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Copacabana Jones em recordações do futuro
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Ebook124 pages1 hour

Copacabana Jones em recordações do futuro

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Em 2045, um jovem herói pós-moderno é capaz de viajar no passado e no futuro com a astúcia de um gatuno e a obstinação de um detetive. Este protagonista incomum chama-se Copacabana Jones, carioca legítimo, nascido em pleno Rio de Janeiro, durante a passagem do ano de 2020.
De Iemanjá, Jones - encontrado num barco de oferendas para a senhora de todos os mares - herdou o espírito de aventura. Do indiano Gurum, que o recolheu na praia, a determinação. De sua terra natal, a malandragem. O tempo fez dele um pesquisador científico. Corajoso e aventureiro.
Radicado na Índia há oito anos e pronto para chefiar mais uma de suas expedições, Jones vê surgir à sua frente um portal do tempo que traz um chip com um pedido de socorro. Ele precisa voltar urgente ao Rio para salvar Gurum e Lóris, sua amiga de infância.
Naquele momento soube que teria de reviver aventuras há muito soterradas sob as recordações da adolescência.
Copacabana Jones em recordações do futuro é uma mistura criativa de humor, fantasia, com pinceladas de história do Brasil. Elementos conduzem a uma narrativa cinematográfica, emoldurada pelo mundo da ficção científica.
LanguagePortuguês
Release dateNov 21, 2011
ISBN9788564126763
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    Copacabana Jones em recordações do futuro - Denise Crispun

    DENISE CRISPUN

    &

    CLAUDIO LOBATO

    COPACABANA JONES em

    RECORDAÇÕES DO FUTURO

    01

    Índia - Planalto do Decan, ano 2045

    Relatório 23

    A investigação prossegue. Cada minuto é uma surpresa, para cima ou para baixo. Estamos sempre à beira de uma revelação, mas nem tudo conspira a favor desse trabalho exaustivo, e ao mesmo tempo fascinante, que busca desvendar a arqueologia das mentes.

    Escavar o passado é um exercício insano da curiosidade humana. Dentro de poucos dias, espero encontrar a prova definitiva de que os neuto-druidas já ocupavam o continente de Gonduana. Se estiver certo, devo me preparar para uma acirrada discussão com os atuais donos da verdade científica. A academia que se prepare... Agora preciso descansar. Deixo para amanhã o que faria hoje da pior maneira possível.

    Sem forças até para desligar o computador, Copacabana Jones desmaiou. Por força do hábito, segundos antes de adormecer, ele estendeu sua velha e surrada capa forrando o chão de terra. Era o mínimo de conforto para seu corpo cansado numa escavação a quilômetros abaixo da superfície.

    Jones era o chefe de uma expedição que investigava a existência de uma civilização misteriosa que desapareceu há, aproximadamente, dez mil anos sem deixar vestígios.

    SERIAM OS NEUTO-DRUIDAS ATLANTES?

    Num dos seus manuscritos, Platão, há 400 anos antes de Cristo, se refere a Atlantis como uma ilha no oceano Atlântico, que estaria localizada além do estreito de Gibraltar. Segundo o relato de um sacerdote egípcio, nessa ilha teria existido, nove mil anos antes, uma civilização avançada. Muito tempo depois, em 1513, o navegador e cartógrafo turco Piri Reis desenhou um continente no meio do Atlântico em mapas que ele fez baseados em outras cartas geográficas muito antigas que pertenciam ao acervo do Palácio de Istambul. Os mapas de Piri Reis mostravam em detalhes pontos do globo terrestre até então desconhecidos.

    Que civilização poderia ter atingido um estágio de desenvolvimento capaz de mapear o globo terrestre quando a nossa história ainda estava na Idade da Pedra?

    Os druidas, sábios detentores de poderes paranormais e manipuladores das forças naturais, que viveram nos primórdios da civilização europeia, se diziam originários da cultura atlante. E perpetuavam, com sua doutrina, a ciência que comunga com o espírito e incorpora as forças da natureza.

    Os vestígios eram escassos. Rato de biblioteca, Copacabana passou grande parte de sua vida na Índia mergulhado nos livros, viajando no tempo através de antigos mapas desbotados que traziam indícios dessa indecifrável e misteriosa civilização.

    Depois de oito anos de buscas infrutíferas, muitos estudiosos começavam a torcer o nariz para suas suposições. Por isso era imprescindível encontrar provas concretas da existência dos neuto-druidas. E a responsabilidade agora pesava totalmente sobre os ombros de Jones.

    Em poucos segundos, Copacabana relaxou e começou a roncar, deslocando algumas pedras espalhadas na superfície onde ele havia se deitado. Seu descanso durou pouco tempo.

    Alguma coisa batia por baixo do casaco, cutucando suas costas.

    – Droga, Robabá, o que está acontecendo? O que é isso?

    Repentinamente, um redemoinho revirou a areia do chão. O ar ficou denso e embaçado. Copacabana Jones reconheceu a passagem temporal que havia surgido na sua frente. Essa passagem só podia ter sido gerada por um portal do tempo: uma descoberta do seu pai adotivo, o indiano Gurum, cientista radicado há muitos anos no Rio de Janeiro.

    O portal do tempo, por mais de uma década desativado, rosnava. Um objeto metálico, de apenas dois centímetros de diâmetro, flutuava e irradiava uma estranha energia. Copacabana esticou o braço e segurou o pequeno chip entre as mãos, curioso e ao mesmo tempo desconfiado.

    – Pouquíssimas pessoas no mundo sabem da existência dessa passagem. Algo me diz que o mais sensato é destruir antes de abrir...

    Robabá gritou:

    – Não! Não faça isso! Deve ser uma mensagem do seu pai.

    – Uma mensagem do velho Gurum? Duvido. Ele não me procura há tempos.

    – Não é verdade, Copacabana, você é que nunca se dignou a responder às cartas de Gurum.

    – Isso não vem ao caso, Robabá, eu estou muito ocupado com a minha pesquisa...

    – Não me interessa, leia e não discuta, Copacabana Jones.

    A última coisa que quero no mundo é entrar numa briga com esse pequeno robô jurássico, cheio de ferrugens nas engrenagens, criado há vinte e cinco anos por meu pai para cuidar de mim, me ninar, velar meu sono, me alimentar, mil coisas. A Robabá está ao meu lado desde meus primeiros dias de vida. Uma resposta rápida e eficiente do meu pai adotivo, grande inventor e cientista renomado, à sua total inabilidade com seres humanos. O Gurum foi capaz de inventar um robô perfeito para me ensinar a sobreviver entre meus semelhantes. Parece estranho? A ironia sempre cercou minha vida com surpresas. Devo ser um caso raro.

    A Mensagem

    Copacabana,

    Desculpe o transtorno, mas eu não tinha outra saída. Reativar essa velha geringonça é nossa única chance de encontrá-lo e escapar dessa enrascada com vida. Eu e seu pai caímos numa emboscada, e essa turma não brinca em serviço. Eles estão atrás de muito dinheiro e reativaram o por tal com péssimas intenções. Lembra as nossas antigas brincadeiras? Tornaram-se um pesadelo. Ou você volta rapidamente ou nós, eu e seu pai, viramos poeira da história.

    Não demore. Um beijo na Robabá, que deve estar ao seu lado.

    Até,

    Lóris.

    P.S.: o Rato está metido até o pescoço nessa sujeira. É sério.

    Por essa eu não esperava. A Lóris e o meu pai juntos? E o Rato? Metido até o pescoço?

    Antes que tivesse tempo de dizer minhas famosas palavras mágicas: Eu não tenho nada a ver com isso, a Robabá tratou de arrumar nossas malas e foi correndo buscar Issa, minha cobra de estimação, que estava deitada, estirada ao sol. A Robabá não tinha ideia de como seria difícil voltar à minha cidade natal e rever todas aquelas pessoas. Apesar de ter vinte e cinco anos, eu sentia o peso de cem nas minhas costas. É claro que queria salvar a Lóris e o meu pai, mas a ideia de voltar estava provocando um curto-circuito na minha mente.

    – Copacabana, onde você enfiou suas meias?

    Eu, a Lóris e o Rato havíamos crescido juntos, inseparáveis: unha, carne e unha, ou algo assim. Passamos grande parte da nossa infância e adolescência nas areias cada vez mais poluídas da praia de Copacabana, jogando conversa fora, fazendo planos para o futuro. A Lóris tinha ideia fixa de se mudar para outro planeta. Ela passava as madrugadas linkada num grupo de internautas que pesquisava exaustivamente qual o melhor planeta para se morar, e colecionava fotos e propagandas de loteamentos que estavam sendo vendidos em Marte, Vênus e Plutão. Nunca me interessei pelo assunto. Era mais ligado nos mistérios do mar. Passava horas mergulhando, trocando ideias com orcas e belugas, imaginando civilizações esquisitas que viviam em mundos paralelos e que deveriam ser muito mais inteligentes e desenvolvidas que nós. Minha fixação pelo mar é mais do que óbvia. O Gurum me encontrou, com poucos dias de vida, dentro de um barco que trazia oferendas para Iemanjá. Trinta e um de dezembro de 2020, Posto Seis. Fui batizado Jonas. Jonas de Copacabana. Copacabana Jones, como muita gente me chama. Nunca soube quem eram meus pais verdadeiros. Tudo poderia ter sido diferente se tivesse descoberto de onde vim e por que fui abandonado. Ou não. E o Rato, do que será que ele gostava?

    – Jonas, se aprume. Pelo olhar, aposto como está com a cabeça cheia de minhocas. Sai dessa lama, meu filho, que a viagem é longa. Dá pra você carregar as malas? Não se esqueça de amarrar essa cobra preguiçosa na cintura, senão ela fica pelo caminho. Issa!, dá pra colaborar?

    Será que vou ser capaz de reconhecer a Lóris? E o Rato? O que será que ele aprontou?

    – Jonas, essa mochila está lotada. Não vai dar pra levar mais nada. O que eu faço com a sua coleção de figurinhas?

    Há exatamente oito anos nós três nos metemos numa grande enrascada. O Gurum não fazia ideia de que xeretávamos todas as novidades do seu laboratório. Foi a Lóris quem descobriu como acionar o portal. Usando eletromagnetismo, o Gurum criou uma espécie de miniburaco negro que funcionava como uma passagem através do tempo. Para nós, era difícil entender, mas o resultado

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