Falando em português: A filosofia na linguagem da gente
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Falando em português - André Tenório
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Introdução à Filosofia
Intuição
Oswaldo Montenegro
Canta uma canção bonita falando da vida, em ‘Ré maior’.
Canta uma canção daquela de filosofia e mundo bem melhor.
Canta uma canção que aguente essa paulada, e a gente bate o pé no chão.
Canta uma canção daquela, pula da janela, bate o pé no chão.
Sem o compromisso estreito de falar perfeito coerente ou não.
Sem o verso estilizado, o verso emocionado bate o pé no chão.
Canta o que não silencia é onde principia a intuição.
E nasce uma canção rimada da voz arrancada ao nosso coração.
Como, sem licença, o Sol rompe a barra da noite sem pedir perdão!
Hoje quem não cantaria grita a poesia e bate o pé no chão!
E hoje quem não cantaria grita a poesia e bate o pé no chão!
A letra da música acima usa a palavra filosofia num sentido muito comum e popular que a confunde com visão de mundo ou sabedoria de vida. Esses são apenas uns dos muitos significados que essa palavra recebeu ao longo da história.
É por isso que vamos definir filosofia logo no primeiro capítulo deste livro. Acreditamos que assim daremos juntos os primeiros passos e poderemos caminhar pela mesma estrada nesta jornada que agora se inicia. Boa viagem!
I - O que é filosofia
Para iniciar nossa jornada, podemos definir filosofia como o estudo que busca compreender e explicar a evolução do pensamento e do conhecimento na história da humanidade.
Não há uma única definição para filosofia, há várias possíveis. E vocês precisam ter em mente que ao dizer o que é a filosofia estamos apenas lhes mostrando onde está o chão, para não ficarem boiando ou voando. Esperamos que se tornem capazes de formular as suas próprias definições. Sócrates e Platão a definiram como o conhecimento da essência. Aristóteles, como o conhecimento pelas causas. René Descartes definiu-a como estudo da sabedoria.
Quando começamos a estudar filosofia, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, surge uma dificuldade natural de orientação, porque não temos ideia do que se trata. Já tendo estudado os outros componentes curriculares, sabemos com o que lidam a matemática, a história, a geografia, as ciências. Mas a filosofia, não. Por isso, queremos saber logo o que vamos encontrar em nossos estudos.
Fizemos a nossa parte no primeiro parágrafo deste livro. Não vale, a partir de agora, sair por aí dizendo que não entende filosofia porque não sabe nem o que ela é.
Filosofia é ação, é realização. Ela desenvolve o pensamento crítico e estimula assim um comportamento crítico. Até aí nada demais, pois isso é uma característica de todas as ciências. Só que todas elas fazem isso justamente porque são filhas da filosofia.
A palavra filosofia é formada por duas palavras gregas: filo (philo) = amigo ou amante; e sofia (sophia) = sabedoria. Assim, ao pé da letra, filosofia significa amizade ou amor à sabedoria. E filósofo é aquele que se dedica a isso. Diógenes Laércio conta que a palavra filosofia foi utilizada pela primeira vez no século V a.C. por Pitágoras. Certa vez um rei o recebia no palácio e ficou completamente impressionado com a inteligência dele. Perguntado pelo rei como ele mesmo (Pitágoras) definiria sua condição de grande sábio, aquele pensador disse apenas que era um filósofo, ou seja, um amante da sabedoria.
A atividade do filósofo não tem limite. Tudo pertence ao campo de estudo da filosofia. Aprender a pensar e a utilizar o pensamento corretamente; compreender o real e transformar a realidade a partir dessa compreensão; estabelecer e avaliar as possibilidades e os limites para essas transformações. A filosofia está em toda parte.
II - Diferenças e semelhanças entre a filosofia e o mito, o senso comum e a ciência
Filosofia, mito, senso comum, ciência, como veremos brevemente a seguir, são formas de conhecimento distintas, assim como a arte e a religião.
Mito e filosofia são formas contrárias de percepção, compreensão e explicação da realidade. Confundi-las demonstra total desconhecimento do assunto. É muito mais comum as pessoas que não estudam filosofia confundirem o mito com o senso comum, o senso comum com a filosofia e a filosofia com a ciência. No primeiro caso, a confusão entre mito e senso comum se dá, principalmente, pelo fato de se associar o caráter sobrenatural do mito com as superstições e crendices do senso comum, pois, apesar de os conhecimentos oferecidos pelo mito serem sustentados pela fé e os do senso comum terem como base a razão, ambos são formas de conhecimento consideradas ingênuas, já que o uso da razão no senso comum não acontece de forma crítica, permitindo crenças infundadas e associações indevidas sobre os acontecimentos.
No segundo caso, ao confundirem filosofia com senso comum, as pessoas confundem filosofia com visão de mundo ou sabedoria popular, como a sabedoria dos mais velhos ou dos provérbios populares, que expressam o senso comum. É nesse sentido que leigos chegam a classificar frases de placas ou para-choques de caminhão como filosofia. Sem falar nas piadas sem noção e na sabedoria rasa que as pessoas demonstram em conversas regadas a bebidas, que alguns brincalhões começaram a dizer que se tratava de filosofia de botequim.
O senso comum é um conjunto de crenças e soluções práticas que nos ajudam a viver no mundo, resolvendo as questões que se nos apresentam no dia a dia. Apesar de utilizar a razão, seus conhecimentos são fruto de uma interpretação bastante ingênua dos acontecimentos e passam a fazer parte da tradição social, funcionando como uma forma confortável de adequação ao mundo em que tudo tem um lugar próprio, oferecendo respostas prontas que nos dispensam da reflexão profunda sobre a realidade que nos cerca.
A filosofia também faz uso da razão, porém de forma crítica e consistente. Nada pode ser considerado evidente sem antes passar por um exame criterioso. E, às vezes, até mesmo depois disso. Ela não busca a adequação ao mundo, mas a compreensão dele. Na Grécia, na época do surgimento da filosofia, a mitologia era utilizada para dar explicações sobre a realidade e se tornava o conhecimento passado de geração a geração, que era aceito pela sociedade sem questionamento, apenas sob a autoridade da tradição.
Os primeiros a perceber a necessidade de enfrentar a confiança cega no conhecimento da tradição foram os filósofos pré-socráticos, que passaram a buscar explicações racionais para a origem do mundo. Em seguida foram os sofistas, contemporâneos de Sócrates, no século V a.C., mas a solução que eles apresentaram recaía num tipo de ceticismo, que os levava a duvidar da possibilidade de se chegar à verdade. Foi Sócrates quem mostrou que tanto a tradição quanto os sofistas enganavam-se por perceberem apenas a aparência das coisas, enquanto a verdade estaria na essência.
A mudança da postura ingênua do mito e do senso comum para uma postura crítica diante do mundo e das coisas que nele existem e acontecem é o que chamamos de atitude filosófica. Ela começa com algumas perguntas simples: O que é? Como é? Por que é? Para que é? Através dela, somos levados a refletir sobre o mundo e as informações recebidas sobre ele, mostrando que, em filosofia, as perguntas são t