Abordagem Histórico-Cultural: Um Olhar para a Formação de Professores e a Educação Especial
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Abordagem Histórico-Cultural - Fernanda Welter Adams
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSICOPEDAGOGIA
Para Tomé, meu pai e porto seguro,
E para Erlete, minha mãe e inspiração de vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus e à Nossa Senhora Aparecida, por me permitirem a realização deste sonho.
À minha família, agradeço pelo apoio e amor incondicional. Em especial, à minha avó Cecília Arminda Welter, que partiu no início desse processo, mas que eu sei que estaria imensamente orgulhosa de mais esta conquista em minha vida.
Aos meus pais, Clicério Tomé Adams e Erlete Maria Adams, muito obrigada pelo apoio e incentivo incondicional, eu não sei como agradecer tanto amor recebido de vocês, quero dizer que eu me orgulho imensamente de ser filha de vocês. E os amo muito!!!
À Dulcéria Tartuci, profissional que admiro muito, agradeço pela atenção, sabedoria, amizade, apoio e encorajamento para a realização da pesquisa que culminou neste livro.
Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.
Mas no fundo isso não tem muita importância.
O que interessa mesmo não são as noites em si, mas os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre.
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.
(Shakespeare)
PREFÁCIO
Prefaciar um livro é muito mais que apresentar a obra ao leitor, é ver algo nascer, concretizar-se e, contribuir para possíveis mudanças no modo de ser e ver o conteúdo explorado. Dessa forma, o presente livro Abordagem histórico-cultural: um olhar para a formação de professores e a educação especial é um convite para ampliarmos nosso olhar acerca de uma temática atual que é a formação de professores, porém sua legitimidade se dá pela forma como a autora aborda a temática, destacando a figura do professor na perspectiva da educação especial, evidenciando seu contexto histórico, social e cultural, daí então se justifica a escolha do referencial teórico, ou seja, discutir a formação do professor e a educação especial à luz da teoria histórico-cultural.
Pensar a teoria histórico-cultural é pensar o processo de superação do ser hominizado em direção ao ser humanizado, processo que, para se efetivar demanda a inserção de cada indivíduo particular na história do gênero humano. Porém, para que essa inserção ocorra, não é suficiente nascer e viver em sociedade, não basta o contato imediato com as objetivações humanas. Segundo Martins (2013, p. 10) para que os indivíduos se insiram na história, humanizando-se, eles precisam de educação, da transmissão da cultura material e simbólica por parte de outros indivíduos
. Assim, Vygotsky atribuía ao homem não apenas um papel de produto de seu ambiente, mas um agente ativo no processo de criação desse ambiente.
Nesse contexto, o professor desenvolve um papel fundamental no processo educacional, pois a ele cabe ser o mediador dos processos de ensino, propondo a organização da internalização do conhecimento, deixando para trás a figura do simples transmissor de informações dos séculos passados, reinterpretando e reinventando o seu papel. Assim, o professor deve rever constantemente as suas práticas, ou seja, depurar o seu trabalho, tornando-se, assim, um professor crítico, reflexivo e sensível às necessidades dos alunos. E para, que isso ocorra, é preciso haver também uma mudança na escola e na valorização do professor por parte da sociedade, mostrando sua importância na formação dos futuros cidadãos.
É preciso considerar também que, no contexto da educação especial, se a sociedade como um todo e a comunidade científica em particular não buscarem formas de incluírem os estudantes público-alvo da educação especial no convívio social e escolar estarão agravando ainda mais a condição de excluídos e, principalmente, desconsiderando as potencialidades desses sujeitos. Daí mais uma vez a importância da formação para o desenvolvimento humano do professor, proporcionando um processo formativo voltado para o sucesso escolar e inclusão, como princípio e compromisso social, visando a uma mudança na maneira de conceber o ensino e a aprendizagem e, consequentemente, a prática pedagógica do professor.
Assim, precisamos formar um professor que prepare o aluno para enfrentar as contradições sociais do momento atual, que seja capaz de provocar no aluno o desejo de adquirir o conhecimento para responder aos desafios da sociedade. Para isso, destaco mais uma vez que é necessário um investimento contínuo na formação do professor, principalmente no que tange ao professor na perspectiva da educação especial. Vale lembrar que a formação é um processo, por isso, inacabado, não avança no isolamento, no individualismo, é preciso que haja crescimento pessoal no contexto social, crítico e cultural.
Nesse sentido, as análises que integram o livro visam constituir-se em instrumentos para tornar os processos de ensino e aprendizagem mais eficientes na medida em que se pautam nos caminhos históricos e políticos da formação de professores na perspectiva da educação especial e, mais especificamente, a formação de professores de ciências da natureza para o aluno público-alvo da educação especial. Destaco, ainda, que esse aspecto é evidenciado pela autora, uma vez que sua grande preocupação dá-se pela falta de formação de qualidade para lidar com as potencialidades dos alunos público-alvo da educação especial, afirmação esta que ela apresenta por meio de sua experiência na área citada.
Diante do exposto, deixo aqui minha profunda e sincera admiração pela autora do livro, Fernanda Welter Adams, e o excelente trabalho que vem desempenhando na educação, e afirmo ao leitor que tem em mãos um rico instrumento de conhecimento e aprendizagem. Assim, convido você, leitor, a mergulhar nesse campo do conhecimento que ainda necessita ser explorado para então ser desenvolvido.
Ana Paula Manica
Mestre em Educação e graduada em Psicologia, ambas pela Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão (UFG/RC).
REFERÊNCIA
MARTINS, Ligia Márcia. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico- crítica. Campinas: Autores Associados, 2013.
APRESENTAÇÃO
A educação deve desempenhar o papel central na transformação do homem. Nesta estrada de formação social consciente de gerações novas, a educação deve ser a base das alterações do tipo humano histórico. As novas gerações e suas novas formas de educação representam a rota principal que a história seguirá para criar o novo tipo de homem.
(L. S. Vigotski)
Neste momento, tento reconstruir um pouco da trajetória que deu origem à obra que apresento aos nossos leitores. Uma obra que, assim como Vigotski, acredita que o homem constitui-se como tal a partir da apropriação da cultura, ou seja, acredita ser essencial a efetivação do direito de todos a educação de qualidade. Esta obra, portanto, busca discutir o contexto histórico, cultural e social da formação de professores e da educação especial.
Olhar para a formação docente pelas lentes da abordagem histórico-cultural nos permite enxergar com maior clareza detalhes e nuances fundamentais para o desenvolvimento de um trabalho compromissado com a atuação profissional crítica, reflexiva e sensível. Implica pensar um modo de formação que considere as suas experiências sensíveis e a formação em múltiplas linguagens, de modo a propor práticas educativas que auxiliem na apropriação de recursos expressivos e mobilizem a percepção do professor, ser humano em pleno exercício de sua atividade, que se torna mais inteiro e completo a cada experiência vivida e valoriza as vivências e os processos de aprendizado por meio do fazer e do compartilhar.
O contexto histórico desta obra interliga-se com a construção da minha identidade, que tem interesse em pesquisar a formação inicial de professores de ciências da natureza (ciências biológicas, física e química) na perspectiva da educação especial a partir de experiências vivenciadas com alunos público-alvo da educação especial. Durante minha graduação em licenciatura em Química, cursei a disciplina de Práticas como Componente Curricular (PPC 3), na qual tive uma introdução da educação de alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades e/ou superdotação, baseada na legislação que rege a educação especial e em metodologias desenvolvidas para atender esses alunos. Logo ao concluir a graduação, tive contato em sala de aula com alunos com deficiência intelectual e com baixa visão e, ao elaborar aula para atendê-los, observei que a formação inicial vivenciada não me deu suporte suficiente para elaborar uma aula de Química que levasse em consideração as potencialidades desses alunos.
Como acontece com muitos professores, a falta de formação de qualidade para lidar com as potencialidades dos alunos que são público-alvo da educação especial limitaram-me a desenvolver o menor número possível de atividades com esses alunos. Há uma inquietação frente a como se dá o desenvolvimento desses sujeitos e como deve ser realizada a formação de professores para atender a essa demanda que se faz presente na escola, uma vez que o acesso do aluno público-alvo da educação especial à educação e à educação especial é uma garantia legal, face ao processo de democratização da educação brasileira e o perfil das escolas quem vêm se alterando e a cada dia temos uma escola mais heterogênea, o que indica que está ocorrendo uma expansão no número de vagas, assim, como há uma legislação que assegura o ingresso de todas as pessoas à escola, independentemente de suas condições (LEITE; GIORGI, 2004). Tudo isso me levou a buscar uma formação continuada que permitisse compreender como está ocorrendo a formação de professores de ciências da natureza nessa perspectiva e a refletir sobre o que precisa ser mudado para garantir uma educação especial de qualidade. Reflexão esta que originou a presente obra, que traz o aporte teórico que acreditamos ser fundamental para garantir a educação citada.
A educação mostra-se como um mecanismo de transmissão conhecimento historicamente construído, e muito tem se discutido sobre ela como um direito fundamental, que precisa ser garantido a todos e todas sem qualquer distinção, de modo a promover a cidadania, a igualdade de direitos e o respeito à diversidade sociocultural, étnico-racial, etária e geracional, de gênero e orientação afetivo-sexual e às pessoas com deficiências. A formação e a qualificação de professores constituem-se como essencial para a inserção dos temas da diversidade e diferença. Contudo muitos conceitos e discussões têm sido formulados, sendo assim, faz-se necessário situar o leitor a opção teórica adotada nesta obra.
Já citei que o foco principal da presente obra é discutir a formação de professores e a educação especial, mas como os termos e definições dessa modalidade de educação sofreram diversas mudanças ao longo dos tempos, também relacionados a contextos históricos, culturais, políticos e econômicos, quero esclarecer minha opção por definição de educação especial com bases na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional — LDBEN, Lei n.º ٩٣٩٤ de ٢٠ de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), que