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Diálogos sobre Educação do Campo, Resistência e Emancipação Social e Humana:: Um Chamamento para Reflexão no/do Cenário Educacional
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Diálogos sobre Educação do Campo, Resistência e Emancipação Social e Humana:: Um Chamamento para Reflexão no/do Cenário Educacional
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Diálogos sobre Educação do Campo, Resistência e Emancipação Social e Humana:: Um Chamamento para Reflexão no/do Cenário Educacional

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O livro Diálogos sobre Educação do Campo, resistência e emancipação social e humana: um chamamento para reflexão no/do cenário educacional originou-se a partir de debates e reflexões ocorridas no III Seminário Internacional da Educação do Campo (SIFEDOC), ocorrido na Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, campus Erechim/RS, em 2017. Nesse evento foi firmado compromisso pela produção de uma obra que representasse o coletivo dos participantes – escolas, movimentos sociais e universidades – comprometidos com a Educação Popular e com a Educação do Campo. A obra é composta por capítulos de autores da literatura nacional e internacional que defendem a Educação do Campo como área de produção de conhecimento, de políticas públicas e de movimento de resistência e emancipação social e humana.
LanguagePortuguês
Release dateApr 3, 2020
ISBN9788547342586
Diálogos sobre Educação do Campo, Resistência e Emancipação Social e Humana:: Um Chamamento para Reflexão no/do Cenário Educacional

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    Diálogos sobre Educação do Campo, Resistência e Emancipação Social e Humana: - Anderson Jair Goulart

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    PREFÁCIO

    O Sifedoc (Seminário Internacional da Educação do Campo) dialoga com o amplo movimento social que produziu a UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul). Desde o início os movimentos sociais do campo da nossa região apresentaram duas áreas estratégicas para a atuação e consolidação de uma nova universidade: as ciências agrárias e a formação de professores. Considerando a história econômica da região, marcada pela produção de alimentos e a necessidade de acesso à educação, tanto os cursos oferecidos pela UFFS, como seus programas de pesquisa e extensão, estão fortemente marcados por essa expectativa inicial. O contexto da expansão do ensino superior no Brasil, de interiorização das universidades públicas e de mudança no perfil dos estudantes, culminou com a conquista da Educação do Campo, tendo na Pedagogia da Alternância seu principal referencial metodológico inovador para as políticas educacionais.

    Com a oferta do curso de licenciatura em Educação do Campo, de forma regular desde 2010, em Laranjeiras do Sul – PR, o primeiro Campus de uma universidade federal situado em Assentamento da Reforma Agrária, a UFFS vem acumulando experiências e avançando na perspectiva de consolidar o diálogo interdisciplinar da formação de professores com o contexto regional. O Procampo (Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo) permitiu a criação de mais dois cursos na UFFS (mais um em Laranjeiras do Sul e outro em Erechim - RS), em regime de alternância, com ênfases e particularidades próprias, construídas a partir das necessidades de cada região. Um dos resultados mais satisfatórios da implantação desses cursos é a aproximação ainda maior da universidade com as necessidades e demandas de grupos sociais que historicamente foram excluídos do acesso à educação superior, como agricultores familiares, camponeses, assentados, populações indígenas e quilombolas. Também os editais do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) contribuíram nesse processo, propiciando a oferta do curso de Agronomia no Instituto Educar em Pontão - RS e de História no Iterra (Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária) em Veranópolis - RS, para estudantes de assentamentos da Reforma Agrária. A expectativa anunciada é a construção do Cecampo na UFFS: um centro de formação dedicado exclusivamente à Educação do Campo e à Pedagogia da Alternância.

    Entretanto após mais de uma década de avanços, as políticas educacionais no Brasil vivem uma grande crise e o cenário é de muitas incertezas. É nesse momento histórico que sediamos o III Sifedoc no Campus Erechim da UFFS para discutir os grandes desafios e perspectivas da Educação do Campo em nível internacional. Não estamos nos referindo, portanto, a um ambiente de crise somente nacional, tendo em vista as situações similares em outros países da América Latina. O avanço do neoliberalismo vem sendo debatido em nível mundial desde os anos 90 e a situação em outros continentes não é muito diferente. No entanto o que marca o debate no cenário brasileiro é a experiência recente de governos que fortaleceram a educação pública, com destaque ao Plano Nacional de Educação e o fomento à formação de professores como dever, compromisso e responsabilidade do Estado. E foi nesse cenário que a Educação do Campo afirmou-se nas universidades já existentes, como estratégia de desenvolvimento sustentável para as regiões, assim como estimulou a criação de novas universidades, como a UFFS, de caráter público e popular.

    Por isso, a abertura do III Sifedoc coincidiu com o início da II Coepe (Conferência de Ensino, Pesquisa e Extensão) na UFFS. A Coepe é um amplo movimento de democracia participativa que definiu os grandes rumos institucionais da UFFS. Realizada no primeiro ano de criação da universidade, em sua primeira edição, a Coepe reuniu mais de seis mil lideranças da região para estabelecer os princípios, diretrizes e linhas de atuação da nova instituição, que culminou no seu Projeto de Desenvolvimento Institucional e no seu Projeto Político Pedagógico. Entendemos que seria muito adequado reunir os dois eventos de abertura em um mesmo esforço institucional, pois o futuro da UFFS como universidade pública e popular também depende da continuidade da Educação do Campo. Ao acolhermos representantes de movimentos, instituições e organizações sociais importantes da América Latina para debater a Educação do Campo, também problematizamos o projeto institucional da UFFS, que precisa ser defendido de forma integrada e articulada, como experiência exitosa para o mundo.

    Os encaminhamentos do III Sifedoc também culminam numa mesma estratégia, assumida pela UFFS, para assegurar a continuidade dos cursos de licenciatura em Educação do Campo, em regime de alternância, convencidos dessa proposta inclusiva, pela sua experiência histórica de aproximar a academia do contexto do povo trabalhador e das suas necessidades efetivas de formação: a) exigir do governo federal o repasse dos recursos necessários. Para isso, no âmbito da Andifes, foi criado um GT que trata da Educação do Campo e da Educação Indígena, cobrando o que é dever do Estado; b) organizar um amplo movimento de solidariedade internacional com as organizações que, historicamente, apoiaram os movimentos sociais do campo na América Latina.

    A atual situação do Brasil exige uma maior unidade das organizações e movimentos sociais. Também as organizações de solidariedade internacional que apoiaram o desenvolvimento da América Latina precisam mudar o foco adotado na última década, quando voltaram suas prioridades para a África e a Ásia. É necessário priorizar as demandas no fortalecimento da Educação do Campo e da Agroecologia, o que significa apresentar a UFFS nesse novo contexto com a necessidade de construir a experiência de uma universidade popular e enraizada na luta camponesa, o que pode ser decisivo para o avanço das lutas de resistência.

    Aproveitamos a oportunidade para agradecer à equipe organizadora do III Sifedoc, aos apoiadores da iniciativa, aos participantes e à comunidade acadêmica e regional, especialmente, que desde o início apostaram na ideia, elaboraram o projeto e assumiram, juntamente à direção da UFFS, esse enorme desafio. Aos Servidores Técnico-administrativos em Educação da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e do Gabinete do Reitor, que somaram esforços, juntamente à comunidade acadêmica e à coordenação do curso de licenciatura em Educação do Campo do Campus Erechim, para organizar um evento dessa envergadura, num contexto de cortes dos investimentos nas universidades públicas. Fica aqui registrado nosso reconhecimento e agradecimento.

    Desde o início avaliamos que o evento não seria apenas importante, mas necessário e decisivo para a conjuntura que vivemos. E ele deu certo, sendo, certamente, um dos maiores já realizados na UFFS, tanto em número de participantes, vindos de várias regiões do Brasil e dos países vizinhos, quanto pela qualidade dos resultados produzidos. Os seus desdobramentos continuarão impulsionando ações, esforços e iniciativas. A Educação do Campo seguirá sendo um grande compromisso institucional da UFFS, concretizando o que há de mais caro na história de sua construção como universidade pública e popular: a inclusão social, aliada à qualidade acadêmica necessária para ensejar verdadeiros processos de transformação na sociedade.

    Antônio Inácio Andrioli

    Doutor em Ciências Econômicas

    PRIMEIRAS PALAVRAS

    Esta obra nasce no crivo da intersubjetividade. Intitulada Diálogos sobre Educação do Campo, resistência e emancipação social e humana: um chamamento para reflexão no/do cenário educacional, é fruto das discussões empreendidas no III Sifedoc (Seminário Internacional da Educação do Campo), reunindo dez textos que recapitulam a urgência de uma formação sólida e politicamente fortalecida nos cursos de Educação do Campo, sobretudo se considerado o momento histórico-político atual, em que os investimentos na educação pública tem sido alvo de cortes que comprometem sua qualidade, o que seria crucial para o contexto dos cursos de Educação do Campo, dada as contingências de seu funcionamento em regime de alternância, e seu comprometimento no olhar para a relação do sujeito com o mundo de modo crítico e transformador.

    A leitura dos textos aqui materializados permite-nos o exercício da consciência pedagógica não fragmentada, o que nos faz assumir o compromisso com a importância de uma formação teórico-epistemológica que incite os nossos alunos em início da formação inicial a pensar: o que é a Educação do Campo? De quais lugares os autores falam? Que direcionamentos seus posicionamentos nos permitem alcançar? Tais questionamentos desvelam uma preocupação em oferecermos, enquanto formadores de professores, um ensino que transcenda a transmissão de conteúdos, ressignificando a organização curricular e a universidade como um espaço formativo de compreensão do conhecimento e de produção de novos saberes, condição para que a transformação da realidade dos povos do campo, e não somente deles, seja possível.

    Diante do diálogo crítico com referenciais renomados em âmbito nacional e internacional, esperamos que o significado de uma formação omnilateral seja lido como aquele contrário à lógica mercadológica pela qual muitas das formações dos cursos de licenciatura têm se pautado. A negação de uma estrutura curricular pautada em conteúdos fragmentados e desconectados da realidade social é assumida no modo como a educação aqui é concebida, sobretudo na construção das matrizes dos cursos de Educação do Campo e nas suas projeções teórico-metodológicas, alicerçadas pelos construtos teóricos que assumem. A teoria não está, assim, a serviço da prática, mas incorporada ao seu funcionamento. Entendemos que os sujeitos somente aprendem a pensar teoricamente por meio de uma ação metodológica intencional comprometida com a modificação da realidade social, porque somente assim, em nossa compreensão, é que a educação de fato cumpre seu papel.

    Os organizadores

    Sumário

    CAPÍTULO I

    Carta Aberta: Estimadas educadoras e educadores do campo 13

    Isabela Camini

    CAPÍTULO II

    O SIFEDOC E O PROCESSO DE RESISTÊNCIA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 21

    Conceição Paludo

    Magda Gisela Cruz dos Santos

    CAPÍTULO III

    O MOMENTO ATUAL E AS NOVAS EXIGÊNCIAS A FORMAÇÃO DOS(AS) TRABALHADORES(AS) DO CAMPO E DA CIDADE 37

    Gaudêncio Frigotto

    CAPÍTULO IV

    A EDUCAÇÃO DO CAMPO E A CONSTRUÇÃO DA PEDAGOGIA SOCIALISTA 53

    Roseli Salete Caldart

    CAPÍTULO V

    RELAÇÃO SER HUMANO E NATUREZA: POTENCIALIDADES À EDUCAÇÃO EM AGROECOLOGIA NO ENSINO BÁSICO E MÉDIO 67

    José Maria Tardin

    Ceres Luisa Antunes Hadich

    CAPÍTULO VI

    LA ERA DE LA CEO-PEDAGOGIA. NOTAS SOBRE LA EDUCACIÓN PÚBLICA EN TIEMPOS DE LA RESTAURACIÓN CONSERVADORA EN ARGENTINA 83

    Pablo Daniel Vain

    CAPÍTULO VII

    CONSTRUYENDO PEDAGOGÍAS EMANCIPATORIOS.LA ESCUELA CAMPESINA DE AGROECOLOGÍA – UNIÓN DE TRABAJADORES RURALES SIN TIERRA – MOVIMIENTO NACIONAL CAMPESINO INDÍGENA . VIA CAMPESINA ; MENDOZA, ARGENTINA 95

    Marta Greco

    CAPÍTULO VIII

    A EDUCAÇÃO DO CAMPO, OS DESAFIOS E AS POSSIBILIDADES NA CONSTRUÇÃO DE UMA MATRIZ CURRICULAR

    EMANCIPADORA 107

    Anderson Jair Goulart

    Lidiane Limana Puiati Pagliarin

    Solange Todero Von Onçay

    CAPÍTULO IX

    A FORMAÇÃO DE PROFESSORES POR ÁREA DE CONHECIMENTO: A PERSPECTIVA AGROECOLÓGICA COMO PRÁTICA POLÍTICA E INTERDISCIPLINAR NAS CIÊNCIAS DA NATUREZA 119

    Denilson da Silva

    Leandro Carlos Ody

    CAPÍTULO X

    FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO HORIZONTE DA PEDAGOGIA FREIREANA 133

    Almir Paulo dos Santos

    Jerônimo Sartori

    Leandro Carlos Ody

    BIOGRAFIA DOS AUTORES 145

    CAPÍTULO I

    Carta Aberta: Estimadas educadoras e educadores do campo

    Isabela Camini

    Pensei de escrever esta carta pedagógica dias atrás. Porém, é hoje, com tempo e lembranças de dias intensamente vividos no III Sifedoc, que a concretizo. Entendo, pois, que não dá para escrever uma carta portadora de pedagogia fazendo qualquer outra coisa ao mesmo tempo. Por isso reservei um tempo

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