Lírica grega, hoje
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Book preview
Lírica grega, hoje - Trajano Vieira
LÍRICA GREGA, HOJE
Coleção Signos
Dirigida por Augusto de Campos
Supervisão editorial: J. Guinsburg
Edição de texto: Luiz Henrique Soares e Elen Durando
Revisão de provas: Luiz Henrique Soares e Lia N. Marques
Projeto gráfico e capa: Sergio Kon
Produção: Ricardo W. Neves, Sergio Kon e Lia N. Marques
LÍRICA
GREGA,
HOJE
TRAJANO VIEIRA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
V716L
Vieira, Trajano
Lírica grega, hoje [recurso eletrônico] / Trajano Vieira. - 1. ed. - São Paulo : Perspectiva, 2019.
recurso digital (Signos ; 57)
Formato: epub
recurso digital (Signos ; 57)
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-273-1209-7 (recurso eletrônico)
1. Poesia grega - História e crítica. 2. Livros eletrônicos. I. Título. II. Série.
Vanessa Mafra Xavier Salgado - Bibliotecária - CRB-7/6644
28/11/2019 15/003/12/2019
1a edição
Direitos reservados à
EDITORA PERSPECTIVA LTDA.
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 3025
01401-000 São Paulo SP Brasil
Telefax: ( 11 ) 3885-8388
www.editoraperspectiva.com.br
2017
SUMÁRIO
Introdução
Arquíloco
(Paros, c. 680-640 a.C.)
Semônides
(Amorgos, ativo em meados do século VII a.C.)
Mimnermo
(Colofão ou Esmirna, 630-600 a.C.)
Álcman
(Esparta, ativo em meados de 620 a.C.)
Alceu
(Mitilene, c. 630-580 a.C.)
Safo
(Mitilene, c. 630-580 a.C.)
Estesícoro
(Himera, c. 632-556 a.C.)
Íbico
(Régio, ativo em 550 a.C.)
Anacreonte
(Teos, ativo em 550 a.C.)
Hipônax
(Éfeso, ativo em meados do século VI a.C.)
Simônides
(Ceos, 556-468 a.C.)
INTRODUÇÃO
MEU INTERESSE POR LITERATURA GREGA COMEÇOU A PARTIR DO contato com a poesia de Safo. Foi despertado há quarenta anos, quando eu contava dezessete, numa aula memorável de Francisco Achcar. Lembro-me perfeitamente de sua oralização de dois fragmentos da poeta de Lesbos, traduzidos por Haroldo de Campos e incluídos no apêndice do Abc da Literatura¹ de Ezra Pound. Ainda hoje, ao relê-los, considero-os primorosos por captarem o que há de mais particular em Safo: o deleite do estado contemplativo, a precisão verbal na configuração do instante, que lembra, de algum modo, um haicai, a atmosfera dramática do ritual, a sutileza da dicção. Cito-os:
em torno a Selene esplêndida
os astros
recolhem sua forma lúcida
quando plena ela mais resplende
alta
argêntea
* *
morto o doce Adônis
e agora,
Citeréia,
o que nos resta?
Lacerai os seios,
donzelas,
dilacerai as túnicas.
Se um calouro de graduação me pedisse indicação de traduções de Safo para o português, seriam essas as que eu sugeriria. Os anos se passaram, aprofundei-me nos estudos clássicos, e minha admiração por elas permanece a mesma. Mas há outra questão que não tem a ver propriamente com a qualidade literária. Refiro-me ao fato de, salvo engano meu, para os leitores que apreciam poesia, pouquíssimas traduções poéticas dos líricos gregos terem sido publicadas desde então entre nós. Os estudos acadêmicos avançaram no Brasil nessa área, mas dá para contar nos dedos de uma das mãos as traduções dos líricos gregos que poderiam ser indicadas a alguém que, ignorando o idioma, quisesse ter experiência literária de autores como Safo, Alceu ou Arquíloco. As traduções acadêmicas são normalmente pesadas. Sempre penso na situação do aluno hipotético que teria todo o direito de se colocar a seguinte questão: Por que ler autores tão tediosos?
A quase inexistência de bons tradutores de poesia grega entre nós deve ter alguma explicação. Uma delas talvez tenha sido dada indiretamente por William Arrowsmith, raro intelectual no campo das letras clássicas, com produção vasta e diversificada: helenista titulado em Princeton