Intimidade On Line: Outras Faces do Diário Íntimo na Contemporaneidade
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Intimidade On Line - Cristiane Moreira da Silva
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
AGRADECIMENTOS
À querida Profª Márcia Moraes, orientadora desta pesquisa, pelo prefácio, por acompanhar minha trajetória de maneira competente e sensível, pelo brilhantismo nas orientações, pela leveza que contagia o árduo trabalho acadêmico.
À minha família, meu agradecimento, amor e admiração por estar sempre presente.
À professora, e hoje amiga querida, Elisameli Paiva, por todas as portas abertas, pelo carinho e pela parceria no trabalho e na vida.
À minha tia Ana Bailune, pelas aulas de inglês e todo carinho que me proporcionou.
A todos os amigos que vibram com as conquistas e colorem meus dias; em especial, Alan Gomes, Pamela Marques e Paola Mendes, por andarem de mãos dadas comigo nesse período, pelo acolhimento e incentivo.
Aos membros do grupo de pesquisa Psicologia e Mídia
: Carolina Bayão, Daniela Pereira, Diogo Fagundes, Francyne Andrade, Juliana Barbatti, Letícia Melo, Nathalia Melo, Pedro Almeida, Rafael Moreira, Raphael Curioni e Sylvio Pecoraro, por me contagiarem com o entusiasmo de vocês, por construirmos um coletivo potente.
Aos estudantes de Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis, pelos encontros alegres e produtivos que fortalecem minha escolha profissional.
Aos diaristas que forneceram seus relatos para esta pesquisa.
À FAPERJ, instituição financiadora da pesquisa por meio de bolsa de estudos concedida à pesquisadora no período de doutorado.
Do mesmo modo que as máquinas sociais podem ser classificadas na rubrica geral de equipamentos coletivos, as máquinas tecnológicas de informação e de comunicação operam no núcleo da subjetividade humana, não apenas no seio das suas memórias, da sua inteligência, mas também da sua sensibilidade, dos seus afetos, dos seus fantasmas inconscientes.
O melhor é a criação, a invenção de novos Universos de referência; o pior é a mass-midialização embrutecedora, à qual são condenadas hoje em dia milhares de indivíduos. As evoluções tecnológicas conjugadas a experimentações sociais desses novos domínios, são talvez capazes de nos fazer sair do período opressivo atual e de nos fazer entrar em uma era pós-mídia, caracterizada por uma reapropriação e uma re-singularização da utilização da mídia.
(Felix Guattari −
Caosmose: um novo paradigma estético, 1992.)
PREFÁCIO
Encontrei-me com este texto quando ele ainda se constituía como projeto de pesquisa, por ocasião do mestrado que a autora realizava no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, na Universidade Federal Fluminense, sob minha orientação; na verdade, a primeira orientação de pós-graduação que fazia. O que naquele momento se tornava questão com o advento dos blogs atualmente parece ter se espraiado por uma infinidade de outros dispositivos de escrita e de conexão virtual, que não cessam de disseminar os mais prosaicos acontecimentos da vida cotidiana e que não cessam de engendrar uma intimidade pública, uma vida íntima prêt-à-porter. Não vai nessa observação nenhum saudosismo, nem nostalgia de tempos idos, melhores do que os atuais. Segue, no entanto, certa inquietação com essa composição ciborgue de nós mesmos, isto é, com isso que nos constitui como conexão: o que é que tais conexões nos fazem fazer? Que efeitos − subjetivos, cognitivos − delas decorrem? Tais questões seguem presentes ainda hoje e atiçam-me enquanto escrevo essas linhas, com um smartphone ao meu lado, que apita e sinaliza a cada mensagem recebida, a cada curtida ou comentário em uma rede social.
O que anima a pesquisa empreendida por Cristiane é justamente a consideração de tais conexões longe dos esquematismos dualistas que separam os termos: sujeitos, de um lado; dispositivos, de outro. Antes, a conexão é tomada como primeira. É a conexão que põe os termos, não o inverso. Tal perspectiva segue a linha de autores como Latour (2001), Bruno e Pedro (2004), Escóssia (1999) e outros, que no âmbito dos estudos sociais de Ciência e Tecnologia afirmam o caráter performativo das relações entre homem e técnica.
É interessante notar que tal perspectiva abre boas questões para a Psicologia, já que não se trata de tomar a subjetividade como sinônimo de uma intimidade dada de antemão, mas sim como efeito − um dos efeitos − de conexões que abarcam os dispositivos técnicos, em especial, estes como blogs, Facebook e outros. Que concepções de Psicologia são tecidas a partir daí? Essa questão perpassa a pesquisa empreendida por Cristiane. Trata-se de articular uma Psicologia que se interrogue pelos efeitos subjetivos que tais associações engendram. Uma Psicologia que está, inexoravelmente, enredada com os dispositivos técnicos que não cessam de nos constituir, em nossas dores, amores, alegrias, revoltas.
A pesquisadora feminista Donna Haraway (2000) sinaliza que uma das consequências de afirmarmos que o ciborgue é nosso destino e nossa ontologia é justamente o de levarmos às últimas consequências a noção de ciborgue, ou seja, somos tecidos nas e pelas conexões, o que envolve mais do