Jovens, ensino médio e educação profissional: Políticas públicas em debate
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Sobre este e-book
A coletânea expõe os riscos e as possíveis consequências da adequação dessas políticas aos interesses do capital. Os autores argumentam a favor de uma sólida formação para todos os jovens, cuja finalidade não seja atender apenas aos interesses mercadológicos, mas sim estimular a autonomia e a formação de jovens trabalhadores envolvidos na construção de uma sociedade mais justa e solidária.
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Jovens, ensino médio e educação profissional - Ramon de Oliveira (org.)
2011
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A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA COMO POLÍTICA DE ESTADO
Marise Ramos
Introdução
A expressão educação tecnológica é alvo de um debate conceitual importante, tendo sido usada por Marx, no século XIX, para discutir o programa de educação da classe trabalhadora. Atualmente, ela tende a definir um tipo de educação afinada com as características da vida contemporânea, na qual as tecnologias estão fortemente presentes, podendo ou não estar vinculada a uma finalidade profissionalizante. Ainda assim, dessa perspectiva não escapa a preocupação de preparar as pessoas para o uso das tecnologias mais comuns. Especificamente na história da educação brasileira a expressão educação tecnológica passa a ser utilizada como um suposto do ensino técnico, especialmente configurado a partir da superação da eletromecânica como base técnico-científica da produção pela microeletrônica.
É nesse contexto que se travam os debates sobre as tendências a desqualificação, qualificação, requalificação e polarização das qualificações dos postos de trabalho, conjugados a uma certa reconfiguração do trabalho do técnico de nível médio. Este, como sabemos, em sua origem se caracterizava pelas funções intermediárias àquelas exercidas por profissionais considerados qualificados – com escolaridade de nível superior – e às exercidas por operários pouco qualificados, de baixa escolaridade. Divisão esta típica do modelo taylorista-fordista de organização da produção com o predomínio da eletromecânica como base técnico-científica.
A reestruturação produtiva, a qual, sabemos, conjugou mudanças de ordem tecnológica com novos modelos de organização do trabalho, colocou em xeque essa classificação, porque demandou dos trabalhadores em geral, e especialmente dos mais escolarizados, uma compreensão mais global dos processos produtivos, uma vez que a gestão do trabalho passou a se realizar de maneira mais horizontalizada, na forma, por exemplo, de células de produção baseadas na integração em equipes de postos e tarefas de trabalho antes parcelados.
Nesses termos, tanto a base técnico-científica da produção demandaria uma formação que proporcionasse a compreensão dos princípios científico-tecnológicos dos processos produtivos, quanto os novos modelos de gestão pediriam a ampliação da educação básica dos trabalhadores. Uma vez que o ensino técnico, principalmente aquele realizado em instituições consideradas de excelência, como é o caso das escolas federais, já enfrentava o desafio de articular a formação propriamente técnica com o ensino das ciências, a transição desse tipo de ensino para uma educação mais ampla e complexa, na forma da educação tecnológica
, parecia um fenômeno tão inevitável quanto necessário. Os rumos concretos tomados por esse fenômeno, entretanto, não podem ser compreendidos a despeito da natureza dependente do capitalismo brasileiro.
Florestan Fernandes caracteriza o capitalismo dependente pela aliança entre a burguesia de um país com a burguesia de países capitalistas hegemônicos, num movimento que reúne os interesses capitalistas de uma classe para além dos limites de uma nação. Para ele, o capitalismo dependente é uma forma de capitalismo necessária à acumulação do capital, portanto, estrutural ao sistema capital. Algumas de suas marcas são a inexistência de um projeto (capitalista) nacional e, por consequência, de uma burguesia nacional, bem como o predomínio da autocracia exercida por representantes dessa classe e, assim, a redução ao mínimo da democracia.
A dependência e a subordinação de países desse tipo – tanto em termos econômicos quanto culturais – trazem limitações estruturais às possibilidades de desenvolvimento social e econômico nacional, para o qual a produção intelectual e material no seu território é parâmetro fundamental. Dessa forma, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, bem como a formação intelectual de seus trabalhadores, não constituem princípios ordenadores de sociedades de capitalismo dependente.
Por esse viés se pode compreender que a educação tecnológica no Brasil não se configurou com base no princípio da elevação cultural e intelectual dos trabalhadores e no desenvolvimento científico-tecnológico de corte nacional. Ao contrário, o que se viu, especialmente a partir dos anos 1990 – e o período é historicamente significativo diante do avanço e da consolidação do pensamento neoliberal, especialmente em países de capitalismo dependente –, foi a fragmentação do ensino técnico, em face das novas regulamentações do que se passou a designar como educação profissional, bem como a diversificação do ensino superior, por meio dos cursos superiores de tecnologia. Essas políticas, juntamente com outras, foram enfeixadas na denominação de educação profissional e tecnológica
.
Apresentadas essas reflexões iniciais, desenvolveremos nossa exposição considerando três grandes momentos históricos da educação dos trabalhadores brasileiros, dois dos quais representativos do movimento de transição do ensino técnico à educação tecnológica. Nossa análise irá se apoiar numa abordagem teórica sobre a concepção de Estado, bem como sobre a especificidade do capitalismo brasileiro, sem o que algumas contradições importantes da educação tecnológica como política de Estado podem não se manifestar.
Marcos teóricos para a análise da educação tecnológica como política de Estado: Concepções e funções do Estado capitalista
Ao abordarmos a educação tecnológica como programa de Estado, somos levados a fazê-lo mediante uma concepção de Estado, sendo essa demarcação uma necessidade teórica, posto que ela fundamenta a direção metodológica e ético-política da análise. Nosso ponto de partida é a negação da neutralidade do Estado[1] e a afirmação de sua vinculação estrutural e orgânica com o modo de produção capitalista, tal como encontramos na tradição filosófica marxista.
Uma teoria sobre o Estado em Marx deve ser encontrada menos em uma formulação teórica direta e mais nas críticas feitas por ele à concepção de Estado em Hegel e nos liberais, esta última mediante a crítica à economia política. Por meio dessas, Marx desenvolve o método e a teoria sobre a sociedade capitalista baseados no conceito de modo de produção. Também análises de conjunturas históricas específicas nos fornecem elementos sobre sua concepção de Estado como a superestrutura política e jurídica que emerge das relações de produção, e que é expressão da dominação da classe burguesa no capitalismo.
Esta última abordagem sofre influência de Engels e das próprias visitas de Marx a Paris, destacando a visão da dinâmica social fundamentada na luta de classes. Compreende-se, assim, o Estado como uma instituição com vínculo de classe, uma forma de organização que a burguesia necessariamente adota para fins internos e externos, para a garantia mútua de sua propriedade e de seus interesses. Na sociedade capitalista, o Estado representa, ainda, o braço repressivo da burguesia.
Antonio Gramsci, analisando a luta de classes no início do século XX, compreende que a exploração e a expropriação da classe trabalhadora pela burguesia não ocorrem somente pela dominação, mas também pela obtenção do consentimento ativo das massas. Isso implica que a classe no poder é não somente dominante, mas também dirigente, na medida em que exerce a hegemonia, ou seja, que confere direção política e cultural à sociedade. Nesses termos, o Estado deixa de ser compreendido exclusivamente como aparelho de repressão e passa a ser visto também como aparelho de obtenção do consenso.
Configura-se, assim, o Estado educador, cujo fim é adequar a ‘civilização’ e a moralidade das mais amplas massas populares às necessidades do desenvolvimento continuado do aparelho econômico de produção, portanto, elaborar também fisicamente tipos novos de humanidade
(Gramsci 1991, p. 91). É nesses termos que Gramsci formula sua concepção de Estado como todo o complexo de atividades práticas e teóricas com as quais a classe dirigente justifica e mantém não só o seu domínio, mas consegue obter o consentimento ativo dos governados
(ibidem, p. 87).
A concepção de Estado então se amplia, juntamente com suas funções, que passam a ser de hegemonia revestida de coerção, e implica tanto a superestrutura política e jurídica, quanto a própria economia. A sociedade civil, antes esfera específica desta última e identificada com a estrutura econômica, passa a ser reconhecida como dimensão própria do Estado juntamente com a sociedade política a qual, com os dispositivos jurídicos, configura o Estado stricto sensu ou governo.
O Estado assume funções também econômicas, assim como a esfera da sociedade civil passa a compor a superestrutura, já que é nela que se organizam os aparelhos privados de hegemonia, por meio dos quais a direção política e cultural ao povo se realiza. No pensamento de Gramsci, a metáfora marxiana da sociedade como edifício, formada pela base ou estrutura sobre a qual se elevaria a superestrutura, é substituída pelo bloco histórico ou unidade entre a natureza e o espírito (estrutura e superestrutura), unidade dos contrários e dos distintos
(ibidem, p. 12).
Ellen Wood tratará dessa questão mostrando que essa unidade é inerente à análise de Marx, dada especialmente pela afirmação de que ‘o capital é uma relação social de produção’, [e] que categorias econômicas expressam certas relações sociais determinadas
(Wood 2003, p. 30). As relações de produção se manifestam como relações de dominação, como direitos de propriedade, como o poder de organizar e governar a produção e a apropriação. Ou seja,
(...) elas tomam forma de relações jurídicas e políticas particulares – modos de dominação e coerção, formas de propriedade e organização social – que não são meros reflexos secundários, nem mesmo apoios secundários, mas constituintes dessas relações de produção. A esfera
da produção é dominante não no sentido de se manter afastada das formas jurídico-políticas ou de precedê-las, mas exatamente no sentido de que essas formas são formas de produção, os atributos de um sistema produtivo particular. (Ibidem, p. 33; grifos da autora)
No capitalismo, as esferas da economia e da política, unidades constituintes das relações sociais de produção, aparecem diferenciadas, uma vez que as funções sociais de produção e distribuição, extração e apropriação de excedentes, e a alocação do trabalho social são, de certa forma, privatizadas e obtidas por meios não autoritários e não políticos. A esfera política no capitalismo tem um caráter especial porque o poder de coação que apoia a exploração capitalista não é acionado pelo apropriador nem se baseia na subordinação política ou jurídica do produtor a um senhor apropriador. Mas são essenciais um poder e uma estrutura de dominação. A propriedade privada dos meios de produção e a relação contratual entre produtor e apropriador, assim como o processo de troca de mercadorias, exigem formas legais, aparato de coação e as funções policiais do Estado. Historicamente, é o Estado que cumpre essas funções, estando na base do capitalismo. Em todos esses sentidos, apesar de sua diferenciação, a esfera econômica se apoia firmemente na política (Wood 2003, p. 35).
A análise de Poulantzas (1985) segue na mesma direção, considerando que o Estado organiza a classe dominante – burguesia e suas frações – representando e organizando o interesse político a longo prazo do bloco no poder, do qual participam, em certas circunstâncias, as frações provenientes de outros modos de produção presentes na formação social capitalista, a exemplo dos grandes proprietários de terra – observação esta particularmente importante para a análise do Brasil, uma vez que o poder do Estado capitalista brasileiro se exerceu mediante uma aliança estratégica entre setores da burguesia industrial e latifundiários.
Com base nisso, Poulantzas (ibidem, p. 148) define o Estado como "a condensação material e específica de uma relação de forças entre classes e frações de classe" (grifos do autor). Essa condensação é tanto da relação de forças entre frações do bloco no poder quanto entre estas e as classes dominadas, de tal modo que as lutas políticas que ocorrem no Estado atravessam suas instituições e fazem o próprio Estado ficar imerso nelas. Sobre os momentos da relação de forças que devem ser analisadas na perspectiva revolucionária, revisitar Gramsci (1991) pode ser elucidativo. Este identifica três momentos fundamentais, a saber: um relacionado ao grau de desenvolvimento das forças produtivas; outro concernente à organização política, considerando tanto o momento econômico-corporativo – em que esta organização se dá em torno de interesses grupistas – quanto o ético-político, em que se instaura uma luta de ideologias, sendo que a hegemônica unifica e tende a tornar universal os fins de ordem intelectual e moral, além dos econômicos e políticos; e, finalmente, a relação das forças militares.
A análise desses graus de relação de forças ajuda a explicar a natureza dos processos revolucionários e, sobre isso Gramsci desenvolveu o conceito de revolução processual, ou guerra de posição, própria de sociedades do tipo ocidental, em que se atingiu um nível de organização da sociedade civil e de participação democrática no Estado. A perspectiva revolucionária vincula-se fortemente à crise de hegemonia de uma classe ou fração de classe. A crise de hegemonia da classe dirigente é, também, crise do Estado, e o processo revolucionário implica a capacidade de unificar as massas no sentido ético-político, ultrapassando os interesses econômico-corporativos.
Em contraposição, a guerra de movimento ocorre em contextos históricos em que a sociedade civil ainda é desorganizada ou gelatinosa. Valendo-se da metáfora bélica e inspirado em Rosa Luxemburgo, Gramsci explica que, na guerra de movimento, o elemento econômico imediato (crises etc.) é considerado como a artilharia de campo que na guerra abre a brecha na defesa inimiga, brecha suficiente para que as tropas irrompam e obtenham um sucesso estratégico definitivo.
Com um componente fortemente economicista, essa perspectiva implica a tomada do Estado e uma rápida organização dos quadros estatais e do sistema ideológico para fazer cumprir o fim a ser alcançado (Gramsci 1991). Para ele, porém, nos Estados mais avançados, a sociedade civil transformou-se numa estrutura muito complexa e resistente às irrupções levadas pelo elemento econômico imediato (crises, depressões etc.), de modo que aparelhos de hegemonia organizados na sociedade civil atuam como o sistema de trincheiras na guerra de posição, constituindo os elementos fundamentais da luta de classes.
Essa forma de entender as possibilidades da revolução está vinculada a sociedades definidas, em termos da relação entre Estado e sociedade civil, como de tipo oriental ou ocidental. No primeiro caso, o Estado representa a totalidade política, enquanto a sociedade civil é primitiva e gelatinosa. Em sociedades de tipo ocidental, a relação entre Estado e sociedade civil é equilibrada. Ou, nas palavras do próprio Gramsci, no Oriente, o Estado era tudo, a sociedade civil era primordial e gelatinosa; no Ocidente, havia entre o Estado e a sociedade civil uma justa relação e em qualquer abalo do Estado imediatamente descobria-se uma poderosa estrutura da sociedade civil
(ibidem, p. 75).
Ao lado desses conceitos, o de revolução passiva ou revolução de restauração é também fundamental para compreendermos o processo histórico de formação da sociedade brasileira. Recorremos, mais uma vez, literalmente ao autor. Diz ele:
O conceito de revolução passiva
deduz-se rigorosamente dos dois princípios fundamentais da ciência política: 1) nenhuma formação social desaparece enquanto as forças produtivas que nela se desenvolveram encontrarem lugar para um ulterior movimento progressista; 2) a sociedade não assume compromissos para cuja solução ainda não tenham surgido as condições necessárias, etc. Assim, devem ser reportados à descrição dos três momentos fundamentais [da relação de forças] que podem distinguir uma situação
ou um equilíbrio de forças com o máximo de valorização do segundo momento ou equilíbrio das forças políticas e, especialmente, do terceiro momento ou equilíbrio político-militar. (Gramsci 1991, p. 75)
Especificamente, esse conceito[2] refere-se a processos de transformação em que ocorre uma conciliação entre as frações modernas e atrasadas das classes dominantes, com a explícita tentativa de excluir as camadas populares de uma participação mais ampla em tais processos. Ao referir-se ao tipo de Estado que resulta de processos de revolução passiva, Gramsci fala em ditaduras sem hegemonia
. Na revolução passiva, então, há modificações progressivas na composição precedente das forças, no sentido de neutralizar as forças oponentes, realizando-se, assim, transformações pelo alto, com vistas a conservar as condi