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Santidade para todos: Descobrindo as Moradas Interiores
Santidade para todos: Descobrindo as Moradas Interiores
Santidade para todos: Descobrindo as Moradas Interiores
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Santidade para todos: Descobrindo as Moradas Interiores

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Atualmente, falta se conhecer e divulgar o verdadeiro caminho para a santidade. Praticamente todo o discurso evangelizador da atualidade está voltado para a conversão, o primeiro passo fundamental de um caminho longo que deve ser trilhado. Sem o primeiro passo, não se vai a lugar nenhum, mas isso também não constrói o caminho.

Ele será o primeiro passo para a Santidade, mas se não vier acompanhado de outros na direção correta, será guiado para o fracasso. Precisamos ser honestos e reconhecer que não nos faltam meios para nos Santificar. Cristo nos deu todo o necessário: a Igreja, os Sacramentos, o acesso a Ele através da oração litúrgica e pessoal, as virtudes e dons infusos e as Sagradas Escrituras. Se existe um verdadeiro e radical desejo de trilhar o caminho para a Santidade, se o nosso suprimento para a viagem é completo, pois é fornecido por Cristo e distribuído pela Igreja, só nos falta um único detalhe: o mapa do caminho.

Flávio Crepaldi traz neste livro, através de sua experiência com Santa Teresa de Jesus, este mapa, que deve nos orientar sobre o modo de utilizar os meios fornecidos por Cristo e pela Igreja no momento certo e com maior proveito, para alcançar a santidade. São verdadeiros tesouros que nos mostram o bê-a-bá de uma real vida de Santidade e união plena com Deus, muito além da conversão.
LanguagePortuguês
Release dateJul 1, 2020
ISBN9786586698060
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    Santidade para todos - Flavio Crepaldi

    cmes

    Santidade ao alcance de todos

    O desconhecimento dos meios a utilizar, do caminho a seguir e a falta de uma firme decisão de Santidade destroem o projeto de santificação de qualquer cristão.

    Imagine a revolta e a confusão se descobrirmos que alguém muito próximo de nós ganhou alguns milhões de reais numa loteria e não se mexeu para ir buscar o prêmio.

    Impossível? Ninguém faria isso? Infelizmente acontece o tempo todo. O mais triste é que não é com alguém próximo de nós, mas conosco mesmo. Quero também que fique claro que não se trata de milhões de reais, mas de muito mais que bilhões e bilhões de reais, dólares ou qualquer outra moeda: trata-se de um prêmio que não tem preço e que está ao alcance de todos. E, ainda assim, poucos se mexem para ir buscá-lo.

    Repete-se aqui a presença de Cristo no alto da cruz: era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todos ilumina (Jo 1,9), mas era o mais desprezado e abandonado de todos, homem coberto de dores, do qual desviamos o olhar. Passando por ele, tapávamos o rosto (Is 53,3). Temos a Santidade, ou a bem-aventurança eterna, ao alcance de nossas mãos e a desprezamos. Não vale a pena mudar a nossa vida agitada para ir atrás deste prêmio que não é deste mundo? Mudemos as práticas diárias de nossa vida que gritam a plenos pulmões: eu me basto!

    Mesmo que a falta de vontade para a Santidade seja a regra geral, a mensagem de Deus ainda ecoa por toda a terra e, embora não são vozes nem palavras, nem se escuta a sua voz (Sl 19,4), trata-se de um convite firme e sutil que acaba chegando aos corações daqueles que um dia foram despertados para ouvi-Lo através do Sacramento do Batismo. Se a esse convite interior soma-se uma pregação firme e querigmática de tantos servos de Deus, através de tantos meios voltados para a evangelização, está lançado um verdadeiro desejo de conversão!

    Por que, no entanto, essa conversão não dá frutos e se desvanece pouco tempo depois? Ou por que se costuma lutar tantos anos sem verdadeiros progressos espirituais, sem um verdadeiro crescimento palpável de santidade? Por que tantos fracassos no caminho de santidade?

    Por um lado, falta um verdadeiro desejo de santidade, uma disposição para vencer a qualquer custo e tomar posse desse prêmio que está ao nosso alcance. Nosso Senhor deixou claro que o Reino dos Céus é dos violentos (Mt 11,12). Dos violentos consigo mesmo, dos que vencem suas manias e limites. Daqueles que não esmorecem nas primeiras dificuldades do caminho de perfeição. Nem nas segundas dificuldades, nem nas terceiras, nem nas últimas.

    Por outro lado, falta conhecer e divulgar o verdadeiro caminho para a Santidade. Praticamente todo o discurso evangelizador da atualidade está voltado para a conversão. Conversão, claro, é fundamental, mas é o primeiro passo de um caminho longo que deve ser trilhado. Evidentemente, sem o primeiro passo, não se vai a lugar algum, mas dar somente um passo também não constrói um caminho. O primeiro passo para a Santidade será também o único passo para o fracasso, se não vier acompanhado de outros na direção correta.

    Por último, precisamos ser honestos e reconhecer que não nos faltam meios para nos santificarmos. Cristo nos deu todo o necessário: a Igreja, os Sacramentos, o acesso a Ele através da oração litúrgica e pessoal, as virtudes e dons infusos e as Sagradas Escrituras.

    Se existe um verdadeiro e radical desejo de trilhar o caminho para a Santidade, se o nosso suprimento para a viagem é completo, pois é fornecido por Cristo e distribuído pela Igreja, só nos falta um único detalhe: o mapa do caminho que deve nos orientar sobre o modo de utilizar os meios fornecidos por Cristo e pela Igreja no momento certo e com maior proveito.

    Estes mapas, pois são muitas as maneiras de se alcançar o topo de uma montanha, estão sendo construídos continuamente há vinte séculos por santos, doutores da Igreja e teólogos dos mais diversos lugares e épocas. São verdadeiros tesouros que nos mostram o bê-a-bá de uma real vida de Santidade e união plena com Deus, a qual vai muito além da conversão.

    Iniciamos aqui um trajeto para entender cada passo desse caminho para a Santidade que a Igreja construiu sob a inspiração do Espírito Santo. Claro que você não pode ser impedido de percorrer o caminho virtualmente, ou seja, somente lendo cada capítulo e vendo o mapa da caminhada, sem colocar verdadeiramente o pé na estrada. Mas lembre-se, conhecer o mapa do metrô de uma cidade nem se compara a estar lá e entrar num vagão.

    Espero que este convite ecoe com o chamado que já está no seu coração e você já inicie este caminho encarando esta pergunta: o que me levou (leva) a desistir da Santidade? O que eu preciso mudar, urgente e radicalmente, em mim que irá me fazer progredir sem olhar para trás quando eu souber que caminho devo trilhar? Que Deus nos abençoe com a coragem de sermos violentos com o mal que ainda reina em nós, para que possamos dizer como o salmista: correrei pelo caminho dos vossos mandamentos, quando dilatareis meu coração (Sl 119,32).

    Ciência dos Santos ou Caminho de Perfeição

    Durante séculos a Igreja colheu testemunhos dos Santos sobre como se constrói o caminho para a Santidade, e esse conhecimento deu origem à Teologia Ascético-Mística, ou Teologia Espiritual.

    Vimos, no capítulo anterior, que a Santidade está ao alcance de todos e de qualquer cristão, e que o primeiro e grande obstáculo para alcançá-la é a falta de uma firme decisão de percorrer até o fim a estrada que nos leva a viver em plena comunhão com Deus. Como Ló, ao ouvir o anjo do Senhor ordenando-o a subir a montanha, pedimos desculpas e preferimos ficar na planície (Gn 19,17). A esta planície pode-se chamar mesmice, secularização ou, como se referiam os santos padres dos primeiros séculos: acídia, a preguiça espiritual.

    Embora os que se decidam a subir a montanha da Santidade, com sincero desejo de conversão, encontrem na Igreja os meios necessários para se santificar, ainda enfrentam a dificuldade de como ordenar estes meios tão vastos e tão profundos. Por onde começar e que caminho seguir? Como a pobre sulamita do Cântico dos Cânticos, então, dizemos: "Mostra-me, ó amor de minha alma, onde repousas com o rebanho ao meio-dia?" (Ct 1,7).

    A essa pergunta de como seguir o Cristo e ser Santo, a Igreja respondeu com uma teologia própria chamada de Teologia Ascético-Mística ou Teologia Espiritual. Se a Teologia Dogmática nos ensina o que devemos crer e a Teologia Moral nos ensina como viver no mundo, essa é a teologia, ou saber teológico, que nos ensina como juntar o que acreditamos com um modo de viver que nos tornem "santos e irrepreensíveis diante dEle no amor" (Ef 1,4). Por isso, a Teologia Ascético-Mística também é conhecida como Caminho de Perfeição ou Ciência (conhecimento) dos Santos.

    Entre o ascético e o místico

    Esse empreendimento inicial para sair da planície e subir o Monte Carmelo – a metáfora dos Carmelitas para a santificação – foi identificada pelos primeiros cristãos com o nome grego de ascesis, que significa: luta, esforço pessoal. De fato, a conversão verdadeira demanda imediatamente uma necessidade de se combater o homem velho, que se identifica com as tendências, atitudes e pensamentos comprometidos com o pecado. Converter-se, como o próprio nome diz, explicita, necessariamente, uma mudança de rumo que não é realizada sem luta e muito esforço pessoal.

    Esse caminho de santificação recebeu, então, o primeiro nome de Teologia Ascética: aquela que nos mostra como devemos nos esforçar para abandonar cada vez mais nossa semelhança com Adão e aproximarmo-nos de Cristo. Sobre esse árduo caminho, São Paulo exemplifica bem, nos lembrando de que "todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto mais nós, que buscamos uma coroa incorruptível! Por isso, eu corro, (...) eu luto (...), trato duramente o meu corpo e o subjugo" (1Cor 9,26-27).

    São ícones da Teologia Ascética os santos padres do deserto. Homens e mulheres que abandonaram o mundo para, em comunidade ou sozinhos, viverem em silêncio e oração constantes. Eles se santificaram vencendo a si mesmos, ao mundo e ao demônio com jejuns e mortificações.

    Além destes, notou-se a existência de outro caminho ou grupo de santos que possuía um contato com Deus constante e extraordinário: os místicos. Portadores de revelações e de um conhecimento intenso e profundo do divino, seu símbolo maior é o apóstolo e evangelista São João. A Teologia Mística mostrava como santos escolhidos por Deus conseguiam viver em união plena com o Cristo vivo e ressuscitado. Visões, êxtases e milagres os acompanhavam por toda a parte.

    Aparentemente, existiam dois caminhos: um ascético, baseado no esforço pessoal; e um místico, dom gratuito de Deus para seus escolhidos. Mas isso contradizia a própria essência do Evangelho que chama todos à Santidade: "Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48).

    Somente com Santa Teresa de Jesus (ou Santa Teresa D’Ávila), no século XVI, e o trabalho dos padres dominicanos do século XX, entendeu-se que essas duas teologias não são mais que um único caminho de espiritualidade: a Teologia Ascético-Mística. No caminho de união plena com Deus, ou Santificação, a primeira parte é ascética, e a segunda é mística. Os grandes Santos viveram plenamente as duas etapas. Assim, se no exemplo dado anteriormente São Paulo reforça aos coríntios a necessidade da ascese e dá o seu próprio exemplo, isso é por utilizar uma pedagogia específica para uma comunidade ainda principiante. Os coríntios ainda precisavam vencer a etapa ascética do caminho espiritual. Sabemos, no entanto, que São Paulo tinha uma vida mística intensa e profunda (2Cor 12,2). Por haver chegado à via mística, podia ensinar o caminho de perfeição aos seus filhos espirituais que se iniciavam na ciência dos santos.

    Mas onde estou no caminho espiritual? Se há um verdadeiro desejo de santidade e uma disposição a toda prova para alcançá-la, é natural que queiramos saber. Esses sete níveis da vida espiritual de que trata este livro é, justamente, para que se identifique essa ciência construída pelos Santos, onde estamos e como se pode trilhar com segurança o Caminho de Perfeição. Não se trata de sair correndo por aí sem rumo, gastando todas as energias que devem ser canalizadas para essa subida rumo ao monte que é o próprio Cristo (cf. Ladainha de Nossa Senhora do Carmo).

    No próximo capítulo, veremos quais são os Santos Doutores da Igreja e os teólogos que iluminaram o caminho de santidade e permitiram a criação de um mapa seguro para seguirmos essa trilha com duas etapas sucessivas: primeiro, ascética; depois, mística. Eles, como perfeitos pastores, deixaram as pegadas que, para nós, são o verdadeiro caminho que nos leva Àquele que o nosso coração ama: "Se não o sabes (onde me encontrar), segue os rastros das ovelhas e apascenta tuas cabras junto aos pastores" (Ct 1,8).

    Siga os passos dos Santos

    Além de um exemplo de seguimento a Jesus Cristo, os Santos nos deixaram verdadeiros mapas para nos guiar até a Santidade plena ou união íntima com Deus.

    Obom senso nos diz que a melhor maneira de se aprender a cozinhar é com um grande cozinheiro. Quer saber trabalhar com madeira? Tenha como professor um bom marceneiro. Quer ser Santo? Aprenda com aqueles que, "tendo ensinado a muitos o caminho da justiça, resplandecerão como as estrelas eternamente" (Dn 12,3).

    Aqueles que desenvolveram a Ciência dos Santos ou Teologia Espiritual têm, em primeiro lugar, o desejo de que nos santifiquemos e alcancemos a eterna glória da qual eles mesmos já são participantes. Para isso, nos iluminam, intercedem por nós junto a Deus e deixaram na terra vários testemunhos práticos que devemos conhecer e seguir.

    Infelizmente, tendemos a olhar para os Santos em seu estado último de santidade reconhecida, oficializada pela Igreja, e desanimar. Assim, entre os milagres que realizaram, a conduta perfeita que tinham e o seguimento exato do evangelho que praticavam e a nossa vida atual, abre-se um imenso abismo. Eles permanecem no altar, e nós abaixo, muito abaixo deles.

    Só que vale a pena conhecer mais de perto os relatos de suas vidas para ver como eles trilharam o caminho da perfeição espiritual, como venceram cada etapa e, para o propósito específico deste livro, o que eles nos ensinam sobre o caminho de santidade.

    É consolador saber que o padroeiro das missões, São Francisco Xavier, antes de ser santo, só queria levar uma vida de honras e prestígios humanos em Paris e se incomodava profundamente toda vez que (São) Inácio de Loyola lhe citava a Palavra do Senhor: "de que se aproveitará o homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a própria alma" (Mc 8,36). Ele ficava tão incomodado a ponto de reclamar da presença de Inácio e procurar evitá-lo sempre que possível.

    Santa Teresinha relata como teve que vencer sua sensibilidade excessiva e seu histórico de filha mimada, e Santa Elisabete da Trindade conta como foi obrigada a controlar seu temperamento explosivo se queria realmente amar a Deus com todas as suas forças. Esforços humanos e ascéticos para se desenvolverem na santidade.

    Os Santos no Caminho Espiritual

    Se o conhecimento da vida dos santos nos permite seguir suas pegadas (Ct 1,8) rumo à Santidade e escolher (ou ser escolhidos) por aqueles a quem nós nos assemelhamos em caráter e dificuldades, alguns

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