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Olhos da cara
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Olhos da cara

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É um romance para a juventude, para os adultos. Para os que lêem até bula de remédios ao menos duas vezes. Amor, encontro e viagem. Fala da mentira como princípio de verdades internas. De renascimento, de recodificar, retomar o tempo e voltar a si. Ou tornar-se alguém. Os olhos como velas, como ondas, como passagens, não um corpo, mas uma alma. Mais que desejo, fuga do comum, de ver a vida com os olhos da cara e amá-la. Há um nome, o leitor vai aos poucos descobrindo esses mistérios. Há, de fato, uma certa psicologia. Mas não é simbólica, porém narrativa do ato, da ação. Trata de escolhas. Os sonhos despertam-se com quem nos chama. Alguém que nos diz quem é esse que levanta-se da tempestade de sua quietude. É o barco da vida. Ancorar, balançar o mar, singrar as águas para o conhecido não visto. Erguer as aletas das horas, deixar a membrana fina filtrar nossos medos e alcançar ao menos, frente a tudo, a dignidade. A única, de inventarmos todos os dias a vida. Essa ventura que nos transforma aos passos úmidos de nossas águas. Erguemos o velame e partamos.

LanguagePortuguês
Release dateJan 9, 2020
ISBN9780463924945
Olhos da cara
Author

Pedro Moreira Nt

Who I amPedro Moreira NtI have been a writer since infancy; my father influenced me with reasonable asks to do that the best possible, and my mother, too, read to me, I have been a writer since infancy; my father influenced me with reasonable asks to do that the best possible, and my mother, too, read to me, and at both comes a song walking my mind, sweetness and lovely goodness. I am critical of that; I desire to create a mist of essay, but my preference for poem structure and sensibility do not long of art. So, I seek romanticizing concepts and developing a new sense of literature that happens in its movement. I leave it to the reader to do part of that; they create a truthful text and can do a good book. It is the interpretation, the way, a leap beyond what a word says, transforming our lives when they share.My first writings, chronic stories, participated in my soul. It was extremely critical and sarcastic about what I saw from reality.I am talking of a fifties age period behind. In a position about what I developed, my evolution was more toward apparent expressionism and realism with wave poetical intermain. I do not know, and I am a writer by chance by life.I wait to create something more dense and fragile so that a reader can discover more insight and make the story.I write all day. I threw out many texts, books, and theatre, left at home friends, gave up on other works, abandoned along the path, and presented in different ways when it was impossible.I have not had a time in which I did not have difficulties showing my art, or I was, for some reason, prohibited from showing, or people made oyster faces and bodies, seeing down shoes, putting me out because, beyond writing, I talk. And when I speak, I create conflict with conceptualistic people. I am intervenient into the academy and ideological corpus, into radicalism free. I am more definitive when I believe in what I say and highly flexible when people do not know what I am saying.My themes are variant, and many circumstances bring me a gift, a motive to write. I wrote in Portuguese two books that I like, "Lirio" - Lille, and "O Peixinho do Pantanal" - The Little Fish from Pantanal (Wetlands), and both meant creation, jump to beyond, overcome, transformation social and personal release.From that, I wrote other books seeking to show different meanings throughout of phantasy necessary, and it to parents and children a fantastic universe of possibilities for a personal construction, making life an adventure.I create a pedagogical process to write and design tangled images where it is possible to seek the theme of a short story. "Lippi and Semma Friendship" talks about that, and I wrote that short story through it. They led me to social problems, injuries, differences, the orthodoxy of community rules, cultural values, the barriers around democracy and its meaning, and the gratitude for a true friendship."Letter to the Moon" is a short love story, but love yourself, and send a letter to the Moon through a pebble launched for.Books about freedom, encountering people, loss, and gains, and becoming someone.Book for radicality of right in that it does not see your bottom."Bakery," for example, talks about that.I finished a short story made of challenges and adventures: "Memories of the Air." - from you start reading until the end, the thing is in action, in movement, an eternal fugue or secrets, and does not reveal its net. The reader will discover.

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    Olhos da cara - Pedro Moreira Nt

    Se há uma verdade ela nos escapa ao tempo de sua manifestação. Ao dizer a verdade, entende-se que antecipadamente comprova-se que seja verdade. E em ser verdade entende-se o aspecto histórico que constitui um discurso verdadeiro em que se estabelece a verdade como primórdio da expressividade de alguém, a verdade dita por um verdadeiro senso de uso da palavra, e de uma razão anterior de verdade que alcança uma ulterior condição de recepção do que seja verdadeiro e, ao mesmo tempo, de quem recebe tal verdade, que seja integralmente verdade a sua intencionalidade de acolhimento e, da mesma forma, expressivamente estabeleça-se critérios dessa recepcionalidade de verdade em que categorize a verdade.

    A verdade pode ser verdade por si mesma de tal forma que para surgir como verdadeira tenha a recepção pura da verdade ou não-verdade (uma especie de verdade-mentirosa proveniente da criação de verdades) cuja relação determine no receptor humano todas as verdades tangíveis que possa determina-la ou objetiva-la como uma verdade do tipo não-verdade.

    Fora dessas possibilidades não poderia ver verdade senão comprovada antecipadamente e em concluir-se como tal.

    Se eu digo que vai chover, - conquanto se entenda chuva natural e não artificial - estou tratando de verdade dita enquanto crença de que vai chover, no entanto, isso independe de mim e sim do tempo em sua natureza temporal. Por outro lado, se digo que te conheço, essa verdade pode ser entendida como meia-verdade porque mesmo não se tem completamente um conhecimento verdadeiro em sua inteireza do outro, e de si mesmo.

    Se de si mesmo e do outro não temos uma verdade pura e completa, o conceito de verdade perpassa por uma historicidade do que seja verdade no uso humano da linguagem, ela abrupta na palavra carregada de pensamentos enquanto verdade e não a verdade propriamente como manifestação última.

    Antes de falar a verdade se diz no corpo e espaço, está em nós e em nossas relações uma verdade a priori, a verdade que somos seres construtores de verdades. Consequentemente somos seres que duvidamos de todas as verdades, mesmo as que os fatos se mostram, que tipologicamente se encaixam, que se apresentam no imediato, e isso pode ser entendido como seres que ocupam o espaço e tempo em que se dão relações e interações para a construção social da verdade, e do conhecimento delas. E é o conhecimento que lutamos por derrubar como verdade inteira.

    São as objetivações que buscamos exterminar. São as apropriações e processos de saber e aprender que desejamos eliminar para sermos completamente, desde sempre, sem nenhum aparato, nem histórico que comprove o contrário, como seres de verdade porque somos a verdade em processo.

    Porém temos a verdade como uma realidade subjetiva, histórico-social, cultural, uma verdade filtrada e integrada a um conhecimento-conhecido, a sua epistemologia que demonstra ser a verdade como possibilidade. É uma verdade de busca de verdades que se realiza através da ferramenta científica de ser verdade suficiente para tanto, ser uma verdade bastante para a sua utilidade e também funcionalidade enquanto materialidade intelectual, uma materialidade subjetiva-abstrata científica que se propõe a demonstrar a existência de verdades.

    Os modos pelos quais as verdades podem participar entre si como verdades se estabelecem na praxis científica em que processam conhecimentos relacionados a evidências ou dúvidas coligidas. As dúvidas ou questionamentos integram-se o sistema entre verdades conhecidas e as que se arrola no processo de pesquisa, de se saber de verdades que possam se constituir como conhecimentos.

    Conhecimentos são verdades cristalizadas na fábrica de conhecimentos humanos, nessas relações em que possa também interagir e produzir novas verdades que, por continuidade, se realizem enquanto outros conhecimentos. Nota-se que a verdade também ocupa um tempo espaço em que atua ou vibra de tal forma que move-se no campo a influenciar certezas e a torná-las concludentes ou duvidosas.

    Seja como for, toda verdade não atua apenas em direção a seu espaço onde atua, a verdade não atua apenas sobre verdades, elas são constantemente bombardeadas e muitas vezes destruídas para se tornarem novamente dúvidas.

    Pode-se dizer que a verdade carrega um verme dentro e que a qualquer momento devora o corpo das verdade não sobrando mais nada senão a única verdade do que são feitos, a dúvida. Mas se sabe também que a verdade devorada, despida, rejeitada não deixa de existir. Pisar na verdade, amassá-la, jogá-la contra a parede, moê-la, triturá-la, seja como for, ela persiste - conquanto não seja mais verdade torna-se a verdade de um caminho, a verdade do processo.

    Gente sem horizontes, sem mar e barco sem velas. Ondulados na escassez no árido poeirento de meias palavras.

    E os processos, os caminhos são a alma de toda a verdade. Elas morrem, desaparecem, mas a sua historiografia mostra quanto mais se pode conhecer, mais sobre verdades-não-verdadeiras que produzem verdades, os enganos de percursso, as categorias, as metodologias e seus procedimentos, os testes, a prática, o desbravar o campo a colidir com a área de atuação e com a sua epistemologia retoma a verdade como um construto a produzir dessa verdade, outra.

    Essa outra leva consigo, portanto, a sua verdade histórica, processada. E tivessem ao menos a praia, quem sabe pensariam em viagens. Teriam o início de alguma vontade.

    Em si mesmo, como agente que procura verdades, se apresenta a dúvida, o questionamento, a incerteza, a probabilidade de precursor de verdade própria, posta e disposta, a alimentar o que sobre si mesmo recai, a verdade, os olhos da cara.

    *******

    Para os que perderam;

    para os que sempre perdem insistentemente.

    Para aqueles que deixaram de lado.

    Para as pessoas que morreram e que se mantém vivas apesar de tudo.

    E a todos que o amor corroeu até sobrar a piedade de si mesmo.

    *******

    Aos maus poetas que, como eu,

    editam seus livros tirando de circulação

    os bons, os verdadeiros.

    #######

    I

    Ali está o cão sujo da rua ao lado da advogada pedante, e do pequeno deus engasgado de fungo. O cão dorme, a advogada atravessa a rua se mostrando certa, correta, distinta, especial e não sabe onde cuspir. O cão remexe as pulgas e dorme. É um pequeno deus em seu diário de arrependimento! Ela é bem isso que se percebe quando anda flamejante com o rosto duro. Segurando aquela massa gosmenta adormecida na garganta. A vida tem essas manias.

    Ela é a vida de cima, treinada a se achar num monturo superior, carrega as leis e olha por cima; o mundo embaixo. Quer ser algo que não é num esforço de jóias e perfumes. É tão artificial, triste e insegura que com certeza mata.

    Pessoa assim mata. Cuida dos objetos, das coisas de valor, do carro, da cara, das rugas e dos dentes de porcelana branquinhos. Quando ri parece um peixinho gordo fora da água. Devia afogar esse ser. Se a prefeitura, quando deseja, manda tirar as pragas e o capim da praça; pudéssemos tirar esses seres cômicos do mundo. Criadoras de pênis de cerâmica, inventoras de pingüins que ficam sobre a geladeira a guardar o cofre precioso de sua imensa frieza.

    - Não se mata objetos, coisas mortas não morrem.

    O cão parece dormir. Ele exala fezes, urina e álcool e deixa escorrer um pouco de sangue devido sua última garrafa quebrada na garganta. Apodrece entre a calçada e a rua.

    A fome da sede e a fome da carne. A grande mesa suja da república está servida aos seus concidadãos.

    A república e sua imensa exposição de pratos e fome. Os pratos com inscrições que diz tudo sobre as vítimas: venho nas ondas do mar, está escrito no prato. Pratos vazios que ficam sobre pedestais, imensos em seu egoísmo, em sua incapacidade de oferenda, em sua instância pecuniária, de fartura e veleidade. Um ato mecânico que é aplaudido, na sua arrogância demonstrada de posição social, hierarquia de regra, uma demonstração de quantidade em sua egoísta e monótona fragilidade.

    Até hoje, depois de toda revolução sangüinária em todos os povos, copos ou copas e pratos ainda são troféus, bandejas são também troféus. O sujeito joga a raquete no chão e excitado segura um prato. A raquete podia ser a colher, a rede que segura a passagem do planeta e que o redireciona, quando o captura impulsiona a retomar antiga trajetória, em sentido vasto, vastíssimo, o jogador joga o mundo e come no prato, o seu direito de continuar vivo.

    Vi muito em banquetes e vernissages, naqueles espaços da burocracia pública onde o carrasco convida os seus reféns para um último alimento. Aquelas obras vazias cuja personalidade má insiste em dar ordem e fundo a um produto de simetria e arrogância, um nada sem gosto. Algo que só pode ser um prato vazio. Eles seguram um prato vazio. E o prato derrama-se em cocaína,

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