A mamãe é punk: crônicas da adolescência
By Ana Cardoso
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O que acontece quando saímos da zona de conforto da maternidade, aquela fase semitranquila em que as crianças fazem o que nós orientamos e correm para os nossos braços sempre que estão com algum problema? Treta. A adolescência é para os fortes. Para mães e pais com nervos de aço. Seu filho não quer conversar. O quarto parece ter sido devastado por um tsunami. Chora na hora de fazer uma tarefa da casa? Não sabe estudar sozinho? Quer ficar mais e mais no celular? Calma. Tá todo mundo na mesma. A culpa não é sua. Pelo menos não 100%. Respira fundo e vamos tentar entender juntas este caos chamado adolescência.
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Book preview
A mamãe é punk - Ana Cardoso
quê?
INTRODUÇÃO
O QUE ACONTECE QUANDO SAÍMOS DA ZONA DE CONFORTO DA MATERNIDADE, AQUELA FASE SEMITRANQUILA EM QUE AS CRIANÇAS FAZEM O QUE NÓS ORIENTAMOS E CORREM PARA OS NOSSOS BRAÇOS SEMPRE QUE ESTÃO COM ALGUM PROBLEMA? TRETA. A ADOLESCÊNCIA É PARA OS FORTES. PARA MÃES E PAIS COM NERVOS DE AÇO.
Ninguém quer conversar. O quarto parece ter sido devastado por um tsunami. Chora na hora de fazer uma tarefa da casa? Não sabe estudar sozinho? Quer ficar mais e mais no celular? Calma. Tá todo mundo na mesma. A culpa não é sua. Pelo menos não 100%.
E eu, que aliás jamais imaginei escrever outro livro sobre maternidade, afinal, não é a única coisa que dá sentido na minha existência, me vi colocando em palavras a vivência maluca que é ver criança crescer.
Cá estamos.
Não tenho a solução para os dramas da adolescência e muito menos tiro tudo de letra. Mas, como em meus livros anteriores, quero te lembrar que dá pra rir quando queremos chorar e que, se nos dedicarmos a educar nossa família para a justiça e o respeito, a colheita é melhor no final da estação.
Boa sorte pra gente.
:}
COMO CHAMA ISSO QUE VOCÊ ESTÁ SENTINDO?
SE VOCÊ É MÃE, LEMBRA DA GRAVIDEZ, O ABSURDO QUE ERAM TODAS AQUELAS SENSAÇÕES ACONTECENDO AO MESMO TEMPO EM UM CORPO QUE É SEU, MAS NÃO É O CORPO QUE VOCÊ SEMPRE CONHECEU? A ADOLESCÊNCIA É IGUAL.
Por isso, quando os filhos têm essas alterações bruscas de humor, a gente tem que entender um pouco. Não dá pra contemporizar tudo. Gritos e atitudes violentas são inaceitáveis e sinalizam que algo lá dentro não vai bem. Seu filho consegue falar sobre o que sente? Sabe identificar as emoções? Diferenciar medo de raiva, de frustração, de decepção, de angústia? Ou põe tudo no mesmo saco e fecha a cara?
Nem gente adulta sabe. Especialmente quem aprende desde pequeno a não chorar quando está triste ou com dor, a não reclamar do parente chato ou a ter que abraçar e beijar estranhos porque os pais querem.
Se nossos adolescentes não entenderem nem souberem explicar o que estão sentindo, ficarão presos dentro de si mesmos. Essa prisão pode ser extremamente perigosa.
Os psicólogos fazem coro para dizer que os jovens de hoje não sabem lidar com frustrações. Nós, mães e alguns pais, queremos proteger tanto, entender tanto, desde a infância, que acabamos aliviando dores de suas vidas, pavimentando todas as suas estradas
.
Adivinha o que acontece quando nós não estamos lá pra pedir uma segunda chamada, reclamar da professora, comprar outro celular? Eles simplesmente não sabem lidar.
É crescente (e preocupante) o número de jovens que têm se machucado ou cortado para aliviar tensões internas. Quando a insatisfação e a tristeza não saem em forma de palavras ou arte, elas podem sair de uma maneira bem pior. Crianças que se machucam para chamar a atenção dos pais podem evoluir para adolescentes deprimidos e suicidas, nosso pior pesadelo.
O número de suicídios entre jovens aumenta a cada ano. Existe, na mídia, um pacto ético de não divulgar dados nem circunstâncias, uma vez que foi cientificamente provado que um caso pode encorajar outros (o efeito Werther). O efeito Werther é assim chamado por causa do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, escrito em 1774. Na época em que o livro foi lançado, notou-se um aumento de suicídios na Alemanha. O livro e o personagem parecem ter influenciado o público. Da mesma forma, em 2017, houve uma associação entre a série 13 Reasons Why, do Netflix, e o jogo macabro Baleia Azul. Vocês lembram disso?
E AÍ,
COMO FAZ?
Não sei a resposta, mas tentar ajudar nossos filhos a entender e falar sobre seus sentimentos é a ferramenta que temos. Se nós conseguirmos respirar com calma, explicitar o que pensamos e sentimos de forma clara, fica mais fácil orientar nossos filhos a fazer o mesmo.
Quando eu era pequena fazia diários. Hoje as crianças não têm esse hábito. Quando tiram o que está dentro, geralmente o fazem de forma editada
. Gravam vídeos e postam frases pensando na audiência, não em dar voz às suas angústias.
Se noto que a