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Casuarinas da Região dos Lagos: Mitos & fatos
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Casuarinas da Região dos Lagos: Mitos & fatos

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As Casuarinas receberam sentença de morte na Região dos Lagos, onde estão há 170 anos. Motivo: a crença de que são nocivas ao meio ambiente. Neste livro, as biólogas Solange Brisson e Bruna Pozzebon explicam desconstroem o que consideram ser desinformações a respeito da espécie. "A casuarina é uma árvore que restabelece a vida aos solos degradados pelo homem e por isso ocupa essas áreas degradadas, prestando um serviço de reabilitação desses solos, em particular em Arraial do Cabo", sublinha Solange Brisson.
LanguagePortuguês
PublisherSophia
Release dateOct 21, 2020
ISBN9786588609019
Casuarinas da Região dos Lagos: Mitos & fatos

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    Casuarinas da Região dos Lagos - Solange Brisson

    CASUARINAS DA REGIÃO DOS LAGOS: MITOS & FATOS

    Solange Brisson & Bruna Pozzebon

    Sophia Editora

    1ª Edição

    2018

    PARA AS GERAÇÕES FUTURAS:

    UM PEDACINHO DO PARAÍSO PERDIDO.

    TUDO AQUILO QUE O HOMEM IGNORA NÃO EXISTE PARA ÊLE. POR ISSO O UNIVERSO DE CADA UM SE RESUME AO TAMANHO DO SEU SABER

    (ALBERT EINSTEIN)

    SUMÁRIO

    Capa

    Anterosto

    Dedicatória

    Albert Einstein

    Prefácio

    CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO BIÓLOGO

    Capítulo I

    As viagens da casuarina – Um pouco de História

    Capítulo II

    O mito da floresta nativa (ou um breve olhar sobre o passado da Região dos Lagos)

    Capítulo III

    Casuarina – Esta nossa desconhecida

    Capítulo IV

    Mitos e fatos

    Apêndice

    Bibliografia

    Notas

    Landmarks

    Cover

    Table of Contents

    PREFÁCIO

    Juramento do biólogo:

    Juro, pela minha fé e pela minha honra e de acordo com os princípios éticos do biólogo, exercer as minhas atividades profissionais com honestidade, em defesa da vida, estimulando o desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico com justiça e paz.

    Mostrar a verdade!

    É somente este o intuito deste livro. As autoras, movidas pelo sentimento de justiça, urgência e curiosidade, e usando os princípios éticos que norteiam o profissional da Biologia, insculpidos nos quatro primeiros artigos do Código de Ética Profissional do Biólogo (transcritos abaixo), saíram literalmente em campo.

    Caminhando e fotografando pelas areias e matas da restinga de Massambaba, pelos cômoros e margens ao redor da Lagoa de Araruama, assim como por alguns outros municípios próximos da Região dos Lagos, saíram em busca de fatos que as instruíssem corretamente sobre os eventuais danos que as Casuarinas poderiam causar ao meio ambiente.

    Após estes dois anos de estudos de campo, seguidos por ricas e aprofundadas pesquisas bibliográficas, as autoras colocaram em exposição nas belas páginas deste livro tudo o que aprenderam. E em um expor tranquilo, didático e bem natural, informam ao leitor, com palavras simples e muitas imagens, o que de real está acontecendo, e o que já aconteceu, não só com as Casuarinas, mas com toda a Região, revisitando a história antiga e moderna, trazendo à tona fatos, que antes estavam soterrados pelas areias das dunas e do tempo.

    Elas exerceram com todas as suas fibras aqueles princípios basilares da Biologia, propiciando novos conhecimentos, protegendo a vida, e acrescentando desenvolvimento a essa área de estudos tão desconhecida da maioria das pessoas. Só terá a ganhar quem se dispuser a ler estas palavras. Só terá lucro quem aceitar a realidade mostrada neste – posso dizer assim – Manual das Casuarinas.

    Laura de Saint-Brisson Ferrari

    Irmã, amiga e admiradora

    CÓDIGO DE ÉTICA

    PROFISSIONAL DO BIÓLOGO

    RESOLUÇÃO CFB N.º. 08, DE 12 DE JUNHO DE 1991

    (Publ. no D. O. U. de 13-06-91 – Seção I – página 11399)

    (...)

    CAPÍTULO I

    Dos Princípios Fundamentais

    Art.1º. Toda atividade do Biólogo deverá sempre consagrar respeito à vida, em todas as suas formas e manifestações e à qualidade do meio ambiente.

    Art. 2º. O conhecimento, a capacidade e a experiência do Biólogo deverão ser instrumento de utilização permanente para assegurar a defesa do bem comum a garantir a manutenção da qualidade de vida dos processos vitais.

    Art.3º. O Biólogo terá como compromisso permanente a geração, aplicação, transferência e divulgação de conhecimento sobre as Ciências Biológicas.

    Art. 4º. O Biólogo, no exercício de sua profissão, observará nas suas responsabilidades, direitos e deveres, os princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

    (...)

    AO AMBIENTALISTA ERNESTO GALIOTTO, PELA CESSÃO DAS BELAS FOTOS AÉREAS DA RESTINGA DE MASSAMBABA.

    CAPÍTULO I

    AS VIAGENS DA CASUARINA - UM POUCO DE HISTÓRIA

    Quando começamos nosso trabalho de pesquisa, o objetivo principal – e urgente – era o de conhecermos o máximo possível sobre a importância destas árvores para o ecossistema da restinga de Massambaba. Esta microrregião ímpar fica localizada nas imediações da cidade de Arraial do Cabo, que é um dos municípios componentes da Região dos Lagos, situada no estado do Rio de Janeiro (Fig. 1).

    Fig. 1- Mapa de localização dos municípios da Região dos Lagos (em verde). [1]

    Isto se justificava porque, por serem árvores exóticas (i.e., não-nativas do Brasil), elas tinham sido juradas de morte e, assim, exemplares bastante antigos e de grande porte começaram a ser adredemente dizimados. As alegações para tais atitudes foram das mais variadas: é uma árvore exótica, portanto tem que ser extirpada do país; ela provoca doenças; impede a flora e a fauna nativas de se estabelecerem; ela compete com a ‘mata’ nativa da restinga... E, por conta deste juramento, ocorreram desastres ambientais sucessivos, os quais exporemos em outro capítulo.

    Contudo, há que se esclarecer que todas estas justificativas usadas para a eliminação das Casuarinas eram baseadas em informações provenientes da literatura estrangeira, sendo, portanto, derivadas de observações executadas em outros contextos ecológicos que não os nossos. Para a nossa região (Arraial do Cabo e adjacências), no ano em que começamos a estudá-la (10/12/2006), havia somente a dissertação de mestrado de DUNLEY, em 2004, a qual estava relacionada com o padrão de ocupação da Casuarina na restinga de Massambaba danificada por resíduos de uma indústria química. [2]

    De maneira geral, é preciso que se diga, também, que a quantidade de informações sobre a ecologia desta planta em solo brasileiro ainda é bastante escassa; e isto ocorre tanto modernamente quanto com relação às documentações históricas, dos séculos passados, que possivelmente dariam respostas às perguntas que ainda precisam ser respondidas: quais são todas as espécies presentes em território brasileiro? Qual é a sua distribuição pelo país? Quais são os seus reais impactos (positivos e negativos) ecológicos nos locais onde estão estabelecidas? Sequer sabemos quando, através de quem, para quê e onde a Casuarina primeiro chegou ao Brasil... E são estas algumas das questões que procuraremos responder neste capítulo.

    Entretanto, já de antemão, posto que agora já o sabemos, mesmo a Casuarina sendo uma espécie exótica, como milhares de outras plantas (jaqueira, mangueira, cafeeiro, tamarindeiro, eucalipto, pereira, macieira, bananeira, cravo-da-Índia, lichia, caneleira, fruta-pão, noz-moscada, romã, flamboyant, nêspera, cássia, etc.), pelo tempo em que está no país , já não pode mais ser expulsa, pois deve ser considerada planta naturalizada; isto é, perfeitamente adaptada e reprodutivamente independente e integrada ao meio ambiente em que está.

    O que vimos, aprendemos e documentamos sobre esta incrível árvore localmente, fez-nos estender – embora sem nenhum recurso – as pesquisas no tempo e no espaço para além dos limites do Arraial do Cabo. Ficamos perplexas com a sua atual importância para a nossa região.

    A saga da nossa Casuarina pode ter começado no final século XV, quando o navegador português Bartolomeu Dias, em 1487, ultrapassa o Cabo das Tormentas (atual Cabo da Boa Esperança), no sul do continente Africano, e dali retorna. Após este primeiro passo, alguns anos mais tarde, o também português Vasco da Gama (1498), utilizando a rota descoberta por seu conterrâneo, atinge os portos africanos de Moçambique, Malindi e Mombassa, daí partindo para Calicut, inaugurando assim o Caminho marítimo para as Índias, onde existiam as tão cobiçadas especiarias: cravo, canela, noz-moscada, pimentas, gomas... Produtos que eram extremamente requisitados para dar sabor e – o mais importante – conservar os alimentos, sobretudo durante as longas viagens marítimas, daí advindo o seu alto valor comercial, sendo inclusive objeto de feroz pirataria.

    Após este grande feito, Vasco da Gama começa a construir, no ano de 1500, a capital das possessões portuguesas, em Moçambique. E, só para termos uma ideia da importância econômica deste trajeto marítimo para as Índias, só entre os anos de 1500 a 1550 os portugueses enviaram para lá 507 navios e, de 1551 a 1600, mais outros 268! [3]. Esta grande movimentação de embarcações com pessoas de diferentes culturas e conhecimentos, por territórios sabidamente possuidores de Casuarinas, nos fornecem indicativos da existência dos primeiros contatos conhecidos, embora não intencionais, com estas árvores. Um exemplo bem próximo deste contato com os portugueses estava ali mesmo, nas imediações da colônia portuguesa de Moçambique, nas ilhas de Matumele e Caldeira, que eram "cobertas de uma verdura eterna de Casuarinas [4], bem como na Ilha de Madagascar ao lado, e também no arquipélago de Ambon e Molucas, onde todos iam em busca do paraíso das especiarias"...

    Portanto, a partir da abertura desta rota, começa a existir um tráfego marítimo intenso dos navios das várias outras nações europeias (espanhóis, holandeses, suecos e ingleses) com destino à Ásia, facilitando a constituição de sucursais de comércio, o que veio a dar origem às famosas Companhias das Índias, em que cada um dos diferentes países possuía a sua Companhia, e os comerciantes, os seus navios próprios. Este intenso tráfego de naus não só propiciou uma série de descobertas de novas terras e outros povos, como também a implantação de muitas possessões e protetorados, que prosseguiram no decorrer dos séculos XVI e XVII com bastante ímpeto. Em relação a estas navegações, os portugueses foram, à época, um dos povos que mais descobertas ou

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