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Comunicação, Cultura e Mobilização Comunitária
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Comunicação, Cultura e Mobilização Comunitária

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Comunicação, cultura e mobilização comunitária lança um olhar sobre as políticas públicas de cultura desenvolvidas no Brasil do século 21, em especial o Programa Cultura Viva. A partir de um estudo de caso, buscam-se aproximações entre as teorias de comunicação e conceitos na perspectiva da mobilização comunitária. O que se pretende discutir são as iniciativas de comunicação produzidas em contextos populares contemporâneos, especificamente na Rede de Pontos de Cultura de Pernambuco. Fruto de pesquisa realizada entre 2010 e 2012, o livro evidencia, entre outros aspectos, que tais experiências de comunicação revelam um envolvimento dos grupos populares nas políticas públicas culturais, apontando alternativas a partir da articulação em rede, especialmente em localidades com escassez de equipamentos culturais.
LanguagePortuguês
Release dateMar 10, 2020
ISBN9788547318635
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    Comunicação, Cultura e Mobilização Comunitária - Mariana Ferreira Reis

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    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei n.º 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis n.ºs 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SUSTENTABILIDADE, IMPACTO, DIREITO, GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

    Aos que fazem da comunicação e da cultura espaço para (re)existir.

    AGRADECIMENTOS

    Aos que vieram antes. Aos meus avós e meu pai, hoje, ancestrais. À minha mãe, primeira mestra na vida. À minha orientadora no Posmex/UFRPE, Salett Tauk, por lapidar meu olhar jornalístico e generalista numa visão de pesquisadora – valeu pelos risos e broncas, pelo suco da acerola colhida no seu quintal e pela militância apaixonada por uma comunicação para o desenvolvimento local.

    Às professoras de Comunicação/Jornalismo da UFPE: Cristina Teixeira, por me acompanhar na trajetória acadêmica e pelo trabalho no programa Cultura no Ponto, sem o qual a aproximação com a Rede.PE não existiria; Yvana Fechine, que na graduação e no Programa de Formação de Agentes de Mediação Sociocultural (Pfams) mostrou ser possível uma outra comunicação, unindo academia e comunidade na extensão universitária; e Ana Veloso, que ajudou a traçar a jornada profissional e de pesquisa desde cedo.

    Aos amigos Raquel Santana, Joaninha Melo, Cecilia Godoi, Ludimilla Wanderley, Talita Rampazzo, Diego Gouveia e Nataly Queiroz, pelas contribuições preciosas no caminho percorrido entre a pesquisa e esta publicação.

    À equipe da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe - gestão 2007-2010), com a qual, desde o primeiro momento, socializei a ideia do projeto de mestrado, quando ele ainda era uma fagulha de pensamento; em especial, a Rodrigo Coutinho, Teca Carlos (in memorian) e Mauro Lira, que desde 2009 até o final da pesquisa apoiaram-me nos contatos, participação nos eventos e inspiração para trabalhar numa comunicação voltada para a valorização da cultura local.

    Aos colegas dos Pontos de Cultura, especialmente aos Cabras de Lampião, pelo afeto e a hospitalidade; Guitinho da Xambá; Modesto do Centro Dramático do Pajeú; Grupo de Informática, Comunicação e Ação Local (Giral) e Projeto Seu Zé. Agradeço, ainda, ao Jornal Voz e a Comunicação(JVC), de Feira Nova, que me possibilitou aliar jornalismo à extensão rural.

    E, por fim, mas não menos importante, muito obrigada aos amigos do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), pelo primeiro contato com as teorias do desenvolvimento local e pela oportunidade de vivenciar a relação com os Pontos de Cultura nas Teias da vida. Sem todos vocês, este trabalho não teria existido.

    PREFÁCIO

    Um acontecimento marcante do início do Século XXI foi a emergência de uma preocupação com a cidadania cultural. Como marco dessa preocupação, nasce o Plano Nacional de Cultura, no afã de proteger e valorizar a cultura nacional, visando garantir um desenvolvimento cultural inclusivo e participativo para a Pátria Brasil. Desse plano floresce, em 2004, o Programa Cultura Viva, criado para fortalecer, em nível nacional, uma rede de criação e gestão cultural por meio dos Pontos de Cultura. Assim estava formada uma rede com o objetivo de garantir o acesso à fruição, produção e difusão cultural das culturas populares, numa perspectiva inclusiva e de construção do desenvolvimento local.

    Num cenário empírico, que inclui temas como a articulação de redes, o esforço pela inclusão social das culturas populares e a construção do desenvolvimento local, é que Mariana Reis encontra os argumentos para construir o seu objeto de pesquisa: o Ponto de Cultura Cabras de Lampião, projeto de dissertação que defendeu no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural e Desenvolvimento Local da Universidade Federal Rural de Pernambuco, e que agora Mariana nos presenteia no formato de livro.

    Com ancoragem teórico-metodológica nos estudos de recepção, na abordagem dos Estudos Culturais Comunicação, Cultura e Mobilização Comunitária, traz para o leitor a oportunidade de conhecer uma experiência empírica, testemunhal, vivenciada por uma comunidade a partir da experiência de uma política pública chamada Ponto de Cultura. E não se trata de um narrador qualquer. Mariana Reis, apesar de sua juventude, é militante veterana da causa dos desfavorecidos e conhecedora dos pressupostos básicos dos estudos culturais: o reconhecimento da desigualdade e da contingência – que permeiam a condição de estar no mundo das culturas populares – e o compromisso político com o popular que assume o pesquisador, na perspectiva da luta inclusiva e pelo desenvolvimento local.

    Fiel ao compromisso político, Mariana desloca o lugar de fala da política de cultura para Os Cabras de Lampião, examinando as apropriações que o Grupo, enquanto representante de uma cultura popular, faz de uma oferta hegemônica.

    Examinando o vigor da semântica irretocável do trabalho de Mariana Reis, sinto-o como um memorial com duplo sentido: o resgate de uma época em que as culturas populares exercem o protagonismo da sua criação e do seu destino, fazendo da sua criação modos de gerar renda e garantir a vida; e como um grito de resistência às forças retrógradas que ainda tentam negar a cultura como território da criação, da vida, da fé e, sobretudo, do sentido da luta pela inclusão e contra a desigualdade social.

    Maria Salett Tauk Santos

    Professora titular da UFRPE

    APRESENTAÇÃO

    Em tempos de redes virtuais, possibilitadas pelas tecnologias da comunicação, como acontece a articulação de grupos culturais populares? Até que ponto a atuação do ponto de cultura, de fato, contribui para a mobilização comunitária? Quais são os processos de comunicação utilizados para essa mobilização? Que relações podem ser estabelecidas entre as políticas públicas culturais de ontem e de hoje? Essas foram algumas das questões impulsionadoras da pesquisa que resultou neste livro. O estudo de caso, realizado no Ponto de Cultura Cabras de Lampião, em Serra Talhada, Sertão do Pajeú, no estado de Pernambuco (Nordeste brasileiro) buscou identificar se a experiência em rede favorece a construção de uma comunidade nos moldes contemporâneos, ou seja, uma comunidade atenta aos suportes midiáticos e sua convergência.

    Passada uma década da implantação do Programa Cultura Viva, vale a pena debruçar-se sobre a compreensão da política pública não enquanto ação pontual – com prazo para terminar – mas enquanto processo, com continuidade, ou seja, como política de Estado e não de governos. Hoje, reivindicar para si a identificação enquanto Ponto de Cultura (a despeito da falta de incentivos públicos) pode sinalizar a afirmação de um grupo cultural em seu papel político na comunidade, no município e na região. E, para isso, na nossa compreensão, a comunicação tem participação fundamental.

    A autora

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    O que nos move?

    O Processo de Investigação

    Políticas Públicas de Cultura, Mobilização Comunitária e Desenvolvimento Local

    1.1 Políticas Públicas de Cultura no Brasil: conceitos e práticas

    1.2 Cultura e Desenvolvimento Local

    1.3 Mobilização Comunitária para o Desenvolvimento Local

    1.4 Comunicação nos Processos de Mobilização Comunitária

    Rede de Pontos de Cultura de Pernambuco, participação política e experiências de comunicação 

    2.1 Pontos de Cultura no Brasil e em Pernambuco: proposta e articulações

    2.2 Rede de Pontos de Cultura e Participação na Política Cultural Estadual

    2.3 Comunicação como questão de cultura: experiências midiáticas da Rede de Pontos de Cultura de Pernambuco (Rede.PE)

    Sertão do Pajeú e seus Cabras de Lampião

    3.1 Nas terras do Pajeú: viagem ao interior da terra 1

    3.2 O local da pesquisa: Serra Talhada, capital do xaxado

    3.3 A população em estudo: nas pegadas de Lampião, Maria Bonita e demais cabras 

    3.4 O terreiro da fazenda, o sítio e o museu: espaços de vivências e experiências

    3.5 As Artes do Cangaço: da dança às atividades multimídia

    O Ponto de Cultura Cabras de Lampião: mobilização comunitária e redes na construção do desenvolvimento local 

    4.1 A cultura no Ponto e o aproveitamento dos potenciais locais

    4.2 Sustentabilidade ponto a ponto

    4.3 Mobilização e articulação comunitária

    4.4 O Ponto de Cultura falando para o mundo: redes materiais e virtuais

    4.5 Participação Política do Sertão ao Litoral

    4.6 Os Cabras de Lampião e os parceiros locais

    E o Futuro?

    REFERÊNCIAS

    INTRODUÇÃO

    O que nos move?

    Este livro é fruto de pesquisa de mestrado, defendida em 2012, que se propôs a analisar as ações do Ponto de Cultura Cabras de Lampião na perspectiva do desenvolvimento local. Especificamente, o que se pretende compreender é a contribuição desta política pública de cultura à mobilização comunitária e ao trabalho em rede e se essas ações favorecem a construção do desenvolvimento local.

    O itinerário das políticas públicas de inclusão social no Brasil apresenta pelo menos três momentos históricos distintos, cada qual com características peculiares: o primeiro, no período da ditadura militar, nos anos 1960; o segundo, por ocasião da pós-democratização, a partir do final dos anos 1980; e o último, do neoliberalismo dos anos 1990 e início dos anos 2000¹.

    As políticas de inclusão social e cultural no Brasil a partir da década de 1980 passam por dupla tensão. Por um lado, as políticas de bem-estar social, pelo caráter paternalista, fortaleceriam o Estado e enfraqueceriam a sociedade civil, além de fragmentarem o social pela ampliação do acesso ao consumo. Por outro, como diz Burity, "a inclusão associada à idéia de cidadania acomoda num mesmo patamar ideológico e institucional a pluralidade de grupos e identidades não-homogenáveis".

    Consequentemente:

    Temos uma sobreposição de duas tensões, na qual a deslegitimização das políticas estatais de provisão social é feita em nome de uma nova concepção de cidadania, mas produz uma crescente desarticulação social – seja pela privatização dos cidadãos-consumidores, seja pelo deslocamento da antiga polaridade entre capital e trabalho, em favor de uma idéia de sociedade como um espaço pluralista em que diferentes grupos concorrem pelo atendimento de seus interesses²

    Em relação à cultura, as políticas públicas no Brasil contemporâneo trazem em suas diretrizes princípios e procedimentos que apontam não só para o acesso aos bens culturais como também ao direito da participação cidadã na construção da democracia cultural³.

    O Plano Nacional de Cultura (PNC), em tramitação no Congresso Nacional, entende que é papel do poder público incentivar, proteger e valorizar a cultura nacional, determinando garantias para que a política vise a um desenvolvimento cultural inclusivo e participativo. A criação do Programa Cultura Viva, em 2004, coincide com essa concepção de política pública, pois

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