O Ensino Superior e a Formação Docente em Serviço Social
Descrição
Por certo que o modo de pensar de uma profissão determina a estruturação de seu currículo; sabemos que ele é, sem dúvida, um instrumento que tende a expressar a orientação cognitiva, social e política pretendida por determinada área profissional; e, nesse sentido, é um campo de disputas, um território contestado no qual os saberes são hierarquicamente organizados segundo as convicções ideopolíticas dos projetos pedagógicos, geralmente definidos em campos de discussão cuja correlação de forças procura dissolver as diferenças e as divergências.
Existimos como sujeitos humanos. O valor que atribuímos a uma teoria não pode contradizer os próprios valores.
No contexto de diversidades de pensamentos e de posições, prevalece uma mesma disposição: preservação do espaço de debate e respeito à pluralidade de conhecimentos, disposição necessária à melhor qualificação de nossa profissão, o Serviço Social.
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O Ensino Superior e a Formação Docente em Serviço Social - Maria Lucia Rodrigues
Editora Appris Ltda.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS - SEÇÃO SERVIÇO SOCIAL
Aos alunos.
APRESENTAÇÃO
Como estamos vivenciando o ensino e a formação
em Serviço Social?
É possível observarmos na trajetória histórica do Serviço Social uma constante preocupação com a formação profissional. Caminhamos e avançamos muito em nossa profissão, não há dúvida. Mas os tempos mudam, as necessidades se alteram e as expectativas também. Como docentes é importante reconhecermos as condições complexas da realidade, do pensamento, das teorias, das ações, para podermos realizar a reflexão necessária, considerando as grandes dificuldades técnicas, científicas, educacionais, políticas e éticas com as quais estamos sempre envolvidos.
Toda relação pedagógica não deixa de expressar uma forma de regulação de conhecimentos, de orientação do aprendizado. Mas é subjacente a essa lógica a possibilidade de resistência e de controvérsias. Assim, o campo pedagógico de ensino e de formação profissional não deixa de ser um campo de poder, de disputas e de liberdades.
É nesse contexto que o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Ensino e Questões Metodológicas em Serviço Social-Nemess/PUCSP realiza constantes estudos sobre essa temática. Com o propósito de ampliar as discussões e reflexões sobre a matéria, reunimos aqui alguns estudos e palestras realizadas nesse núcleo por alguns docentes proeminentes em suas áreas de estudo, procurando, dessa maneira, demarcar suas contribuições não sem controvérsias, para impactar os debates no âmbito do ensino do Serviço Social.
Iniciamos com o tema Formação em Serviço Social: ausências e presenças
, desenvolvido pela Prof.ª Aldaíza Sposati, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que, engajada na docência, na pesquisa e na prática, historiciza o exercício da formação a partir de sua própria experiência, mostrando algumas contradições e ângulos de questionamentos que cercam a profissão.
Em seguida, a Prof.a Bernardete Angelina Gatti, atual presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, com o tema Quem educa o educador?
, questão engendrada em Karl Marx, mas que persiste na atualidade estendida e vivenciada nas contradições de nossa história educacional e política.
A Prof.ª Maria Lucia Rodrigues, docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, traz um desafio com o tema Dificuldades para a formação interdisciplinar e transdisciplinar em Serviço Social
; é, ao mesmo tempo, uma provocação e uma proposta de reflexão sobre as possibilidades metodológicas e epistêmicas do exercício inter e transdisciplinar no processo de formação profissional.
O texto da Prof.ª Selma Aparecida Leite de Andrade, da Universidade Federal de Goiás, pondera sobre a Supervisão acadêmica de estágio em Serviço Social: um estudo no estado de São Paulo
. Como resultado da pesquisa que realizou, a autora solicita maior atenção às dificuldades com o exercício do estágio e da supervisão no processo de formação do Serviço Social.
E, para concluir, o Prof. Vicente de Paula Faleiros, da Universidade Nacional de Brasília, realiza uma reflexão sobre Profissão e ciência: desafios da poética
e retoma a importante relação entre teoria e prática enquanto poética de superação da dicotomização entre pensamento e ação.
É importante lembrar que os textos aqui organizados resultam de palestras proferidas em estilo coloquial e que aqui aparecem atravessadas por expressões mais formais ou teóricas.
No contexto de diversidades de pensamentos e de posições, prevalece uma mesma disposição: preservação do espaço de debate e respeito à pluralidade de conhecimentos, disposição necessária à melhor qualificação de nossa profissão, o Serviço Social.
Maria Lucia Rodrigues
PREFÁCIO
Reflexão é a coragem
de tornar o axioma de nossas verdades
e o âmbito de nossos fins em coisas que, sobretudo,
são dignas de serem chamadas em questão.
Heidegger
Apresentar reflexões sobre as relações entre Serviço Social e Educação, e mais especificamente, entre o ensino superior e a formação docente em Serviço Social, é o propósito deste livro, organizado pela Prof.ª Dr.ª Maria Lucia Rodrigues. Os artigos são escritos por profissionais de reconhecida competência e significativa presença teórica e prática em nosso contexto acadêmico e social, o que faz com que os temas por eles discutidos não tenham sido observados de fora, nem do alto, mas emergiram de experiências vividas e pensadas, depois novamente empreendidas e repensadas.
As problemáticas sobre as quais estes textos se debruçam são compreendidas não apenas na sua imediatidade, mas também na sua história. Não uma história que as anteceda, mas que as constitui em seu presente e as alimenta em sua projeção futura. Vistos como estruturais, os problemas tratados indiciam os paradigmas, os valores, princípios e finalidades que os perfazem. E por serem estruturais e históricas, as questões discutidas transcendem os limites estritos das relações entre o ensino superior e a formação docente em Serviço Social, revelando a realidade política do nosso país e da nossa civilização. Por meio delas deparamo-nos com temas e problemas que nos formam enquanto cidadãos e enquanto brasileiros, que explicam nossos modos de ser e, portanto, alcançam