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Etnomatemática na escola: sujeito, discurso e relações de poder-saber
Etnomatemática na escola: sujeito, discurso e relações de poder-saber
Etnomatemática na escola: sujeito, discurso e relações de poder-saber
E-book437 páginas5 horas

Etnomatemática na escola: sujeito, discurso e relações de poder-saber

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Sobre este e-book

O livro Etnomatemática na Escola: sujeito, discurso e relações de poder-saber aborda a dimensão pedagógica da Etnomatemática, a qual perpassa e é tratada/abordada por uma grande parcela de trabalhos de pesquisa desse campo. Sendo que, em vários desses trabalhos, encontramos ações pedagógicas orientadas pela Etnomatemática desenvolvidas em diferentes contextos escolares de diferentes espaços culturais e geográficos brasileiros. Neste livro o autor, ao lançar um novo olhar analítico sobre essas ações pedagógicas, recorrendo a uma analítica discursiva, principalmente numa perspectiva foucaultiana, busca compreender e descrever como os sujeitos participantes dessas ações constituem-se e como funcionam, no interior das práticas discursivas e das relações de poder-saber que mobilizam e/ou que são produzidas essas/nessas ações. Nesse sentido, duas questões analíticas buscam ser respondidas: (a) questão principal: a partir de uma analítica discursiva, como esses sujeitos e essas ações pedagógicas orientadas pela Etnomatemática funcionam/operam de certos modos e não de outros?; (b) questão secundária: quais saberes (inclusive aqueles identificados como matemáticos) são produzidos e/ou mobilizados nos/pelos discursos e nas/pelas relações de poder e como participam ou contribuem para o funcionamento/constituição desses sujeitos? Como conclusão, sempre parcial e em construção, pôde-se perceber certos enunciados que emergem de uma discursividade que mobiliza/atravessa essas ações pedagógicas orientadas pela Etnomatemática e que, impulsionadas por propósitos tanto epistemológicos quanto subjetivos-posicionais, possibilitam a existência de uma prática de condução das ações dos sujeitos. Prática que contribui, por sua vez, para a constituição/produção e funcionamento de certas posições-sujeito (de)marcadas no interior das práticas discursivas e das relações de poder-saber inerentes a essas ações pedagógicas, produzindo também certos saberes (pedagógicos, curriculares) referentes aos modos como os saberes identificados como matemáticos devem ser mobilizados. Espera-se que esta obra possa fazer com que os leitores, principalmente do campo da Educação Matemática, possam atentar-se para os movimentos de constituição e funcionamento dos sujeitos no interior das práticas discursivas e das relações de poder-saber que atravessam e que são produzidas nas/pelas ações pedagógicas que propomos desenvolver.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jun. de 2020
ISBN9788547345211
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    Etnomatemática na escola - Adriano Fonseca

    2019

    Sumário

    I. UM INÍCIO: MOVIMENTOS PARA/DE/EM UMA TESE 13

    II. DESLOCAMENTOS FOCO NO SUJEITO ENQUANTO POSIÇÃO DISCURSIVA MARCADA NAS RELAÇÕES DE PODER-SABER:

    UM SUJEITO PEDAGOGIZADO 23

    II.I. Sobre a dimensão pedagógica na Etnomatemática 23

    II.II. Deslocamentos no foco da pesquisa: de uma análise do Projeto 2011-2013 para uma análise da constituição do sujeito nas ações pedagógicas da Etnomatemática 27

    II.III. Sujeito: uma posição discursiva marcada nas relações de poder-saber 31

    II.III.I. Das noções de contextos/práticas socioculturais e de conhecimento

    x saber 34

    II.III.II. Das noções de discurso e de sujeito adotadas neste trabalho 40

    III. TRILHANDO PELOS CAMPOS PEDAGÓGICOS DA ETNOMATEMÁTICA DO LEVANTAMENTO E DA ANALÍTICA ADOTADAS 59

    III.I. Sobre o levantamento dos trabalhos 59

    III.II. Sobre a analítica dos trabalhos acadêmicos 98

    IV. TRILHANDO PELOS CAMPOS DISCURSIVO-PEDAGÓGICOS DA ETNOMATEMÁTICA DA PRODUÇÃO DE ENUNCIAÇÕES DISCURSIVAS REFERENTES ÀS AÇÕES PEDAGÓGICAS ORIENTADAS PELA ETNOMATEMÁTICA 107

    IV.I. Dizeres enunciativos sobre as ações pedagógicas orientadas pela Etnomatemática (apoEs): condições de existência e produção de certos sentidos e práticas 107

    IV.I.I. Indicativos enunciativos de que se trata de uma apoE 111

    IV.I.II. Contrafiliações teóricas: contra o quê se luta e produção de (outras) posições de onde se fala 129

    IV.I.III. Filiações teórico-metodológicas: fortalecendo na dialogicidade as posições de onde se fala 137

    IV.I.IV. Propósitos gerais de uma apoE 148

    V. CONTINUANDO NAS TRILHAS DOS RASTROS DISCURSIVOS DA PRODUÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SUJEITOS NO INTERIOR DAS PRÁTICAS DISCURSIVAS E DAS RELAÇÕES DE PODER-SABER PRESENTES NAS APOEs 159

    V.I. Sobre a presença de uma prática de condução nas apoEs 159

    V.II. ApoEs: da prática de condução das ações dos sujeitos e da produção e

    funcionamento de certas posições-sujeito e de certos saberes 164

    V.II.I. Nos rastros discursivos da apoE de Monteiro 170

    V.II.II. Nos rastros discursivos da apoE de Lucena 183

    V.II.III. Nos rastros discursivos da apoE de Wanderer 200

    V.II.IV. Nos rastros discursivos da apoE de Maria da Silva 216

    VI. NO RASTRO DAS REDES DISCURSIVAS SOBRE OS DIFERENTES DISCURSOS QUE ATRAVESSAM E MOBILIZAM (OUTROS) DISCURSOS E SENTIDOS NAS APOEs 233

    VI.I. Aprofundando a compreensão sobre o enunciado referente a um sujeito que produz saber (ou conhecimento) matemático 233

    VI.II. Aprofundando a compreensão sobre as condições de existência do enunciado referente a uma ação pedagógica orientada pela Etnomatemática 243

    VI.III. Considerando que... 257

    REFERÊNCIAS 261

    ÍNDICE REMISSIVO 271

    I. UM INÍCIO:

    MOVIMENTOS PARA/DE/EM UMA TESE

    Foi em 2007 que tudo começou – ou, um pouco antes, em 2006. Dos primeiros contatos, enquanto leitor, de alguns textos sobre Etnomatemática, passando pela primeira vivência enquanto pesquisador nesse campo, realizada durante pesquisa de mestrado (2007-2009) – dissertação intitulada A Construção do Conhecimento Matemático de uma Turma de Alunos do Ensino Médio num Espaço Sociocultural: uma postura etnomatemática – até uma segunda vivência como coordenador de um projeto de extensão realizado em 2011-2013, intitulado Releitura do Cotidiano: um olhar etnomatemático, muitas (in)compreensões, (in)certezas, sentidos e deslocamentos foram produzidos nessas ações pedagógicas.

    Como essa segunda vivência/ação pedagógica tem relevância fundamental para a existência da pesquisa apresentada neste livro – relevância que será explicitada no capítulo seguinte –, deter-me-ei, brevemente, sobre alguns aspectos de seu desenvolvimento.

    O Projeto 2011-2013¹, que envolveu alunos e professores de uma escola pública da cidade de Araguaína/TO, foi desenvolvido mediante investigações de práticas socioculturais (tecelagem e pintura, artesanato, fabricação de cadeiras de fibra, fabricação de cestas com jornal reciclado, dentre outras), realizadas pelos alunos. Projeto que, por sua vez, constituiu-se como uma ação pedagógica vinculada a um projeto de pesquisa, realizado entre 2009 e 2013, intitulado Formação de Professores de Matemática: sala de aula como um espaço sociocultural dentro de uma postura etnomatemática². O objetivo principal dessa pesquisa consistia em mostrar como o professor ou futuro professor da disciplina Matemática pode fazer, de modo que a sala de aula se torne um espaço sociocultural, espaço este onde os alunos são considerados como seres culturais, que possuem uma cultura própria, um conhecimento matemático próprio (FONSECA, 2009b).

    No início dessa ação pedagógica, foram definidos pelos alunos dois temas – matemática dos deficientes físicos³ e meio ambiente – cujo estudo e investigação sobre esses temas foram realizados basicamente pelos alunos, já os professores envolvidos participaram como orientadores, auxiliando os alunos quanto à elaboração de questionário para entrevista, e quanto à orientação sobre a apresentação em sala de aula. Além disso, os professores atuaram também como representantes dos saberes e fazeres praticados na escola. Por meio desse estudo/investigação, os alunos tinham como propósito observar e registrar os saberes e fazeres (inclusive aqueles identificados como matemáticos⁴) presentes nas diferentes práticas socioculturais.

    As estratégias e as ferramentas de registro de informações utilizadas para a investigação dos aspectos temáticos⁵ foram definidas pelos respectivos grupos – foram compostos cinco grupos. Por exemplo, para o estudo/investigação do segundo tema (meio ambiente), quatro grupos investigaram práticas socioculturais de Araguaína/TO e região, utilizando-se de entrevistas e da elaboração de videodocumentários produzidos pelos próprios alunos; e um quinto grupo estudou e apresentou sobre o capim dourado: legislação vigente, história, características biotípicas e artesanato. Após o período destinado ao estudo/investigação do tema, os grupos apresentavam os resultados em sala de aula, nas aulas da disciplina Matemática. Minha participação, enquanto pesquisador e participante não neutro, ocorreu nesses momentos e em algumas visitas de campo realizadas pelos alunos.

    No entanto, o objetivo dessas apresentações não