Projeto Angel
()
About this ebook
#Mesmo autor da série Bruxos e Bruxas. Também criou a aventura Caçadores de Tesouros
#Ganhador do prêmio Children's Choice: autor do ano.
#Maximum Ride tem pequenos episódios disponibilizados no Youtube e foi transformado em mangá nos EUA.
"Esta série é digna de fazer mais sucesso do que Crepúsculo e Jogos Vorazes" - THE GUARDIAN.
Maximum Ride tem 14 anos. Ela e os seus amigos seriam crianças normais se não tivessem o dom de voar. Para algumas pessoas esse poder seria um sonho, mas, no caso da turma de Max, a vida se transformou em um pesadelo sem fim desde que a perseguição dos Apagadores começou.
Seja em cima das árvores do Central Park, em uma jornada escaldante no deserto da Califórnia ou nas entranhas do metrô de Nova York, Max e sua nova família lutam para compreender por que eles são diferentes de todos os outros seres humanos. A maior dúvida é: eles vão salvar a humanidade ou ajudar a destruí-la?
Impossível ficar indiferente a Max! Sarcástica, corajosa e meio impaciente, ela é a líder mais poderosa e forte que você já conheceu. Ao mesmo tempo em que luta para se proteger e salvar a vida dos seus amigos, Max tenta entender por que tudo tem que ser tão difícil e diferente para eles.
Se você gosta de ação, daquelas de tirar o fôlego, com vilões que você ama odiar... Este é o seu livro! Uma aventura fantástica e imprevisível, que emociona e desperta a imaginação.
James Patterson
James Patterson is the CEO of J. Walter Thompson, an advertising agency in New York. He has written several successful fiction and nonfiction books, including The New York Times best seller The Day America Told the Truth.
Related to Projeto Angel
Related ebooks
O fogo Rating: 4 out of 5 stars4/5O dom Rating: 5 out of 5 stars5/5Fogo alto Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPura dinamite Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTelepata -Livro 4: Sendo Forte: Telepata, #4 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAs novas aventuras de Sherlock Holmes: O Caso Hentzau Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO beijo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFênix: A ilha Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA estrada dourada Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLeitora de Mentes Livro 7: A Descoberta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm herói para mim Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsBroken. Destroçada Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsI love New York Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm diário para recomeçar: Às vezes a vida pode ser implacável Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsBox hora do espanto - Série I Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEcos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA última viúva Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPrimeiro amor Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO cisne de prata Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPortas entre Mundos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSegredos De Morte Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSherlock Holmes - O cão dos Baskerville Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsJack o Estripador Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO motivo da morte Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMorte no Jantar: OS Mistérios de Mirtes Clover Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsViagem ao centro da Terra Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMorte e vida de Charlie St. Cloud Rating: 4 out of 5 stars4/5Visões Noturnas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMastigando humanos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO grande Ivan Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Children's For You
Capa Preta Rating: 4 out of 5 stars4/5O Livro Proibido Dos Bruxos Rating: 3 out of 5 stars3/5Prazeres Insanos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsContos Eróticos Picantes Rating: 5 out of 5 stars5/5O Cristão e a Política: Descubra Como Vencer a Guerra Cultural Rating: 4 out of 5 stars4/5A Cabala E A Escada De Jacó Rating: 5 out of 5 stars5/5Rita, não grita! Rating: 5 out of 5 stars5/5Interpretações Completas Do Mapa Astral Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMagia De São Cipriano Rating: 4 out of 5 stars4/5O galo gago Rating: 5 out of 5 stars5/5Livro Infantil: Aventuras do Gato Miguelito Rating: 5 out of 5 stars5/5Nem todo amor tem um final feliz. E tá tudo bem. Rating: 5 out of 5 stars5/5Contos Eróticos Picantes Rating: 3 out of 5 stars3/5Simpatias Proibidas Rating: 5 out of 5 stars5/5Simpatias De Poder Rating: 5 out of 5 stars5/5Despertar Da Consciência Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Quarta Dimensão Rating: 5 out of 5 stars5/5O Poder Das Ervas Rating: 5 out of 5 stars5/5ABC dos bichos Rating: 5 out of 5 stars5/5O livro do não Rating: 4 out of 5 stars4/5A História Dos Orixás Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUma viagem do Brasil ao Japão Rating: 5 out of 5 stars5/51.000 Dicas Para Uma Escrita Criativa, Volume 2: Mais Dicas Para Blogs, Roteiros, Narrativas E Muito Mais Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Reviews for Projeto Angel
0 ratings0 reviews
Book preview
Projeto Angel - James Patterson
SUMÁRIO
Capa
Sumário
Folha de Rosto
Folha de Créditos
Ao leitor:
ALERTA
PRÓLOGO
Parte 1
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Parte 2
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Parte 3
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Parte 4
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Parte 5
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo 108
Capítulo 109
Parte 6
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112
Capítulo 113
Capítulo 114
Capítulo 115
Capítulo 116
Capítulo 117
Capítulo 118
Capítulo 119
Capítulo 120
Capítulo 121
Capítulo 122
Capítulo 123
Capítulo 124
Capítulo 125
Capítulo 126
Capítulo 127
Capítulo 128
Capítulo 129
Capítulo 130
Capítulo 131
Capítulo 132
Capítulo 133
Capítulo 134
EPÍLOGO
Aviso
Blog do Fang
Guia do leitor
Maximum Ride: FUGINDO DOS HOMENS-LOBOS
Parte 1
Capítulo 1
Capítulo 2
JAMES PATTERSON
Tradução:
Bárbara Menezes
Título original: Maximum Ride – The Angel Experiment
Copyright © 2005 by SueJack, Inc.
Edição publicada sob acordo com Little, Brown and Company,
New York, New York, USA.
Copyright © 2014 Editora Novo Conceito
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem autorização por escrito da Editora.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Versão digital — 2014
Produção editorial:
Equipe Novo Conceito
Este livro segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Patterson, James.
Maximum Ride – Projeto Angel / James Patterson ; tradução Bárbara Menezes. -- Ribeirão Preto, SP : Novo Conceito Editora, 2014.
Título original: The Angel Experiment
ISBN 978-85-8163-526-2
1. Ficção norte-americana I. Título.
14-04272 | CDD-813
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção : Literatura norte-americana 813
Rua Dr. Hugo Fortes, 1885 — Parque Industrial Lagoinha
14095-260 – Ribeirão Preto – SP
www.grupoeditorialnovoconceito.com.br
Ao leitor:
A inspiração para Maximum Ride veio de livros anteriores meus chamados Quando Sopra o Vento e The Lake House, que também têm uma personagem chamada Max que escapa de uma Escola terrível. A maioria das similaridades acaba aí. Max e as outras crianças de Maximum Ride não são as mesmas que as dos dois livros mencionados. Frannie e Kit também não têm participação em Maximum Ride. Espero que você goste mesmo assim.
James Patterson
ALERTA
Se você ousar ler esta história, vai virar parte do Experimento. Sei que isso parece um pouco misterioso... Mas é tudo o que posso dizer agora.
Max
PRÓLOGO
Parabéns. O fato de você estar lendo isto significa que deu um passo gigantesco e ficou mais perto de sobreviver até seu próximo aniversário. Sim, você, parado aí, folheando estas páginas. Não largue este livro. Falo muito sério... Sua vida pode depender disso.
Esta é minha história, a história da minha família, mas poderia facilmente ser a sua história também. Todos nós estamos juntos nessa; acredite em mim.
Nunca fiz nada do tipo, por isso vou simplesmente começar, e você tenta me acompanhar.
Certo. Meu nome é Max. Tenho quatorze anos. Moro com minha família, cinco crianças que não são meus parentes de sangue, mas ainda assim são completamente minha família.
Nós somos... Bem, nós somos meio fantásticos. Não quero parecer arrogante, mas não nos parecemos com nada que você já tenha visto antes.
Basicamente, somos superlegais, educados, espertos... Mas não comuns
, de forma nenhuma. Nós seis — eu, Fang, Iggy, Nudge, Gasman e Angel — fomos feitos de propósito, pelos cientistas
mais doentios e horríveis que você possa imaginar. Eles nos criaram como um experimento. Um experimento em que permanecemos apenas 98% humanos. Os outros 2% tiveram grande impacto. Vou contar a você.
Crescemos em um laboratório/prisão chamado a Escola, em gaiolas, como ratos cobaias. É bem surpreendente que a gente consiga pensar e falar. Mas conseguimos... E muito mais.
Apenas outro experimento da Escola conseguiu ultrapassar a infância. Parte humano, parte lobo... Predador total: são os chamados Apagadores. São durões, espertos e difíceis de controlar. Parecem humanos, mas, quando querem, conseguem se transformar em homens-lobo — com tudo: pelos, caninos e garras. A Escola os usa como guardas, policiais... e carrascos.
Para eles, nós somos seis alvos móveis: presas inteligentes o bastante para serem um desafio divertido. Basicamente, eles querem rasgar nossa garganta. E garantir que o mundo nunca descubra que existimos.
Mas não vou me render ainda. Estou contando a você, certo?
Esta história poderia ser a sua... ou a de seus filhos. Se não hoje, então logo. Por isso, por favor, por favor, leve isto a sério. Estou arriscando tudo o que é importante para mim ao contar a você... Mas você precisa saber.
Continue lendo — não deixe ninguém o deter.
— Max. E minha família: Fang, Iggy, Nudge, Gasman e Angel.
Bem-vindo ao nosso pesadelo.
Parte 1
SUSTO NO BANDO
O engraçado em enfrentar a morte iminente é que isso realmente coloca todo o resto na perspectiva certa. Veja este momento, por exemplo.
Corra! Vamos, corra! Você sabe que pode fazer isso.
Inspirei o máximo de ar que pude. Meu cérebro estava em hiperpotência; eu estava correndo para salvar minha vida. Meu único objetivo era escapar. Nada mais importava.
Meus braços sendo arranhados e cortados por um arbusto espinhoso pelo qual eu passava? Nada demais.
Meus pés descalços atingindo cada pedra afiada, raiz dura, graveto pontudo? Sem problemas.
Meus pulmões doendo em busca de ar? Eu podia lidar com isso.
Desde que conseguisse me distanciar o máximo possível dos Apagadores.
Sim, Apagadores. Mutantes: meio homens, meio lobos, em geral armados, sempre sedentos por sangue. Neste momento, eles estão atrás de mim.
Viu? Isso coloca tudo na perspectiva certa.
Corra. Você é mais rápida que eles. Você pode deixar qualquer um para trás.
Eu nunca estivera tão longe da Escola antes. Estava totalmente perdida. Ainda assim, meus braços subiam e desciam ao meu lado, meus pés esmagavam a vegetação rasteira, meus olhos examinavam à frente, ansiosos, pela meia-luz. Eu podia deixá-los para trás. Eu podia achar uma clareira com espaço suficiente para...
Ah, não. Ah, não. O latido antinatural de sabujos soava por entre as árvores, e eu fiquei enjoada. Eu podia correr mais que homens... Todos nós podíamos, até mesmo Angel, e ela só tem seis anos. Mas nenhum de nós conseguia correr mais que um cachorro grande.
Cachorros, cachorros, vão embora, deixem-me viver mais um dia.
Eles estavam se aproximando. A luz fraca era filtrada pelas plantas em frente a mim... Uma clareira? Por favor, por favor... Uma clareira me salvaria.
Atravessei entre as árvores, o peito arfando, um leve reflexo de suor frio na pele.
Sim!
Não... Ah, não!
Derrapei até parar, os braços balançando, meus pés tentando ir para trás sobre a terra rochosa.
Não era uma clareira. Diante de mim havia um penhasco, uma simples parede de rocha que caía para um chão impossível de ver centenas de metros abaixo.
Atrás de mim estava o bosque cheio de sabujos babando e Apagadores psicopatas com armas.
As duas opções eram péssimas.
Os cães estavam latindo animados... Haviam encontrado a presa: moi.
Olhei para a queda mortal.
Não havia escolha mesmo. Se você fosse eu, teria feito a mesma coisa.
Fechei os olhos, abri os braços... e me deixei cair pela borda do penhasco.
Os Apagadores gritaram com raiva, os cães latiram histéricos, e, depois, tudo o que pude ouvir foi o som do ar passando depressa por mim.
Foi tanta paz por um segundo. Sorri.
Depois, respirando fundo, estendi minhas asas o mais forte e rápido que pude.
Quatro metros de uma ponta à outra, marrom-claras com riscas brancas e pontos marrons parecidos com sardas, elas seguraram o ar e, de repente, fui puxada para cima, com força, como se um paraquedas tivesse acabado de abrir. Ai!
Lembrete para mim mesma: nada de estender as asas de repente.
Retraindo o corpo, empurrei as asas para baixo com toda a força e, depois, puxei-as para cima; em seguida, empurrei-as para baixo de novo.
Ai, meu Deus, eu estava voando... Como sempre sonhara.
A base do penhasco, coberta de sombra, recuou abaixo de mim. Ri e subi sentindo o puxão dos meus músculos, o ar assoviando pelas minhas penas secundárias, a brisa secando o suor do meu rosto.
Voei para cima e passei a borda do penhasco, os cães abismados e os Apagadores furiosos.
Um deles, com o rosto peludo, os caninos pingando, levantou a arma. Um ponto vermelho de luz apareceu na minha camisola rasgada. Hoje não, seu idiota, pensei, virando de repente para o oeste, para o sol ficar nos olhos loucos de ódio dele.
Não vou morrer hoje.
Sentei-me na cama em um sobressalto, arfando, a mão no coração.
Não pude deixar de verificar minha camisola. Nada de ponto de laser vermelho. Nada de buracos de balas. Caí de volta na cama, o corpo mole de alívio.
Minha nossa, eu odiava aquele sonho. Era sempre o mesmo: fugir da Escola, ser perseguida pelos Apagadores e pelos cachorros, cair de um despenhadeiro e, de repente, vush: asas, voar, escapar. Eu sempre acordava me sentindo a um segundo da morte.
Lembrete para mim mesma: ter uma conversa encorajadora com o inconsciente. Assunto: sonhos melhores.
Estava frio, mas me forcei a sair da cama confortável. Vesti um agasalho limpo... Era impressionante: Nudge guardara as roupas lavadas.
Todos os outros ainda estavam dormindo. Eu poderia ter alguns minutos de paz e silêncio, começar o dia antes deles.
Olhei para fora das janelas do corredor no caminho para a cozinha. Eu adorava aquela vista: a luz do sol da manhã aparecendo pelo cume das montanhas, o céu limpo, as sombras profundas, o fato de eu não conseguir ter o vislumbre de outra pessoa.
Estávamos no alto de uma montanha, a salvo, apenas eu e minha família.
Nossa casa tinha o formato da letra E
caída de lado. As pernas do E
estavam apoiadas em consolas acima de um cânion íngreme, e, desse modo, se eu olhasse para fora de uma janela, sentia estar flutuando. No quesito descolada
, de um a dez, essa casa era quinze, fácil.
Lá, minha família e eu podíamos ser nós mesmas. Lá, podíamos viver livres. Quero dizer, literalmente livres, ou seja, não em gaiolas.
É uma longa história. Depois eu conto mais.
E, é claro, aqui vai a melhor parte: sem adultos. Quando nos mudamos para lá, Jeb Batchelder tomou conta de nós como um pai. Ele nos salvou. Nenhum de nós tinha pais, mas Jeb chegara o mais perto possível.
Dois anos atrás, ele desapareceu. Eu sabia que ele estava morto, todos nós sabíamos, mas não conversamos sobre isso. Agora, estamos sozinhos.
É, ninguém nos diz o que fazer, o que comer, quando ir para a cama. Bem, exceto eu. Sou a mais velha, e, por isso, tento manter tudo funcionando da melhor maneira possível. É um trabalho difícil e nada recompensador, mas alguém tem de fazê-lo.
Não vamos para a escola também, e, assim, agradeço a Deus pela internet, porque, do contrário, não saberíamos nada. Mas não há escolas, médicos, assistentes sociais batendo na nossa porta. É simples: se ninguém sabe a nosso respeito, ficamos vivos.
Eu estava na cozinha à procura de comida quando ouvi um arrastar de pés sonolento atrás de mim.
— Bom dia, Max.
– Bom dia, Gazzy — eu disse enquanto o menino de oito anos e olhos quase fechados se deixava cair na cadeira.
Esfreguei as costas dele e dei-lhe um beijo na cabeça. Ele era o Gasman desde bebê. O que posso dizer? Essa criança tem alguma coisa estranha no sistema digestório. Uma dica simples: fique contra o vento.
Gasman piscou olhando para mim, os lindos olhos azuis redondos e cheios de confiança.
— O que tem para o café da manhã? — ele perguntou, sentando-se ereto.
Seu cabelo loiro e fino ficava em pé em toda a cabeça, lembrando-me das penas macias recém-nascidas em um pássaro bebê.
— Hum, é surpresa — falei, já que não tinha ideia.
— Vou servir o suco — ofereceu Gasman, e fiquei emocionada.
Ele era um menino doce, doce, assim como sua irmãzinha. Ele e Angel, de seis anos, eram os únicos irmãos de sangue entre nós, mas todos éramos uma família de qualquer forma.
Logo Iggy, alto e pálido, entrou desajeitado na cozinha. Os olhos fechados, ele se jogou no nosso sofá velho com mira perfeita. O único momento em que ele tem problemas por ser cego é quando um de nós esquece e troca a mobília de lugar, ou algo do tipo.
— Ei, Iggy, vamos acordar — eu disse.
— Não enche — ele murmurou, sonolento.
— Tudo bem — falei. — Perca o café da manhã.
Eu estava olhando dentro da geladeira com uma esperança inocente — talvez fadas da comida viessem — quando minha nuca formigou. Fiquei ereta depressa e me virei.
— Dá para parar com isso? — falei.
Fang sempre aparecia silenciosamente, do nada, como uma sombra escura que ganhava vida. Ele me olhou com calma, vestido e alerta, o cabelo escuro e muito longo escovado para trás.
Ele era quatro meses mais novo que eu, mas já estava dez centímetros mais alto.
— Parar com o quê? — ele perguntou com tranquilidade. — De respirar?
Revirei os olhos.
— Você sabe.
Com um resmungo, Iggy cambaleou para ficar em pé.
— Vou fazer ovos — anunciou.
Acho que se eu fosse mais mulherzinha ficaria incomodada por uma cara cego, seis meses mais novo, cozinhar melhor que eu.
Mas não sou. Então não me incomodei.
Supervisionei a cozinha. O café da manhã estava bem encaminhado.
— Fang? Você coloca a mesa. Vou buscar Nudge e Angel.
As duas meninas dividiam o último quarto pequeno. Abri a porta e vi Nudge, de onze anos, dormindo, enrolada nas cobertas. Era quase irreconhecível de boca fechada, pensei com sarcasmo. Quando estava acordada, nós a chamávamos de Canal Nudge: só Nudge, o tempo todo.
— Ei, querida, vamos acordando — eu disse, balançando o ombro dela com delicadeza. — Café da manhã em dez minutos.
Nudge piscou, os olhos castanhos esforçando-se para focar em mim.
— Quê? — balbuciou.
— Mais um dia — falei. — Levante-se e enfrente-o.
Resmungando, Nudge içou-se para uma posição curvada, mas tecnicamente em pé.
Do outro lado do quarto, uma fina cortina escondia um canto. Angel sempre gostou de espaços pequenos e aconchegantes. Sua cama, enfiada atrás da cortina, era como um ninho: cheia de bichos de pelúcia, livros, a maioria de suas roupas. Sorri e abri a cortina.
— Ei, você já está trocada — falei, inclinando-me para abraçá-la.
— Oi, Max — disse Angel, tirando os cachos loiros da gola. — Você pode fechar meus botões?
— Sim.
Virei-a e comecei a abotoar os botões.
Eu nunca disse aos outros, mas eu amava, amava, amava Angel. Talvez porque eu cuidava dela praticamente desde que era bebê. Talvez porque ela fosse tão inacreditavelmente doce e carinhosa.
— Talvez porque sou como sua filhinha — Angel falou, virando-se para me olhar. — Mas não se preocupe, Max. Não vou contar a ninguém. Além disso, você é quem eu mais amo também.
Ela lançou os braços magrinhos em volta do meu pescoço e plantou um beijo meio grudento na minha bochecha. Eu a abracei também, com força. Ah, é... Essa é outra coisa especial na Angel.
Ela consegue ler a mente das pessoas.
– Quero colher morangos hoje — Angel disse com firmeza, pegando um garfo cheio de ovos mexidos. — Estão maduros agora.
— Certo, Angel, vou com você — falou Gasman.
Nesse instante, ele deixou sair uma de suas infelizes ocorrências e riu.
— Ah, minha nossa, Gazzy! — eu disse em tom de desaprovação.
— Máscara de... gás! — Iggy engasgou, agarrando o próprio pescoço e fingindo sufocar.
— Eu acabei — Fang disse, levantando-se depressa e levando o prato para a pia.
— Desculpem — Gasman disse automaticamente, mas continuou comendo.
— É, Angel — Nudge falou —, acho que o ar fresco faria bem a todos nós. Vou também.
— Vamos todos — eu disse.
Do lado de fora o dia estava lindo, claro e sem nuvens, com o primeiro calor real de maio. Carregamos baldes e cestas enquanto Angel nos guiava a um grande terreno com morangos silvestres.
Ela segurou minha mão.
— Se você fizer um bolo, posso fazer bolinhos de morango — ela falou alegre.
— É, pode esperar sentada pelo dia em que a Max vai fazer um bolo — ouvi Iggy dizer. — Eu faço, Angel.
Eu me virei.
— Puxa, obrigada! — exclamei. — Ok, não sou uma cozinheira maravilhosa, mas ainda posso dar uma surra em você, não se esqueça!
Iggy ria, com as mãos levantadas em sinal de negação. Nudge tentava não rir, até Fang estava com um sorrisinho, e Gasman tinha o olhar... travesso.
— Foi você? — perguntei a Gazzy.
Ele riu e encolheu os ombros, tentando não parecer muito satisfeito consigo mesmo. Gasman tinha cerca de três anos quando percebi que ele podia imitar quase todo som ou voz. Perdi a conta de quantas vezes Iggy e Fang quase se pegaram por causa de coisas que Gazzy dissera na voz deles. Era um dom sombrio, e ele o dominava com alegria.
Era apenas outra habilidade estranha... A maioria de nós as tinha. O que quer que fossem, com certeza deixavam a vida mais interessante.
Ao meu lado, Angel congelou e gritou.
Olhei para ela assustada, e, no segundo seguinte, homens com focinhos de lobo, caninos enormes e olhos vermelhos e brilhantes caíram do céu como aranhas. Apagadores! E não era um sonho.
Não havia tempo para pensar. Jeb nos treinara para não pensar — apenas agir. Eu me joguei sobre um Apagador, girando e atingindo com um chute forte o seu peito grande. A respiração dele fez au, e o odor era simplesmente horrível, como água de esgoto sem tratamento deixada exposta ao sol quente.
Depois disso foi como um filme: várias imagens sobrepostas que mal pareciam reais. Desferi outro golpe, e, depois, um Apagador me deu um soco tão vigoroso que minha cabeça virou e senti uma explosão de sangue na boca. Pelo canto do olho, vi Fang conseguindo enfrentar um Apagador... Até mais dois se juntarem ao primeiro, e ele cair sob os golpes de mãos com garras.
Iggy ainda permanecia em pé, mas um olho já estava inchado e se fechando.
Despertando do choque, levantei-me desajeitada e depois vi Gasman inconsciente, deitado de bruços no chão.
Pulei na direção dele, mas fui pega de novo. Dois Apagadores prenderam meus braços para trás. Outro se inclinou, os olhos avermelhados brilhando de animação, o maxilar completamente metamorfoseado e com jeito de focinho. Ele puxou a mão para trás e apertou-a, fazendo um punho. Depois, trouxe-o com força, socando-me a barriga. Uma dor inacreditável explodiu dentro de mim, e eu me dobrei ao meio, caindo como uma pedra.
Sem vê-las, ouvi Angel gritar e Nudge chorar.
Levante-se!, eu disse a mim mesma, tentando inspirar o ar. Levante-se!
Como crianças mutantes estranhas, somos muito, muito mais fortes que adultos normais. Mas os Apagadores não são adultos normais e também estavam em maior número. Éramos comida de cachorro. Esforcei-me para me apoiar nas mãos e nos joelhos, tentando não ficar com ânsia de vômito.
Levantei-me desajeitada, a sede de sangue nos olhos, pronta para matar. Dois Apagadores seguravam as mãos e os pés de Nudge. Eles a balançaram com força, e ela foi lançada, batendo a cabeça contra uma árvore. Ouvi um gritinho de dor, e, depois, ela ficou deitada com o corpo dobrado entre folhas finas dos pinheiros.
Com um berro rouco e abafado pelo sangue, corri e bati as mãos em forma de concha em volta das orelhas peludas de um Apagador. Ele gritou quando seus tímpanos estalaram e caiu de joelhos.
— Max! — Angel berrou com voz aguda e apavorada, e eu me virei.
Um Apagador a segurava pelos braços, e corri em direção a ela, pulando por cima de Iggy, que estava caído e inconsciente. Dois Apagadores caíram sobre mim, derrubando-me, um deles apertando o joelho pesado contra meu peito. Eu ofeguei e lutei, e um deles esbofeteou meu rosto com força, as garras ásperas cavando poços fundos na minha bochecha.
Atordoada, caí para trás, os dois Apagadores me prendendo ao chão, e com um horror incompreensível vi outros três Apagadores enfiarem Angel, minha bebê, em um saco tosco. Ela estava chorando e gritando, e um deles bateu nela.
Esforçando-me freneticamente, tentei gritar, mas apenas soltei um berro rouco e sufocado.
— Sai de cima de mim, seu idiota, maldito... — falei, engasgada, mas fui atingida de novo.
Um Apagador inclinou-se acima de mim, com um sorriso horrendo.
— Max — ele disse, e senti um nó no estômago... Eu o conhecia? — Que bom vê-la de novo — ele continuou em tom de conversa. — Você está horrível. Sempre se sentiu muito superior a todo mundo, então isso me alegra.
— Quem é você? — ofeguei, sentindo um calafrio.
O Apagador riu, os dentes longos e afiados mal cabendo no maxilar.
— Você não me reconhece? Acho que cresci um pouco.
Meus olhos se arregalaram com o reconhecimento repentino e horrorizado.
— Ari — sussurrei, e ele riu como um louco.
Depois ele se levantou. Vi sua bota preta enorme ir até meu crânio, senti minha cabeça virar para um dos lados e tudo ficou escuro.
Meu último pensamento foi a descrença: Ari era filho de Jeb. Eles o haviam transformado em Apagador. Ele tinha sete anos.
– Max?
A voz de Gasman era muito juvenil e bastante assustada.
Ouvi um gemido terrível e baixo, e depois percebi que viera de mim.
Gasman e Fang estavam inclinados acima de mim, expressões preocupadas no rosto machucado e com sangue.
— Estou bem — respondi, rouca, sem fazer ideia se estava mesmo.
A memória voltou depressa e tentei me sentar.
— Cadê a Angel? — Minha voz estava nervosa.
Os olhos escuros de Fang encontraram os meus.
— Ela se foi. Eles a levaram.
Achei que talvez fosse desmaiar de novo. Lembrei-me de quando tinha nove anos, olhando para fora da janela de vidro aramado do laboratório, observando os Apagadores à meia-luz. Os jalecos-brancos haviam libertado chimpanzés no terreno da Escola e soltado os Apagadores recém-criados atrás deles. Ensinando-os a caçar.
O som dos chimpanzés berrando de terror e dor ainda ecoava na minha cabeça.
Eram eles que estavam com Angel.
A raiva me dominou... Por que não podiam ter me levado em vez dela? Por que levar uma criancinha? Talvez eu pudesse ter tido uma chance... talvez.
Tremendo, fiquei em pé. Minha cabeça girava, e tive de me apoiar em Fang, odiando minha fraqueza.
— Precisamos buscá-la — eu disse, nervosa, tentando permanecer em pé. — Temos que buscá-la antes que eles... — Imagens cheias de horror