Oficina de Filosofia II: E se a realidade não for bem o que parece?
By Diogo Bogéa
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e História se unem para nos mostrar que a realidade pode ser bem diferente do que imaginamos.
SUMÁRIO
QUEM SOU EU?
Eu
As feridas narcísicas
O perspicellum do macro ao micro
A redescoberta dos "animálculos"
"It's Evolution, baby"!
Células
O paradigma sistêmico
A extensão da ferida
Energia
A Companhia das Índias Orientais
Freud
O Inconsciente
O Consciente
Singularidade
O QUE É REAL?
Matrix
A realidade é real?
Arístocles, o geômetra
Aristóteles, O Grande
Matai-vos uns aos outros?
Meu nome é Descartes, René Descartes
Meditações metafísicas e método científico
Casos de Família
Um ateu entre cristãos
Eu e Deus
Ciência e Religião
Kalinigrado
1844
Perspectivismo
Conclusão
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Book preview
Oficina de Filosofia II - Diogo Bogéa
Copyright © Diogo Bogéa
Revisão: L. Araujo
Capa: Denise Ferreira
Diagramação: Paulo Barbosa
Coordenação Editorial : Samanta Peixoto
Editora Víés é uma marca da CJT EDITORA E TECNOLOGIA LTDA
Rua Mário Portela, 106 - Laranjeiras
Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22241-000
www.editoravies.com.br
Contato e envio de originais: contato@grupocjt.com.br
É proibida a reprodução deste livro sem a prévia autorização do autor e da editora.
Sobre o Autor
Diogo Bogéa é graduado em História na UERJ-FFP. Mestre e Doutor em Filosofia pela PUC-Rio. Professor Adjunto de Filosofia e Psicanálise na Faculdade de Educação da UERJ. Professor Voluntário de Psicanálise na Pós-Graduação em Psicanálise e Ciências Humanas da Universidade Cândido Mendes. Autor de "Metafísica da vontade, metafísica do impossível: a dimensão pulsional como terceiro excluído".
IMPORTANTE
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Agradecimentos
Minha ideia inicial, um tanto tola, agora vejo, era repetir os agradecimentos do primeiro volume em todos os demais. Mas nesses aproximadamente 50 dias que separam o lançamento do primeiro e do segundo volume do Oficina de Filosofia, tanta coisa aconteceu, que os agradecimentos se multiplicaram.
Em primeiro lugar, agradeço a Camila, minha companheira de vida, por estar do meu lado a cada momento dessa jornada, me ajudando a cada passo.
Devo agradecimentos especiais aos tantos amigos que se mostraram entusiasmados apoiadores do Canal Oficina de Filosofia: Pedro Pimenta, Rafael Frazão, Rodrigo Galvão, Mariana Bonfim, Ines Telles, Virgínia Goudinho, Rozely Vigas, Pedro Custodio, Amando Puente, Diego Moraes, Marcela Ramos, Carlos Natan, Lívia Mariana, Deyvid Felix, Amanda Gleyce, Debora Carballo, Thiago Domingues, que a cada visualização e comentário dão forças imprescindíveis para a continuidade da Oficina.
Ao editor Guilherme Tolomei, por acreditar no projeto desde o dia 01 e mover mundos e fundos para fazê-lo acontecer.
Ao querido amigo Emanoel Taboas, parceiro fundamental de todo o projeto Oficina de Filosofia! Diretor
do Canal, idealizador e parceiro nos Cursos da Oficina, divulgador número 1, e ainda faz o melhor carbonara da cidade... o que mais se pode esperar?
À Ana, pela escuta e pelos plot-twists que, diante do impossível, desbloqueiam possibilidades.
Ao Victor Mayrinck pela arte incrível do Canal Oficina de Filosofia.
Ao Marcio Francisco, que se dispôs generosamente a ser o primeiro leitor de todos os Oficina.
Ao João Dias pela grande generosidade. Sem seu trabalho as lives da Oficina não teriam sido possíveis.
Ao Eduardo Marinho, que não apenas me lembrou que o mundo lá fora é muito maior, mas atendeu carinhosamente ao meu convite e participou de uma live memorável, especial, altamente inspiradora no Canal Oficina de Filosofia.
Ao João Pedro, não mais apenas pelos cafés filosóficos – ele que nem bebe café... – mas agora também pela leitura atenta e pelos longos e preciosos comentários ao Oficina I.
À Debora e ao Francês (Luiz Gustavo), pela amizade, pelo carinho, pelo incentivo e pelo tanto que me ensinaram e seguem ensinando.
Ao Thiago e a Leila, não apenas por terem presenteado minha família com o exemplar do Mundo de Sofia
que anos depois me levaria para a Filosofia, mas por todo o apoio a este atual projeto.
À Lilian e ao Marcelo por terem apostado contra todas as chances para me trazer de volta para a Filosofia quando estive muito perto de desistir.
Ao poeta e amigo Filipe Pamplona, por me lembrar que há ainda muitas novas odes
a serem escritas e vividas.
À Yasmin, pela pertinente provocação que me levou à Ciência.
Ao poeta Samuel Malentacchi, pela insistência na coragem de escrever à beira de abismos.
Ao John Aquino por lutar por uma Filosofia Brasileira.
À Nelma, por mostrar caminhos, recursos, ferramentas, formações.
À Dani e ao Anselmo, pela força de sempre.
Ao Evaldo e à Denise, pelo apoio incansável.
À Fabiana de Freitas, nossa companheira de viagens e grande divulgadora do livro.
À Lina e Fábio, pelos incentivos.
Ao MD Magno pela inspiração.
SUMÁRIO
QUEM SOU EU?
Eu
As feridas narcísicas
O perspicellum do macro ao micro
A redescoberta dos animálculos
It’s Evolution, baby
!
Células
O paradigma sistêmico
A extensão da ferida
Energia
A Companhia das Índias Orientais
Freud
O Inconsciente
O Consciente
Singularidade
O QUE É REAL?
Matrix
A realidade é real?
Arístocles, o geômetra
Aristóteles, O Grande
Matai-vos uns aos outros?
Meu nome é Descartes, René Descartes
Meditações metafísicas e método científico
Casos de Família
Um ateu entre cristãos
Eu e Deus
Ciência e Religião
Kalinigrado
1844
Perspectivismo
Conclusão
Sobre o autor
Quem sou eu?
"Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas, uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada, por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."
Fernando Pessoa
EU
Olá, tudo bem, como vai? Eu sou Diogo. Sou escritor, professor de Filosofia. Nasci no Rio, em 1987, filho de E. e D., cresci na Tijuca, estudei no Colégio Batista, depois no Pedro II. Gosto de Rock, de hambúrguer, de macarrão e de cerveja. Fiz faculdade de História na UERJ de São Gonçalo, onde conheci C., hoje minha esposa. A lista tende ao infinito e cada ponto pode ser quase infinitamente desdobrado, mas por mais que se desdobrem os pontos e se amplie a lista, algo sempre fica de fora – seja por pudor, malícia ou mero desconhecimento. Mesmo assim, costumamos nos dar por satisfeitos com uma breve lista desse tipo, em geral supondo que, caso quiséssemos, poderíamos preencher todas as lacunas e perfazer uma totalidade, à qual chamamos tranquilamente de: Eu
.
Cresci numa família bastante religiosa, mas ao contrário da maioria dos brasileiros que diz essa frase, não me refiro ao cristianismo. Meus pais eram praticantes do hinduísmo – misturado com uma miscelânea de concepções mágico-religiosas orientais. Dessa maneira, desde criança fui acostumado à ideia, bastante comum nas tradições orientais, de que o ego
, esse eu individual com características pessoais próprias, é uma espécie de ilusão. A verdade, que se revela quando atingimos a iluminação espiritual, é a grande unicidade do Todo. O universo é atravessado e constituído por uma mesma energia e o véu de Maya, o véu da ilusão, faz com que vivamos acreditando que as coisas e nós mesmos temos existências individuais independentes dessa grande energia cósmica. É preciso livrar-se do ego para nos aproximarmos da iluminação. É preciso nos aproximarmos da iluminação para nos livrarmos do ego.
Na adolescência, me afastei de qualquer concepção religiosa. No Ensino Médio, me desinteressei completamente dos estudos formais. A escola me parecia um ambiente opressivo no qual tentavam – em vão – me ensinar conteúdos chatos e inúteis. Terminei os estudos aos trancos e barrancos. Por pressão social, parecia natural que eu tentasse vestibular. Pensei em Comunicação (Jornalismo), já que gostava de escrever. Não passei. Depois de um ano em preparatórios para concursos públicos nos quais também não passei, por pressão dos meus pais tentei novamente o vestibular, dessa vez para licenciatura em História – com uma concorrência bem menor que Comunicação. Fui cursar História na UERJ de São Gonçalo, na Faculdade de Formação de Professores.
A experiência da universidade mudou a minha vida. Logo no primeiro semestre, tive minhas primeiras aulas de Filosofia, nas disciplinas Filosofia I e Filosofia da Educação. Ali começou meu encantamento com a Filosofia. Parecia-me extraordinário que se pudesse dedicar a vida ao pensamento, colocando todas as certezas socialmente estabelecidas em questão. Esse movimento de questionamento tornava aqueles que a ele se dedicavam absolutamente incomuns, singulares – a ponto de mais de dois mil anos depois, estarmos ali, nas tardes quentes de São Gonçalo, estudando suas vidas e ideias.
Nunca me esquecerei daquela aula de Filosofia II, já no terceiro semestre, quando tomei contato pela primeira vez com uma fantástica experiência de pensamento proposta pelo filósofo David Hume. Empirista radical, Hume dizia que todo o nosso conhecimento deveria vir dos sentidos e da experiência prática. Levar essa premissa às últimas consequências nos coloca diante de problemas fascinantes: nós falamos, por exemplo, de maçãs. Mas, nossos sentidos têm mesmo a experiência visual de um determinado tom de vermelho que reveste a maçã, de uma determinada dureza e textura que experimentamos com nossas mãos e nossos dentes, de um determinado sabor meio doce, meio ácido, que experimentamos com nossas papilas gustativas... A maçã
, a ideia desse ser individual e independente que formamos a partir de todas essas qualidades particulares é uma espécie de ficção construída