingo - Nascer de novo para o novo
5º Domingo - Chegou a hora
Domingo de Ramos - A passeata de Jesus e a de Pilatos
Ano C
1º Domingo - Tentações: propostas e contrapropostas
2º Domingo - A esperança da Páscoa
3º Domingo - Frutos da Ressurreição
4º Domingo - Sou eu o filho mais velho
5º Domingo - O novo de Deus
Domingo de Ramos - A passeata de Jesus e a de Pilatos
DIAS DE SEMANA
Semana de cinzas
Quarta-feira de Cinzas - Cinzas para quê?
Quinta-feira depois das Cinzas - A conversão na estrada da vida
Sexta-feira depois das Cinzas - A Campanha da Fraternidade é Quaresma
Sábado depois das Cinzas - O projeto feito para dar certo
1ª Semana da Quaresma
Segunda-feira - A qualidade da Quaresma
Terça-feira - A preparação para a Ressurreição
Quarta-feira - Os exercícios da Quaresma transformam
Quinta-feira - Setenta vezes sete
Sexta-feira - A Campanha é sempre da Fraternidade
Sábado - Jesus Cristo na TV
2ª Semana da Quaresma
Segunda-feira - O Evangelho social
Terça-feira - O jejum e a fome
Quarta-feira - A realidade dos pobres e o antirreino
Quinta-feira - A preparação para a Páscoa
Sexta-feira - Como a cruz entrou no plano do Pai
Sábado - A volta à origem
3ª Semana da Quaresma
Segunda-feira - Minhas obras, minha fé
Terça-feira - Perdão dado, perdão recebido
Quarta-feira - A figueira e eu
Quinta-feira - Restaure a minha Igreja
Sexta-feira - O povo não é biruta
Sábado - A denúncia profética
4ª Semana da Quaresma
Segunda-feira - O gesto concreto da Coleta da Solidariedade
Terça-feira - A reconciliação pascal
Quarta-feira - Roteiro para a reconciliação pascal
Quinta-feira - O carisma do Coração de Jesus
Sexta-feira - O Coração de Jesus é modelo de carisma
Sábado - O Coração de Jesus
5ª Semana da Quaresma
Segunda-feira - A cruz nos ombros do Pai
Terça-feira - O significado da cruz
Quarta-feira - A CF me decepciona
Quinta-feira - A trama política do Sinédrio
Sexta-feira - De quem é a trama da condenação de Jesus?
Sábado - Jesus rejeitou todos os acordos
Semana Santa
Segunda-feira - Santa Cruz
Terça-feira - O valor da entrega e o julgamento do mundo
Quarta-feira - Conclusão da caminhada quaresmal
Anexo
O caminho das sete dores de Maria, Mãe de Jesus e nossa
Sobre o autor
Coleção
Ficha catalográfica
Notas
Às Equipes de Pastoral Litúrgica,
conscientes de seu serviço de animação e educação litúrgica de nossas comunidades espalhadas por todo o Brasil.
ABREVIATURAS DOS LIVROS DA BÍBLIA
(em ordem alfabética)
INTRODUÇÃO
Parábola do prédio para a Quaresma
Jesus era exímio inventor e contador de parábolas. O povo adorava. Explica-se, porque a parábola baseia-se em fato conhecido ou possível de acontecer.
O fato sempre provoca a atenção das pessoas e elas se sentem participantes do acontecido ou possível de acontecer.
O fato da parábola toca mais de perto o povo, porque é vida e, mesmo que não tenha acontecido, é verossímil, isto é, possível de acontecer.
Esta parábola adaptada à Quaresma e à Campanha da Fraternidade, em algum ou vários lugares poderá ter acontecido ou ainda acontecer.
Era um edifício antigo, alto, pomposo. Aparentava ser sólido, sem perigo para os moradores.
Anualmente, porém, apareciam rachaduras nas paredes dos apartamentos. Os moradores tratavam de reformar seus próprios apartamentos, para ter segurança de que sua salvação estaria garantida. Cada qual fazia sua própria festa de restauração e tudo continuava bem, até novo período de preocupação.
Isso durou muito tempo. Faz pouco mais de quarenta anos que um engenheiro explicou a causa do problema: o fundamento do prédio estava bastante abalado. Fazendo-se as necessárias intervenções, a estrutura estaria em condições de garantir a segurança dos moradores. Era necessário, dali para a frente, cada ano, examinar a estrutura do fundamento e restaurar a falha que pudesse comprometer mais.
O trabalho do síndico e dos seus auxiliares foi decisivo para conscientizar as pessoas da necessidade de se convencerem da urgência de preservar o fundamento do prédio.
Passaram a discutir, reunidos, porque perceberam que a causa dos problemas afetava a todos. Logo, todos os interessados eram, também, responsáveis.
Desde que se começou a dar atenção ao fundamento, já foram detectadas e enfrentadas dezenas de sérios problemas. Não foram totalmente resolvidas, mas são conhecidas e devidamente acompanhadas.
O prédio ainda não está aquela coisa
, mas o clima é de confiança nas novas maneiras de convivência entre os moradores. Estão conscientes de que o fundamento não está seguro. A vistoria anual ainda se faz indispensável porque há problemas antigos que reaparecem e novos defeitos que surgem.
Como sempre, há pessoas que se comprometem e se engajam no trabalho comum; há também as que deixam tudo sobre as costas dos abnegados; e, inclusive, outras que se esquivam achando que não é com elas.
Embora sabendo da ameaça de que algum dos problemas possa estourar a qualquer momento, os moradores vivem na esperança de que algo de novo e de melhor vai acontecer.
A espiritualidade do ano litúrgico
O ano litúrgico não se mede pelo tempo cronológico (marcado no relógio), mas é o tempo da ação de Deus em favor de seu povo (o tempo kairológico). Esta palavra, de origem grega, carrega a ideia de tempo especial, certo, para se tomar uma decisão importante e realizá-la. Em liturgia, kairós significa o tempo próprio para uma presença especial de Deus. Por exemplo, a presença muito especial de Deus na realização do mistério pascal de Jesus Cristo.
A espiritualidade do ano litúrgico é pascal, porque tem o mistério pascal de Jesus Cristo como eixo em torno do qual tudo gira. O ano litúrgico, portanto, é centrado no Tríduo Pascal. O domingo é o dia especial que o próprio Senhor escolheu para a comunidade celebrar a sua Páscoa.
A Igreja organizou a celebração litúrgica do mistério pascal de Jesus Cristo num ciclo de tempo anual: tempo de Natal, tempo da Páscoa e tempo comum. Daí o nome de ano litúrgico.
O ano litúrgico faz a celebração litúrgica situar-se dentro da história da salvação. Celebra o passado como memória do mistério pascal; atualiza o mistério pascal no presente; e refere-se ao futuro acenando para o que será o Reino de Deus que a Igreja espera agora. Só é possível acompanhá-lo e vivê-lo por meio dos símbolos revelados pela fé.
O ano litúrgico é a admirável intuição pastoral da Igreja. O ano litúrgico é uma caminhada pascal que orienta o diálogo entre liturgia e vida. Essa caminhada se dá progressivamente no cotidiano da vida. A comunidade celebra liturgicamente o desenrolar do mistério de Cristo; e recebe a graça que o mistério derrama hoje sobre a comunidade. A celebração litúrgica faz acontecer a Páscoa na e da comunidade. Por isso, o ano litúrgico é o processo da santificação das pessoas e da comunidade.
A celebração é litúrgica, porque é celebrada no rito proposto pela liturgia da Igreja Católica. Liturgia é a celebração que usa símbolos explicados pela fé. Assim sendo, a celebração litúrgica atualiza o mistério pascal de Jesus Cristo.
A celebração litúrgica é memorial, isto é, não só faz uma lembrança do fato celebrado – o mistério pascal, por exemplo –, mas também faz com que ele aconteça realmente por meio dos sinais como o pão entregue e o vinho derramado.
Celebrar consiste em tirar o véu que cobre o mistério – desvendar – com os símbolos litúrgicos iluminados pela fé.
A liturgia é a fonte e o cume de toda a vida cristã (SC 10). Fonte, porque é na celebração litúrgica que o povo de Deus tem a chance de atualizar a Aliança da salvação da humanidade. É o cume, porque celebra o ponto de chegada da salvação que nos é transmitida.
A atualização do mistério pascal realiza-se também pelo que as pessoas e a comunidade fizerem pelos pobres fora da igreja, depois da missa, como sinal e resultado da participação eucarística animada pelo Espírito.
As celebrações do ano litúrgico não são festas isoladas. O ano litúrgico é lógico, tem sequência, tudo se encadeia como os elos de uma corrente (cf. SC 102). Ele penetra no tempo humano pela presença real do mistério de Jesus Cristo no tempo. Ele não é o correr do tempo, não é um calendário de sucessão de dias. É litúrgico, porque celebra a presença do mistério de Jesus Cristo no nosso tempo.
O calendário do ano litúrgico é ordenado pela sequência dos domingos. A Páscoa na Ressurreição e a comunicação do Espírito Santo, no domingo, consagram-no como o dia especial
. Cristo está presente, ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13,18).
O ano litúrgico começa e termina na véspera do 1º domingo do Advento, sábado à tarde.
O percurso que o ano litúrgico desenvolve no período de um ano mostra que a liturgia não é parada, é dinâmica, é vida.
Os tempos fortes
(especiais, destacados) são os períodos em que a liturgia celebra com mais intensidade e profundidade a história da salvação. São formados pelo tempo do Natal do Senhor e o Advento, que celebra a expectativa da segunda vinda de Cristo e a preparação próxima para a solenidade do Natal, que celebra o conjunto de festas: a Epifania e o Batismo do Senhor.
É também forte o tempo da Páscoa na Ressurreição do Senhor com a Quaresma como um significativo período de revisão de vida na proposta da conversão para a fraternidade. A Semana Santa incorpora o Tríduo Pascal. Esta consta da Páscoa celebrada na instituição do mandamento do amor e da Eucaristia no espírito do lava-pés; a Páscoa dolorosa com o mistério do sofrimento e a morte redentora; a Páscoa gloriosa celebrada na vigília da Ressurreição do Senhor com o mistério da vida nova em Cristo.
A Ascensão do Senhor celebra a exaltação de Jesus pelo Pai, que o recebe de volta ao céu como aquele que cumpriu brilhantemente sua missão salvadora. De volta para junto do Pai, Jesus e o Pai enviarão o Espírito Santo. Portanto, o Espírito Santo comunicado procede do Pai e do Filho.
Coroando o tempo Pascal, é celebrada a solenidade de Pentecostes com a comunicação do Espírito Santo e a fundação da Igreja. Entenda-se o Pentecostes do Espírito Santo não só como um momento, embora decisivo para a Igreja, pois o Espírito está