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O Céu é o Limite
O Céu é o Limite
O Céu é o Limite
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O Céu é o Limite

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About this ebook

Elizabeth é jovem, privilegiada e entediada.

Em uma nova vida como comissária de bordo, ela agora enfrenta o mundo real: lidar com relacionamentos no trabalho, amigos e viagens constantes. E há os homens...

O “Céu é o Limite” é um livro sobre amizade, amor e trabalho em um mundo em que as opções parecem não ter limite, mas os resultados são desconhecidos.

LanguagePortuguês
PublisherJamie O'Neill
Release dateSep 17, 2020
ISBN9781071566275
O Céu é o Limite

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    O Céu é o Limite - Jamie O'Neill

    1

    As rosas estavam completamente desabrochadas e sua fragrância delicada se espalhou por todo o jardim. Elizabeth estava sentada sozinha sobre uma canga à sombra das macieiras. Enquanto folheava a Tatler com interesse vago, o copo de isopor com café ao seu lado esfriava e logo precisaria ser substituído.

    Olhando de relance para as páginas com os olhos distraídos, sua mente divagou. Era muito cedo para estar acordada, mas esses eram os momentos que ela gostava de aproveitar. Era uma quarta-feira, sua folga, e o início do que seria um verão longo e quente. Em épocas assim, podia-se aproveitar apenas passando tempo na grama, respirando o ar fresco da manhã e não sendo forçada a pensar em listas de tarefas. Mas, o mais importante, era um descanso bem-vindo da preocupação em relação ao treinamento periódico anual iminente que ela sabia que envolveria dias de exames de múltipla escolha, sessões de intensivos até a madrugada e avaliações práticas. Tudo isso com um mínimo de sono. Ela estava surpresa com a velocidade com que doze meses de voos passaram.

    Elizabeth bocejou. Ela fechou a revista e olhou o celular para ver se havia mensagens. Angela, com quem ela dividia a casa, saiu da cozinha para o jardim com uma camada fresca de protetor solar no corpo e o cabelo preso frouxamente em um coque alto.

    — Sabe, deveríamos comprar uma daquelas piscinas infláveis — disse ela. — Seria legal vir aqui fora em dias quentes como hoje e dar um mergulho para refrescar.

    Elizabeth olhou para o céu e notou que quase não havia nuvens. 

    — Vai ser mais um dia escaldante — concordou ela. — Onde conseguimos uma piscina?

    — Talvez eu possa comprar em uma das paradas. Só não sei se daria para voltar com ela como bagagem de mão.

    Elizabeth sorriu e virou-se para a bebida.

    — Você aceita um pouco de chá ou café? — perguntou ela.

    — Eu acabei de tomar, querida, e você não está no trabalho — respondeu Angela e, depois de uma pausa, acrescentou: — Bom... se você fizer, eu aceito outro chá, muito obrigada.

    Elizabeth andou até a cozinha e encheu a chaleira. Ela olhou para a lista presa na geladeira e verificou para ver se tinha se lembrado corretamente da próxima viagem: Agadir, parada de três dias. Isso significava levar roupas de academia, além das coisas normais. Como já era verão, ela estava determinada a manter a forma. Jamais admitiria abertamente, mas sabia que, no auge da forma física, não era apenas linda, era deslumbrante.

    Ela tinha consciência da atenção silenciosa que recebia de muitos homens, além das namoradas e esposas desconfiadas em público. Quando ela ia e voltava do aeroporto, o uniforme muito criticado na verdade aumentava este efeito e, é claro, estando solteira, Elizabeth sabia que, em sua melhor aparência, que para ela significava ser um pouco mais magra do que o normal, exibiria sua bela forma.

    Seu cabelo loiro escuro dançou em volta dos ombros enquanto preparava as bebidas. Ela começou a imaginar como exatamente seria Agadir; pegou a taça de vinho solitária na pia, que tinha a borda manchada de batom vermelho, e colocou-a de lado. O padrão de hotéis que a companhia aérea usava era sempre muito alto e, de acordo com o que ouvira dos outros membros da tripulação, o Royal Maluf era um dos melhores. Agadir era um dos destinos preferidos da companhia aérea e suas praias lindas eram um dos motivos de sua popularidade entre os pilotos e a tripulação.

    Ao levar as xícaras para o jardim, Elizabeth notou que Angela se esticara completamente em um dos lados da canga. Ela fumava um Vogue longo e fino e tinha um pouco de cinza no biquíni. Ela sempre admirara a falta de inibição de Angela.

    — Você já terminou de ler esta revista? — perguntou ela.

    — Pode pegar, eu não estava lendo de verdade — respondeu Elizabeth.

    — Você tem planos para mais tarde? Eu vou à cidade comprar maquiagens novas. Quer ir comigo?

    — Claro. Faz muito tempo desde que fomos pela última vez. Preciso comprar algumas coisas na farmácia.

    — Maquiagem? — perguntou Angela.

    — Repelente e anti-histamínico — respondeu ela.

    — Beleza. Então vamos.

    2

    Mais tarde naquele dia, enquanto saíam do Treaty Centre, Angela se virou para Elizabeth.

    — Que tal irmos ali tomar um café? — sugeriu ela, apontando para o café na loja de departamentos do outro lado da rua.

    — Com certeza. Meus pés estão me matando. — respondeu Elizabeth.

    Elas sentaram perto da janela e o garçom, um jovem com camiseta verde-escuro, se aproximou para anotar o pedido. Angela estava debatendo consigo mesma se deveria ou não pedir um pedaço do cheesecake de Oreo que estava em um dos expositores. No entanto, para Elizabeth, a torta estava fora de questão.

    — Eu quero um café americano preto, por favor, e água — disse ela.

    — Um americano e água... — o garçom repetiu enquanto fazia anotações rápidas em seu bloco.

    — Você pode me trazer um latte, por favor? — perguntou Angela, resistindo à tentação da torta.

    — Um latte, é claro. Certo, não deve demorar, garotas — disse ele e voltou para a cozinha.

    Quando o garçom foi embora, Angela pegou uma de suas compras.

    — "Por que homens amam megeras?" — perguntou Elizabeth, exagerando no ceticismo. — Não vi você pegar esse.

    — Minha irmã disse que funciona, ela que recomendou — explicou Angela, folheando o livro. — A moça no caixa do Smith me encarou com um olhar estranho, mas se funciona... Não custa nada tentar!

    Do lado de fora, na rua, apesar de ser meio de semana, multidões de compradores enchiam a calçada, incentivados pelo sol. Em particular, muitas famílias com crianças pareciam estar dando uma volta.

    — Férias escolares — disse Angela.

    — Não, acho que não. Pelo menos não ainda. — O irmão de onze anos de Elizabeth ainda estava tendo aulas, ela tinha certeza. — Então, que tipos de dicas ele dá? — perguntou ela.

    — Bom, acho que a essência é que mulheres têm que ser assertivas. Você não pode agir como um capacho se quiser terminar com o tipo de cara certo.

    — Então, na teoria, você quer um cavalheiro? — perguntou Elizabeth.

    — Quem não quer? Quero dizer, cavalheiro em alguns aspectos, mas dominante em outros — ela começou a sussurrar.

    Os cafés chegaram.

    — O que você acha de Paul, o cara novo? — perguntou Elizabeth. Ela estava referindo-se ao novo colega de casa, um mecânico de aeronaves polonês que se mudara uma semana antes.

    — Não tive muito contato com ele, mas, para ser sincera, muito novo. — disse ela com uma voz aguda. — Quer dizer, sei que estou falando da primeira impressão, mas ele não faz meu tipo. — continuou. — Mas sinto pena dele por morar em uma casa cheia de mulheres, e Sandra ainda nem voltou de Berlim. Ele não teve o prazer de conhecê-la ainda!

    — Então você quer um homem mais velho?

    — Não, só um cara que seja masculino, forte... mas que ainda esteja em contato com suas emoções. Nada de homem das cavernas. E que não seja mais novo do que vinte e cinco anos. Uma carreira decente... ou pelo menos ambicioso.

    Elizabeth a interrompeu. — É uma lista e tanto. O que aconteceu com Jonathan?

    Angela colocou o latte na mesa.

    — Tivemos alguns encontros, mas fala sério... Não tem como eu ter algo sério com um cara que conheci em uma boate. Nenhum deles está pronto para crescer. Eles não podem estar se ainda estão indo em festas por aí, né?

    — Talvez eles não estejam, mas você está? — perguntou Elizabeth.

    — É uma boa pergunta. Quando o homem certo aparecer, eu saberei — perguntou Angela pensativa.

    — Sabe o que deveríamos fazer? — perguntou Elizabeth. — É algo que sempre quis, mas só se você topar, não quero ir sozinha.

    — O quê?

    — Então, você notou que perto daquele ASDA grande tem um beco com alguns salões decadentes e alguns mercados? — perguntou ela.

    — Hmm.

    — Mais para o final, tem uma loja com uma placa de leituras mediúnicas. Sr. Devi.

    Angela levantou uma sobrancelha. — Ah, por favor, não me diga que você acredita nessas coisas. Não, né?

    — Não, eu não acredito, mas sempre achei interessante. E já fiquei sabendo de pessoas que acertaram.

    — Eu não tenho dinheiro para gastar com videntes fajutos.

    — É meio difícil de acreditar nisso quando você acabou de gastar 150 libras em Mac.

    — Prioridades. — Angela abriu um sorriso cínico.

    — Ah, vamos, acho que será divertido. Mesmo que não recebamos nenhuma informação útil, acho que vale a pena. Pense nisso como um divertimento. Pelo menos poderemos dizer que já fomos a um vidente.

    — Ok, supondo que esse médium seja sério, e se ele disser algo que você não quer ouvir? E se algo horrível for acontecer?

    Sua voz ficou mais baixa.

    — E aí? — perguntou ela.

    — É, não pensei nisso. Mas só há uma forma de descobrir e... não importa o que acontecer, não podemos mudar isto. É o destino, certo?

    — Eu realmente não acredito neste tipo de coisa, só acho que há coisas com que não devemos brincar. Eu sei que parece idiota. Mas, tudo bem, se você quer ir, podemos ir para a sua leitura. Posso mudar de ideia, mas não pagarei mais de vinte libras.

    Elizabeth suspirou. Elas deixaram o dinheiro das bebidas, pegaram as sacolas de compras e saíram da cafeteria.

    — Você acabou de dizer que tem que experimentar coisas, não foi? — perguntou Elizabeth.

    — Vamos ao Sr. Devi, amiga, mas mais de vinte libras é um assalto.

    * * *

    — Por favor, queridas, entrem, entrem — o senhor de idade acenou com um tom cansado e nada convincente.

    Elas pagaram no que parecia ser a recepção; quinze libras cada uma em dinheiro ao recepcionista que parecia tão entediado que nem se deu ao trabalho de levantar. Além das leituras mediúnicas, a loja pequena tinha à venda todos os tipos de velas, incensos, óleos e livros. Apesar de ter seis cadeiras dispostas, a sala principal estava vazia, escura e estranhamente silenciosa em comparação com a rua do lado de fora. Parecia que não recebia uma limpeza havia anos. Sr. Devi emergiu de trás de cortinas roxas que estavam cobertas de poeira. Atrás delas, havia uma mesa de madeira e algumas cadeiras que tinham sido revestidas com um tecido que provavelmente fora branco antes de ficar amarelo ao longo dos anos. Ele olhou direta e intensamente para os olhos de Elizabeth.

    — Você veio até aqui porque está lidando com incertezas. Inseguranças. Essas incertezas levam você a questionar seu caminho na vida — explicou ele em um sotaque indiano forte. Antes que ela pudesse confirmar ou negar, ele continuou.

    — Minha querida, todos os caminhos estão abertos.

    Houve uma longa pausa.

    — Mostre-me suas mãos! — ordenou ele.

    Ela esticou os braços com as mãos viradas para cima.

    — Eu vejo um conflito, o que é lamentável. Você enfrentará obstáculos, mas triunfará. Está escrito no seu corpo, no seu destino. Está claro que quem tentar fazer mal a você descobrirá que suas tentativas foram em vão.

    Ele se curvou para mais perto dela.

    — Uma pessoa com visão, um homem com uma visão clara, a ajudará em sua jornada.

    Em seguida, ele se virou para Angela.

    — Mostre-me suas mãos, minha amiga.

    Ele abriu mais os olhos.

    — Ah, sim, vejo um passado... Uma jovem sentada em uma janela, chorando. Nada além de um bichinho para confortá-la.

    Angela não conseguiu esconder seu desdém. Elizabeth imaginou que Angela estava pensando que a palavra bichinho era convenientemente vaga e que toda aquela coisa era uma farsa.

    — Ela se torna cética, mas, com o tempo, as verdades são reveladas — o sr. Devi continuou.

    Ele olhou diretamente para ela, agora com uma expressão muito séria no rosto enrugado.

    — A verdade é revelada e a garota aprende a se adaptar. Isto é tudo.

    Pela primeira vez, ele sorriu para elas, como se estivesse tranquilizando-as, e abriu a cortina para que saíssem. Naquele momento, de forma quase inaudível, ele falou: — O céu é o limite.

    — Gostariam de agendar uma segunda consulta? — o assistente perguntou a Elizabeth enquanto Angela caminhava para fora segurando as sacolas de compras.

    3

    Era início de noite e um voo completo se aproximava. Durante as instruções, a tripulação recebeu introduções rápidas e os pilotos, Tim e Justin, apareceram rapidamente para fazer o mesmo. Depois de algumas perguntas rápidas sobre procedimentos de emergência e primeiros socorros, Jane, a supervisora, franziu a testa ao olhar para o papel.

    — Certo, pessoal, ficaremos bem ocupados! Na verdade, tivemos reservas a mais, portanto, quando embarcarmos, faremos as verificações de segurança o mais rápido possível para deixar tudo pronto de antemão, ok?

    Como comissária de bordo, Jane era muito agradável. Elizabeth refletiu sobre como ela geralmente conseguia dizer desde o início quem seria agressivo ou controlador: havia uma boa quantidade de pessoas assim na companhia. Ela tinha a aura da experiência, mas era simpática e sabia como abordar os outros. De certa forma, ela lembrava Elizabeth de sua mãe, mas de uma forma mais glamourosa e maquiada.

    — Se houver algum problema com o serviço de bordo, basta me chamar ou chamar Matt na frente, e resolveremos num instante — disse Jane, acenando com a cabeça para Elizabeth, Fiona e David.

    Os outros três, membros mais antigos da tripulação, pareciam um pouco entediados. De vez em quando, eles olhavam o telefone, mas Elizabeth só estava ali havia um ano, e Agadir era um lugar novo, tecnicamente sua primeira estadia na África. Uma pequena empolgação borbulhou dentro dela, apesar da aparência de confiança silenciosa e indiferença que ela tentava passar durante as instruções. Matt precisou atender uma ligação do lado de fora e pediu licença.

    — Você quer ir às lojas no terminal comigo e com David, Elizabeth? — perguntou Fiona.

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