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A história de Dave
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A história de Dave
Ebook131 pages6 hours

A história de Dave

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Esta não é apenas mais uma história de um garoto rico de vida fácil. É antes a saga de um garoto que deixou de ser quem era ao descobrir a verdade por trás de seu passado repleto de paixões, conflitos emuitos mistérios a serem desvendados. Neste livro, você conhecerá Dave, um jovem que leva uma vida que qualquer pessoa invejaria. Contudo, um golpe do destino o obriga a questionar suas maiores certezas. Em A história de Dave você verá que a vida pode às vezes ser cruel, mas, acima de tudo, descobrirá que nunca devemos desistir daquilo que almejamos, mantendo inabalável nossa esperança.
LanguagePortuguês
Release dateJul 3, 2017
ISBN9788542812169
A história de Dave

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    Eu achei bem legal, pois mostra que ele era rico e depois ele nao era mais rico

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A história de Dave - Yuri S. Dellariva

tentar?

1.

Uma pergunta dessa parece muito simples de ser respondida, mas, para mim, é como dois caminhos ou duas portas e, se eu escolher uma, não terá volta. Meus pais vêm de uma linhagem bem rígida, me treinam para ser o herdeiro desse longo poço cheio de riqueza e solidão desde os 9 anos. Pagavam professores particulares para me ensinar dentro de casa, sem amigos, sem contato, sem bagunça, uma vida maravilhosa, não acha? Realmente tem seu lado bom, porém imagine ter que fazer trabalho sozinho ou com seu empregado… Muito divertido, certo? Uma vez, meu pai, por ser dono de uma extensa propriedade na região onde morávamos, decidiu construir casas para que seu amado filho pudesse ter alguma companhia. Quando eu soube que ele decidiu fazer isso, me senti como uma criança que ganha o presente que sempre sonhou! Meus olhos brilhavam e eu não conseguia parar de sorrir. Foi aos 15 anos, quando a conheci.

Então, depois de três meses, a casa estava pronta, enorme e bela. Logo chegaram os novos vizinhos, ou, como eu diria, a nova luz da minha vida. Seu nome era Sophia, tinha longos cabelos castanhos, olhos castanhos com uma profundidade de beleza, e foi como tomar uma flechada de um cupido. Confesso que até tropecei, mas acho que ela notou e deve ter me achado desastrado.

Bom, depois de se acomodarem, logo receberam a visita de seus vizinhos. Por algum motivo desconhecido, fiquei nervoso, suei frio e decidi ficar lá atrás quase me escondendo no casaco da minha mãe, com medo do monstro chamado paixão. Depois desse drama todo, conhecemos a família dela e descobri que Sophia tinha duas irmãs, uma de 26 anos, chamada Maysa, e a caçula, de 10 anos, chamada Tainá. Sophia era a do meio e tinha a mesma idade que eu.

Assim que entrei na casa, percebi que ela ficou me observando da mesma forma como a observei quando chegou. Quando eu decidia olhar para ela, ela virava rapidamente e jogava seus lindos cabelos para frente, tampando o rosto. É engraçado como o amor funciona quando é para ser, acontecem inúmeras coisas engraçadas, coisas que você não imaginaria nem em seus sonhos mais malucos, coisas que só abrindo os olhos mesmo para notar que estão acontecendo. Bom, essa grande paixão foi quando tudo na minha vida mudou.

2.

Não demorou muito para que eu me acostumasse com a ideia de ter vizinhos, de finalmente ter alguma companhia que não fossem meus empregados. Aquela época foi a mais feliz da minha vida. Eu me sentia no paraíso, e toda hora me beliscava para ver se era um sonho de tão maravilhoso que era.

Bom, apesar de eu ter amado aquela situação, algo dentro de mim me alfinetava como uma agulha, algo não estava certo. Meu pai tinha resolvido do nada construir aquela casa ao lado da nossa, e ele nem sequer cobrava a família de Sophia pelos custos que a casa tinha. Ele mesmo pagava a conta de luz, água e comida para eles.

Depois de algumas semanas, fiz amizade com Sophia e, como éramos os únicos adolescentes da mesma idade naquele lugar, um entendia o outro perfeitamente. Sophia confiou muito em mim, fizemos um juramento de que nunca esconderíamos nada um do outro e, para selá­-lo, cada um deu algo que considerava precioso para o outro. E o mais engraçado foi que os dois escolheram o mesmo objeto, um anel escrito I love you. Foi surpreendente, para mim, ver que tínhamos o mesmo anel, era como se já estivéssemos namorando sem o pedido de namoro, maluco, não é?

Então os dias se passaram, e aquela dúvida voltava a me atormentar: por que o pai de Sophia não trabalhava? Por que meu pai decidiu construir? Ele só quis me animar? Por que agora? Tantas perguntas e nenhuma resposta.

Um dia, estava eu e meus pais jantando, quando papai mencionou que iria aumentar as riquezas da família. Quando questionei como, ele disse:

– Com produção, é lógico! – disse em tom bastante confiante.

Fiquei me perguntando a noite toda o que ele quis dizer com esse negócio de produção, mas não demorou muito para que eu descobrisse a resposta do jeito mais terrível de todos. Todos os dias, eu era o primeiro a acordar na mansão inteira, exceto os empregados, é claro. Só que nesse dia foi diferente, pois, ao passar pelo quarto dos meus pais, vi que meu pai não estava na cama e perguntei a minha mãe onde ele estava.

Ela respondeu:

– Seu pai acordou cedo hoje, ele disse que tinha assuntos a tratar com a família de Sophia.

Depois de ouvir isso, corri para a casa de Sophia, afinal, era mais uma oportunidade de ver minha paixão mais cedo. Chegando lá, vi meu pai saindo com uma expressão de fúria, logo estranhei, e atrás estava Sophia chorando e com uma expressão de raiva também. Nem precisei perguntar, pois ela se aproximou de mim e disse:

– Como pôde esconder de mim o que seu pai ia fazer? Sabia que ele exigiu que trabalhássemos para ele como forma de pagar a dívida da hospedagem? Mas não aceitará minha irmã mais velha, porque está grávida. Ele disse que renderia uma produção a menos para ele, por isso, nos quis fora de sua terra.

Olhei espantado para a cara dela, sem entender nada. Lógico que neguei tudo, mas ela não acreditou. Sua família arrumou as malas, ela olhou para mim e disse a frase que mais me marcou naquele ano:

– Eu te odeio, Dave! Não apareça na minha frente nunca mais. – E então jogou o anel nos meus pés.

Depois disso, entrou no carro e desapareceu…

3.

Depois daquele dia, me vi perdido sem saber de nada, sem entender o porquê de todo aquele ódio por algo que eu nem sabia. Também fiquei me perguntando por que meu pai decidiu fazer aquilo com a família dela e por que, de repente, estava querendo aumentar as produções se éramos ricos. Era esquisito e, apesar de todas as coisas ditas por Sophia, não senti raiva por ela me culpar, me senti triste pela família dela ou, ainda mais, pela irmã dela, que, além de estar grávida, estava sem casa para morar.

Como iriam sobreviver? Será que iriam passar fome? Os pais de Sophia não se preocuparam em arrumar emprego porque meu pai tinha dito a eles que não era preciso. Será que meu pai planejou tudo isso desde o início?

Passaram­-se dois dias e decidi tomar coragem, erguer a cabeça e chegar no meu pai a fim de encontrar as respostas para todas essas perguntas. Chegando em seu escritório, me aproximei para bater à porta e, quando cheguei mais perto, escutei um choro, era minha mãe. Abri a porta devagar e olhei, meu pai estava de cabeça baixa com as mãos sobre ela e minha mãe ao lado, chorando com um lenço na mão, repetindo a mesma frase: Por que não nos contou? De repente, escorreguei e acabei caindo e batendo a porta com força. Meus pais olharam com cara de assustados, mas logo voltaram com a expressão de tristeza. Achei estranho, então decidi perguntar. Foi quando soube que estávamos falindo.

Papai tinha uma grande produção de café, que era o fruto da nossa riqueza. Uma semana depois que a família da Sophia se mudou, meu pai recebeu uma carta da produção de café informando que uma quadrilha tinha invadido o território e matado cinco de seus produtores. Se ele não arrumasse outros cinco, a produção cairia rapidamente por falta de pessoas. Vendo­-se naquela situação, meu pai se lembrou, em uma das conversas, de que a família de Sophia era de origem humilde, então já havia trabalhado e tinha experiência com produção. Mesmo sendo óbvio, uma solução tão fácil de resolver, meu pai recusou, e o chefe da produção de café falou que, se ele não conseguisse, ele e os demais funcionários sairiam, pois não conseguiriam lidar sozinhos com aquilo.

Bom, isso explica as coisas terem mudado de repente, mas por que meu pai não nos disse naquele jantar? Por que ele escondeu tudo isso de mim e de minha mãe? Ele parecia tão confiante naquele dia, mas não contava que uma das irmãs de Sophia estivesse grávida, impossibilitada de trabalhar por meses. Sem falar que, mesmo que meu pai não tomasse essa decisão, manter a família de Sophia na propriedade faria com que o dinheiro diminuísse mais rapidamente. Para meu pai, isso foi como tomar uma facada nas costas. O chefe da produção era seu melhor amigo e, mesmo assim, não pensou nele em momento algum.

Agora eu estava ficando pobre, sem emprego, triste, de coração partido por Sophia ter brigado comigo e sem saber o que fazer. Aquele dia foi um choque para todos e terminei­-o no escritório de meu pai, abraçando meus pais e tendo fé de que uma solução iria aparecer.

••••

Uma semana se passou depois de todo o ocorrido, as contas estavam chegando, e altas demais para o dinheiro que restava, sem falar que a antiga casa de Sophia também gerava custos e, por sinal, custos muito elevados.

Certo dia, tocou a campainha de casa, e meus pais já entraram em pânico com medo que fosse algum cobrador. Quando meu pai abriu a porta, era seu antigo melhor amigo com um sorriso enorme, como se tivesse acontecido algo maravilhoso com ele. Quando meu pai lhe perguntou o porquê de tanta felicidade e o motivo de estar em casa, ele nos disse que estava rico! Tinha achado petróleo em uma das terras que comprou com o dinheiro que guardava enquanto trabalhava para meu pai. Chegamos a pensar que ele tinha vindo para nos ajudar. Mas foi aí que percebi como o dinheiro pode mudar as pessoas. Ele não estava ali para dar dinheiro ao meu pai simplesmente de graça, ele propôs que, se nós trabalhássemos na terra onde agora produzia café, ele pagaria meu pai, porém compraria a mansão e sugeriu que morássemos na antiga casa de Sophia para não ficarmos sem moradia. Meus pais, em meio àquela situação, aceitaram, pois era a única saída que encontraram. Então, pegamos nossas coisas e nos mudamos.

Depois de duas semanas na mesma rotina, fui posto para trabalhar como escravo do tipo: lavar, fazer comida, fazer compras etc. No meio daquele trabalho, deu para sentir que o melhor amigo do meu pai tinha uma inveja imensa de quando ele era rico e, por isso, sentiu muita raiva. Agora que estava rico, era sua

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