Aula Compartilhada: Formação Continuada Docente para Aulas Operatórias
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A Aula Compartilhada é apresentada passo a passo, a partir de uma proposta prática desenvolvida pelo autor, que auxiliará coordenadores pedagógicos e demais formadores de professores a aplicarem essa estratégia, na qual o fazer junto faz toda a diferença.
Tendo por foco formar os professores do ensino médio no desenvolvimento de Aulas Operatórias, a Aula Compartilhada, da forma como aqui é explicada, mostra-se uma excelente estratégia formativa, que poderá auxiliar tanto na reflexão quanto na prática pedagógica, tanto dos docentes quanto dos seus formadores.
"Sinto que seu trabalho merece uma urgente publicação a fim de que outros educadores, além daqueles que você trouxe para sua pesquisa, consigam dar início à transformação aqui trazida. Sim, a atividade por você trazida nesta obra implicará naquilo a que já me referi, trazida por Sócrates, que é o autoconhecimento." Ruy Espirito Santo
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Aula Compartilhada - Herman Renato Assumpção
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 UM PANORAMA DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
1.2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR COMO FORMA DE ATENDER ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DO ENSINO
2 BUSCANDO AS BASES TEÓRICAS
2.1 ENSINO OPERATÓRIO – UMA EVOLUÇÃO HISTÓRICA
2.1.1 John Dewey
2.1.2 Jean Piaget
2.1.3 Lev Vygotsky
2.1.4 Louis Raths
2.1.5 Paulo Ronca e Cleide Terzi
2.2 AVALIAÇÃO E PARAMETRIZAÇÃO DO PROCESSO FORMATIVO
2.2.1 Pesquisa qualitativa
2.2.2 Entrevista semiestruturada e questionário como estratégias de coleta de dados avaliativos
2.2.3 Bases para parametrização qualitativa
2.2.3.1 Philippe Perrenoud
2.2.3.2 Paulo Ronca e Cleide Terzi
2.3 MODELOS DE PROFISSIONALIDADE DOCENTE: PERFIL DOS PROFESSORES
2.3.1 Modelo de profissionalidade técnica
2.3.2 Modelo de profissionalidade reflexiva
2.3.3 Modelo de profissionalidade intelectual crítica
2.3.4 Modelo de profissionalidade contemporânea
3 DESENVOLVIMENTO DA AÇÃO FORMATIVA
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PROFESSORES ENVOLVIDOS
3.2 ETAPAS DE APLICAÇÃO DA AÇÃO FORMATIVA
3.2.1 Etapa diagnóstica
3.2.2 Etapa formativa
3.2.3 Etapa das Aulas Compartilhadas: planejamento e execução
3.2.4 Etapa da avaliação final
3.2.4.1 Entrevista semiestruturada
3.2.4.2 Questionário da coordenadora pedagógica da unidade
3.3 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS
3.3.1 Variáveis parametrizadoras exclusivas deste trabalho e suas categorizações
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 RESULTADO DA DEFINIÇÃO DO PERFIL DOS PROFESSORES ENVOLVIDOS
4.2 RESULTADOS ALCANÇADOS COM CADA PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DAS ETAPAS DA AÇÃO FORMATIVA
4.2.1 Resultados do professor de Física (Professor F)
4.2.1.1 Resultados da etapa diagnóstica do Professor F
4.2.1.2 Resultado da etapa formativa com o Professor F
4.2.1.3 Resultado da elaboração da Aula Compartilhada com o Professor F
4.2.1.4 Resultado da etapa de avaliação final do Professor F
4.2.1.4.1 Entrevista semiestruturada com o Professor F
4.2.1.4.2 Respostas da coordenadora pedagógica do Professor F ao questionário
4.2.1.4.3 Considerações do pesquisador com relação à etapa avaliativa do Professor F
4.2.2 Resultados do professor de Química (Professor Q)
4.2.2.1 Resultados da etapa diagnóstica do Professor Q
4.2.2.2 Resultados da etapa formativa com o Professor Q
4.2.2.3 Resultados da elaboração da Aula Compartilhada com o Professor Q
4.2.2.4 Resultado da etapa de avaliação final do Professor Q
4.2.2.4.1 Entrevista semiestruturada com o Professor Q
4.2.2.4.2 Respostas da coordenadora pedagógica do Professor Q ao questionário
4.2.2.4.3 Considerações do pesquisador com relação à etapa avaliativa do Professor Q
4.2.3 Resultados do professor de Biologia (Professor B)
4.2.3.1 Resultados da etapa diagnóstica do Professor B
4.2.3.2 Resultados da etapa formativa com o Professor B
4.2.3.3 Resultados da elaboração da Aula Compartilhada com o Professor B
4.2.3.4 Resultado da etapa de avaliação final do Professor B
4.2.3.4.1 Entrevista semiestruturada com o Professor B
4.2.3.4.2 Respostas da coordenadora pedagógica do Professor B ao questionário
4.2.3.4.3 Considerações do pesquisador com relação à etapa avaliativa do Professor B
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXOS
Posfácio
1 INTRODUÇÃO
1.1 UM PANORAMA DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
A educação no mundo vem sofrendo mudanças consecutivas, também presentes no Brasil. No ensino, essas mudanças são tão dinâmicas e diversificadas quanto as novas descobertas científicas, o desenvolvimento de novas tecnologias, a criação de novos meios de comunicação e, consequentemente, as novas formas de os alunos se relacionarem com o mundo e acessarem informações e conhecimentos.
Esses fatores pressionam o sistema da educação a mudar, induzindo os professores a mudar junto. Raths (1977) descreve o início desse processo ao afirmar que os professores sentem uma pressão crescente para as mudanças, evidenciando quanto todos estão perdidos, dentro desse contexto, ao explicar que essa pressão ora vem das administrações escolares, ora das comunidades, ora dos alunos, acrescentando que os docentes podem ser criticados por mudarem muito lentamente ou, ao mesmo tempo, por mudarem muito depressa.
A globalização, segundo Chassot, foi determinante para uma inversão no fluxo do conhecimento. Ele diz que
[...] a escola pode não ter mudado; entretanto, pode-se afirmar que ela foi mudada. E talvez não diríamos isso há dez anos. (CHASSOT, 2003, p. 22).
Sob o ponto de vista da formação de professores para atuarem na área das Ciências da Natureza, os dados do Censo da Educação Superior 2012, publicados por Tokarnia (2013), mostram a diminuição do interesse por cursos superiores relacionados a essa área, a partir da redução no número de matrículas nos cursos de graduação de Física e Ciências Biológicas e da queda do número de concluintes dos cursos de Química e Ciências Biológicas, nos anos de 2011 e 2012. Ressaltam-se, nessa reportagem, os dados do Ministério da Educação (MEC) quanto ao déficit de professores, que no ensino básico chega a 170 mil, em função dos poucos universitários.
Diante disso, são encontradas políticas públicas que visam minimizar esse déficit profissional existente, como os programas Ensino Médio Inovador
(2009) e Quero Ser Cientista, Quero Ser Professor
(2013).
A análise do desempenho das crianças e dos adolescentes brasileiros, nas avaliações de larga escala, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgados no relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), em 2012, demonstram que os efeitos da globalização não atingem apenas os professores, mas os alunos.
O Pisa é desenvolvido pela OCDE, a qual estão 34 países filiados, além de 30 outros países e economias com os quais possui parceria, entre eles o Brasil. É uma das avaliações de larga escala de maior relevância e reconhecimento no mundo, avaliando alunos com uma média de 15 anos de idade, provindos de todas as redes de ensino. Os componentes avaliados são: Matemática, Leitura e Ciências.
Nos dados existentes no Relatório Nacional Pisa 2012, observa-se que mais de 50% dos alunos brasileiros alcançaram apenas o Nível 1 de conhecimento em Ciências, ou seja, foram capazes de aplicar o que sabem apenas a poucas situações de seu cotidiano, e dar explicações científicas que são explícitas em relação às evidências. Pouca melhoria na pontuação média dos brasileiros é observada nos seis anos, entre 2006 e 2012, subindo de 390 para 405, valor este bem abaixo da média dos países participantes da OCDE, que é 500.
Esses resultados do Pisa são equivalentes aos do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2012, em relação às Ciências da Natureza, nos quais mais de 50% dos alunos do terceiro ano do ensino médio (EM) ficaram classificados nos níveis de proficiência Abaixo do Básico
ou Básico
.
Assim como o Pisa, o Saresp (SÃO PAULO, 2012) tem como objetivo principal produzir indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da educação, de modo a subsidiar políticas de melhoria da educação. Criado em 1996, avalia sistematicamente a qualidade do ensino no estado de São Paulo, verificando o rendimento escolar dos alunos de diferentes séries e períodos e identificando os fatores que interferem nesse rendimento.
Essa avaliação envolve todos os alunos do segundo, terceiro, quinto, sétimo e nono ano do ensino fundamental (EF) e do terceiro ano do ensino médio da rede pública estadual, contemplando as áreas de Língua Portuguesa – Leitura e Redação, e Matemática. As áreas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza são avaliadas em anos alternados.
O panorama de educação exposto parece estar relacionado às características apresentadas no outro seguimento do ensino, o professor.
1.2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR COMO FORMA DE ATENDER ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DO ENSINO
E como será que, dentro do contexto exposto, está a qualidade das aulas dos componentes da área das Ciências da Natureza? Será que os professores que estão lecionando hoje foram preparados, em sua graduação, para atuar pedagogicamente nos tempos modernos?
Vieira e Vieira (2013) apontam que a primeira causa da diminuição do interesse pela ciência e pelo prosseguimento das carreiras científicas é que as aulas de suas disciplinas não são suficientemente apelativas. E o relatório emitido pela OCDE, do Pisa de 2006, complementa com a informação de que as metodologias de ensino utilizadas são as responsáveis pelo desinteresse crescente dos alunos pelas Ciências e, consequentemente, pelos seus baixos desempenhos.
Necessária se faz a realização de formações continuadas aos professores, pois a maioria que hoje leciona nas redes de EF e EM provém de faculdades que, conforme Ramos (1990) e Hypolitto (2009), não os prepararam para atuar nos contextos escolares encontrados