Amazônia - Um Novo País
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Amazônia - Um Novo País - Roberto Gueudeville
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SUSTENTABILIDADE, IMPACTO, DIREITO, GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
AGRADECIMENTOS
Em 50 anos de perambulação pela Amazônia, o meu preito de gratidão aos ribeirinhos, aos seringueiros, aos garimpeiros, aos quilombolas e aos pescadores, que sempre me deram o seu apoio, por mais simples que fosse. Este livro é dedicado também aos índios para os quais propomos os futuros Estados Indígenas, em busca do resgate pelos crimes que portugueses, espanhóis e bandeirantes paulistas cometeram, preando e matando 5 milhões de índios, seres humanos.
A burrice nacional impede que
se associe o efeito às causas.
(Roberto Campos)
PREFÁCIO
O menino de 13 anos de idade, em Salvador/BA, ia para o escritório do avô com o dinheirinho contado para o bonde do Elevador Lacerda. Um dia, chegando ao elevador, um mendigo aproximou-se pedindo uma esmola, pelo amor de Deus
. O menino deu o dinheiro ao mendigo e desceu a pé a ladeira da Montanha. O menino era Roberto Gueudeville.
Mais tarde, como repórter do jornal 4. Poder, da Universidade Federal de Goiás, criou e executou, com o apoio dos estudantes de medicina, a campanha do pênfigo para a construção de um hospital, hoje erguido.
Esse homem, o repórter humanista que se apaixonou pela Amazônia, lugar ao qual dedicou 50 anos de sua vida, conviveu um ano e meio com índios Kayapó, que ensaiaram matá-lo, sem que ele deixasse de amá-los por isso.
Jornalista pioneiro nos grandes acontecimentos na hileia, foi gerente de seringal no Rio Pauini, afluente do Rio Purus, onde testemunhou a grandeza e a miséria do seringueiro, protagonista da escravidão branca.
Após visitar Belterra e Fordlândia, em 1961, foi batizado
pelos garimpeiros do Tapajós, onde viu nascer os grandes garimpos de ouro, no seio de uma imutável pobreza.
A série Ouro e Fome: binômio do Tapajós
deu-lhe o primeiro Prêmio Esso.
Acompanhou, pouco tempo depois, os sertanistas Orlando e Claudio Villas Boas e Francisco Meireles, na memorável expedição ao Xingu, rios Jaraucu e Penatecaua, que tentava atrair os então belicosos índios Arara, que abriram guerra contra a construção da Rodovia Transamazônica. Esse homem viu nascer as rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá.
Presenciou a destruição de 20% da floresta de Rondônia financiada pelo Banco Mundial que, mais tarde, pediu desculpas ao mundo.
Sempre combateu a mendicância das instituições de pesquisa na Amazônia, incapazes de transformar a riqueza da biodiversidade em dólar.
Com os índios, SPI-flagelo de uma civilização
ganhou o seu segundo Prêmio Esso.
Mais tarde, a série Amazônia não tem dono
levantou o seu terceiro Prêmio Esso, em profunda análise sobre os problemas da região.
Em 1968, com Festa da FAB, festa do povo
, retrospecto das ações da FAB na Amazônia, especialmente o trabalho heroico e humano do DC 3 e do Catalina, ganhou um prêmio de viagem à Europa e aos Estados Unidos, patrocinado pela Caixa Econômica Federal, pelo Ministério da Aeronáutica e pelo Banco de Brasília.
Nas décadas de 70/80, teve forte atuação em O Globo e na Revista Visão, sempre com eventos na Amazônia e no Centro-Oeste.
Roberto Gueudeville, sem dúvida, é o único brasileiro que pediu demissão do Senado Federal por não se dar bem com os interesses
dos políticos e suas prioridades
.
Para fechar com chave de ouro uma vida riquíssima no mais importante banco genético da Terra, está lançando Amazônia, um novo país, em que denuncia o desprezo de governos e sociedades brasileiros pela hileia, propondo, como solução, a criação de um novo país, mediante plebiscito, como permite a Constituição Federal.
Aos 80 anos, Roberto Gueudeville permanece apaixonado pela Amazônia e tem estórias para contar...
A Amazônia deve homenagem a dois baianos que a amaram: Alexandre Rodrigues Ferreira, cientista que a pesquisou durante nove anos, e o jornalista Roberto Gueudeville, que lhe dedicou 50 anos.
A grande importância de seu trabalho reside em colaborar intensamente para o seu conhecimento, uma terra desprezada que vale 16 trilhões de dólares, segundo pesquisa da Nasa, com 300 dos mais capacitados cientistas do mundo – o LBA da Nasa, grande escola da Biosfera e Atmosfera na Amazônia, década de 90.
Parabéns, Roberto Gueudeville!
Patricia Gueudeville
Publicitária, formada pela UnB, diretora da Revista Viver Bem
APRESENTAÇÃO
O MAIOR CRIME DA HUMANIDADE
Uma hecatombe – o Brasil está destruindo o maior patrimônio genético da Terra!
Os brasileiros já conseguiram destruir 100 milhões de hectares, 20% da floresta amazônica, em menos de 40 anos, área equivalente aos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, toda a região Sul do País.
Em 2015, segundo informações oficiais do Governo Federal, abateram média de 5 milhões de hectares.
A permanecerem esses números, em mais 40 anos, 2056, destruir-se-ão mais 200 milhões de hectares. Com 300 milhões destruídos, a floresta sobrevivente não suportará, começará a morrer. Teremos um cenário de vômitos dos intestinos da terra
, no dizer do escritor amazonense Sebastiao Moura Costa.
O mais grave, diante dessa tragédia monumental, é que a sociedade e as autoridades brasileiras não demonstram a menor preocupação com o fato de destruirmos o maior e mais importante banco genético do planeta, a grande biblioteca e sua mega diversidade biológica. A ausência de educação e de consciência é estarrecedora.
As razões dessa inconsciência, e mesmo desprezo, estão consubstanciadas no fato de a única ligação da Amazônia com o Brasil ser as linhas de transmissão de energia elétrica de Tucuruí, Belo Monte, Jirau, Santo Antônio e Tapajós. Não há diálogo. São duas culturas antípodas.
Para mágoa de 25 milhões de amazônidas, sua terra permanece o grande almoxarifado do Brasil, desde 1616.
O plebiscito comprovará que eles sonham com a liberdade de construir o seu futuro, quebrando os grilhões de uma dependência nefasta e inglória. Sonham com um novo país.
A reação virá de fora, principalmente dos Estados Unidos, que terão sua poderosa agricultura afetada pela catástrofe. Haverá intervenção na Amazônia e uma forte campanha no mundo crucificando 200 milhões de brasileiros e seus governos.
Como o Estado brasileiro não tem vontade política de mudar os rumos do grande desastre, defendemos que a solução mais séria e pragmática será a criação de um novo país, como permite a Constituição de 1988, mediante plebiscito.
A administração, planejamento e gestão do novo país serão de responsabilidade dos homens sérios da Amazônia (valiosa minoria), aqueles que realmente detêm o conhecimento de seus ecossistemas e de sua biodiversidade, aplicando ciência, tecnologia e inovação, com recursos gerados pelas parcerias com todos os países do primeiro mundo, mediante acordos e convênios sérios. A ausência de desenvolvimento esmaga o mais pobre.
ARAKYSSAWA
Se os 25 milhões de amazônidas resolverem, por qualquer motivo, dizer NÃO ao plebiscito, só nos resta um caminho: ir em busca de ARAKYSSAWA. O homem em busca da terra sem mal, a pousada do sol, a utopia de todos os índios. Para eles, a terra é como a extensão do seu próprio corpo. Depois, veio o homem branco e roubou Arakyssawa. Poluiu e contaminou toda a terra, os rios, os igarapés, os lagos, destruiu as árvores e matou os bichos. Desrespeitou todas as leis naturais de Arakyssawa, a terra sem mal, a pousada do sol. E o homem branco conseguiu destruir a si próprio, implantando o mal na terra virgem e sagrada de Arakyssawa. Depois de sua morte, o rei sol convidou todos os deuses para recriar a terra sem mal, só para os índios. Assim, todos os anos, no verão, eles saem em longas viagens, rumo ao poente, em busca de Arakyssawa, a terra sem mal, a pousada do sol. O templo que guarda os segredos da vida.
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
ADESÃO AO IMPÉRIO FOI UM CRIME DE GUERRA
Os grandes sertanistas brasileiros
Quando a paixão supera a ambição
A morte do grande chefe branco
O empate no Acre, a grilagem no Pará e a soja em Mato Grosso
A usura da Vale
Biopirataria favorece a invasão da Amazônia pela ciência e tecnologia
As soluções que o governo joga no lixo
A solução existe desde antes de cristo
Educação tradicional anula cultura do jovem
O exemplo
Pacto amazônico e unamaz não decolam
Terra – a bagunça que o governo implantou
O descompasso permanece
O mau uso da terra
Várzeas: Brasil despreza riqueza que a natureza cria e aduba de graça
A fertilidade da terra depende da água que a enriquece
Como fazer
Redução da miséria
Biodiversidade e biopirataria por que o Brasil ignora?
Camilo Viana – o guardião da floresta
Quem não sabe, copia
Os sete caminhos para a floresta não morrer
Desmatamento irracional
Cultivo das várzeas
Monoculturas naturais
Sistemas agroflorestais
O medo de morrer e a coragem de viver
A arte de pagar o bem com o mal não é privilégio do homem branco
Extrativismo gera o panperismo secular: o mito da sustentabilidade
O extrativismo e o crescimento do mercado
O extrativismo como ciclo econômico
Qual seria a solução para a Amazônia?
O fascínio de um mundo verde que o brasil pode perder
O poder de um grande sonho
O longo caminho para o batismo na floresta
BORRACHA – A CULTURA DA ESCRAVIDÃO BRANCA
POR QUE FORDLÂNDIA NÃO DEU CERTO
OURO E FOME – BINÔMIO DO TAPAJÓS
VIDA COM OS ÍNDIOS KAIAPÓ DO XINGU
NO POSTO INDíGENA JK
EM BUSCA DOS ÍNDIOS CABEÇA PELADA
A EPOPEIA DA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA
AS GARRAS DA DITADURA
RONDÔNIA: O BANCO MUNDIAL FINANCIOU A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA
UM CELEIRO DE RIQUEZA
OS ANDES - VULCÃO EXPELE O BOM E O MAU
MINERAÇÃO: OS TESOUROS QUE A FLORESTA ESCONDE
100 ANOS DE ATRASO
AMAZÔNIA – TERRA SEM DONO
O GOVERNO NÃO SABE O QUE QUER
MAIS UMA TENTATIVA
O TERROR IMPOSTO PELO NARCOTRÁFICO
A CAMINHO DO INFERNO
O EXÉRCITO
A FALÊNCIA DO ESTADO – I
O TESOURO SERÁ SAQUEADO SEMPRE
NÃO QUEREMOS ESMOLAS
A FALÊNCIA DO ESTADO – II
A COBIÇA QUER A DESINTEGRAÇÃO DA AMAZÔNIA
NUVENS SOMBRIAS
OS NOVOS ESTADOS INDÍGENAS
O ÍNDIO E A ONU
SOLUÇÃO É FÁCIL
O PENSAMENTO SELVAGEM
DE LEVI-STRAUSS ELIMINA O ÍNDIO BOM
DE ROUSSEAU
EM BUCKINGHAM
A INCOMPETÊNCIA DE BRASÍLIA ALIMENTA A FOGUEIRA NA FLORESTA
O BRASIL NÃO ESTÁ FALANDO SÉRIO!
A FOGUEIRA CONTINUA
BRASILEIRO TEM COMPLEXO DE VIRA-LATA
NOVA ERA PARA A FLORESTA QUE GUARDA OS SEGREDOS DA VIDA
O ERRO ESTÁ NA CABEÇA DO HOMEM BRASILEIRO
NOVA ERA
OS PROJETOS
POR QUE OS MALES E OS PECADOS DO PAÍS DO FUTURO
BLOQUEIAM O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA
UM NOVO PAÍS
A HERANÇA MALDITA GERADA POR ASTÚCIA DO DIABO
O GARGALO ESTÁ NA GESTÃO
ENERGIA E MINERAÇÃO
ÁGUA – SÃO TRÊS GRANDES BACIAS AMAZÔNICAS
O FAZENDEIRO USURPOU AS TERRAS DOS ÍNDIOS GUAICURUS QUE LUTARAM NA GUERRA DO PARAGUAI
O LBA DA NASA
GENÉTICA DA FLORESTA
NÃO HÁ FUTURO
EDUCAÇÃO
A VERDADE
UM PAÍS BLOQUEADO POR UMA ELITE RETRÓGRADA
MEIO AMBIENTE
O GIGANTE AJOELHOU
RAZÕES BÁSICAS PARA A SEPARAÇÃO
POPULAÇÃO EXIGE MUDANÇA – I
POPULAÇÃO EXIGE MUDANÇA – II
POPULAÇÃO EXIGE MUDANÇA – III
A REALIDADE DO DESPREZO ASSUSTA
AGRICULTURA – SOLUÇÃO QUE O GOVERNO DESPREZA
CONGRESSO DISPLICENTE
ARAKYSSAWA
REFERÊNCIAS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A incapacidade do governo anula o futuro de 25 milhões de amazônidas e mantém a virgindade do mais importante, maior e mais rico banco genético do planeta, habitado por miseráveis vítimas da incompetência brasileira.
A democracia no Brasil dura apenas 3 minutos – o tempo necessário para se exercer o voto obrigatório. Logo depois o Governo e o Estado a extinguem. Ela desaparece...
*
Trezentos cientistas do mundo desenvolvido (Projeto LBA da NASA) descobriram que a floresta amazônica em pé pode produzir geneticamente US$ 13 trilhões anualmente – um PIB dos Estados Unidos da América. Os brasileiros não acreditam nisso. Consideram um mito e ignoram o assunto. Incrível. Roberto Campos estava certo.
O Brasil poderá perder a Amazônia, por não conhecer os seus ecossistemas, não saber o que fazer com o banco genético mais importante do planeta, ignorar seus ativos ambientais que vão beneficiar a humanidade e pelo desprezo que lhe devota a sociedade não amazônida,
*
O termo de adesão ao governo imperial de D. Pedro I, de agosto de 1823, foi imposto ao Pará pela força das armas.
O Imperador, homem truculento e pusilânime, ordenou ao Cap. Grenfell, mercenário inglês, pau mandado de Cochrane, o primeiro almirante do Brasil, nomeado por D. Pedro, que agisse com determinação. O inglês afrontou a junta governamental paraense: ou aceitavam ou Belém seria bombardeada. Foi o grande erro político do Pará.
Propomos que as Assembleias Estaduais dos sete estados amazônicos, solicitem ao STF a nulidade do ato, por coação violenta e trabalhem junto aos TREs/TSE para a realização de um plebiscito para que os 25 milhões de amazônidas decidam os destinos da região, libertando-se da incompetência de Brasília, com base legal no Artigo 18, parágrafo 3º da Constituição Federal – Organização Política e Administrativa da União. E também a PEC 327, da CCJ – Comissão