7 melhores contos de Afonso Celso
By Afonso Celso and August Nemo
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7 melhores contos de Afonso Celso - Afonso Celso
Publisher
O Autor
Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, titulado Conde de Afonso Celso pela Santa Sé, mais conhecido como Afonso Celso, (Ouro Preto, 31 de março de 1860 — Rio de Janeiro, 11 de julho de 1938) foi um professor, poeta, historiador e político brasileiro. É um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 36.
Nascido em 1860, em Ouro Preto, então capital da Provincia de Minas Gerais, Filho do Visconde de Ouro Preto, 36.º e último Presidente do Conselho de Ministros do Império, e de Francisca de Paula Martins de Toledo, esta, filha do conselheiro Joaquim Floriano de Toledo, coronel da Guarda Nacional, que foi presidente da província de São Paulo por seis vezes.
Formou-se em direito, em 1880, pela Faculdade de Direito de São Paulo, defendendo a tese Direito da Revolução
e foi na juventude republicano, mesmo com seu pai sendo monárquico.
Foi eleito por quatro mandatos consecutivos deputado geral por Minas Gerais. Com a proclamação da república, em 1889, tornou se um grande apoiador da monarquia e deixou a política para acompanhar o pai no exílio, que se seguiu à partida da família imperial para Portugal.
Afastado da política, dedicou-se ao jornalismo e ao magistério. Divulgou durante mais de 30 anos seus artigos no Jornal do Brasil e Correio da Manhã. No magistério, exerceu a cátedra de economia política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.
Foi um católico devoto, foi referido como Católico do credo e do mandamento, inteiriçamente católico
por João de Scantimburgo e recebeu o titulo de Conde de Afonso Celso pelo Papa Pio X.
Em 1892, ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Após a morte do barão do Rio Branco, em 1912, foi eleito presidente perpétuo desta instituição, cargo que ocupou até 1938.
A Esfinge
Duas altas montanhas cortadas por desfiladeiro profundo...
Dir-se-ia que um golpe colossal fendera o largo maciço em dois pedaços cambaleantes.
Há neve nos cumes alcantilados.
Abrupto o declívio, erriçado de extravagantes rochedos, debruçados sobre o abismo.
Pinheiros nodosos torcem as raízes, a espaços, era roda de pedras que se deslocam.
No fundo, muito embaixo, o estridor de uma torrente.
Eis, entretanto, uma senda na orla do precipício. Tê-la-ia escavado humana mão?! Passagem escorregadia e estreita...
Que de vertigens em certos trechos... E como ondula, formando ângulos e cotovelos estranhos, dependurada na escarpa!
É de tarde; mas o sol não se deitou ainda. Em cima da garganta chameja um retalho rubro do firmamento. Começou, todavia, a difusão da sombra.
Já menos precisas as formas; o ar mais frio, enquanto ligeiro vapor se eleva lentamente, como que malgrado seu, dos recessos das furnas.
Um viajante, na destra o bordão, segue rapidamente a vereda esguia.
Apressa-se; não quer que a noite o assalte.
Homem na força da idade, o viajante. Cobre-o um capacete de cimeira branca. Traz, atadas solidamente, espessas sandálias nos pés. Envolve-lhe escura clâmide as espáduas e cai como um manto até abaixo dos joelhos, delineando sob as dobras o perfil de uma espada.
Mas a trova se adensa; e o viajante acelera o passo, sem contudo trair inquietação.
De repente, numa volta da estrada, suspende a marca surpreendido, porém não espantado.
Diante dele surdiu monstruosa aparição.
É enorme animal acocorado no meio do caminho.
Rente e fulvo o pelo, corpo ágil, ondeante como o do tigre ou o da serpente.
Dobram-se-lhe sob a anca as patas traseiras, membrudas e munidas do aceradas garras, que escarvam impacientemente o solo, expelindo para longe do si pó e pequenos seixos. Mostra, coladas ao dorso, duas asas frementes, altas, como velas de