Glaucoma: A vida num tuboo
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Glaucoma - José Roberto Rogero
Sumário
1 CONHECENDO A DOENÇA
Michele Ushida dos Santos
2 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DO GLAUCOMA
Francisco Irochima
3 A TECNOLOGIA E A BAIXA VISÃO
Fernanda Alves da Silva Bonatti e José Américo Bonatti
4 A INFORMÁTICA E OS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA BAIXA VISÃO
Leonardo Gleison
5 ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE
Silverlei Silvestre Vieira
6 PSICOLOGIA DA PERDA PROGRESSIVA DA VISÃO
Daiane Daumichen Antiório
7 A VIDA NUM TUBO
José Roberto Rogero
Dedico este trabalho à minha esposa Sizue, meus filhos Josie, Igor e Isis, meus genros, minha nora e meus netos. A família é o bálsamo que alivia o sofrimento, incentiva a resistência e ilumina o espírito.
José Roberto Rogero
prefácio
A visão é um dos sentidos mais importantes do ser humano. Contemplar a beleza das cores, o sorriso de uma criança e um pôr do sol não tem preço. Infelizmente, muitos indivíduos nunca tiveram esse prazer.
Existem inúmeras doenças que causam cegueira no Brasil e no mundo. Uma que nos preocupa por causar cegueira de modo irreversível é o glaucoma, que é a lesão do nervo óptico, cujo principal fator de risco é o aumento da pressão ocular.
Uma projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o glaucoma afetará 80 (oitenta) milhões de pessoas em 2020, e 112 (cento e doze) milhões em 2040. Além da questão da dependência de outros que uma pessoa com glaucoma tem, existe a questão psicológica, que pode afetar de modo importante o comportamento do doente – e por isso defendo o atendimento psicológico concomitante ao atendimento médico para um tratamento eficaz desses doentes.
Glaucoma: a vida num tubo é mais que um livro, é o retrato da verdadeira superação de um paciente que tem glaucoma e uma deficiência visual causada por essa doença. Demonstra a preocupação de um ser humano com o coletivo, superando os seus limites para chamar a atenção de todos para uma doença silenciosa, que não causa a morte física, mas que pode causar a morte da alma.
Parabéns, José Roberto Rogero!
Boa leitura a todos!
Dr. Elissandro Lindoso
Médico Oftalmologista
Doutor em Oftalmologia pela Unifesp
Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, da Associação Médica Brasileira e do MEC
O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. É considerada uma doença silenciosa, já que a maioria dos pacientes não apresenta qualquer sintoma até que ela atinja um estágio relativamente avançado – e esse é o principal fator que frequentemente dificulta seu diagnóstico precoce.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são:
● idade (acima de 40 anos);
● histórico familiar;
● pressão intraocular elevada;
● raça (negra);
● miopia;
● uso contínuo e sem monitoramento de corticoide tópico ou sistêmico.
Existem inúmeros tipos de glaucoma, os quais podem acometer qualquer faixa etária. As classificações também são diversas; no entanto, neste capítulo abordaremos as formas mais frequentes na população (WEINREB; KHAW, 2004).
Afinal, o que é glaucoma?
Para responder a essa pergunta precisamos conhecer um pouco da anatomia e função da principal estrutura acometida pela doença: o nervo óptico.
O globo ocular apresenta estruturas internas com funções especializadas, e para o bom desempenho de tais funções é fundamental sua nutrição e oxigenação. O responsável por esse papel é o humor aquoso.
O humor aquoso é um líquido transparente, proveniente de uma ultrafiltração do sangue, rico em nutrientes e oxigênio, que circula apenas na parte interna do globo ocular. Ele tem como função nutrir as estruturas existentes no interior do olho, sendo constantemente renovado – após cumprir sua função, é eliminado do olho por meio de um sistema de drenagem denominado trabeculado, estrutura localizada no ângulo do olho e responsável pelo controle da pressão intraocular. O trabeculado funciona basicamente como um ralo
do olho, em uma explicação mais simplificada.
A comparação do trabeculado com um ralo
se dá porque sua função é de retirar o humor aquoso já utilizado pelas estruturas oculares, permitindo que um novo humor aquoso, rico em nutrientes, adentre o interior do olho e cumpra seu papel. Essa importante estrutura permite manter um equilíbrio saudável da pressão intraocular, já que tal pressão é o resultado da força que o humor aquoso exerce na parede interna do globo ocular. Resumindo, quando entra mais humor aquoso no olho do que sai, há um aumento de líquido intraocular, e este pressiona a parede interna do globo ocular, ocasionando uma elevação da pressão. Por sua vez, o impacto da pressão elevada é transferido para todas as estruturas intraoculares, chegando até o nervo óptico, que fica localizado na região mais posterior do globo ocular.
Figura 1.1 O trabeculado é como o ralo
do olho.
Fonte: SofiaV/Shutterstock.
Figura 1.2 Pressão intraocular.
Fonte: VectorMine/Shutterstock.
O nervo óptico é composto por fibras nervosas, localizado no fundo do olho. Ele capta todas as informações visuais e as conduz para o cérebro, para que tais informações possam ser processadas e interpretadas e, por fim, possamos enxergar. Podemos compará-lo a um fio condutor.
Figura 1.3 Nervo óptico.
Fonte: Cortesia Dra. Michele Ushida.
Após compreender de forma simplificada parte da complexa anatomia ocular, podemos dizer que o glaucoma é uma doença que antecipa a morte das fibras nervosas que compõem o nervo óptico. Suas causas ainda não são completamente esclarecidas, mas existem algumas teorias que justificam a precoce e acelerada morte das fibras nervosas.
A principal delas é a da pressão intraocular elevada: alguns estudos sugerem que, quando a pressão intraocular está alta, ela promove um esmagamento mecânico nas fibras do nervo, reduzindo assim a condução de nutrientes e levando as fibras ao sofrimento e, por fim, à morte.
Com a morte das fibras do nervo óptico, é possível observar o aumento da escavação no centro do disco óptico. A escavação nada mais é do que o espaço que outrora era preenchido por fibras nervosas e que, após a morte das fibras, se transforma em um espaço vazio no centro do nervo óptico do paciente glaucomatoso. É importante relatar que a escavação do paciente com glaucoma sofre um aumento progressivo se a doença não for controlada. Além disso, é por meio da identificação da escavação aumentada associada à pressão intraocular elevada, na maioria dos casos, que levantamos a suspeita da doença (FECHTNER, 1994).
Figura 1.4 Diferença entre o nervo óptico normal e o alterado pelo glaucoma.
a) Nervo óptico com escavação normal.
b) Nervo óptico com escavação glaucomatosa.
Fonte: Cortesia Dra. Michele Ushida.
É importante relatar que existem pacientes que já nascem com uma escavação aumentada, mas não necessariamente têm a doença. Denominamos essa condição de escavação grande fisiológica. Esse grupo de pacientes merece um acompanhamento oftalmológico mais próximo, com exames que avaliam a estrutura e a função do nervo óptico para descartar qualquer progressão da escavação (PRATA et al., 2014).
Classificação do glaucoma
Podemos classificar o glaucoma em dois grupos:
1. Glaucoma de ângulo aberto.
2. Glaucoma de ângulo fechado.
Essa classificação se dá através do exame de gonioscopia, feito com uma lente com espelhos que possibilita a visualização da estrutura de drenagem do olho: o ângulo.
O ângulo do olho está localizado em 360º ao longo de toda a extensão na raiz da íris. Por meio da gonioscopia conseguimos observar detalhes da estrutura fundamental para o controle da pressão intraocular e classificar o ângulo em aberto e fechado.
Figura 1.5 Lente de gonioscopia.
Fonte: Warren Scherer/Shutterstock.
O ângulo é aberto quando é possível visualizar o trabeculado pigmentado, que é uma faixa funcionante do ângulo em mais da metade da sua extensão. O ângulo é classificado como fechado quando não visualizamos o trabeculado pigmentado, ou se o visualizamos em menos da metade de sua extensão.
Nos casos de glaucoma de ângulo aberto, o trabeculado, mesmo apresentando uma abertura adequada, apresenta uma perda progressiva da função de drenagem do humor aquoso, seja por herança genética, seja por causas secundárias, como, por exemplo, o uso indiscriminado de corticoide, trauma ocular, complicações de cirurgias oculares, entre outras.
Figura 1.6 Visualização do ângulo aberto ou fechado.
Fonte: Timonina/Shutterstock.
Já nos casos de