Na Educação: Olhar do Funcionário como Educador
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Na Educação - José Valdivino de Moraes
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
AGRADECIMENTOS
Com a vida aprendemos que ninguém caminha sozinho. Construímos nossa autonomia sabendo que sempre necessitamos uns dos outros! Nesse percurso, construí um sentimento de agradecimento à família, sendo ela responsável pelo suporte afetivo e, ao mesmo tempo, responsável pelo fato de ter sido muito pobre, adquirido forças e entusiasmos para seguir em frente, buscando a superação dos próprios limites que o mundo nos impõe; amigos, educadores que construíram a capacidade intelectual e os valores humanos e o convívio social. Agradeço em especial a meu Pai e a Minha Mãe, pessoas que, na década de 1970, mesmo analfabetos e pobres, priorizaram o meu ingresso e manutenção na escola. Homenagens a meu Avô (em memória) que, ao perceber uma vez que tinha desistido dos estudos, devido ao fato de estar envergonhado por não conseguir pagar a taxa de matrícula do segundo semestre, doou o dinheiro e assim evitou que eu ficasse perdido pelo meio do caminho. Agradeço ao amigo Edevalter Inácio Bueno (em memória), que, na construção da luta e representação sindical, caminhou junto nos momentos mais difíceis com entusiasmo, ajudando-me a superar as dificuldades. Assim posso afirmar que uma pessoa cidadã, humana, um líder, um projeto social, a luta e as conquistas se constroem coletivamente; e, por isso, o reconhecimento a todos que, de um jeito ou de outro, fizeram parte dessa construção.
PREFÁCIO
Não está fácil, no mundo das revoluções tecnológicas de hoje e na conjuntura brasileira atual, levar adiante a missão de educador.
Mais difícil ainda é valorizar socialmente os trabalhadores da educação escolar, quando muitos os consideram mais um peso nas finanças públicas do que um artesão de cultura e felicidade.
O que dizer, então, de enfrentar a missão de educador, de profissional da educação responsável pela utópica missão de transformar uma sociedade de incultos e desiguais numa nação onde nos orgulhemos de nascer e viver com sabedoria e fraternidade?
Entre as pessoas que Deus colocou em meu caminho, considero o Valdivino uma das mais especiais, alguém que tem motivado minha luta pela qualidade das escolas públicas e pela valorização de TODOS(AS) que nelas trabalham.
José Valdivino de Moraes, depois de alguns anos como estudante e trabalhador rural no norte do Paraná, empregou-se numa escola como servidor não docente e, pouco a pouco, sensibilizado pela luta de seus companheiros e companheiras pelo reconhecimento social, pela valorização como categoria, pela melhoria salarial desses funcionários, enveredou-se na vida sindical, chegando, no início da década de 1990, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná (Sinte).
Nesse momento conheci-o. Em 1988 havíamos – brasileiros e brasileiras – conquistado uma nova Constituição, democrática, que reconhecia direitos básicos dos(as) trabalhadores(as) e, no caso dos servidores públicos, como ele e eu, o direito de nos sindicalizarmos. Em nível nacional, a Confederação de Professores do Brasil, que passou a representar sindicatos de trabalhadores em educação básica pública de todos os estados do país, inclusive a Associação Paranaense dos Professores (APP), estendeu seu âmbito a todos os educadores – os então chamados especialistas em educação
e os demais trabalhadores nos espaços das escolas além dos das salas de aula. Nasceu assim a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, CNTE, a qual, em seu congresso de Aracaju, em 1990, assumiu um Plano de Lutas com três Ações Principais: Sindicalização, Unificação e Profissionalização.
Valdivino já era um campeão na tarefa de sindicalizar seus colegas no Sinte. Assumiu a opção de unificar sua categoria com a dos(as) professores(as) e assim surgiu a APP-Sindicato, que passou não somente a receber os associados ao Sinte como também milhares de funcionários da capital e interior do Grande Paraná. Foi aí que nos encontramos: ele se tornou leitor de meu primeiro livro: Funcionários das Escolas Públicas: Educadores Profissionais ou Servidores Descartáveis? (2001). E eu, seu parceiro, até hoje, na luta pela implantação dos Cursos Técnicos e Tecnológicos de Formação dos(as) Funcionários(as) da Educação Pública, cujo currículo básico se encontrava nas páginas daquele humilde livrinho.
Depois de brilhante carreira, tanto acadêmica, com a pós-graduação, quanto sindical, com sucessivos mandatos na Direção da APP e da CNTE, chegou a vez de Valdivino também lançar seu primeiro livro: Na Educação: olhar do Funcionário como Educador.
A seu convite, cabe-me escrever este prefácio. Mais do que explicando o texto, ou sublinhando algum de seus olhares, abrindo a passagem para que os leitores e leitoras sejam logo brindados com suas palavras autênticas e descontraídas. Plenas de história e de lutas, elas são fruto da sua vida, que muito contribuiu para a evolução do papel dos funcionários como educadores nos últimos 30 anos, no Paraná, no Brasil, além de nosso país.
O Censo Escolar de 2018 mostrou que o total de professores nas escolas públicas de educação básica – das creches ao ensino médio – é de cerca de dois milhões. E o total de funcionários, de quanto é? O dado bruto
, ou seja, sem explicitar os detalhes das variadas funções que exercem e dos respectivos regimes de trabalho, é de 2.200.000. É lamentável que até hoje, cinco anos depois da publicação da Lei 13.005, que estabeleceu o Plano Nacional de Educação e previu seu recenseamento anual, não tenhamos dados completos sobre os funcionários da educação nas redes estaduais e municipais de educação básica.
Não obstante esse fato, que reforça a invisibilidade histórica de