Ensino de filosofia: experiências, problematizações e perspectivas
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Depois de muitos anos lutando pelo retorno da Filosofia, como disciplina, ao currículo escolar, pela sua institucionalização e, depois de muitos escritos sobre sua importância na formação juvenil, parece-me que agora um novo desafio está colocado em pauta: como fazer para que esse retorno efetive, na sala de aula, o exercício de pensamento filosófico dos estudantes nas condições objetivas da escola brasileira e da formação dos professores de Filosofia. Experiências, problematizações e perspectivas sobre o ensino de filosofia é o que livro procura oferecer aos seus leitores.
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Ensino de filosofia - Elisete M. Tomazetti
Autores
CAPÍTULO 1
O ENSINO DE FILOSOFIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL NO PARANÁ: ANÁLISE DAS AÇÕES DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE O ENSINO DE FILOSOFIA (NESEF) NO CONTEXTO DA CONJUNTURA ATUAL
Geraldo Balduíno Horn
Valéria Arias
NESEF – Núcleo de Estudos Sobre o Ensino da Filosofia – foi pensado e fundado em 1999, a partir das atividades desenvolvidas na primeira etapa das atividades de um projeto institucional de pesquisa e extensão direcionado à licenciatura². Naquela oportunidade, ano de 1998, estudantes de filosofia desenvolveram trabalhos e atividades com objetos relacionados ao programa Licenciar Levantamento, Divulgação e Promoção da Licenciatura em Filosofia. Ligado ao Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná – SE/UFPR, o NESEF é constituído, principalmente, por professores de filosofia do ensino médio e universitário e alunos da graduação. Sua finalidade é debater questões relacionadas ao ensino da filosofia, particularmente na educação básica, bem como desenvolver iniciativas no sentido de consolidar a presença dessa disciplina nos currículos.
O Núcleo surgiu principalmente da necessidade de um espaço para problematizar a questão do ensino de filosofia (conteúdos, método, recursos, políticas educacionais, etc.), para a troca de experiências, promoção de cursos de atualização, debates, produção de materiais didáticos, publicações de artigos e para uma efetiva luta pela inclusão da filosofia como disciplina nos currículos da educação básica. Desde sua fundação, o NESEF realiza parte de suas seções e encontros de forma aberta à participação de interessados. Nesses fóruns costuma-se contar, além da presença de professores de filosofia na educação básica e superior e de alunos da graduação, com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Paraná – APP-Sindicato, do Instituto de Filosofia da Libertação – IFIL, de setores do poder público afeitos à educação, bem como de coletivos e sujeitos que atuam no âmbito da reflexão e produção de conhecimentos sobre filosofia e política educacional, sobretudo, na esfera pública.
É importante ressaltar que, do ponto de vista jurídico e político, o NESEF constitui-se em Núcleo interinstitucional e interdepartamental de caráter público, criado oficialmente pelo Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. Sua atuação volta-se, basicamente, para duas atividades fins da Universidade: a pesquisa e a extensão, com ênfase em estudos e ações relacionadas ao ensino da filosofia e ao acompanhamento e avaliação de programas, projetos, propostas curriculares e de materiais didáticos para a filosofia na educação básica. O Núcleo não pretende, de maneira alguma, substituir o papel da Licenciatura em Filosofia ou das disciplinas pedagógicas responsáveis pela formação didática do licenciando. No entanto, ao se propor, mediante pesquisas e atividades de extensão, contribuir para fornecer substância epistemológica e pedagógica aos processos de formação inicial e continuada do professor de filosofia, o NESEF, por força das conjunturas históricas em que tais processos se realizam, necessariamente amplia seu espectro de reflexão e ação para além dos campos tradicionais da atuação acadêmica.
A filosofia na educação básica, muito mais que um objeto de pesquisa acadêmica
, expressa, para o NESEF, um dos âmbitos da filosofia viva, problemática e potencialmente impulsionadora da gênese de estudos e de práticas que aproximam os sujeitos da educação dos pilares da atitude filosófica. Esta atitude, assim entendida em sua radicalidade, como metódica, rigorosa, crítica e, sobretudo, capaz de expressar, do ponto de vista da totalidade, as constituições e contradições da realidade da escola e do próprio papel e significado da filosofia – e do filósofo –, nesta mesma realidade. Coerente com este espírito, o NESEF concebe seus objetivos, entre os quais se destacam: organizar e viabilizar junto ao Setor de Educação, atividades de extensão voltadas à atualização do professor de filosofia; desenvolver pesquisas relacionadas ao ensino de filosofia na educação básica; publicar textos dos resultados das pesquisas.
Dos debates e estudos realizados pelo Núcleo ao longo dos seus primeiros anos até meados de 2008 com os professores de filosofia atuantes nos dois níveis da educação básica, pode-se destacar as preocupações e problemáticas referentes à filosofia possuir ou não um conteúdo próprio a ser ensinado, a exemplo das outras disciplinas. Como reflexão fundante, a filosofia historicamente constituiu-se como campo extenso e, ao mesmo tempo estrito, de investigação, devido, justamente, àquilo que a especifica e a diferencia dos diversos saberes: a impossibilidade lógica e ontológica de delimitação positiva de um objeto de estudo. Ocorre que esta peculiaridade, não impede, ao contrário, numa concepção de educação emancipadora, favorece que a filosofia apresente um corpus próprio de conteúdos de ensino. Mais: tal conjunto se revela fundamental para a formação integral dos sujeitos, condição que confere legitimidade a sua presença, legalmente obrigatória, nas matrizes curriculares da etapa final da educação básica. Nessa seara, emergiram na história recente da caminhada da disciplina de filosofia rumo à construção e qualificação do seu espaço político-pedagógico na educação básica, indagações a respeito do significado de ensinar filosofia, de quais conteúdos ensinar, em qual perspectiva fazê-lo e de quais pressupostos metodológicos seriam mais coerentes para fundamentar o trabalho docente. Acerca dos professores de filosofia do ensino médio, outro problema significativo a que os pesquisadores e colaboradores do NESEF se dedicam continuamente, diz respeito à formação inicial e continuada destes profissionais e às suas condições de