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A segurança da salvação: O poder e a beleza da verdadeira certeza da fé
A segurança da salvação: O poder e a beleza da verdadeira certeza da fé
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A segurança da salvação: O poder e a beleza da verdadeira certeza da fé

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Como posso saber se sou mesmo cristão? Posso ter certeza da minha salvação? Se você é cristão, então já se fez essas perguntas. A resposta reside na certeza, a certeza que vem da fé.

Mas o que é essa certeza? "É a convicção de que pertencemos a Cristo e de que desfrutaremos da salvação por toda a eternidade." É com essa definição que Joel Beeke abre o prefácio de A segurança da salvação, seu centésimo livro. A certeza da fé, ou a convicção de que somos justificados pela fé, sempre foi um tema vital para os cristãos e permanece relevante em nossos dias, nos quais o desejo de muitos de ter comunhão com Deus parece estar diminuindo. Quando isso acontece, o melhor que podemos fazer é mergulhar novamente na doutrina bíblica da certeza da fé.

Mais do que um tratado de teologia, este livro é um convite, um chamado para que nos aproximemos de Deus "com um coração sincero e com a plena certeza da fé" (Hebreus 10.22).
LanguagePortuguês
PublisherVida Nova
Release dateApr 1, 2020
ISBN9788527509596
A segurança da salvação: O poder e a beleza da verdadeira certeza da fé

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    A segurança da salvação - Joel Beeke

    p. 138.

    POR QUE A CERTEZA DA FÉ É IMPORTANTE?

    A certeza é a confi ança consciente de que estamos em um relacionamento correto com Deus por meio de Cristo, escreve Sinclair B. Ferguson. É a confi ança de que fomos justifi cados e aceitos por Deus em Cristo, regenerados por seu Espírito e adotados em sua família, e que por meio da fé nele seremos guardados para o dia em que nossa justifi cação e adoção serão consumadas na regeneração de todas as coisas.¹

    A certeza sempre foi um assunto vital para os cristãos. Sua importância demanda mais atenção agora porque vivemos em uma época de poucas certezas. Muitos, o que é pior, não percebem isso. O desejo de ter comunhão com Deus, o anseio pela glória de Deus e pelo céu e a intercessão por avivamento parecem estar esmorecendo. Isso acontece quando a ênfase da igreja na felicidade terrena sobrepõe-se à sua convicção de que somos meros peregrinos neste mundo a caminho de Deus e da glória.

    A necessidade de uma doutrina da certeza baseada na Bíblia é reforçada pela ênfase que nossa cultura dá aos sentimentos. Aquilo que sentimos muitas vezes prevalece sobre aquilo que sabemos ou em que acreditamos. Essa atitude infi ltrou-se na igreja. O crescimento dramático do movimento carismático pode em parte ser atribuído a um cristianismo formal e sem vida, porque o movimento oferece aos adeptos realização e empolgação emocionais que preenchem o vazio criado pela falta da certeza da fé genuína e de seus frutos. Hoje precisamos desesperadamente de um rico pensamento doutrinário aliado a uma vida vibrante e santificada.

    Este livro aborda as questões, dificuldades e problemas associados à certeza da fé. Examinemos primeiro oito importantes razões para buscar obter e crescer na certeza.

    Fé e vida sãs

    Nossa compreensão sobre a certeza da fé determina a solidez de nossa compreensão sobre a vida espiritual. Podemos ser ortodoxos em muitas áreas e ser errôneos em nossa compreensão dessa doutrina central das Escrituras.

    Muitas pessoas equivocadamente asseguram a si mesmas que são cristãs. Elas baseiam sua salvação em alguma forma de presunção ou fideísmo fácil. Em alguns casos, alegam que foram salvas desde a infância, mas sua vida não carrega o fruto da obra santificadora do Espírito Santo. Podem frequentar fielmente a igreja, gostar de ouvir a pregação das promessas do evangelho, participar dos sacramentos, se envolver em alguns ministérios da igreja, realizar algumas boas obras em relação ao próximo e viver uma vida decente e moral, mas, quando testadas pelas Bem-Aventuranças (Mt 5.3-12), não são pobres de espírito em si mesmas; elas não lamentam o pecado, nem são mansas e submissas diante de Deus; elas não têm fome e sede de justiça etc. Confiam no mero conhecimento intelectual do evangelho e não nasceram de novo (cf. Jo 3.5-8). Elas nunca aprenderam pessoalmente, na experiência de sua alma diante de Deus, que não passam de um desgraçado e miserável, e pobre, e cego e nu (Ap 3.17).

    Em muitos outros casos, as pessoas alegam que nasceram de novo com base em uma resposta emocional a um sermão ou convite evangelístico emotivo, mas de mensagem suavizada, ou em terem levantado a mão e ido à frente em um encontro evangelístico, ou em terem recitado mecanicamente uma oração do pecador do verso de um panfleto. Elas não sabem muito bem o que é ter convicção do pecado e nunca perceberam sua necessidade de pecadores perdidos diante de Deus. Elas alegam perdão sem arrependimento. Seu suposto novo coração resulta em uma vida inalterada. Sua vida exteriormente religiosa ou sua vida mundana revela que Cristo não se tornou o Salvador e Senhor delas. Elas não sabem o que é conhecer Jesus Cristo de forma pessoal e experiencial como seu profeta, sacerdote e rei. Elas não temem verdadeiramente a Deus, não odeiam o pecado, não amam a Cristo e não buscam a santidade.

    A falsa certeza geralmente leva a pessoa a um de dois becos sem saída: o da emoção sentimental ou o do intelectualismo seco. Viver em um ou no outro desses becos muitas vezes resulta na rejeição ao verdadeiro evangelho, o qual conecta o homem ao evangelho de forma integral — cabeça, coração e mãos. As pessoas imbuídas de falsa certeza em geral são muito difíceis de alcançar com o evangelho. Tememos que dezenas de milhares que se consideram cristãos acordarão no inferno para o seu eterno horror. Como será terrível ser alguém que se autoenganou no dia do juízo! Ninguém nesse dia entrará no céu alicerçado em um fundamento falso. Muitos que alegam ter dito ou realizado várias coisas por Cristo ouvirão nesse dia que Cristo nunca os conheceu de forma salvífica (Mt 7.21-23). A doutrina instável e a vida pecaminosa matarão dezenas de milhares!

    Um dos problemas das pessoas que baseiam sua salvação na presunção e na fé fácil é que elas raramente, se tanto, examinam se sua fé é genuína e bem fundamentada. Talvez seja melhor chamar o erro delas de certeza fácil do do que de fé fácil. Elas alegam ter certeza sem ter um fundamento para isso. Erros a respeito de como se alcança a certeza podem facilmente levar à falsa certeza. Uma compreensão correta da certeza nos ajuda a evitar essa presunção.

    Uma falsa perspectiva também pode nos impedir de ter a certeza quando deveríamos tê-la. Alguns genuínos filhos de Deus não acreditam que são filhos de Deus. Esses cristãos adotam um tipo de fé rígida, buscando evidências que eles não têm o direito de esperar. Muitas vezes olham mais para si mesmos e suas obras que para Cristo e as promessas de Deus. Pode haver evidências sólidas e bíblicas de que são filhos de Deus, mas eles não estão satisfeitos com isso. Eles próprios são seu maior obstáculo em obter a confiança. Nesse caso, também, uma compreensão adequada da certeza da fé é importante.

    Aqueles que têm uma compreensão adequada da certeza evitarão tanto a fé fácil quanto a rígida. Por um lado, a certeza não será considerada um benefício fácil e automático. Eles não se convencerão de sua fé sem evidências sólidas e bíblicas da fé operando em sua vida. Terão consciência do perigo da fé fácil e regularmente examinarão e testarão seu coração e vida segundo a Palavra de Deus. Por outro, instruídos pela Palavra, eles reconhecerão as evidências do novo nascimento em sua vida e realidade. Quando tiverem um anseio genuíno por Deus e um correspondente ódio ao pecado, reconhecerão que essas coisas são realizadas pelo Espírito Santo e serão confortados por elas. Eles não desprezarão os sinais verdadeiros, ainda que pequenos, da graça (Zc 4.10). É fundamental que nossa certeza passe no teste da solidez da fé e da vida, mesmo que só tenhamos uma pequena medida dos sinais da graça que a Bíblia identifica como o fruto do Espírito nos salvos (Gl 5.22,23).

    Paz com Deus e alegria em Deus

    A certeza é inseparável da paz e do conforto do evangelho. A certeza de que somos justificados de todos os pecados por meio de Cristo é necessária se quisermos experimentar paz, alegria e esperança (Rm 5.1-3). Experimentar verdadeira paz e alegria no Senhor enriquece grandemente nossa vida enquanto estamos na terra. Essa é uma das razões por que Thomas Brooks (1608-1680) intitulou seu livro sobre a certeza Heaven on earth: a Christian treatise on assurance [Céu na terra: um tratado cristão sobre certeza].² A certeza está ligada à paz, ao conforto e à alegria do evangelho e precisa ser cultivada.³

    Que paz, segurança e alegria nós temos quando podemos cantar em todas as alegrias e tristezas da vida: Este Deus poderoso vive para sempre, nosso Deus e Salvador em quem permanecemos (cf. Sl 48.14); quando podemos em verdade clamar a Deus como nosso Pai a quem amamos porque ele nos amou primeiro; quando podemos ter doce comunhão com Jesus Cristo como nosso Salvador e irmão mais velho e confiar que sabemos que ele em breve virá novamente para nos levar para si mesmo e a glória; quando podemos ser pacientes nos sofrimentos porque sabemos que eles são breves e que nossas alegrias são eternas! Certamente nenhum habitante da terra pode ter tamanha alegria como a do cristão imbuído da certeza bem fundamentada de que o Deus trino é sua salvação e de que viver é Cristo, e morrer é lucro (Fp 1.21).

    Isso não quer dizer que os cristãos não passarão por momentos de tristeza pelo pecado, dificuldades e dúvidas. Mas as Escrituras deixam amplamente claro que os cristãos precisam exibir profunda paz e profunda alegria no Senhor (Ne 8.10; Fp 4.7; Hb 10.19-25). Mesmo na tristeza, temos de estar sempre nos alegrando. Para fazer isso, precisamos estar plenamente seguros de nossa fé. A respeito desses cristãos, Charles Spurgeon disse: O cristão plenamente seguro é um verdadeiro gigante em nosso Israel; na alegria e na beleza ele é como Saul, muito mais alto que os demais; e na força e na coragem é páreo para Davi.

    Serviço cristão

    O cristão seguro é um cristão ativo. Paulo disse a respeito dos tessalonicenses: Porque nosso evangelho não veio a vós apenas em palavra, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza (1Ts 1.5). A pregação do evangelho foi tão abençoada em Tessalônica que havia muita certeza — tanto em Paulo como em seus ouvintes. Paulo então diz: Fostes exemplo a todos os fiéis na Macedônia e Acaia. Pois a partir de vós soou a palavra do Senhor não apenas na Macedônica e Acaia, mas também em todo lugar vossa fé em Deus se disseminou; de modo que não precisamos dizer coisa alguma (v. 7,8). Que impressionante! Os tessalonicenses, recém-convertidos, soaram a Palavra de Deus — isto é, evangelizaram —, de modo que quando Paulo prosseguiu em sua viagem, indo da Tessália à Macedônia e à Grécia, ele descobriu que a Palavra de Deus já havia chegado lá. Essas pessoas eram tão zelosas de Deus porque, entre outras coisas, tinham a certeza de sua salvação.

    O cristão que não tem a certeza raramente se preocupa com as boas obras. Em vez disso, ele consome sua energia espiritual em questionamentos sobre sua própria salvação. Quando a questão não é resolvida, ele ajuda os outros no serviço do Senhor de forma desmotivada. Segundo o puritano Thomas Goodwin, o cristão que tem plena certeza da fé é dez vezes mais ativo do que aquele que não a tem!⁶ E J. C. Ryle afirmou: O cristão que carece da esperança segura passará grande parte do tempo examinando intimamente o próprio coração quanto a seu estado. Como uma pessoa nervosa e hipocondríaca, ele estará repleto de suas próprias enfermidades, de suas dúvidas e questionamentos, de seus conflitos e corrupções. Em suma, você não raro descobrirá que ele está tão ocupado com seu bem-estar interior que tem pouco tempo livre para as outras coisas, e pouco tempo para a obra de Deus.⁷

    Algumas pessoas acham que nosso objetivo aqui na terra é apenas encontrar a salvação; uma vez salvos, resta pouco a fazer até chegarmos ao céu. A conversão é vista como um fim em si mesma. Mas não é o caso. Somos convertidos para fins ou propósitos muito importantes: ser conformados a Cristo, para adorar e servir a Deus e para manifestar o seu louvor. Romanos 8.29 nos diz que o povo de Deus é predestinado a ser conformado à imagem de seu Filho. E 1Pedro 2.9 nos diz: Vós sois geração escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo; para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. Deus nos converte para que sejamos moldados cada vez mais à conformidade com seu Filho, e para que anunciemos seu louvor, de modo que ele possa ser glorificado em nós.

    Comunhão com Deus

    A certeza é valiosa porque enriquece nossa comunhão com Deus. Como pode uma pessoa desfrutar de comunhão íntima com Deus quando não tem certeza sobre sua posição diante de Deus? Quão difícil seria para um pai ter um bom relacionamento com um filho que não tem certeza do amor de seu pai? Uma criança nessa situação nunca consegue relaxar e aceitar expressões de amor. Nessa atmosfera, um bom relacionamento é impossível.

    Em contraste, examine a certeza apresentada em Cântico de Salomão quando a noiva diz de seu marido: Meu amado é meu, e eu sou dele (2.16). Há comunhão aqui, intimidade, um relacionamento caloroso e de confiança, há amor por parte da noiva e a confiança de que o amor entre eles é mútuo. Esse é o tipo de comunhão que o Senhor oferece a seu povo. Ele frequentemente descreve seu relacionamento com eles nos mais íntimos termos: Pai e filho, Marido e mulher, Noivo e noiva, Cabeça e corpo e Amigo entre amigos. O Senhor usa os relacionamentos mais íntimos da vida para se referir ao convívio que ele quer ter com seu povo. A certeza é necessária para que esse tipo de relacionamento se torne realidade.

    Santidade ao Senhor

    A certeza é de importância crucial porque torna a pessoa mais santa. Ao discorrer sobre a certeza que flui de saber que somos filhos adotados do Pai, João diz: Todo homem que tem em si essa esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro (1Jo 3.3).

    A certeza que não leva a uma caminhada mais santa é uma certeza falsa. A pessoa cuja certeza é bem fundamentada, que experimenta verdadeira paz e alegria, que se ocupa do serviço do Senhor e vive em comunhão íntima com ele, viverá uma vida santa. É impossível que o cristão persista em níveis elevados de certeza enquanto continua em níveis baixos de santidade.

    A certeza nos coloca em contato íntimo com o poder de Deus. Quando temos um relacionamento de confiança com Deus e confiamos em sua misericórdia e graça, nosso coração se inflama com amor por Deus. Esse amor acende a vontade e o desejo de viver uma vida santa. Quanto mais próximos estamos de Deus, mais amor sentiremos por Deus e mais santa será nossa vida. A pessoa santa é motivada pelo amor de Deus, por causa de Cristo. O amor de Cristo impele o homem santo (2Co 5.14).

    A necessidade de avivamento

    A certeza da fé é extremamente necessária hoje, porque é impossível separar a certeza do avivamento genuíno. O que é o avivamento senão grandes números de pessoas vindo ao conhecimento de Cristo e à certeza da graça e da salvação por meio dele?

    Quão verdadeiro isso foi no caso de Martinho Lutero! Leia o que Lutero diz sobre Gálatas. Não se inflamou ele de indignação pela forma em que a igreja de sua época deixava as pessoas sem certeza da salvação? Em contraste, Lutero era cheio da certeza que flui do evangelho. Perscrute seus escritos e você sentirá o poder do que ele está dizendo.

    Contra-atacando a secularização

    A certeza é necessária se quisermos ser cristãos que honram a Deus em uma época de profunda secularização e apostasia. O evangelho sempre foi difícil de ser praticado neste mundo. Contudo, às vezes a oposição ao evangelho é particularmente intensa. Estamos vivendo em um desses momentos. Estamos vivendo em uma época que agride.

    Somos chamados a ser a luz na candeia em um dia de profundas trevas, enquanto o Diabo promove a apostasia por todos os lados, sobretudo dentro da igreja e em nossas instituições educacionais. Para sermos luz nessas trevas, precisamos de uma certeza profunda.

    Uma das melhores formas de contra-atacar a secularização como cristãos é deixar nossa luz brilhar com os dons da paz e da alegria que fluem da certeza, porque somos exemplos vivos do evangelho. Em Filipenses 2.15, a prece de Paulo é: Que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus, inculpáveis, em meio a uma nação corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo. Certamente uma das formas como o cristão pode resplandecer como luminar neste mundo maligno é vivendo em paz e alegria. Que impressão o mundo terá a respeito de Deus se o povo de Deus não mostrar que servir ao Senhor é maravilhoso? O salmista nos ordena: … agradecei ao Senhor, porque ele é bom: pois sua misericórdia dura para sempre. Digam-no os redimidos do Senhor, os quais ele redimiu da mão do inimigo (Sl 107.1,2). O que se concluirá a respeito de Deus se as pessoas não puderem nos detectar na paz silenciosa e na alegria genuína que nos distinguem como seus filhos?

    Divulgação de doutrinas bíblicas

    A doutrina da certeza é extremamente necessária hoje porque as doutrinas em geral estão sendo amplamente desprezadas. Poucos entendem a asserção de Martinho Lutero: A doutrina é o céu.

    A certeza é o centro nevrálgico da doutrina colocada em prática, como diriam os puritanos; isto é, a verdade de Deus aplicada à nossa própria vida e à vida do mundo. A certeza entrelaça-se com a obra do Espírito em cada elo da corrente da salvação, desde o chamado eficaz até a glorificação. Ela é inseparável das doutrinas do pecado, graça, expiação e união com Cristo. Está inseparavelmente unida aos sinais e aos passos da graça. Ela diz respeito à questão da soberania divina e da responsabilidade humana; está intimamente conectada às Escrituras Sagradas; e flui da eleição, das promessas de Deus e da aliança da graça. Ela é fortificada pela pregação, pelos sacramentos e pela oração. A certeza é vasta no alcance, extensa em profundidade e gloriosa em sua altura.

    Conclusão

    Quão importante é toda essa questão da certeza! É possível ser salvo sem a certeza, mas é praticamente impossível ser um cristão sadio sem ela. Talvez você proteste: Não afirmam as Escrituras que Deus tem uma preocupação especial pelo pobre e necessitado pecador?. Ora, mesmo o filho de Deus mais repleto de certeza continua sendo um pobre e necessitado pecador. Se ele deixar de ser pobre e necessitado em si mesmo, haverá razões para duvidar de que sua certeza esteja baseada em terreno sólido. É necessário que Cristo cresça e que ele diminua (Jo 3.30).

    O Senhor está próximo daqueles que têm um coração quebrantado, um espírito contrito e que anseiam pela certeza. Isso não significa que permanecer para sempre nessa condição seja desejável. Se não temos a certeza, deveríamos buscá-la com diligência, à luz da Palavra de Deus, e com a ajuda de seu Espírito.

    A segurança é vital para nosso bem-estar espiritual. Algumas pessoas acreditam que a certeza indica superficialidade. Aos olhos delas, um indivíduo que é quase suspeito. Na realidade, aqueles que veem o duvidar e o temer como sinal de profunda experiência religiosa, e preferem avançar rumo a Deus e à glória sem a certeza, têm uma compreensão meramente superficial das Escrituras.

    Uma compreensão mais profunda da verdade do evangelho nos leva a reconhecer a obra do Espírito em nosso coração, a reconhecê-la e a regozijar-se nela, e, mais ainda, a descansar com a fé de uma criança no Senhor Jesus Cristo.

    1. Sinclair B. Ferguson, The Reformation and assurance, The Banner of Truth, n. 643 (Apr. 2017): 20. Cf. p. 30, nota 1.

    2. Thomas Brooks, Heaven on earth: a Christian treatise on assurance (London: Banner of Truth Trust), 1961.

    3. J. C. Ryle, Holiness (Welwyn Garden City: Evangelical, 2014), p. 148-51 [edição em português: Santidade, tradução de João Bentes; Waleria Coicey (São José dos Campos: Fiel, 2010)].

    4. Thomas Jones, The true Christian; or, the way to have assurance of eternal salvation (London: R. B. Seeley & W. Burnside, 1834), p. 4-5.

    5\. Charles Spurgeon, Metropolitan Tabernacle pulpit (Pasadena: Pilgrim, 1973), 7 (1861): 549.

    6. Thomas Goodwin, The works of Thomas Goodwin (Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2006), 1:251.

    7. J. C. Ryle, Holiness: its nature, hindrances, difficulties, and roots (Cambridge: J. Clarke, 1956), p. 32.

    POR QUE MUITOS CRISTÃOS NÃO TÊM A CERTEZA?

    Apesar de sua importância, para muitos cristãos falta a certeza. Alguns cristãos professos pensam que a têm quando sua vida mostra o contrário; sua presunção os está levando ao inferno. Eles expressam pouca dúvida, se tanto, sobre sua salvação, enquanto exibem poucos, se tanto, sinais de cristianismo verdadeiro. Quando dizem que jamais lutam com a questão da certeza, eles estão sendo sério. Muitas vezes fi quei perplexo e incrédulo ao conversar com cristãos professos que afi rmam fortemente ter certeza da salvação e, no entanto, não demonstram nenhum interesse na Palavra, na santidade pessoal ou em viver uma vida centrada em Cristo.

    Outras pessoas dizem ansiar pela certeza, todavia jamais conseguir encontrá-la ou abraçá-la. Talvez você seja uma dessas pessoas. A questão da certeza é dolorosamente pessoal para você. É impossível contar todas as vezes em que você disse a si mesmo, a Deus e a outras pessoas: Será que eu realmente amo o Senhor? Será que realmente pertenço a ele?. Você lutou com a questão da certeza por anos — até mesmo décadas —, mas não parece ter progredido minimamente nessa busca, permanecendo no mesmo lugar em que estava anos atrás.

    Quero que saiba que escrevi este livro especialmente para você. Sinto sua dor; aconselhei centenas

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